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sábado, 29 de setembro de 2018

A(s) image(ns) do dia



Há meio século, setembro acabava com algo incrível: as 24 Horas de Le Mans. A razão pelo qual La Sarthe recebeu carros no final do verão em vez do final da primavera tem a ver com politica: semanas antes da data inicial, a França ficou paralisada com greves gerais e a revolta estudantil nas ruas da capital, Paris. Houve alturas em que se temeu que o país pudesse cair em guerra civil, pois a vida em França ficou paralisada, e Charles de Gaulle chegou a ir a Baden Baden para falar com o chefe das Forças Armadas, pensando seriamente ou na demissão, ou na declaração do estado de sítio e uma espécie de ditadura.

No final, as coisas se acalmaram - incluindo nas estradas - mas não a tempo de fazer a corrida na data prevista, 15 e 16 de junho. Adiado para o fim de setembro, três meses mais tarde, foi uma prova onde os carros desportivos começavam a ser contestados pelos protótipos. Ainda faltava um pouco para aparecerem os Porsche 917, mas haviam os 907 e 908, que tentavam contrariar os Ford GT40, os favoritos à vitória, especialmente os carros inscritos pela John Wyer Racing, guiados por pilotos como Lucien Bianchi, Pedro Rodriguez, Paul Hawkins e David Hobbs. A Ferrari não estava, mas a Alfa Romeo sim, com o seu Tipo 33, com o melhor dos italianos, como Nanni Galli, Ignazio Giunti, Carlo Facceti e Mario Casoni

A França apostava forte. A Matra tinha um V12 que tinha estreado na Formula 1 no inicio do ano, e a Alpine tinha construido um protótipo, o A220, e claro, os melhores pilotos franceses estavam presentes. Desde Henri Pescarolo e Johnny Servoz-Gavin (Matra) até Mauro Bianchi, irmão de Lucien, e Patrick Depailler (Alpine).

A partida começou com chuva e um grande acidente, quando o belga Willy Mairesse, na sua pressa, não fechou a porta do seu Ford GT40 e este voou na curva Mulsanne. O carro acabou contra umas árvores e Mairesse ficou ferido e não mais voltou a correr. Menos de seis meses depois, matou-se, por causa do desgosto de não poder mais competir.

Mas não foi o último grave acidente. No inicio da manhã, o Alpine A220 guiado por Mauro Bianchi perdeu o controlo na zona dos Esses, depois de ter ido às boxes para reabastecer. O carro explodiu e ele sofreu graves queimaduras nas mãos, braços e cara, numa imagem que marcou a corrida e o automobilismo.

No final, Pedro Rodriguez e Lucien Bianchi foram os vencedores, comemorando a terceira vitória consecutiva de um Ford GT40, e o primeiro privado desde 1965. Deram cinco voltas de avanço ao segundo classificado, o Porsche 907 dos suíços Rico Steinemann e Dieter Sporry. O carro estava inscrito pela... Squadra Tartaruga. No lugar mais baixo do pódio ficou o Porsche 908 oficial guiado por Rolf Stommelen e Jochen Neerspach.

Dali a nove meses, as 24 Horas de Le Mans iriam voltar, na data habitual. Mas quando aconteceu, um dos vencedores, Lucien Bianchi, estava morto.  

segunda-feira, 20 de julho de 2015

A mensagem de Mauro Bianchi

Jules Bianchi vêm de uma longa linhagem de elementos ligados ao automobilismo. O seu avô paterno é Mauro Bianchi, que foi piloto na Endurance nos anos 60, cuja carreira terminou precocemente nas 24 Horas de Le Mans de 1968, quando perdeu o controlo do seu Alpine A220 e ficou com queimaduras no seu corpo. Irónicamente, isso aconteceu na mesma prova em que o seu irmão Lucien Bianchi venceu, num Ford GT40, ao lado do mexicano Pedro Rodriguez.

Meses depois, a 30 de março de 1969, Lucien morreu num acidente quando testava com um Alfa Romeo T33, quando se preparava para as 24 Horas de Le Mans.

Esta segunda-feira, o seu avô deixou uma mensagem a agradecer o enorme apoio dado à família nesta hora difícil devido à morte do seu neto, na passada sexta-feira, depois de nove meses em coma. 

Na mensagem, lê-se:

"Eu e toda a minha família estamos muito tocados pela simpatia e pelo apoio marcante vindo de todos os cantos do mundo. É bastante impressionante e permite-nos medir como Jules marcou a sua presença no mundo automóvel... e mais além!

Nós nos esforçamos para responder a todas as mensagens que nos ajudam tanto a suportar a nossa dor, mas diante de um tal afluxo, é quase impossível atender a todos... sem esquecer de alguns!

Para as pessoas que enviaram uma mensagem e não tiveram uma resposta imediata, quero apresentar aqui a minha gratidão e os agradecimentos pessoais a todos aqueles provenientes de toda a nossa família", concluiu.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

A foto do dia (II)

Desta vez, decidi recuar 45 anos no tempo. Pouca gente sabe, mas Jules Bianchi é descendente de dois irmãos italo-belgas que correram nos anos 50 e 60 na Endurance e na Formula 1: Mauro Bianchi e Lucien Bianchi. Este último conseguiu um pódio na Formula 1 em 1968, ao serviço da Cooper, enquanto que Mauro, mais novo do que Lucien, teve uma carreira mais solidificada na Endurance.

A 28 de setembro de 1968, aconteciam as 24 Horas de Le Mans, ocorridas excepcionalmente nessa altura devido aos acontecimentos que abalaram o hexágono naquele mês de maio. Para evitar o cancelamento, como aconteceu em 1936, por causa da agitação social, a melhor coisa que se fez foi adiar para o final do verão.

Entre os inscritos, estava o carro numero 27, da equipa Savin-Calberson, era guiado pela dupla da Alpine constituida por Mauro Bianchi e pelo jovem francês Patrick Depailler. O seu irmão Lucien corria num Ford GT40 inscrito pela John Wyer, ao lado do mexicano Pedro Rodriguez. Os Alpine correm bem, e no inicio da manhã, por volta da 22ª hora, o seu carro é dos poucos que ainda circulam, no nono lugar... até perder o controlo na zona dos Esses antes da Tetre Rouge.

O Alpine fica desfeito e Mauro Bianchi é salvo das chamas de uma morte certa. Mas tem queimaduras no seu corpo e nas suas mãos. A imagem é terrivel, e ele entra em coma pouco depois. Mas Bianchi acaba por sobreviver. Em contraste, Lucien consegue vencer a corrida ao lado de Rodriguez, tornando-se no terceiro belga a vencer em Le Mans, depois de Olivier Gendebien e de Paul Frére.

Poucos meses depois, Lucien Bianchi teve pior sorte do que o seu irmão: quando testava o seu Alfa Romeo, na primavera de 1969, perdeu o controle e embateu contra um poste telefónico. Teve morte imediata, aos 34 anos. Não viveu para conhecer o seu sobrinho-neto Jules, ao contrário do seu irmão, que teve um filho, Philippe que se tornou dono de uma pista de kart onde o seu filho Jules aprendeu a guiar.