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09/07/2019

Pedido de proibição de estacionamento automóvel no átrio e passeio do MN Azulejo


Exma. Senhora
Ministra da Cultura
Dra. Graça Fonseca


CC. MN Azulejo e media

À semelhança do repto que lançámos há dias à Câmara Municipal de Lisboa no sentido de criar zonas de estacionamento exclusivas a bicicletas e trotinetas eléctricas junto a todas as dependências da CML, na expectativa de que essa iniciativa se estenda às Juntas de Freguesia e a toda a Administração Pública com instalações em Lisboa (vide https://cidadanialx.blogspot.com/2019/07/criacao-de-bolsas-de-estacionamento.html);

Considerando a situação, a todos os títulos deplorável, constatada diariamente no átrio do Museu Nacional do Azulejo (conforme fotos em anexo);

E considerando que mesmo em frente ao referido Museu existe local apropriado para estacionamento automóvel;

Serve o presente para solicitarmos a V. Excelência que desenvolva os melhores esforços no sentido de passar a ser proibido o estacionamento automóvel de funcionários e operações de cargas e descargas no átrio do Museu Nacional do Azulejo, que é um dos museus mais visitados da cidade, e, em vez disso, se criem bolsas de estacionamento para bicicletas e trotinetas eléctricas para todos aqueles que se queiram deslocar ao museu, sejam residentes em Lisboa ou turistas.

E que esse procedimento se estenda, naturalmente, aos demais museus nacionais sob a égide da DGPC, desde logo ao Palácio Nacional da Ajuda e ao Museu Nacional de Arte Antiga.

Com os melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Bruno Palma, Bernardo Ferreira de Carvalho, Luís Serpa, Maria Teresa Goulão, Júlio Amorim, Filipe Teixeira, Ana Celeste Glória, Pedro Jordão, Virgílio Marques, Rui Martins, Fernando Jorge, Pedro Machado, João Oliveira Leonardo, Miguel Atanásio Carvalho, Maria Maia, Fátima Castanheira

15/05/2017

Cultura: tudo será feito… quando calhar ser feito


In Público (15.5.2017), por Luís Raposo:


«Confiemos, pois. Tudo há-de ser feito a seu tempo, como diz o simpático ministro da Cultura. Oportunamente. Ou quando calhar. Talvez nunca.

Aproximamo-nos de meados da legislatura. Começa a ser altura de fazer balanços. No mais de ano e meio já passado assistiu-se na Cultura, mormente na área do Património Cultural e Museus, a “uma tutela politicamente irrelevante, esvaziada de competências e incapaz de assegurar uma política interna coerente ou uma articulação interdepartamental eficaz com as restantes áreas da governação”, situação agravada pela “suborçamentação dramática” e pela manutenção de “fusões institucionais que conduziram à desestruturação de organismos”, bem assim com “uma redução cega de quadros e uma ausência generalizada de estratégia a médio e longo prazo.”

Neste período, a “educação para uma cultura mais participada” promoveu vagas melhorias no acesso a arquivos históricos da RTP. Nada mau. Não se reforçaram “os conteúdos de artes e humanidades nos programas curriculares”, não se definiram “novos modelos de gestão específicos do ensino artístico vocacional, em parceria com as áreas da educação e da cultura”, não se criou o “Cartão + Cultura” (muito menos se reformatou conceitualmente, resgatando-o do desinteresse que tinha), não se valorizaram “Teatros Nacionais como polos de criação nacional”, não se incentivou a “acessibilidade dos públicos com necessidades especiais às atividades culturais”. Nem sequer se começou a praticar a gratuitidade nos museus aos fins-de-semana até aos 30 anos (muito menos o que o Parlamento decidiu sobre a matéria, em sede de Orçamento do Estado). Mas, caramba, Roma e Pavia não se fizeram em meia legislatura.

No plano da “preservação, valorização e divulgação do património material e imaterial” conseguiram-se alguns êxitos nas “coleções de arte contemporânea nos museus portugueses”: o Miró em Serralves; o Berardo em Belém (obrigando-o a ser pago); talvez a Vieira da Silva nas Amoreiras – e não sabemos ainda bem o quê no Chiado. E pronto. Não se permitiu “que certos ‘equipamentos culturais bandeira’, como museus e monumentos de especial relevância” pudessem “beneficiar de uma maior autonomia de gestão” (antes pelo contrário, acentuou-se a claustrofobia em todos), não se criou “o Arquivo Sonoro Nacional”, não se intensificou “a digitalização sistemática dos fundos documentais dos arquivos portugueses” e não se promoveram “estratégias e metodologias coordenadas de tratamento e divulgação do património arquivístico comum aos países da CPLP”, não se revitalizaram “as redes patrimoniais” (a Rede Portuguesa de Museus, essa então, foi quase extinta e deixou de se falar nesse luxo asiático de apoio aos museus – o Promuseus), não se consolidou “a oferta pública de museus”, nem se flexibilizaram “os seus modelos de gestão”, não se promoveu, enfim, “o inventário do património cultural imaterial em Portugal e do património imaterial Português existente no mundo”. Mas, caramba, Roma e Pavia não se fizeram em meia legislatura.

Houve casos menos felizes, sim, admitamos. Umas ameaças de bofetadas aqui, umas destruições de gravuras rupestres ali. Não fora existirem, no caso das gravuras, avisos atempados de que, não sabendo elas nadar, também não sabem defender-se de vândalos, quando se retiram guardas, dir-se-ia que se tratou de imponderáveis. Quase casos de polícia apenas. E tudo o resto pode ser reduzido à condição de pecadilhos de ranchos de “boys” e gabinetes em intensa rotação, obrigados e recomeçar sempre do zero, retroalimentados em ciclo fechado dos mesmos de sempre, os quais se comprazem em defender-se de constipações, fechando como podem janelas e portas nos longos corredores da Ajuda.

Não fiquemos totalmente desiludidos, porém. É certo que “as intervenções de recuperação e conservação do património histórico” não passaram a ser feitas “de acordo com hierarquias e prioridades com base numa efetiva monitorização do estado de conservação do mesmo”. Mas a Cultura soube dançar bem a música que lhe foi posta no gira-discos pela Economia, lançou-se um “programa de investimento para a recuperação do património histórico… assente na mobilização de fundos comunitários” (uma boa malha para fazer REVIVEr o mercado dos operadores turísticos e empreiteiros) e deu-se a algumas instituições culturais a possibilidade de consignação de 0,5% do seu IRS – medidas difíceis e hercúleas, como se percebe.

Tenhamos fé: “o governo assume como prioridade reestruturar o setor, dotando-o de modelos orgânicos flexíveis e eficazes adequados à especificidade da sua missão”. Talvez até chegue a ter visão e tempo de perceber como se torna urgente voltar a possuir dados fiáveis e reverta a extinção do Observatório de Actividades Culturais (um dos mais nefastos erros estratégicos da anterior governação). Na mesma linha de reversão de autismos acumulados, poderá até meter ombros à revolução copérnica de realmente tornar credíveis, e úteis, as diferentes secções do Conselho Nacional de Cultura, começando pelas de museus e património, as mais governamentalizadas (algo que todos os partidos políticos, à excepção do PS, colocavam nos seus programas eleitorais). Confiemos, pois. Tudo há-de ser feito a seu tempo, como diz o simpático ministro da Cultura. Oportunamente. Ou quando calhar. Talvez nunca.

Nota: para os mais distraídos, informa-se que todas as citações neste texto foram tiradas do programa do actual governo, sendo que as do primeiro parágrafo dizem respeito ao diagnóstico aí feito da situação herdada do governo anterior. Um bom diagnóstico pela sua actualidade.»

23/04/2016

Museus


Chegado por e-mail:

«Boa noite

Em 2014 fechou em Sintra o Museu do Brinquedo, e nessa altura falou-se em instalá-lo em Lisboa; a CM Lisboa manifestou interesse nisso. Mas até hoje, não se ouviu falar mais nada sobre esse assunto.

Em 2004 fechou em Lisboa o Museu de Cera e também ninguém mais falou sobre isso.

Se o problema é encontrar lugares para colocar esses museus, não faltam por aí: os vários palácios abandonados em Lisboa e mesmo o Pavilhão de Portugal na Expo podiam servir muito bem.

Cumprimentos

Álvaro Pereira»

04/12/2013

Isto também diz respeito a Lisboa:


In Público Online/LUSA (3.12.2013)

«Direcção-Geral do Património Cultural avalia mudança do Museu da Música para Mafra

O secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, disse nesta terça-feira, em Lisboa, que está a ser estudada a transferência do Museu da Música para o Palácio Nacional de Mafra. O anúncio foi feito ao início da noite, no Museu Nacional de Arte Antiga, durante a inauguração da exposição “Rubens, Brueghel, Lorrain, a paisagem do norte no Museu do Prado", que contou com a presença do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho. "A Direcção-Geral do Património Cultural está a avaliar a instalação do Museu da Música no Palácio Nacional de Mafra", disse Jorge Barreto Xavier. "É uma expectativa que vem do início do século XX e que, creio, estaremos preparados para concretizar", concluiu Jorge Barreto Xavier.

O processo encontra-se na fase de estudo e ainda "não é possível falar-se na mudança" para Mafra do museu situado em Lisboa, nem de uma data para a sua concretização, esclareceu o gabinete do secretário de Estado da Cultura, quando contactado pela Lusa, para obtenção de pormenores sobre a operação.

O Museu da Música encontra-se instalado num espaço provisório, desde 1994, na estação de Metro do Alto dos Moinhos, disponibilizado pelo Metropolitano de Lisboa.

A passagem do acervo para Mafra significaria um regresso ao local que o acolheu, nas décadas de 1980-90, antes da exposição ao público, na estação do Metro de Lisboa.

A constituição de um espaço museológico dedicado à música remonta ao primeiro ano da República, 1911. O museu, no entanto, só viria a abrir em 1946, após a II Guerra Mundial, no Conservatório de Lisboa, ao Bairro Alto, tendo sido transferido posteriormente, em 1971, para o Palácio da Pimenta, que acolhe o Museu da Cidade.

Em 1974-75, as peças foram depositadas na Biblioteca Nacional, ao Campo Grande, tendo seguido mais tarde para o Palácio Nacional de Mafra, onde se mantiveram até à abertura do Museu da Música, no Alto dos Moinhos.

Há quatro anos, em 2009, pouco depois da tomada de posse do XVIII Governo constitucional, a ministra da Cultura, a também pianista Gabriela Canavilhas, admitiu vir a instalar o Museu da Música em Évora, no convento de São Pedro de Castris, acompanhando a eventual constituição de uma orquestra no Alentejo, da qual o museu também seria sede.

O Museu da Música detém “uma das mais ricas colecções da Europa", de acordo com a sua apresentação, contando com cerca de 1400 instrumentos, entre os quais o cravo de Joaquim José Antunes (1758), o cravo de Pascal Taskin (1782), o piano Boisselot, que o compositor e pianista Franz Liszt trouxe a Lisboa, em 1845, e o violoncelo de Antonio Stradivari, que pertenceu ao rei D. Luís. O violoncelo de Henry Lockey Hill, de Guilhermina Suggia, os violinos e violoncelos de Joaquim José Galrão, os clavicórdios setecentistas das oficinas lisboetas e portuenses fazem parte da colecção, assim como os raros cornes ingleses Grenser e Grundman & Floth, do final do século XVIII, e as flautas de Ernesto Frederico Haupt, de meados do século XIX, que são exemplares únicos.O oboé de Eichentopf, do segundo quartel do século XVIII, e o cravo de Pascal Taskin, entre outros instrumentos, são também de "extrema raridade", segundo a página do museu na Internet. Espólios documentais, acervos fonográficos e iconográficos, como os de Alfredo Keil, autor do Hino Nacional, fazem igualmente parte do Museu da Música.

O presidente da Câmara de Mafra, Helder Sousa Silva, já declarou esta noite, em comunicado, o "regozijo" pela provável transferência do Museu que, a efectuar-se, "traduz o reconhecimento da histórica vocação musical" do palácio mandado construir por D. João V. Durante a campanha eleitoral para as últimas eleições autárquicas, Helder Silva, entretanto eleito pelo PSD, defendeu a transferência do Museu da Música para o Palácio Nacional de Mafra. Em 2012, o Museu da Música, no Alto dos Moinhos, em Lisboa, somou 9138 visitantes. Este ano, até ao final de Setembro - últimos dados disponíveis -, somou 8408 visitantes, o que corresponde a um aumento de 2162 entradas em relação a igual período do ano anterior (6246).»

26/04/2013

Museus municipais pouco atentos aos visitantes e à componente comercial JONATAS


In Público (26/4/2013)
Por Inês Boaventura

«Num estudo encomendado pela câmara, Mega Ferreira inspira-se em Bolonha para propor um projecto para o futuro dos museus da capital

Os museus geridos pela Câmara de Lisboa apresentam, segundo António Mega Ferreira, problemas como a “imprecisão da defi nição da missão” de cada um deles, a “escassa orientação para o utilizador”, a “reduzida sensibilidade à componente comercial” e a “inexistência de edições próprias”. Isto além de padecerem de “problemas estruturais”, ao nível da sua orgânica e recursos humanos, da manutenção dos edifícios e equipamentos e da conservação e segurança.

Este diagnóstico é traçado no estudo sobre os museus municipais de Lisboa elaborado por Mega Ferreira, por deliberação do executivo municipal, e ao qual o PÚBLICO teve acesso. No documento, intitulado O Museu É a Cidade, o escritor e antigo presidente da Fundação do Centro Cultural de Belém começa por fazer uma avaliação da situação actual, para depois apresentar uma proposta para o futuro, inspirada na cidade italiana de Bolonha. “A missão de cada um dos museus não se encontra clara e formalmente definida”, afirma Mega Ferreira, referindo-se aos equipamentos de tutela directa da Câmara de Lisboa: Museu da Cidade, Museu Antoniano, Museu do Teatro Romano e Museu Bordalo Pinheiro. Fora desta avaliação fi cam os equipamentos geridos pela Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural, que é municipal.

Quanto à relação com o público, o escritor diz que de uma forma geral há “uma rigidez expositiva”, uma “fragilidade dos discursos temáticos” e uma “obsolência das técnicas expositivas”, sublinhando ainda o facto de o número de visitantes ser “relativamente baixo” e apresentar “uma preocupante variabilidade”. O que, alerta, “parece denotar a incapacidade para fixar públicos, muito menos para os aumentar de forma sustentada”. Mega Ferreira critica ainda a “reduzida sensibilidade à componente comercial”, incluindo bilheteiras, lojas e merchandising. Sobre o facto de os museus Antoniano e do Teatro romano serem de acesso gratuito, o escritor diz que “tendo em conta os constrangimentos fi nanceiros vigentes, só se pode justifi car ou pela fraca qualidade da oferta ou pela inexistência de condições infra-estruturais mínimas”.

No seu diagnóstico, o ex-presidente do CCB denuncia a existência de “deficiências graves no plano de manutenção dos edifícios e equipamentos”, acrescentando que são “em grande parte fruto de ausência de intervenções regulares, cuja origem é pelos responsáveis assacada à crónica falta de capacidade orçamental para lhes fazer face”. Os problemas mais graves, diz, verificam-se no Museu da Cidade, instalado no Palácio Pimenta, no Campo Grande, onde um orçamento feito em 2004 pela autarquia previa a necessidade de um investimento de mais de 600 mil euros.

Essas deficiências nos museus, alerta Mega Ferreira, “têm implicação directa nas condições de conservação do acervo das unidades museológicas”, existindo “problemas crónicos quanto à segurança dos edifícios e peças expostas”. No caso do Museu Antoniano, por exemplo, há problemas de humidade, não há espaço de reservas, o sistema de intrusão está desactivado e trabalha no local uma única funcionária, “o que acarreta que, por vezes, a porta de entrada esteja fechada”.

Face a tudo isto, o escritor conclui que “os museus sujeitos a tutela directa da Câmara Municipal de Lisboa estão longe dos parâmetros ideais” que levaram o Conselho Internacional de Museus a consagrar nos seus estatutos a seguinte defi nição de museu: “Uma instituição permanente sem objectivo de lucro, ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público, que adquire, conserva, estuda, expõe e transmite o património material e imaterial da humanidade e do seu meio ambiente, tendo por fim o estudo, a educação e a fruição.”

No âmbito do estudo que desenvolveu para o município, Mega fez “uma visita de estudo a Bolonha”, para conhecer o projecto Genus Bononiae, lançado em 2003. Trata-se, explica o escritor, de “um percurso cultural, artístico e museográfico articulado em diversos palácios do centro histórico de Bolonha, devidamente restaurados para albergar exposições ou instituições culturais”.

Da análise dessa experiência, o escritor ressalta o conceito de “museu difuso”, cuja adopção em Lisboa propõe, “para reorganizar os museus municipais na perspectiva de uma narrativa multipolar sobre a cidade”. Mega sugere ainda que para os equipamentos envolvidos nesse projecto seja criada uma marca — a que chama LisboaMuseu — “com uniformização dos sinais identifi cadores e linguagens gráficas e estabelecimento de políticas de funcionamento e comerciais comuns”.


Roteiros para uma leitura histórica da cidade

Na reunião camarária de anteontem, onde falou sobre as “novas perspectivas” do Museu da Cidade (que vai chamar-se Museu de Lisboa), a vereadora da Cultura não disse que futuro terão algumas das propostas de Mega. Mas pelas palavras de Catarina Vaz Pinto conclui-se que pelo menos duas serão concretizadas: a atribuição de nova vocação ao Palácio Pimenta, que o escritor propôs que se transformasse “em casa musealizada do século XVIII, reconstituindo a sua vivência como residência”, e a utilização do Torreão Poente do Terreiro do Paço para exposições. Esse espaço, disse a autarca, passará a ser o “núcleo-sede” do até aqui chamado Museu da Cidade. Defendeu ainda que “os outros museus e monumentos nacionais que se relacionam com a história de Lisboa devem ser programados em estreita articulação com o Museu de Lisboa” e sugeriu a criação de “itinerários/roteiros entre o Museu de Lisboa e outras entidades patrimoniais que contribuem para uma leitura histórica da cidade”.»

...

Geee, Bolonha é uma cidade bem bonita...

14/03/2013

Estudo de Mega Ferreira está pronto mas Câmara de Lisboa não o divulga


In Público (14/3/2013)
Por Inês Boaventura

«O escritor, cuja contratação por 19 mil euros gerou polémica, concluiu a sua proposta para os museus em Outubro de 2012. A vereadora da Cultura diz que se está a trabalhar na versão fi nal do documento


O estudo elaborado por António Mega Ferreira sobre os museus da capital foi concluído e entregue à Câmara Municipal de Lisboa em Outubro de 2012, mas a vereadora da Cultura recusa-se a divulgar o seu conteúdo, com o argumento de que se trata de “um instrumento de trabalho e de apoio à decisão”.

A contratação do escritor e expresidente do Centro Cultural de Belém, por cerca de 19 mil euros, foi aprovada pelo executivo camarário em Junho de 2012, com a abstenção dos vereadores dos Cidadãos por Lisboa (eleitos pelo PS) e do PCP e com os votos contra do PSD e CDS. Na altura a oposição contestou essencialmente o carácter “despesista” desta medida e o facto de não se ter recorrido a técnicos do município para fazer o estudo.

Já a vereadora da Cultura negou estar a “desvalorizar” os técnicos da Câmara de Lisboa, alegando que “uma visão exterior” poderia ser “vantajosa”. “Mega Ferreira conhece muito bem a cidade e é um gestor cultural de grande competência”, que possui uma “visão estratégica para Lisboa e para os seus museus”, afirmou então Catarina Vaz Pinto.

A encomenda ao escritor tinha um prazo de execução de quatro meses, mas desde Junho que nada se sabe sobre os resultados do trabalho contratado. Numa última reunião pública da autarquia, realizada no fim de Fevereiro, o social-democrata Victor Gonçalves e o centrista António Carlos Monteiro pediram esclarecimentos sobre o assunto. A resposta de Catarina Vaz Pinto foi lacónica: “Temos estado em diálogo permanente com Mega Ferreira. Estamos a ultimar a versão final, para discussão dentro do executivo”.

Esta resposta não satisfaz o vereador do CDS, que adianta que já dirigiu vários pedidos de informação à vereadora da Cultura, a quem solicitou também uma cópia do estudo elaborado por Mega Ferreira. “Porque é que não nos facultam o estudo e estão a escondê-lo? É incompreensível, porque o contrato de prestação de serviços já terminou”, diz António Carlos Monteiro, que promete insistir no assunto até que o documento lhe seja fornecido.

O PÚBLICO perguntou a Catarina Vaz Pinto quando é que o escritor terminou o seu trabalho, quais foram as suas principais conclusões e quando é que se prevê que a chamada “versão fi nal” do documento esteja pronta e possa ser posta em prática. “O estudo da autoria de António Mega Ferreira é um instrumento de trabalho e de apoio à decisão, que visa ajudar a defi nir uma estratégia para os museus da cidade e, em particular, para o Museu da Cidade de Lisboa. O documento tem as suas conclusões praticamente finalizadas, pelo que oportunamente serão divulgados os seus contributos”, limitou-se a responder anteontem a vereadora da Cultura.

Já António Mega Ferreira disse ao PÚBLICO que entregou a 30 de Outubro de 2012, “tal como estava no contrato”, o estudo que lhe tinha sido encomendado pela Câmara de Lisboa. O escritor garante que de lá para cá houve “algumas reuniões para debater a proposta”.

Mega Ferreira também não quer revelar quais foram as suas sugestões para os museus da capital, por considerar que essa divulgação cabe à autarquia, mas adianta que “globalmente foram aceites”.

“Temos estado a trabalhar no seu aperfeiçoamento, na adequação às condições que existem”, acrescenta. “O resto são decisões que a câmara tem de tomar e nas quais não tenho de interferir”, conclui o escritor.

Ontem, na reunião da Câmara de Lisboa, que se realizou à porta fechada e no fim da qual não foram feitas declarações aos jornalistas, Catarina Vaz Pinto fez uma apresentação da política cultural de Lisboa, mas o trabalho de Mega Ferreira não terá sido abordado.»

13/08/2012

O Estado da nossa Cultura: MUSEU DE SETÚBAL


ENTRADA
 RECEPÇÃO
 PÁTIO DE ACOLHIMENTO DOS VISITANTES
 JARDIM DO PÁTIO DA ENTRADA
 ESCADARIA DE ACESSO À GALERIA QUINHENTISTA
 FACHADA PRINCIPAL DA GALERIA QUINHENTISTA

Num anexo da Igreja do antigo Convento de Jesus (MN) funciona há vários anos a famosa Galeria de Pintura Quinhentista. O que estas imagens mostram só pode criar indignação e profunda tristeza.
A vergonhosa situação em que se encontra o edifício do Convento de Jesus é um autêntico murro no estomâgo de qualquer cidadão consciente do enorme valor nacional das colecções deste museu. Mas a demora do projecto de reabilitação/reconversão do convento em passar do papel para a realidade é, infelizmente, apenas mais um caso entre muitos pelo país fora  (outro exemplo vergonhoso é o do Museu de Beja).
A simples aproximação, entrada e visita da temporária (já quase permanente!) exposição na Galeria de Pintura Quinhentista constitui uma experiência sem qualquer dignidade, uma verdadeira vergonha nacional. Entramos por uma porta do tipo "oficina de reparação de automóveis" para dentro de um pátio repleto de sinais de degradação e obras abandonadas. Uma placa metálica do tipo das que vemos nas "auto-estradas" manda-nos subir por umas escadas ingremes que nos levam até uma bruta porta de grades. Nada nos sugere que estamos a entrar num museu que contém alguns tesouros nacionais de Portugal (e como será se um cidadão de mobilidade reduzida desejar visitar a Galeria?).
É necessário adquirir bilhete de ingresso para este Museu.  
Tão importante museu/colecção da cidade de Setúbal (e de Portugal!) merece, com certeza, um esforço maior de todos para que as coisas mudem. Esperamos que para breve se resolva de uma vez por todas a situação grave em que se encontra há demasiado tempo o Museu de Setúbal.

08/04/2011


In Público (8/4/2011)

14/02/2011

Um Museu a não perder (10)

In Público (13/1/2011)


«Um Tesouro para o Futuro


Muito poucos se foram apercebendo de um tesouro escondido em Lisboa.

Além de edifícios belíssimos e únicos, agora reconhecidos com a classificação de Conjunto de Interesse Público (Balneário D. Maria II, de 1853, e Pavilhão de Segurança, de 1896), o Hospital Miguel Bombarda (o terceiro grande hospital português, de 1848, a seguir ao Hospital de S. José em Lisboa e ao Hospital de Sto António no Porto, e onde exerceram as maiores figuras da psiquiatria portuguesa), possui um património artístico e arquivístico ímpar no país, e raro no contexto europeu.

O Pavilhão de Segurança – Museu dispõe de uma colecção de Arte de Doentes desde o início do século XX, com perto de 4000 obras, abrangendo variadíssima gama de tipologias (pré-surrealista, dismórfico, traço automático, abstracto-expressionista, etc) , reconhecida como de enorme valor a nível europeu por peritos estrangeiros (ver Público de 2/2/2011). Arte Naif e convencional, mas a maioria Art Brut, Arte Crua ou Outsider Art, com relevante conjunto datado dos anos 1920 e 1930, semelhante, em pureza criadora, à lendária colecção Prinzhorn, da mesma época, além de autores como o famoso Jaime Fernandes.

O Museu também possui uma colecção de fotografia com 4500 exemplares, 1100 dos quais retratos de doentes para diagnóstico, desde o séc. XIX, sem paralelo nacional, além de centenas de páginas em prosa e verso, desenhos de tatuagens, etc, e do acervo de material clínico e hospitalar.

Mas sobretudo, o Hospital Miguel Bombarda conservou ao longo de 160 anos um Arquivo Hospitalar, específico das instituições psiquiátricas, que constitui um autêntico tesouro patrimonial para o país, e inclusive para a Europa, dada a sua antiguidade e integralidade (em muitos países desapareceram décadas de documentação, principalmente por más condições de armazenamento).

Dezenas de milhares de processos clínicos, desde as singelas papeletas do séc. XIX até às histórias clínicas do período Sobral Cid, verdadeiras peças literário-clínicas, incluindo a sintomatologia contada em discurso directo pelos doentes, árvores geneológicas, estudos morfológicos, rigorosa descrição da patologia e sua evolução, etc.

E somente neste hospital, livros de registo sequencial de todos os doentes desde 1848, e, além dos processos clínicos, dezenas de milhares de processos de admissão e de processos médico-legais, de todo o país e de todos os estratos sociais, contendo ofícios das Câmaras, tribunais, polícia, exército, e outras entidades, enviando doentes e cidadãos, cartas de médicos, cartas de familiares e de empresas ou dos próprios doentes, descrevendo os episódios de loucura, de crimes e roubos, de comportamentos considerados anti-sociais, troca de correspondência, etc. E ainda a documentação da direcção do hospital e dos diversos sectores e serviços, incluindo livros de ocorrências.

Uma fonte riquíssima e única para a investigação de ponta no campo das Neurociências (como mostra António Damásio), mas também um outro e profundo olhar sobre Portugal, de enorme importância para a investigação nos domínios da História, da História da Arte, da Sociologia, da Antropologia ou da Criminologia. São arquivos e colecções complementares: um doente está geralmente referenciado em diversos tipos de arquivos, por exemplo o autor de um desenho.

Deve assim ser garantida, urgentemente, dado o Hospital estar prestes a encerrar, a unidade e a complementaridade dos Arquivos, Colecções e restante acervo. Este tesouro arquivístico deve ser classificado património nacional, e não deve ser disperso, mas sim permanecer nas históricas instalações hospitalares, integrado no Museu de Arte de Doentes e Neurociências (renovado e alargado, prestigiante para a cidade e o país), correctamente inventariado e acondicionado, e disponível a investigadores, tal como proposto às Ministras da Saúde e da Cultura no Apelo de 23 de Dezembro subscrito por grandes personalidades da Ciência e Cultura.

Que a nossa elite, e os nossos políticos e decisores, compreendam sem delongas: os Arquivos e Colecções do Hospital Miguel Bombarda são relevantíssima componente da Cultura Portuguesa, são um tesouro para o futuro.


Vítor Albuquerque Freire
Historiador
»

12/02/2011

Assembleia municipal recomenda museu para o espólio do São Carlos

In Público (12/2/2011)
Por Alexandra Prado Coelho


«Proposta do Partido Popular Monárquico foi aprovada por unanimidade na assembleia municipal

O Teatro de São Carlos, em Lisboa, tem um "espólio riquíssimo, que não está tratado" e que justificaria a criação de um espaço museológico. A recomendação para a criação de um museu do Teatro de São Carlos, apresentada pelo Partido Popular Monárquico (PPM), foi já aprovada por unanimidade pela Assembleia Municipal de Lisboa.

"O São Carlos é um teatro do século XVIII e não está no circuito de teatros do século XVIII na Europa", lamenta a investigadora Aline Gallash-Hall, que integra o grupo municipal do PPM e conhece bem a história deste espaço. Inaugurado em 1793, o São Carlos sofreu algumas remodelações nos anos de 1940 que diminuíram a qualidade acústica. Porém, explica Aline Hall, "ainda mantém as roldanas originais, muita maquinaria de cena original, barroca, e há muita coisa espalhada por todo o teatro, desde guarda-roupa a cenários de Luigi Manini [pintor e cenógrafo italiano que foi o autor dos palácios da Regaleira e do Buçaco]".

No texto que apresentou à assembleia municipal, o PPM afirma que muito deste material está armazenado em condições "que põem em risco esse espólio fundamental". E propõe que a Câmara Municipal de Lisboa inicie conversações com o Ministério da Cultura para a criação de um museu, para evitar "a degradação e a total destruição dessa herança patrimonial e cultural", e, ao mesmo tempo, "rentabilizar" o conhecimento e a experiência dos trabalhadores da câmara, envolvendo-os neste projecto.

Fonte do São Carlos confirmou ao PÚBLICO a existência deste espólio, nomeadamente dos cenários da autoria de Manini, e disse que foi recentemente criado um "núcleo histórico" com funcionários do teatro para tratar e organizar este acervo.

O texto do PPM sublinha o que considera ser a originalidade do São Carlos afirmando que o facto de manter "quase toda a estrutura original" faz dele "um caso pouco frequente a nível mundial". Além disso, lê-se ainda no texto, "as suas semelhanças no interior ao Teatro S. Carlos de Nápoles e, no seu exterior, ao La Scala, de Milão, fazem dele um exemplar único no mundo".

Construído em apenas seis meses, segundo um estilo neoclássico, pelo arquitecto José da Costa e Silva, o São Carlos foi inaugurado a 30 de Julho de 1793 pela rainha D. Maria I, para substituir a Ópera do Tejo, destruída pelo terramoto de 1755.»

22/12/2010

Um Museu a não perder (5)




Pavilhão de Segurança




Fotos: Lisboa S.O.S.

Um Museu a não perder (4)


Balneário D. Maria II
(data de 1853, foi feito para banhos terapêuticos psiquiátricos
e era considerado na época o melhor da Europa)

Um Museu a não perder (3)


Um Museu a não perder (2)





07/08/2010

ETNOLOGIA? NACIONAL? MUSEU?


Não, não houve nenhum engano com as imagens. Estas duas fotografias são mesmo do nosso Museu Nacional de Etnologia, na Av. Ilha da Madeira, em Lisboa. É do conhecimento público o insuficiente financiamento da Cultura em Portugal - mas o que vemos nas imagens vai mais além das políticas actuais da cultura. Estão assim "equipadas" as instalações sanitárias do Museu Nacional de Etnologia de Portugal. Caixas de cartão a servir de papeleiras, e outros objectos com idênticos padrões de qualidade. É assim um museu nacional da capital portuguesa. Alguém se lembra quantos milhões vai custar esse capricho do governo chamado «Novo Museu dos Coches»? E assim está Portugal em Agosto de 2010.

Mas que ninguém deixe de visitar o Museu Nacional de Etnologia por causa das suas instalações sanitárias! http://www.mnetnologia-ipmuseus.pt/Museu.html

12/02/2010

Prioridades Estratégicas do Ministério da Cultura

Ministério da Cultura - PRIORIDADES ESTRATÉGICAS:

EIXO 1

Reenquadramento do sistema de gestão dos museus tutelados pelo MC/IMC

1. 1 Transição faseada para as tutelas municipais, ou afectação a Direcções Regionais de Cultura, de alguns dos vinte e oito museus do MC/IMC, seleccionados com base em critérios patrimoniais e museológicos e assentes em contratos-programa.

1.2 Reprogramação e reabertura do Museu de Arte Popular.

1.3 Reprogramação e abertura do Museu dos Coches em construção nova.

1.4 Reprogramação e transferência do Museu Nacional de Arqueologia para o edifício da Cordoaria Nacional.

1.5 Constituição de uma rede integrada dos equipamentos culturais no eixo Ajuda/Belém, Lisboa, com as parcerias da autarquia e da Associação de Turismo de Lisboa.

1.6 Constituição de uma Rede Nacional de Reservas Arqueológicas, com a parceria estratégica do IGESPAR.

1.7 Decisão sobre o destino do edifício e das colecções da Casa-Museu Manuel Mendes (Belém, Lisboa)

1.8 Estudo de viabilidade e programação de uma nova unidade museológica dedicada à viagem, à língua e à diáspora do povo português.

1.9 Projecto de recuperação dos espaços do antigo Gabinete de História Natural da Ajuda(1764-1836), em parceria com o Instituto Superior de Agronomia.

Estranhamos a ausência dos seguintes personagens neste cenário planeado pela nova Ministra, como por exemplo:

1-Museu do Chiado (ainda não há data para o início das obras de alargamento do único museu nacional de arte contemporânea do país; desde a sua abertura, em 1911, que se fala na necessidade de aumentar o espaço de exposição!)

2-Museu da Música (instalado num anexo de uma estação de Metro desde 1994; aguarda por uma casa definitiva desde a sua inauguração em 1911!)

3-Museu / Instituto da Arquitectura (Portugal é o único país da UE que ainda não tem uma instituição desta natureza!)

4-Museu de Etnologia do Porto (encerrado desde 1992 porque o Palácio de S. João Novo, onde se encontra instalado, precisa de uma intervenção profunda; ainda sem data para obras!)

Porque continuam esquecidos estes personagens maiores da Cultura Nacional?

Foto: Maqueta de Rigoletto da autoria de Tomás Alcaide, 1964 (Museu da Música)

10/02/2010

Um museum district para Belém-Ajuda

In Público (10/2/2010)
Por Alexandra Prado Coelho

«Criar bilhetes comuns ou itinerários, contar histórias que juntem as diferentes colecções: os directores dos museus da capital reuniram-se para pensar em conjunto novas estratégias

Quando nasceu, há cerca de um ano, a ideia era mais modesta: tratava-se de lançar a zona de Belém-Ajuda como um museum district, uma rota que tirasse partido dos numerosos museus e monumentos que se concentram naquela área. Mas ontem, no final da terceira reunião para discutir o plano, este tornou-se muito mais ambicioso: trata-se agora de criar um itinerário cultural para Lisboa "do Aquarium ao Oceanarium", ou seja, do Aquário Vasco da Gama ao Oceanário, na Expo.

De manhã, directores de museus e edifícios histórico-monumentais - entre 50 e 60 participantes - reuniram-se no Museu Colecção Berardo para redigir uma carta de intenções para o projecto, lançado por Rui Silvestre (Museu Berardo), Luís Raposo (ICOM Portugal) e Luís Serpa (Induscria, Plataforma para as Indústrias Criativas).

À tarde, na apresentação dos resultados, um mapa de Lisboa (ver infografia) projectado num ecrã mostrava, assinalados com pontos vermelhos, os principais equipamentos culturais da cidade. E uma folha distribuída à assistência propunha oito Zonas Turísticas de Interesse - da Rota do Tejo ao Alfama Tradicional District, passando pelas Rotas Românticas e as Avenidas Novas.

Os organizadores do encontro sublinharam que a ideia é que em cada uma das áreas definidas os responsáveis pelas instituições culturais identifiquem que sinergias podem ser criadas. "As propostas podem ir de um bilhete comum a um transporte circular que faça a ligação entre os locais, ou outras", explicou Luís Raposo ao PÚBLICO.

No público houve quem confessasse recear que esta ideia tão vasta acabe por pôr em causa o projecto inicial para Belém e a Ajuda - a zona que mais claramente corresponde a um museum district.

Marketing e apoio político

Será agora necessário, referiu Luís Serpa, cruzar esta ideia com uma série de outros planos estratégicos como a Carta Estratégica para Lisboa ou o Planeamento Estratégico Museus para o Século XXI, recentemente apresentado pela ministra da Cultura e que inclui ideias para o eixo Belém-Ajuda.

Para explicar como se põe em prática um projecto deste tipo, os organizadores convidaram o austríaco Dieter Bogner, curador com experiência em Planeamento Estratégico para Museus - foi o responsável pelo conceito para o Museumsquartier Vienna, a criação de um bairro de museus na zona do palácio, dos museus e dos estábulos imperiais na capital austríaca.

É preciso partir dos conteúdos dos museus, frisou Bogner, deixando um conselho inicial: não vale a pena fazer rotas ou itinerários ou districts se não se partir da análise do que são as colecções dos museus e de que história pode ser contada a partir das ligações entre elas.

Em Viena - num processo que durou dez anos e que, em certos momentos, contou com a oposição da população -, introduziram-se, junto aos museus imperiais, espaços ligados à arte moderna, ao teatro e à dança, mas também equipamentos para crianças, pequenos estúdios para indústrias criativas ("se querem ter gente nova e inovadora, é preciso oferecer rendas baixas"), residências para artistas e apartamentos privados.

Bogner deixou mais duas pistas: "Uma boa campanha de marketing nacional e internacional para dar uma imagem positiva do bairro é fundamental". E o que aconteceu em Viena "foi uma decisão política". "Sem o apoio político, nunca teríamos tido sucesso", disse.»

13/08/2009

Museus de Arte Antiga, Oriente, Marioneta e Paço dos Duques abertos hoje à noite

In Sol Online (13/8/2009)

«Os museus Nacional de Arte Antiga, do Oriente e da Marioneta, em Lisboa, e o Paço dos Duques, em Guimarães, disponibilizam hoje actividades nocturnas no âmbito do programa Quinta à noite nos Museus

No Museu Nacional de Arte Antiga as iniciativas contemplam visitas guiadas que irão incidir sobre os seguintes temas: Histórias que os fios contam, Em busca do paraíso terrestre e Portugal e o Mundo.

Já no Museu da Marioneta haverá visitas guiadas à exposição Nadagama - máscaras e marionetas do Sri Lanka, Noites astronómicas: histórias de deuses, monstros e heróis e Spellbound. [...]»

17/09/2008

Exposições temporárias em risco de fechar

In Diário de Notícias (17/9/2008)
LUÍS FILIPE RODRIGUES

«Crise. Director do ICM admite problemas em vários museus

Manuel Bairrão Oleiro espera resolver a situação até 2009

O director do Instituto dos Museus e da Conservação (IMC), Manuel Bairrão Oleiro, considera que mais nenhum museu vai seguir o caminho do Museu do Chiado, que ontem não abriu as portas por falta de pessoal. "Não estamos a contar que esta situação se repita, mas poderá eventualmente vir a acontecer", avançou ao DN. Não afastou também a hipótese de alguns museus serem obrigados a encerrar certas exposições temporárias, ou a fechar durante determinados períodos do dia.

O problema "já vem de há bastantes anos", admite Bairrão Oleiro. De facto, mesmo antes do Museu Nacional de Arte Contemporânea ser obrigado a fechar durante mais um dia por semana, várias salas da rede nacional de museus foram obrigadas a encerrar as suas portas durante períodos similares. Desde o Museu Nacional de Arte Antiga ao Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto, são muitos os casos de encerramentos idênticos. (...)»