27/01/2015
22/09/2014
Museu Santo António: Não havia necessidade...
24/06/2014
19/06/2014
26/04/2013
Museus municipais pouco atentos aos visitantes e à componente comercial JONATAS
Por Inês Boaventura
«Num estudo encomendado pela câmara, Mega Ferreira inspira-se em Bolonha para propor um projecto para o futuro dos museus da capital
Os museus geridos pela Câmara de Lisboa apresentam, segundo António Mega Ferreira, problemas como a “imprecisão da defi nição da missão” de cada um deles, a “escassa orientação para o utilizador”, a “reduzida sensibilidade à componente comercial” e a “inexistência de edições próprias”. Isto além de padecerem de “problemas estruturais”, ao nível da sua orgânica e recursos humanos, da manutenção dos edifícios e equipamentos e da conservação e segurança.
Este diagnóstico é traçado no estudo sobre os museus municipais de Lisboa elaborado por Mega Ferreira, por deliberação do executivo municipal, e ao qual o PÚBLICO teve acesso. No documento, intitulado O Museu É a Cidade, o escritor e antigo presidente da Fundação do Centro Cultural de Belém começa por fazer uma avaliação da situação actual, para depois apresentar uma proposta para o futuro, inspirada na cidade italiana de Bolonha. “A missão de cada um dos museus não se encontra clara e formalmente definida”, afirma Mega Ferreira, referindo-se aos equipamentos de tutela directa da Câmara de Lisboa: Museu da Cidade, Museu Antoniano, Museu do Teatro Romano e Museu Bordalo Pinheiro. Fora desta avaliação fi cam os equipamentos geridos pela Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural, que é municipal.
Quanto à relação com o público, o escritor diz que de uma forma geral há “uma rigidez expositiva”, uma “fragilidade dos discursos temáticos” e uma “obsolência das técnicas expositivas”, sublinhando ainda o facto de o número de visitantes ser “relativamente baixo” e apresentar “uma preocupante variabilidade”. O que, alerta, “parece denotar a incapacidade para fixar públicos, muito menos para os aumentar de forma sustentada”. Mega Ferreira critica ainda a “reduzida sensibilidade à componente comercial”, incluindo bilheteiras, lojas e merchandising. Sobre o facto de os museus Antoniano e do Teatro romano serem de acesso gratuito, o escritor diz que “tendo em conta os constrangimentos fi nanceiros vigentes, só se pode justifi car ou pela fraca qualidade da oferta ou pela inexistência de condições infra-estruturais mínimas”.
No seu diagnóstico, o ex-presidente do CCB denuncia a existência de “deficiências graves no plano de manutenção dos edifícios e equipamentos”, acrescentando que são “em grande parte fruto de ausência de intervenções regulares, cuja origem é pelos responsáveis assacada à crónica falta de capacidade orçamental para lhes fazer face”. Os problemas mais graves, diz, verificam-se no Museu da Cidade, instalado no Palácio Pimenta, no Campo Grande, onde um orçamento feito em 2004 pela autarquia previa a necessidade de um investimento de mais de 600 mil euros.
Essas deficiências nos museus, alerta Mega Ferreira, “têm implicação directa nas condições de conservação do acervo das unidades museológicas”, existindo “problemas crónicos quanto à segurança dos edifícios e peças expostas”. No caso do Museu Antoniano, por exemplo, há problemas de humidade, não há espaço de reservas, o sistema de intrusão está desactivado e trabalha no local uma única funcionária, “o que acarreta que, por vezes, a porta de entrada esteja fechada”.
Face a tudo isto, o escritor conclui que “os museus sujeitos a tutela directa da Câmara Municipal de Lisboa estão longe dos parâmetros ideais” que levaram o Conselho Internacional de Museus a consagrar nos seus estatutos a seguinte defi nição de museu: “Uma instituição permanente sem objectivo de lucro, ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público, que adquire, conserva, estuda, expõe e transmite o património material e imaterial da humanidade e do seu meio ambiente, tendo por fim o estudo, a educação e a fruição.”
No âmbito do estudo que desenvolveu para o município, Mega fez “uma visita de estudo a Bolonha”, para conhecer o projecto Genus Bononiae, lançado em 2003. Trata-se, explica o escritor, de “um percurso cultural, artístico e museográfico articulado em diversos palácios do centro histórico de Bolonha, devidamente restaurados para albergar exposições ou instituições culturais”.
Da análise dessa experiência, o escritor ressalta o conceito de “museu difuso”, cuja adopção em Lisboa propõe, “para reorganizar os museus municipais na perspectiva de uma narrativa multipolar sobre a cidade”. Mega sugere ainda que para os equipamentos envolvidos nesse projecto seja criada uma marca — a que chama LisboaMuseu — “com uniformização dos sinais identifi cadores e linguagens gráficas e estabelecimento de políticas de funcionamento e comerciais comuns”.
Roteiros para uma leitura histórica da cidade
Na reunião camarária de anteontem, onde falou sobre as “novas perspectivas” do Museu da Cidade (que vai chamar-se Museu de Lisboa), a vereadora da Cultura não disse que futuro terão algumas das propostas de Mega. Mas pelas palavras de Catarina Vaz Pinto conclui-se que pelo menos duas serão concretizadas: a atribuição de nova vocação ao Palácio Pimenta, que o escritor propôs que se transformasse “em casa musealizada do século XVIII, reconstituindo a sua vivência como residência”, e a utilização do Torreão Poente do Terreiro do Paço para exposições. Esse espaço, disse a autarca, passará a ser o “núcleo-sede” do até aqui chamado Museu da Cidade. Defendeu ainda que “os outros museus e monumentos nacionais que se relacionam com a história de Lisboa devem ser programados em estreita articulação com o Museu de Lisboa” e sugeriu a criação de “itinerários/roteiros entre o Museu de Lisboa e outras entidades patrimoniais que contribuem para uma leitura histórica da cidade”.»
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Geee, Bolonha é uma cidade bem bonita...
28/03/2013
14/03/2013
Estudo de Mega Ferreira está pronto mas Câmara de Lisboa não o divulga
Por Inês Boaventura
«O escritor, cuja contratação por 19 mil euros gerou polémica, concluiu a sua proposta para os museus em Outubro de 2012. A vereadora da Cultura diz que se está a trabalhar na versão fi nal do documento
O estudo elaborado por António Mega Ferreira sobre os museus da capital foi concluído e entregue à Câmara Municipal de Lisboa em Outubro de 2012, mas a vereadora da Cultura recusa-se a divulgar o seu conteúdo, com o argumento de que se trata de “um instrumento de trabalho e de apoio à decisão”.
A contratação do escritor e expresidente do Centro Cultural de Belém, por cerca de 19 mil euros, foi aprovada pelo executivo camarário em Junho de 2012, com a abstenção dos vereadores dos Cidadãos por Lisboa (eleitos pelo PS) e do PCP e com os votos contra do PSD e CDS. Na altura a oposição contestou essencialmente o carácter “despesista” desta medida e o facto de não se ter recorrido a técnicos do município para fazer o estudo.
Já a vereadora da Cultura negou estar a “desvalorizar” os técnicos da Câmara de Lisboa, alegando que “uma visão exterior” poderia ser “vantajosa”. “Mega Ferreira conhece muito bem a cidade e é um gestor cultural de grande competência”, que possui uma “visão estratégica para Lisboa e para os seus museus”, afirmou então Catarina Vaz Pinto.
A encomenda ao escritor tinha um prazo de execução de quatro meses, mas desde Junho que nada se sabe sobre os resultados do trabalho contratado. Numa última reunião pública da autarquia, realizada no fim de Fevereiro, o social-democrata Victor Gonçalves e o centrista António Carlos Monteiro pediram esclarecimentos sobre o assunto. A resposta de Catarina Vaz Pinto foi lacónica: “Temos estado em diálogo permanente com Mega Ferreira. Estamos a ultimar a versão final, para discussão dentro do executivo”.
Esta resposta não satisfaz o vereador do CDS, que adianta que já dirigiu vários pedidos de informação à vereadora da Cultura, a quem solicitou também uma cópia do estudo elaborado por Mega Ferreira. “Porque é que não nos facultam o estudo e estão a escondê-lo? É incompreensível, porque o contrato de prestação de serviços já terminou”, diz António Carlos Monteiro, que promete insistir no assunto até que o documento lhe seja fornecido.
O PÚBLICO perguntou a Catarina Vaz Pinto quando é que o escritor terminou o seu trabalho, quais foram as suas principais conclusões e quando é que se prevê que a chamada “versão fi nal” do documento esteja pronta e possa ser posta em prática. “O estudo da autoria de António Mega Ferreira é um instrumento de trabalho e de apoio à decisão, que visa ajudar a defi nir uma estratégia para os museus da cidade e, em particular, para o Museu da Cidade de Lisboa. O documento tem as suas conclusões praticamente finalizadas, pelo que oportunamente serão divulgados os seus contributos”, limitou-se a responder anteontem a vereadora da Cultura.
Já António Mega Ferreira disse ao PÚBLICO que entregou a 30 de Outubro de 2012, “tal como estava no contrato”, o estudo que lhe tinha sido encomendado pela Câmara de Lisboa. O escritor garante que de lá para cá houve “algumas reuniões para debater a proposta”.
Mega Ferreira também não quer revelar quais foram as suas sugestões para os museus da capital, por considerar que essa divulgação cabe à autarquia, mas adianta que “globalmente foram aceites”.
“Temos estado a trabalhar no seu aperfeiçoamento, na adequação às condições que existem”, acrescenta. “O resto são decisões que a câmara tem de tomar e nas quais não tenho de interferir”, conclui o escritor.
Ontem, na reunião da Câmara de Lisboa, que se realizou à porta fechada e no fim da qual não foram feitas declarações aos jornalistas, Catarina Vaz Pinto fez uma apresentação da política cultural de Lisboa, mas o trabalho de Mega Ferreira não terá sido abordado.»
28/10/2011
Tela histórica transportada sem cuidados
Por Margarida Davim
«Obra foi manuseada sem luvas. Museu da Cidade não tem verba para transporte especial
Sem luvas, sem caixa, numa vulgar carrinha da Câmara de Lisboa. Foi assim que foi transportada a obra O Sufrágio, para ser devolvida ao Museu da Cidade de onde tinha saído para o Salão Nobre dos Paços do Concelho para as comemorações do centenário da República.
O quadro a óleo do pintor José Veloso Salgado, que representa a primeira vereação republicana eleita para a autarquia lisboeta, é considerada uma peça chave para a História da cidade, mas as dificuldades financeiras fizeram com que o seu transporte não seguisse as regras habituais.
«Não temos verba para um transporte especializado», admite ao SOL a directora do Museu da Cidade, Ana Cristina Leite, que também não tem orçamento suficiente para encomendar caixas para uma obra com as dimensões da tela de José Veloso Salgado. De resto, a directora assume que muitas das obras do Museu não têm caixas: «Quadros como O Fado de José Malhoa ou o Fernando Pessoa do Almada Negreiros têm caixas, mas infelizmente não temos caixas para todas as telas».
Ana Cristina Leite ficou «chocada» por saber que a tela foi manuseada pelos funcionários da autarquia sem luvas, mas assegura que o transporte foi supervisionado por um técnico do museu. «Deviam ter sido usadas luvas, mas sabemos que às vezes é difícil convencer os funcionários a fazè-lo, porque eles alegam sempre que perdem sensibilidade ao transportar peças tão grandes».
A tela de grandes dimensões acabou por ser levada entre cobertores, presa por fivelas à caixa da carrinha da Câmara. Uma situação que se repete, quando obras do Museu da Cidade são requisitadas para empréstimos. «Como a autarquia tem esta frota, acaba por ser assim que se faz o transporte».
A responsável garante, porém, que «o quadro foi limpo depois de chegar ao museu e está em perfeitas condições». Só a moldura teve de ser restaurada, uma vez que foi desmontada para poder passar pelas portas durante o transporte.
Para António Rosa de Carvalho, especialista em História, é «absolutamente inaceitável» a forma como uma peça tão importante para a cidade foi acondicionada. Na sua opinião, seria essencial usar uma caixa especial de transporte «para garantir a estabilidade física da obra», assegurar que a tela não estaria exposta a mais de «18 graus centígrados e 55 a 58% de humidade» e ser «sempre manuseada com luvas».
Símbolo da República
O quadro O Sufrágio é um dos símbolos da implantação da República. Foi encomendado pela Câmara de Lisboa em 1912 para substituir uma tela que ficou completamente destruída durante um incêndio no piso nobre dos Paços do Concelho, dois anos antes.
José Veloso Salgado, pintor de origem espanhola naturalizado português, recebeu dois contos de reis pelo quadro que retraía a primeira vitória nas urnas do Partido Republicano (em 1908) e onde constam figuras como Manuel de Arriaga, António José de Almeida, Teófilo Braga e Afonso Costa.»
23/05/2011
Lápides Romanas na Travessa do Almada
15/03/2010
Museu quer mais histórias
«Responsáveis apelam à contribuição dos cidadãos
O Museu da Cidade, a comemorar 100 anos, pretende guardar as memórias das pessoas que contribuem diariamente para a história de Lisboa e pede aos lisboetas que partilhem consigo as histórias da cidade que ouviram dos avós.
"O objectivo de estarmos a comemorar os 100 anos é pensarmos um museu novo, para que as pessoas percebam que o museu não são só quatro paredes e as peças que elas encerram, mas também a cidade", disse Cristina Leite, chefe da divisão de Museus e Palácios da autarquia de Lisboa.
Daí "o convite para que as pessoas que visitem as exposições nos deixem histórias, que com certeza ouviam contar aos avós ou aos bisavós, e que nos ajudem a construir este museu que queremos", acrescentou Cristina Leite, salientando esperar "envolver as pessoas e que estas participem" na criação do seu museu.
Para isso o museu lançou pelos 'mupis' da cidade a campanha "Lisboa tem Histórias", com vinte personagens de diferentes épocas, seleccionados pelas suas características peculiares, singularidades ou tipo de profissão que exerceram.
São personagens que não estamos habituadas a ver nos livros, umas mais anónimas do que outras, mas que escolhemos para chamar a atenção para que a história de Lisboa não é só feita com prédios e urbanismo, mas por pessoas", afirmou Cristina Leite.
A cidade antes do terramoto
Em breve , o Museu da Cidade vai mostrar como era Lisboa antes de 1755, através de uma aplicação informática 3D, que permitirá passear virtualmente por ruas e entrar em alguns monumentos que o terramoto destruiu.
"Vamos mostrar às pessoas como é que essa cidade foi nas vésperas do terramoto e como é a cidade que desapareceu", explica a responsável.
O projecto baseia-se numa reconstituição virtual rigorosa da maqueta física exposta no museu, feita nos anos 50, por Ticiano Violante para a exposição Reconstrução da Cidade depois do Terramoto de 1775. "A esta juntámos dados de investigação desenvolvidos desde então", sublinhou.
A representação de Lisboa reconstitui 23 pontos, muitos deles desaparecidos ou alterados na sequência do Terramoto de 1755: Terreiro do Paço, Paço da Ribeira, Alfândega, Terreiro do Trigo, Palácio Corte Real e outros. »