Disponibilizo aqui essa fala do professor Fernando Almeida que aconteceu no evento presencial do Encontro Internacional de Educação da Fundação Telefônica / Vivo no RJ. Gostei muito da palestra que, graças aos recursos da tecnologia, pude assistir na íntegra da minha casa e agora vocês leitores que ainda não viram podem ter a oportunidade.
Destaco alguns aspectos que mais me chamaram atenção e quero reforçar. O professor enfatiza que hoje a palavra Mudança está na moda,mas é preciso ter clareza de qual mudança queremos e com qual finalidade , já que mudança também pode ser para pior. Concordo plenamente. Estar aberto ao novo é necessário, já que a vida se reinventa a todo instante, mas esse novo precisa ser canalizado para o nosso bem. Também não quer dizer que o novo seja a negação de tudo o que já é velho. Tudo a seu tempo e a seu modo tem o seu valor.
Outra colocação que destaco é que nós educadores precisamos juntar o que há de melhor na educação tradicional e de melhor no uso da tecnologia para desenvolver nosso projeto pedagógico. De fato, o que ocorre muito são comparações impróprias que tentam excluir uma ou outra forma de se trabalhar com o conhecimento. A tecnologia não veio para acabar com o que até foi feito, mas para potencializar a forma de ensinar.
Uma terceira ideia colocada, muito importante é em relação ao conceito de "nativo digital" atribuída aos jovens atuais, por terem nascido na era digital, o que segundo ele, não corresponde à realidade. Primeiro porque nativo vem de primitivo, não civilizado; depois porque essa geração que é colocada como expert em tecnologia, tem muito a aprender com os considerados imigrantes digitais. Mais uma vez concordo com o professor Fernando. Vejo muitos colegas professores que resistem a trabalhar incluindo tecnologias justificando que seus alunos não focam na proposta da aula e se dispersam em atividades puramente lúdicas na rede. Na minha opinião, é justamente esse um dos motivos pelo qual os educadores deveriam persistir, pois os jovens muitas vezes conhecem as tecnologias, mas as subutilizam, não conhecem as possibilidades que elas oferecem.
O professor Fernando conceitua avaliação como um ato ético, que valoriza o que é bom. Fazer bem e bem fazer ou seja, associar o conhecimento com os valores. O senso ético se dá através da mediação da aprendizagem através do diálogo. Segundo ele, a todo momento os adolescentes nos questionam com perguntas éticas. Lembrei de um fato acontecido dia desses, quando um de meus alunos , de 5 anos me deixou pasma quando eu disse que a menina tinha a preferência na fila e ele : "Ela tem qualidade, não preferência". Fiquei por muito tempo refletindo sobre essa frase filosófica.
Na visão do professor, não é possivel avaliar sem o registro e a tecnologia contribui muito nesse aspecto. Valorizar e publicar produções de alunos, dão significado à aprendizagem. Não se aprende só para ser avaliado, como muitas vezes ocorre.O registro facilita a análise do processo da aprendizagem, a avaliação. Sou muito favorável ao trabalho com blogs que funcionam também como portfólios. Também foi colocada a importância do professor dar condições do aluno se planejar e organizar seus estudos como orientação prévia da avaliação. Afinal o objetivo é destacar o que ele aprendeu e não o que não aprendeu. Geralmente o que acontece é o contrário. A avaliação destaca o lado ruim.
Por fim, destaco a ideia colocada de que " a experiência da aprendizagem é a experiência de errar." Na busca, na tentativa de acerto e erro , nós aprendemos. Ainda precisamos refletir muito esse tema da avaliação, que segue sendo um ato classificatório e excludente.
Recomendo que assistam ao vídeo.