Hakuna mkate kwa freaks.
quarta-feira, junho 30, 2010
quarta-feira, junho 10, 2009
Sr. Comendador
terça-feira, maio 29, 2007
O suspeito do costume
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Soube só agora que Kabila aceitou a ajuda desses militares mas que, logo após a vitória, em Maio de 1997, dissolveu essa brigada porque a consideraria perigosa por suspeitar que seria leal aos interesses angolanos.
Ora, se isto for verdade, isso significa que Kabila desconfiava do amigo angolano… e, assim, percebe-se melhor a forma como morreu assassinado em Janeiro de 2001.
sexta-feira, março 23, 2007
À la africaine...
Nos países onde a pressão da comunidade internacional consegue a realização de um simulacro de democracia, com eleições gerais mais ou menos livres e justas, os “cavalos” angolanos vencem sempre. Muitas vezes, os derrotados acabam por aceitar integrarem-se no sistema, talvez convencidos de que os deixarão comer na alta manjedoura do poder. Mas não. Há sempre um acidente comprometedor para futuros tão promissores… foi o que aconteceu com John Garang, no Sudão, é o que pode vir a acontecer com Jean Pierre Bemba no Congo, ou com Morgan Tsvangirai no Zimbabwe, se não se põem a pau.
A política africana é fascinante!
sexta-feira, dezembro 15, 2006
Leopoldo, o Indigno
É um livro sobre um homem e os povos que ele dominou. O homem é o Rei Leopoldo II da Bélgica, por muitos ainda hoje considerado um grande humanista, filantropo, protector da ciência e da dignidade humana. Nunca um só homem beneficiou de uma mentira tão grande. E é isso que este livro desmascara. Um homem que vitimou os povos que viviam no imenso território que ele, no alto da sua imensa arrogância, reclamou para si próprio: o Congo.
A colonização belga do Congo vitimou 8 a 10 milhões de seres humanos. Foi um genocídio à dimensão do holocausto e, no entanto, não se fala dele. Ainda hoje, o silêncio impera sobre o que sucedeu no Congo nos últimos anos do século XIX.
A primeira vez que ouvi falar nestes relatos foi, precisamente, no Congo e, em rigor, num dos locais onde esse terror foi vivido: na província Equatoriale, no norte do país.
Foi durante a expedição científica organizada por Karl Ammann e que seguiu as pisadas de uma dessas expedições coloniais belgas do século XIX, no caso a liderada pelo explorador Le Marinel, mas disso já vos falei aqui. Foi num fim de tarde, no acampamento, que Ammann me falou deste livro. Desde então que estava para o ler. Foi agora.
terça-feira, dezembro 05, 2006
Breaking News - notre ami Bemba vient chez nous
Parece que, antes de partir, Jean-Pierre Bemba fez um apelo aos seus apoiantes para que mantivessem a calma, aceitando democraticamente a vitória de Kabila, o novo chefe de Estado do país.
A acreditar, ainda, na RNA, a mulher e os cinco filhos de Bemba já cá estão desde o início de Novembro.
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Era sabido que Bemba tem uma maison na Quinta do Lago, no Algarve (com vista para o 8ºburaco). Ele confidenciou-me, quando nos encontrámos em Gbadolite, que tinha desgosto por não ter tempo para gozar em condições a sua bela casinha portuguesa. Como de costume, Bemba deve viajar no seu aviãozinho particular.
quarta-feira, novembro 22, 2006
5ª dimensão
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Não me lembro de ter vivido esse fenómeno da televisão comunitária. Lembro-me que o primeiro aparelho chegou a minha casa uma semana antes do homem ter chegado à Lua, em 1969. Lembro-me de ver (a preto e branco) o astronauta Armstrong aos saltinhos na superfície lunar. Devo ter ficado fascinado.
Mas, em 2000, observei esse fenómeno que leva uma comunidade em peso olhar para uma janela de luz e som. Foi em Bili, no norte do Congo. Um dia, uma senhora pediu-nos o pequeno gerador portátil emprestado e convidou-nos para ir a casa dela, nessa noite, ver filmes. Televisor e leitor de cassetes ela tinha, mas faltava-lhe energia para os por em funcionamento. Lá fomos, mais por cortesia que por vontade de ver televisão. Estava lá toda a gente. E a senhora cobrava bilhetes pela entrada. Cada pessoa, além de pagar o direito de acesso, carregava a sua própria cadeira.
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quinta-feira, novembro 16, 2006
O vencedor do costume
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terça-feira, outubro 31, 2006
A vantagem de ser brasileiro
No Congo, os votos são contados à mão, um por um. E depois será preciso ir a todas as aldeias, e são milhares, muitas em locais inacessíveis, recolher todos os votos e urnas para confirmar as contagens. Imagino que seja impossível evitar fraudes neste processo, mas acho que todos contam já com esse factor.
Parece-me que tudo acabará bem desde que Kabila vença. Parece-me ser essa a vontade da comunidade internacional, especialmente dos vizinhos Angola e Sudão.
Destas eleições africanas retenho o seguinte: o presidente Joseph Kabila é tratado como detentor legítimo do poder e o seu principal adversário Jean Pierre Bemba, como um senhor da guerra. Ora, sendo verdade que Bemba é um senhor da guerra, Kabila também é. Tomou o poder sem qualquer tipo de legitimidade, herdando o cadeirão do pai, assassinado no ano 2000 em circunstâncias nunca esclarecidas.
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em Gbadolite, com um soldado de Bemba
Quando Laurent Kabila morreu, eu estava no Congo (com o João Duarte), no mato, perto da localidade de Bili, na província Equatoriale, precisamente território controlado por Bemba.no acampamento no norte do Congo
Lembro-me de ouvir as notícias pela rádio. Estávamos todos de orelha colada aos transístores. Os congoleses que estavam ali connosco ficaram esperançados que a morte daquele homem fosse o fim da guerra civil, de que todos eles estavam fartos. O que se está a passar, só agora, seis anos depois, é o epílogo dessa esperança, o acto final de uma grande peça de marionetas cujos cordéis ninguém sabe bem quem manipula.
sexta-feira, outubro 20, 2006
Os elefantes também choram
Mas também me emocionei a vê-los em liberdade e segurança, como aconteceu no norte do Quénia, num sítio chamado Sweetwaters, perto de Nanyuki… Sweetwaters é uma reserva natural onde muitos biólogos de todo o Mundo vão realizar pesquisas científicas. Fui lá visitar um desses coca-bichinhos, Tom Butinsky, americano, especializado em pássaros que passava os dias de gravador na mão e binóculos nos olhos a espiar aves canoras.
Para chegar a casa dele, percorríamos vários quilómetros por uma planície de savana e, um dia, demos com uma pequena manada de elefantes que se deleitavam na lama de um charco. A manada tinha crias e foi emocionante sentir a fraternidade que existia entre os elementos do grupo. Habituados a serem espiados, os elefantes não se sentiram ameaçados pela nossa presença e pude fotografá-los à vontade embora não fosse prudente aproximar-me demasiado. As fotos que aqui vos mostro são a memória desse momento.
quinta-feira, outubro 12, 2006
Óleo de palma
Depois, é necessário descascar as nozes. Usam pedras. Uma grande e lisa, para servir de apoio e outra menor, como martelo.
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Dessa fervura escorre um óleo avermelhado que, juntamente com a água da fervura, é então separado dos resíduos sólidos. Depois, finalmente, basta tentar separar o óleo da água, aproveitando o facto de serem líquidos de densidades muito diferentes. Quanto menos água o óleo tiver, melhor.
É assim que se produz óleo de palma, um tempero culinário utilizado em muitos países africanos, tanto em pratos de peixe como de carne. Eu gosto.
domingo, outubro 08, 2006
Bombolón
Na Guiné-Bissau chamam-lhes bombolón. Havia, em Bissau, uma rádio privada que se chamava Rádio Bombolón que desempenhou um papel essencial de apoio às populações durante a guerra civil. A rádio é, de facto, em muitos países africanos, o bombolón dos tempos modernos.
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No Congo, na aldeia de Bambilo, onde vivia o missionário Claudino Gomes, era através do tambor que se chamavam os fiéis para a celebração da missa. Às seis da manhã, na penumbra húmida da floresta, o som propagava-se quase sem interferências e ouvia-se em todos os recantos da aldeia.
O curioso é que o som destes tambores imita bem o som da voz humana. Chamar-lhes tambores também não deve ser o termo mais correcto. De facto, não são bem tambores, mas antes cilindros ocos de madeira, como as caixas de ressonância dos instrumentos de corda. Pelo que pude perceber, os troncos são escavados de modo a que a parede tenha diferentes espessuras e, portanto, a percussão exercida resulte em diferentes sons e tons, mais ou menos cavos, mas espantosamente semelhantes ao falar humano.
Lembro-me do Claudino me traduzir o que dizia o tambor… em dialecto kizande…
… zaamm – bé – bem – gá – ná – dá –kôo… Nzambe benga na ndako… Deus chama-te a casa… se a memória não me falha.
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Naquelas aldeias do nordeste do Congo, os tambores falantes são diariamente utilizados para as comunidades comunicarem entre si as novidades. Quando algum caçador mata um animal grande e há carne fresca para vender, quando algum pescador apanha um peixe-tigre, quando alguém encontra um diamante no rio, quando há visitas nalguma aldeia da região, coisas assim.
sexta-feira, setembro 29, 2006
Como ninguém escreve notícias sobre isto, escrevo eu. Mais um "Congo post"
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A união de todos os partidos que apoiam Kabila consegue um total de 257 deputados, numa assembleia de 500 lugares. Isto é, Bemba terá 243… por exclusão de partes.
Entretanto, decorre já a campanha para as eleições regionais… cuja votação decorrerá em simultâneo com a 2ªvolta das presidenciais, em 29 de Outubro.
Esta “chuva” de eleições no Congo é uma imposição internacional. Para que se realizem com um mínimo de segurança, estão no país perto de 20 mil soldados estrangeiros (alguns portugueses) sob mandato da ONU. Ninguém duvida que só assim os actos eleitorais puderam ser preparados e realizados. Mas a dúvida é o que vai acontecer depois… depois dos “capacetes azuis” voltarem para casa. É que este jogo democrático, se não for aceite plenamente, acaba por não resultar.
sábado, setembro 23, 2006
Eleições no Congo (sei que ninguém liga a isto, mas a mim interessa-me...)
A segunda volta das eleições pode nunca chegar a realizar-se… ontem, um incêndio destruiu a sede da campanha do principal rival do presidente Kabila e, logo, os apoiantes de Bemba acusaram os apoiantes do presidente da autoria do atentado.
Se foi atentado, é certo que foram os tipos de Kabila… apesar de ter vencido na primeira volta, com 48% dos votos, Kabila preferiria, estou certo, não ter de arriscar uma segunda volta. O risco de perder é real… é mais que garantido que a maioria dos que combateram o regime dinástico dos kabilas irão, agora, votar contra ele…
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A 1ªvolta decorreu em 30 de Julho. Depois dos resultados terem sido divulgados, em 20 de Agosto, já morreram 23 pessoas (pelo menos) vítimas da violência política. Ainda assim, o processo eleitoral parece que se mantém e a 2ªvolta deverá realizar-se agora, em 29 de Outubro.
A comunidade internacional, como sempre, só quer que as eleições se realizem com um mínimo de dignidade. O que interessa, acima de tudo, é que dali saia um poder com alguma legitimidade, nem que seja só aparente…
Tenho a certeza, pelo que já vi em processos idênticos, que a batota é forte e aproveita a todos. Mas, no final, as aparências terão de ser mantidas e haverá um porta-voz dos observadores internacionais a proclamar a “transparência” do processo e a “liberdade” com que os votantes exercitaram a função…
nota: gosto especialmente desta foto, que tirei num comício em Bissau, nas primeiras eleições depois da guerra civil.
quinta-feira, setembro 07, 2006
Nzenanga Mobutu
Uma vez até tentei retratar um tipo…
Estivemos duas semanas imobilizados em Gbadolite. Esperávamos autorização de Jean Pierre Bemba para seguirmos para Bondo, onde queríamos fazer parte de uma reportagem sobre missionário portugueses em cenários de guerra (de que aqui já escrevi bastante).
Fomos alojados pelo MLC num bloco de apartamentos onde, segundo percebi, costumavam ficar os oficiais do grupo rebelde que iam a Gbadolite “a despacho”, receber as instruções do chefe. Não éramos os únicos clientes. Estavam lá, também, uma senhora, comerciante de pedras preciosas, dois russos ou ucranianos, tripulantes do avião de Bemba e um outro tipo que não percebi o que fazia na vida. Mas, de todos, nós éramos os únicos com direito a almoçar na mesa do Estado-Maior de Bemba. O próprio Bemba nunca apareceu mas, enfim, a comida era razoável.
Um dia, depois do almoço, vimos entrar um anão no edifício, para uma reunião com Kamitato, um dos secretários de Bemba.Via-se que era um tipo importante, pelo modo como os outros o tratavam. Pensei que seria por ser anão… que houvesse alguma crença local relacionada com esta insuficiência física, mas não. O anão era mesmo “homem grande”. Chamava-se Nzenanga Mobutu e era, tal como o nome denuncia, familiar próximo do antigo ditador zairense. Era o seu irmão mais novo.
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quinta-feira, agosto 03, 2006
Congo, Rio Uele. O que dirão os crocodilos...
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domingo, julho 30, 2006
Congo. Em quem votará Fido?
Em quem irão votar Fido e os outros miúdos que montavam guarda à porta da sede do MLC, há 5 anos atrás. Hoje, já são maiores de idade… poderão votar, se se tiverem recenseado. Fido é o que está em pé, na foto.
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Será que vão votar nele ou, eventualmente, terão algum outro critério para a escolha?
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sábado, julho 22, 2006
Congo. Os cães Basenji
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Bom, os cães são largados no mato, em matilha, acompanhados por uns pisteiros que os comandam através de assobios. Com este tipo de caça, eles conseguem apanhar herbívoros de pequeno e médio porte, pequenas gazelas ou veados, galinhas do mato e pouco mais.
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Agora imaginem o meu espanto quando, há dias, descobri que os cães Basenji são uma raça velha como o Mundo, que estão referenciados nos hieróglifos egípcios como cães de estimação dos faraós… e que são, hoje, animais de companhia muito estimados nos Estados Unidos e em Inglaterra onde, aliás, existem em grande número.
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quarta-feira, julho 12, 2006
Congo, Bambilo. Mãe muito velha
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Arrastava as velhas para fora da palhota, para que elas pudessem respirar ar fresco e apanhar um pouco de sol e vento. E ficava ali a conversar com elas. Falavam kizande, nunca percebi uma palavra do que diziam. Mas acho que lhes contava histórias alegres, porque elas riam.
domingo, julho 09, 2006
1998, fronteira Angola-Congo. O Mercedes Benz
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O exército angolano tinha uma base militar em Matadi, no Congo. Dali controlavam boa parte da fronteira e impediam, assim, que a UNITA continuasse a utilizar o Congo como santuário protector. Foi uma táctica inteligente dos generais angolanos que, deste modo, levaram a frente de batalha para fora do território angolano. Em 1998, a UNITA, apesar de ainda controlar a maior parte do território angolano, já não conseguia sair do mato e começava a ter problemas logísticos significativos. Em todo o território angolano, naquela época, a UNITA já só mantinha os bastiões históricos da Jamba, nas Terras do Fim do Mundo e, no Planalto, as localidades do Andulo e Bailundo e pouco mais.
O condutor do Mercedes Benz chamava-se a si mesmo “o soldado inteligente”. Via-se que gostava do poder que aquele volante significava. Reconheci naquele homem, a mesma ganância que já tinha visto (e voltei a ver, até hoje) em directores e adjuntos que, noutras latitudes, fazem coisas aparentadas, apenas porque também gostam do volante do Mercedes Benz que o patrão lhes põe nas mãos.
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Acerca de mim
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- CN
- Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média