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22 dezembro 2011

Manifesto dos Historiadores Portugueses

"Porque amo o que é vivo sou um historiador, se amasse as coisas velhas e mortas seria um antiquiário" Marc Bloch (citação livre)









Os anos 60 e 70 viram muitos historiadores no espaço público, tanto no combate político como no combate de opinião. As equipas recém-chegadas aos ministérios dos negócios estrangeiros ou da defesa primavam em ter consigo historiadores. As últimas décadas assistiram a um apagamento deste grupo, convidado a opinar em debates ultra-especializados, substituídos por jornalistas, engenheiros, militares, no espaço da comunicação social, onde não só se informa como se comenta e pensa a informação. O fenómeno blogosférico veio abrir e preencher um espaço de necessidade premente, espaço político de confronto, debate e procura de posicionamento ou reforço de posicionamento(s) nas mais variadas áreas de pensamento. Com especial enfoque no espaço político e comunicação social. Nem Vasco Pulido resistiu à tentação. No seguimento deste sucesso cibernético Rui Tavares salta para as páginas do Público, por exemplo, trazendo um pensamento ancorado, tantas e felizes vezes, na sua formação enquanto Historiador. Diferente de V.P.Valente que comenta a realidade sem que a sua formação seja um instrumento inequívoco. Como contraponto a Rui Tavares, Rui Ramos. A história continua da blogosfera para os canais de tv em sinal fechado.



E parece que desde aqui ser Historiador voltou a ser algo que, como diz Marc Bloch, tem muito mais a ver com a vida e com o presente, do que com os arquivos, a porta pesada do instituto e os compromissos académicos. Isto tudo para dizer que o corajoso e belo manifesto assinado por cerca de 40 historiadores a semena passada é um documento a todos os títulos espantoso. Consegue fugir à retórica nacionalista sem descartar as responsabilidades no tratamento e passagem do património, consegue encontrar um nexo entre memória e escolha política e desta forma filiar-se naquilo que é o grande trabalho da História, e consegue implicar-se na vida dos seus contemporâneos (de que nos serve a cultura, o saber, se não temos um feriado para visitar um museu?).

Deixo aqui o link para o texto completo (que só encontrei na Esquerda.net)