30 julho 2006

Qana Massacre II 30 de Julho de 2006












(o Massacre I foi em 18 de Abril de 1996: 106 libaneses, mulheres crianças e velhos, morreram depois de terem procurado refúgio nos abrigos da ONU)

Ontem, passados vinte anos na mesma localidade, foram assassinados 55 libaneses entre os quais 27 eram crianças.




















































Ter Harfa- Sul do Líbano
























26 julho 2006

Condolências para Condoleeza

Se ela fosse ainda a Beirute será que os israelitas não lhe podiam acertar com uma dessas aí de baixo?

21 julho 2006

Nem acredito!

É demasiado horrível para ser verdade. Que raio pode escrever uma miúda de totós numa bomba que vai ser lançada ali a poucos quilómetros sobre outras crianças?




Como se diz no Resistir.info, "nem a juventude hitleriana" pensou em tais requintes de perversidade.

SDF - sem domicílio fixo

De inverno morrem de frio. Nas noites longas e frias de Janeiro, uma hipotermia pode instalar-se em poucas horas e às 6h da manhã, quando os primeiros transeuntes começam a circular, encontram-nos já mortos.

De verão morrem de calor e desidratação. O verão em Paris é mais difícil do que em Lisboa: o mar é a 200km, o clima é portanto muito seco e mais quente. E dado que a cidade é mais poluída, o ar é irrespirável e a temperatura sempre sobe ainda mais uns graus.

Um espécime em extinção

Literalmente. O Sarkozy acabou de certificar-se de que não será fácil haver mais franceses como ele: filho de imigrantes fugidos da morte certa e chegados a França sem nada.

No artigo do post acima, o voluntário dos Médicos sem Fronteiras diz que encontram a viver na rua muitos russos e polacos. Só me ocorre dizer que estes SDF (sem domicílio fixo) não são mais nem menos do que este ministro do interior quase nazi, que dita leis de imigração escolhida debaixo do seu ar condicionado.

Com tanta estupidez junta, algum dia ainda se expulsa a ele próprio!


Sarkozy t'as oublié, tes parents sont étrangers!

19 julho 2006

Pela primeira vez

estou de acordo com (quase tudo ) o que o Luís Delgado escreveu na 2ª feira no DN. (sobre as razões para o sucesso do modelo Sócrates como primeiro ministro)

Lisboetas (II)

A J. já aqui tinha falado neste filme: Lisboetas de Sérgio Tréfaut.
Como ela, eu também acho que este filme podia passar-se em muitas cidades, todas europeias. Ou melhor... podia passar-se, não. Passa-se nessas europas dos imigrantes, onde há tanta gente (portugueses também) a trabalhar como escravos.


Há coisas que doem mais que um murro no estômago:

– Quando o meu pai era pequeno, estava num gulag. Mas não era aqui, era na nossa terra.

18 julho 2006

Beirute (II)

Trovante
"Um destes dias" - Beirute
1990
(podia ser 2006)


Em Beirute
Nem o sol nasce
Em Beirute
Como merece

É mais quente que o ar do deserto
É mais escuro que um buraco aberto
Na memória de uma terra ainda morna
Que já não torna a ser Beirute

17 julho 2006

Beirute


Ainda à espera da música, vou falando do assunto: Beirute.

Não sei dizer mais do que o que me lembro. Lembro-me de que era pequena e a guerra das notícias era na Palestina e no Líbano. Foi dos primeiros países longínquos que percebi onde era. As notícias davam refugiados miseráveis a tentar fugir sem condições, a ser apanhados por tropas e mortos ali mesmo.

Das notícias, mudaram apenas os pivots do telejornal. Os sucessivos governos israelitas (com a excepção de Yitzhak Rabin) continuam sem entender que em guerra não vivem nem deixam viver. Não entendem que a violência estatal e instituída como parte de uma política e de uma estratégia nacional não é comparável à violência de grupos. Uma coisa é ter um país cujo objectivo principal, o que significa encaminhamento dos impostos e da força militar, é destruir os vizinhos.
Outra é ter um grupo cuja clandestinidade / legitimidade depende da população local e dos meios que esta lhe dá. E a população em geral só aceita viver assim quando não vê outra forma, quando já não tem uma vida a perder: sem família, sem emprego, sem perspectivas, sem poder recorrer a um médico, sem direitos, quantas vezes sem comida, com tudo isto já ali a dez metros, do outro lado do muro. Pergunte-se a um alemão como é viver assim, quantos deles preferiram matar-se a tentar atravessar o muro, porque o emprego ou a família tinham ficado do outro lado da rua (e as condições das Alemanhas não era sequer comparável). Pergunte-se a um irlandês quando cresceu o IRA: deixou de ser um grupúsculo afastado da população imediatamente depois dos grandes ataques ingleses a civis. E porque é que a ETA e o IRA desapareceram? Porque o terror inglês e espanhol acabaram e a população do País Basco e do Ulster deixaram de legitimar os grupos terroristas.

E pergunte-se ao governo israelita como era viver no ghetto de Varsóvia: não sei se estes governantes lá viveram eles próprios, mas sabem bem como era. Tão bem, que conseguem uma imitação pior que o original.


Eu cresci, a minha vida mudou completamente. Já sou da geração que tem filhos. Viajei, andei na escola, aprendi línguas, vi cinema, teatro, concertos... Se no mesmo dia nasceu alguém no Líbano ou na Palestina, muitos não estarão vivos; e se estão, a vida deles não mudou, nem fizeram nada destas coisas. Continuam a procurar sobreviver cada dia mais um dia só, e ter alguma coisa que comer.
Em Israel há uma ilusão de vida normal, há dinheiro, escolas, hospitais. Também há medo e mortes na rua no dia-a-dia, e é provavelmente esse medo que os leva a legitimar estes governantes, mas isso só provoca mais violência e mais medo.

E eu que finalmente me lembrei de mudar a música...

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16 julho 2006

15 julho 2006

As decisões do poder

Eu nunca percebi porque é que nestas coisas do Estado agir mal, quem se lixa é o mexilhão: duas vezes! Uma quando é prejudicado pela má acção, neste caso a alteração da zona protegida, e depois quando os impostos são para pagar as multas.

Houve de facto uma ou algumas pessoas que tomaram a decisão de alterar a zona protegida, e outra ou outras que a aprovaram. Porque é que não são estas pessoas que são julgadas e responsabilizadas pelos seus actos?
A ver se eu percebi: alguém no ministério (do ambiente, imagino) teve esta brilhante ideia, que o ministro e o primeiro-ministro aprovaram, certamente depois de consultarem os respectivos acessores e advogados como qualquer profissional responsável. O decisor máximo deste grupo, o primeiro-ministro, foi para Bruxelas, onde encontrou uma queixa contra a decisão do seu governo (e dele próprio), e de onde manda bocas sobre os salários altíssimos em Portugal e a competitividade. O tribunal condena o Estado a uma multa. Os tais "mexilhões" dos salários "altíssimos" passam a ter que se ver com a crise e com mais uma multa choruda para pagar, enquanto no gabinete da presidência da Comissão em Bruxelas reina a paz, um salário gigantesco, privilégios, ajudas de custo e novas decisões para daqui a 4 anos a malta pagar!

Em qualquer profissão... melhor, em qualquer ocasião da vida, cada um é responsável pelas decisões que toma, menos um decisor político. Esse toma as decisões a coberto do Estado, e é a entidade Estado que é responsabilizada.
Claro que este mecanismo serve para que a oposição não ande a pôr processos ao governo no poder por tudo e mais alguma coisa, até por diferenças ideológicas. Isso percebe-se.
Mas é concerteza possível encontrar um meio termo entre a imobilização total e a impunidade absoluta. E é esse meio termo que deveria estar previsto na legislação.

Neste caso, o governo tomou uma decisão ilegal: a zona era protegida e as normas de regência das zonas protegidas é certamente conhecida do governo. E a exigência de um estudo de impacto ambiental é coisa de que já todos ouvimos falar!
Deveriam ser os decisores a pagar a multa. Um ministro não é uma enciclopédia legislativa, mas um ministério tem obrigação de ser: entre advogados, acessores, secretários de estado, etc. O emprego do ministro exige que conheça esta legislação, ele ou quem trabalha com ele.

12 julho 2006

Revivalismos ou manifestações e polícia

Na moda como na justiça, os anos sessenta estão em voga. Infelizmente nem sequer é um fenómeno isolado, já em Outubro passado houve um outro protesto considerado ilegal, tendo alguns dos participantes sido acusados.

Porquê agora, porquê dois casos de seguida? Será que desde 1974 todas os protestos e manifestações foram sempre devida e completamente autorizados, com todos os trâmites? Será que nunca em nenhuma manifestação desde 1974 houve pequenos abusos como este da distância a guardar da residência do PM?
Com certeza não é o polícia de giro que decide repentinamente que embirra com manifestações. Se embirra agora, já embirrava antes, mas com birra ou sem ela, tinha ordens e tinha que executar a sua função. Quando intervém tem ordens para isso.
Quando se mantém à distância, também é por ordem superior para agir dentro do bom-senso, deixando funcionar o fenómeno de grupo e multidão, desde que não haja perigo ou grave desrespeito para ninguém.


Consoante as mudanças de governo, vamos assistindo a diferentes atitudes da polícia nas manifestações. Mudam os polícias, os agentes da força policial? Haverá alguns que se reformam e outros que iniciam carreira, mas no essencial, não. São as mesmas pessoas. As ordens e as directivas da filosofia a seguir é que mudam. Assim, durante os governos Guterres tivemos muitos motivos para nos manifestarmos, mas não tivemos acontecimentos como o da Ponte 25 de Abril em que um manifestante foi gravemente atingido pela polícia. Era PM o Cavaco.
Houve muitas manifestações e protestos contra os governos Guterres, mas não houve a mesma quantidade de episódios tristes de bastonadas, gás, violência policial e prisões como nas manifestações contra os governos Cavaco (as manifestações estudantis, as dos vidreiros da Marinha Grande, etc.), ou mais recentemente em França contra o CPE de Villepin e Chirac.

Serão só coincidências, ou há mesmo uma relação directa entre os governos, os respectivos ministros da Administração Interna, e os princípios por que se regem as polícias nas manifestações?


Seja como fôr, longe, cada vez mais longe, vai o princípio básico de que numa manifestação a polícia serve antes de mais para proteger os manifestantes.

11 julho 2006

Sobre os prolongamentos do horário

"(...) No que diz respeito à ocupação de tempos livres e serviço de refeições, as propostas de da FENPROF assentam em três questões essenciais:
1) A resposta social que as famílias necessitam e a que têm direito não pode obedecer a um modelo nacional único, antes de se exigindo a organização de soluções multidisciplinares, social e culturalmente localizadas.
2) A ocupação de tempos livres não pode assumir um carácter escolarizante, antes devendo possuir uma forte componente lúdica e cultural (...).
3) A FENPROF jamais aceitará que aos professores seja solicitada intervenção nestes serviços de resposta às necessidades das famílias, por duas ordens de razões: a) toda a sua atenção e empenhamento devem estar voltadas, nas componentes lectiva e não lectiva do horário, para as actividades curriculares; b) o conteúdo funcional da carreira docente não permite o envolvimento dos professores naquelas actividades de resposta social da escola (...)"

Francisco Almeida, Omeletas sem ovos ou a inutilidade dos prolongamentos de horário, Jornal da Fenprof, nº209, Maio de 2006.



Crónicas da Precaridade#2

O que fazem uma jovem neo-nazi, um moreno de Curitiba e uma menos jovem comunista a discutir o papel da mulher na sociedade portuguesa? Trabalham juntos num call-center.

05 julho 2006

Ainda a barbárie. Ou pensávamos que éramos imunes?

De que serve o futebol agora, se temos que andar de cara tapada de vergonha?

Onde anda o Sócrates mais a porcaria do referendo, que agora dificilmente será aprovado pelo tipo de Belém?
Até quando é que as portuguesas vão ter estatuto de coisas públicas, fêmeas encubadoras em vez do de Mulheres? Já toda a nossa vida privada, íntima e pessoal podia ser explorada publicamente em tribunal, agora também os exames ginecológicos são apresentados, escalavrados como objectos públicos.

03 julho 2006

A nossa pátria será outra

"(...)O pior nem foi a enchente. É que havia uma turba que ria para mim e, que me desculpem a afronta, eu estava-me rigorosamente nas tintas. Pensava noutras coisas, incluindo que não havia pão em casa e já não havia tempo de ir a uma loja de conveniência. Pensava na "agenda". Pensava em mais dois ou três assuntos que eu cá sei, a anos--luz do Portugal-Holanda e não respondi a um sorriso. E a distância de toda aquela felicidade deixou-me esquisita, mas ainda não apátrida, o que veio a acontecer no metro.

Como a superfície, o subterrâneo estava atafulhado de gente revestida a verde e vermelho, que acenava bandeiras e gritava. Já passava das 11.00 da noite e, à excepção de mim e de dois "mitras", todos os ocupantes da plataforma (incluindo as criancinhas de colo) irradiavam a vitória.

A coisa piorou quando o circuito de TV da estação passou o hino nacional. E então os heróis do mar da plataforma e o nobre povo do subterrâneo desataram a cantar o imortal hino da nação valente. Todos (menos eu e os dois excluídos) pareciam levantar de novo o esplendor de Portugal. Quando o metro chegou, fiquei aliviada de fugir daquela pátria esquisita para dentro do túnel onde o ruído silencia qualquer acção épica."

Ana Sá Lopes,Apátrida, sim, um bocado, às vezes Diário de Notícias, 28/o6/o6

02 julho 2006