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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Saudades disto


Acabei de sentir um arrepio de saudade. Daqueles arrepios que nos endireitam na cadeira, nos fazem suster o ar e parar tudo o que estávamos a fazer. Por mais importante que fosse. Tudo graças à minha nova aquisição musical, Ennio Morricone: The Platinum Collection. Particularmente, esta música que já não ouvia há mais de quinze anos.

De manhã, era ela que tocava lá em casa. Não por imposição do meu pai ou da minha mãe, mas sim por culpa do rádio velho pequenino em cima do armário da casa de banho.
O meu pai fazia a barba, a minha mãe fazia o pequeno-almoço, o meu irmão resmungava porque não queria tomar banho e eu resmungava porque não queria ir para a escola. A vida é sempre assim. Os pais fazem e os filhos resmungam.

A música passava
na Rádio Renascença, julgo eu, e avisava-nos que a vida não havia parado. A escola, os professores, o futebol, os amigos, os inimigos, os testes, os berlindes, os tempos livres, as idas a pé para casa, os medos de ficar sozinho em casa, os filmes do Indiana Jones, os Legos, as fortalezas de almofadas, as casas de cassetes de vídeo. Tudo isto era real e tudo isto esta música começou.