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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

DOR CRÓNICA
Hasta siempre, Isabel!

Provavelmente este é o último artigo de opinião que escrevo enquanto leiriense. Não por iniciativa própria, mas porque agora o presidente da Câmara é Raul Castro. E toda a gente sabe a inclinação que os Raul Castro têm para a liberdade de expressão. Mas até acho positiva a sua escolha, porque é o primeiro passo para Leiria ficar mais parecida com Cuba (o que faz com que se poupe um dinheirão em férias). Agora, se a Isabel Damasceno ganhasse, colocava-se uma questão importante: “quanto custa mais um estádio?”

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Gostaria de felicitar a SIC que fez dezassete anos. Isto significa que para o ano o Carlos Cruz já pode voltar a apresentar um programa. No âmbito do processo Casa Pia, vários jornalistas estão a ser acusados de terem violado o segredo de justiça. O que os distingue dos outros arguidos é o facto de terem violado apenas o segredo de justiça.

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No futebol, o Benfica está imparável e tem já o ataque mais mortífero da Europa, logo a seguir ao Gangue da Ribeira. Não é fácil competir com profissionais... Notícia é também a dieta que Pinto da Costa está a fazer, praticando agora uma alimentação à base daquilo que passou a vida a dar: fruta.

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O que está a marcar a agenda mediática é, sem dúvida, a entrega do Nobel da Paz a Barack Obama. Depois de se tornar no primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos, Obama torna-se agora no primeiro homem a receber o Nobel da Paz sem ter feito nada por isso. Já o Nobel da Química foi atribuído a dois norte-americanos e uma israelita. Este é, seguramente, um prémio que Cavaco Silva e José Sócrates nunca poderiam ganhar. Nunca houve grande química entre eles…

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Não posso terminar esta crónica sem dar os parabéns ao Quinze, um jornal que - só pelo nome - captou a atenção de muitos deputados e apresentadores de televisão do nosso país.

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Jornal Quinze

Imagem: DR

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

DOR CRÓNICA
Sem cura

Com o Verão a chegar ao fim, muitas são as pessoas que regressam de férias. Grande parte de carro funerário, é certo, mas também ninguém as manda ter ido para o Algarve. É que no Algarve há duas coisas que atentam contra o bem-estar das pessoas: as falésias e a Gripe A (que este ano facturou mais do que o Zézé Camarinha).

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É preciso estarmos preparados para esta epidemia. Já há um plano de vacinação: primeiro os velhos, depois as mulheres e as crianças. Eu concordo. Se é para experimentar, que testem primeiro em quem não faz falta.

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“Não fazer falta” – uma expressão que, a par da expressão “Código Deontológico? O que é isso?!”, se adequa perfeitamente a Manuela Moura Guedes. O seu afastamento da TVI só pode ser uma medida preventiva em relação à Gripe A. Com uma boca daquelas, a transmissão de vírus torna-se mais fácil.

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Sócrates é encarado como o principal suspeito por ter provocado esta suspensão. E os partidos, como sempre, criticam-no. Mas está tudo doido? Se ele o fez, não merecia uma reprimenda, mas antes um louvor e a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique pela defesa do Jornalismo.

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Um assunto que está a provocar muito debate é a chamada de Liedson à Selecção Nacional. Eu acho que estamos a apostar no género errado. Toda a gente sabe que a nossa selecção funciona melhor com brasileiras.

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Repetem-se os casos de negligência médica em Portugal. Há umas semanas, uma jovem violada esperou 12 horas para ser atendida pelo médico. Ela diz que foi muito tempo, mas tendo em conta os casos de abuso de menores no nosso país, ter estado 17 anos sem ser violada é que é um exagero.

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Agora que as aulas estão a começar, gostava de deixar um conselho para as crianças: nunca aceitem guloseimas de alguém com um blusão vermelho! Muito menos com batina.

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Jornal Quinze

quarta-feira, 8 de julho de 2009

DOR CRÓNICA
Branco no Preto


Quando me disseram que Michael Jackson tinha morrido, as primeiras palavras que me vieram à cabeça foram: “Outra vez?!” Em sua memória, vou escrever toda esta crónica da forma como ele próprio viveu a sua vida, a preto e branco.

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Com a notícia da morte do Rei da Pop, os seus discos atingiram recordes de vendas, o que vem comprovar a teoria de que um artista morto tem muito mais valor. Eu até acho que muitos dos nossos músicos deveriam seguir esta estratégia. No seu testamento, Michael Jackson deixa à família o rancho de Neverland, um nariz e três criancinhas a estrear.

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Por cá, uma mãe adolescente fez greve de fome porque queria ter de volta o filho que deu para adopção. Dizem que foi a primeira vez que uma criança fez greve de fome. Eu não concordo. Em África já fazem isso há muito tempo. E lá, a fome é negra. Negra é também a caixa do avião da Air France que ainda não foi encontrada. Eu não entendo a razão de tanta demora, até porque, pela cor, só pode estar escondida na Damaia.

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Por falar nisso, o especulador Bernard Madoff foi condenado a 150 anos de cadeia. Ou era isto ou ser confrontado com o Nuno Melo no Parlamento. Preferiu, obviamente, a prisão. Por cá, vamos receber dois a três ex-detidos de Guantánamo. Como é hábito nestes casos, os envolvidos já estão a formar listas para as autárquicas.

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Depois das Europeias, mais duas eleições marcam a actualidade: as do Irão e as do Benfica. Ambas geraram muita contestação, até porque envolvem a religião. Se no Irão é Alá, no Benfica é Jesus. Nuno Gomes também renovou o seu contrato com o Glorioso. Com Jesus como treinador, é normal que a Maria Madalena ficasse no clube. Em relação ao Porto, acho estranho o Cissokho não ter assinado pelo clube de Ronaldinho Gaúcho por causa dos dentes.

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Para terminar, um conselho: quando acenderem uma vela em homenagem a Michael Jackson, não a deixem acesa durante muito tempo porque ele derrete.

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Quinze

quarta-feira, 17 de junho de 2009

DOR CRÓNICA
Dói mesmo

Um dos grandes temas deste mês foi, sem dúvida, as Eleições Europeias, aquelas que me dão mais prazer em votar, porque quem ganha vai embora. Por isso não compreendo a elevada taxa de abstenção. Apesar de tudo, pelo menos 238 passageiros da Air France foram às urnas. Estranho não ter havido nenhum português a bordo, até porque nós somos como os Palestinianos, estamos espalhados por todo o lado. Mas naquele voo nem um português. Porquê? Porque se atrasou no embarque… Temos que deixar de chegar atrasados, está bem Sócrates?

Quem não pára de voar é Cristiano Ronaldo. De Manchester para Madrid com escala em Paris… Hilton. Aliás, esta transferência para o Real Madrid foi precedida por um namoro de dois anos, algo a que Ronaldo não estava habituado. Curioso, ainda, o BES perguntar onde é que o Cristiano Ronaldo vai estar daqui a três anos. Eu acho que eles sabem, sempre me foi ensinado que o Espírito Santo tinha contactos privilegiados.


Já por obra e graça do mesmo, a Ana Malhoa foi capa da Playboy portuguesa. E numa coisa sai ao pai, usa risco ao meio. Passando para o mundo da música, a cantora norte-americana Lady Gaga disse que gosta de homens que se pareçam com mulheres. Cláudio Ramos… sortudo, hã? Por falar nisto, o famoso e violento jogo "Grand Theft Auto" tem agora uma versão gay. Porém, com duas novidades: os carros só têm marcha-atrás e a personagem principal é o Daniel Nascimento.


No mundo real, a Produtora UAU lançou uma audição para rapazes actuarem nus em palco. A última vez que isto aconteceu foi na Casa de Elvas. Segundo a Organização Internacional do Trabalho, mais de 200 milhões de crianças são vítimas de trabalho infantil. Esta notícia foi patrocinada pela NIKE.


Para terminar gostava de deixar uma mensagem àqueles que me chamam de insensível por fazer piadas sobre a queda do avião. A verdade é que eu tenho sentimentos e, de tanto chorar, estou com mais água nos olhos do que as vítimas do acidente...

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Quinze

Imagem: DR

quarta-feira, 13 de maio de 2009

DOR CRÓNICA
Porquê? Porque sim!

Olá, eu chamo-me Maria, sou virgem e tenho um filho de 2009 anos. Acreditam? Pois, eu vi logo… Isto dos milagres nunca resulta quando há a hipótese de ser comprovado. Foi o que aconteceu com Guilhermina de Jesus. Atingida no olho esquerdo por salpicos de óleo a ferver, rezou a Nuno Álvares Pereira e este curou-lhe a lesão. Curioso o facto de feridas de óleo terem sido curadas pelo “Condestável”… A curar desde 1914.

Continuando na gastronomia, foram detectados os primeiros casos de Gripe Suína em Portugal. Acho estranho só agora terem sido descobertos, quando o nosso país já anda a chafurdar na lama há vários anos. Depois há outra coisa que não percebo: a constante mudança de nome da gripe. Já foi Mexicana, Suína, Nova, e agora A H1N1. Com tanto nome deve ter feito das boas… Vai-se a ver e ainda divide uma offshore com o Dias Loureiro.

Mas seria injusto estar a tirar protagonismo à corrida, algo atípica, ao Parlamento Europeu. Se não vejamos, Vital Moreira é claramente um sósia do Avô Cantigas e Paulo Rangel um fã incondicional de Heavy Metal. Tudo misturado, só podia dar Xutos & Pontapés. Que o diga o candidato socialista.

Já em Itália, houve mais um abanão… político. Berlusconi tem sido acusado de escolher mulheres para cargos públicos, baseando-se apenas na beleza. Está assim provado que, se Berlusconi fosse português, nunca ingressaria no PSD.

Quem continua em sofrimento são Gerry e Katie McCann. Os pais da Maddie foram ao programa da Oprah e Katie disse que continuava a falar com a filha, especialmente quando fazia o Jogo do Copo. Uns dias antes, uma especialista norte-americana havia desenhado o retrato de uma Maddie McCann de seis anos, mas com aspecto de menina mais velha. Eu também o fiz, apesar de nunca ter tido jeito para desenhar esqueletos.

Para finalizar, gostava de vos contar três segredos, mas não o poderei fazer. Nunca se sabe se a Lúcia não está a ler esta crónica. E, como toda a gente sabe, guardar segredos não é com ela.


Quinze
Imagem: DR

sábado, 25 de abril de 2009

DOR CRÓNICA
Liberdade

Quem me dera não ser livre. Ter liberdade total para fazer o que me apetece cansa. E tudo o que vá contra os nossos princípios enquanto povo é de condenar. Ser livre é fazer as nossas próprias escolhas, é optar pelo sim ou pelo não, é poder falar ou ficar calado, é ter a possibilidade de dizer a verdade ou de ser Primeiro-ministro.

Mas todas estas opções confundem-nos. Deveria haver uma espécie de “Cartão Dominó” para a liberdade. Continuaríamos a escolher o que quiséssemos, mas dentro de certos limites. Quando era criança, tinha liberdade de atirar pedras aos patos. Sabia que, a seguir, levava logo uma chapada da minha mãe, mas eu atirava na mesma. Dava-me gozo. Não é como agora, em que se atiram medalhas e, em vez de se levar um valente par de estalos, recebe-se o prémio de melhor jogador. Eu tinha prazer em ultrapassar a linha. Hoje em dia não há linhas, não há barreiras… nem patos. Se correr mal, declara-se insolvência.

Há quem diga que a liberdade anda mais à esquerda. Outros à direita. Eu acho que é mais ao menos como o Moita Flores. Está em todo o lado, não faz é o que deveria fazer. Por falar em autarcas, não posso deixar de enviar um grande abraço a esses dois eternos amantes da liberdade que são Isaltino Morais e Avelino Ferreira Torres. Obrigado! Sem o vosso exemplo nunca teria compreendido a expressão “o preço da liberdade”.

Nós, os portugueses, somos livres. E cada vez mais. Basta ver o número de desempregados. Tenho para mim que muito do que é livre é potencialmente mau. Que o diga o Sócrates, com o Caso Free… port. Sinceramente, acho que, mais do que qualquer outra, deveríamos tomar a liberdade do Ambrósio, e pensar nisso.

Quinze

sábado, 21 de março de 2009

DOR CRÓNICA
Racismo

Eu sou racista. Admito! Não gosto de cobras. Nem de moscas. Muito menos de pombos! Nunca gostei. Cheguei a ir muitas vezes com a minha mãe para o Rossio dar-lhes comida, mas sempre pensei que o milho estivesse envenenado. Por isso é que ia tantas vezes para lá. E as correrias que fazia atrás deles, com as pontas dos pés a fazerem mira ao raio dos bichos... Hoje já não faço isso. Agora, como quem não quer a coisa, ou mando-lhes uma chapelada ou esmigalhaço-os sentado ao volante.

Em relação a estes animais faço prevalecer a “raça humana”. Neste caso, sou racista. Agora, conotar seres humanos como pertencentes a uma ou outra raça é algo de tão retrógrado e animal que nem entre esses seria admitido. Logo, o conceito de racismo não é o mais correcto. A não ser para aqueles que se acham superiores só pelo tom de pele ou pela origem. Certamente serão superiores, mas em estupidez.

Infelizmente, ainda hoje em dia assistimos a muitos casos de “racismo”, a maior parte das vezes camuflado. Ao balcão, somos todos sorrisos, mas mal viramos costas, franzimos as sobrancelhas e rosnamos entre dentes. “Cabrão do preto…” ou “Vai para a tua terra” são das expressões mais desumanas e cruéis ditas nas mesas de café ou nas ruas do nosso (orgulhosamente só) Portugal.

Estes seres vêem o mundo a preto-e-branco e comunicam através de grunhidos. Normalmente vivem em cavernas, andam sempre em grupo e são conhecidos pela ausência de cérebro. Como exemplo, entre eles nunca poderia haver um Descartes. Porque só comprovam uma parte da sua máxima, a de existir (infelizmente).

Mas talvez faça sentido ser “racista”. Até porque essas pessoas, da forma como “pensam” (com muitas aspas), só podem pertencer a uma espécie defeituosa.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

DOR CRÓNICA
Amor


Hoje comemora-se o Dia dos Namorados e o Dia Nacional do Doente Coronário. Pode ser coincidência, mas eu acho que foi uma escolha muito bem pensada. (Sim, porque há um senhor algures numa catacumba que escolhe a que dias correspondem o quê – dia da árvore, do museu, das fotocópias e até do amor). Esta coincidência só demonstra que “o amor é uma doença”. E sim, “nele julgamos ver a nossa cura”. Pena não poder ser tratada com xanax e aspegic.

Este é o dia para os beijinhos e abraços de uns e para os Jack Daniels e cigarros de outros. Se há quem aproveite para passear com a sua cara metade, há também quem tire o dia para destruir a sua metade da cara. Pelo menos a de dentro. Porque, quem vê caras não vê corações. E quem vê corações não vê caras, é a talvez a única explicação para que a Manuela Moura Guedes seja casada.

O amor não pede licença para entrar. Entra e pronto. Mesmo que a porta esteja fechada à chave. No amor, passa-se o mesmo que se passa no caso Freeport. Todos são culpados, mesmo não havendo provas. Escolhe-se um alvo, manda-se uma carta anónima e acusa-se a pessoa de ter entrado no nosso coração e que agora não a conseguimos tirar daqui, e a culpa é dela, não deveria ter feito isso, amo-te, dói e nunca mais te quero ver, és má!

O amor é rápido, inconsciente e traumático. É tal e qual uma nódoa negra. Quanto mais carregarmos mais dói, mas dá um prazer do caraças e uma enorme sensação de alívio. Mas continua a doer no coração. Mas porquê no coração? Não se pode sentir amor com o rim, ou com o fígado? Tinha muito mais piada enviar uma caixinha de chocolates em forma de intestino, por exemplo. E até faria mais sentido. Tal como o amor, também dá muitas voltas, é maior do que o nosso próprio tamanho e tem o mesmo fim...

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

DOR CRÓNICA
Estatutos*

Gostava de iniciar esta crónica com uma mensagem de Ano Novo, mas não estou muito a par do estatuto dos Açores… Por outro lado, tenho um conhecimento bastante aprofundado do estatuto da Madeira. Mas não sei se será correcto iniciar o ano a falar de regimes autocráticos.

Por falar em autoridade, ou na falta dela, outro estatuto que tem estado na agenda mediática é o da carreira docente. O Governo diz uma coisa, os professores outra. Eu resolveria da mesma forma que resolvia as equações de Matemática: ia ao final do livro ver as soluções.

Mas acho que nós, em Portugal, não temos muito jeito para ver soluções. Nem sequer para as imaginar. Acordamos com um "bom dia" que termina sempre em "se deus quiser", vamos para o trabalho com um "lá tem que ser" e chegamos a casa com um "isto está cada vez pior". Até pode estar, mas das duas uma: ou confiamos em deus, ou melhoramos. Com isto não estou a dizer que não devamos confiar em deus, mas depositar as nossas esperanças em alguém que nasceu há pouco mais de três semanas é uma atitude quase tão inteligente como pagar um bilhete para ir ver o União de Leiria. E a comparação até é adequada, uma vez que são duas entidades cuja existência é duvidosa.

Resumimos a nossa maneira de viver às batinas e aos horóscopos da Maya, atirando a responsabilidade para outro. Nunca temos culpa de nada, e tudo vai acontecendo por obra e graça do Espírito Santo. E não me estou a referir ao Banco, que em entidades dessas já deixámos de acreditar.

E acreditar é o que Santana Lopes não deixa de fazer. Ele mesmo usufrui da chamada "existência Duracell", "existe, existe, existe...". Ou melhor "insiste, insiste, insiste"... É esse o seu estatuto, o de existir, e insistir, para além de qualquer súplica dos portugueses.

Assim começa um novo ano com coisas tão novas e originais como crise, greves e Santana... Olhem, seja o que deus quiser, não é?

*Director's Cut

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

DOR CRÓNICA

Coca-Cola ou Água Benta

O Natal chegou e, para além do nascimento do Nicolau, é comemorada a fuga de Macaulay Culkin das garras dos dois ladrões. As músicas do George Michael ecoam nos centros comerciais e um hospital é escolhido para receber a Mila Ferreira e o Toy.

Mas para mim, o Natal é como um jogo, mais precisamente um jogo entre o Benfica e o Sporting. São muitos os preparativos, apoiantes, críticos, cânticos, fazem-se promessas… e no final do jogo volta tudo ao ponto inicial. Tal como no Natal. Amorzinho, beijinhos e caridadezinha durante quinze dias e depois passa tudo da validade. As campanhas acabam, os centros comerciais mandam os peluches de volta para o armário, e faz-se um delete de tudo o que é “crianças que precisam de ajuda”.

Mas eu até concordo porque, segundo notícias fidedignas, creio que só há crianças necessitadas nesta altura do ano. Nos outros meses, ninguém precisa de ligar o número-grátis-de-valor-acrescentado-se-faz-favor-a-sua-chamada-é-importante para ajudar pessoas que precisem. Porquê? Porque não há!

Voltando ao jogo, de um lado, o Pai Natal, do outro, o Menino Jesus. O Pai Natal é do Benfica, o Menino Jesus é do Sporting. Mas esta é uma observação óbvia até porque, se o Menino Jesus fosse do Benfica seria “Puto Jesus” ou “Catraio Jesus”. Depois, se há equipa que tem meninos no plantel é o Sporting… Já o Pai Natal, para além de se vestir de vermelho e andar desaparecido durante o ano, ainda dá prendas, tal como o Benfica dá aos seus adversários.


No fundo são duas figuras imaginárias que nos trazem doces para a mesa. Apesar de tudo, continuo a acreditar naquele que me dá mais certezas de existir. E como estamos em festa, um brinde ao Natal! Coca-Cola ou água benta, tanto faz…

Quinze
Imagem: DR

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

DOR CRÓNICA

LOL*

Hoje começo o texto a rir. Não porque tenha visto um jogo da Selecção ou porque tenha ouvido uma anedota do Donaltim. Aliás, o único ponto comum destes dois exemplos é o de provocarem exactamente a reacção contrária ao riso. E eu não quero isso, pelo menos hoje, que decidi escrever sobre essa tão bonita e esplendorosa palavra lusitana que é o LOL.

Só a sua sonoridade nos leva a fazer aquele som ridículo com a boca tapando-a logo de seguida, enquanto espreitamos pelo canto do olho o alvo do nosso gozo. A própria palavra LOL é difícil de dizer, faz-nos enrolar a língua e expulsar qualquer coisa que tenhamos presa ao céu-da-boca. Mas também para nós portugueses sempre foi difícil transmitir qualquer riso.

Somos umas pessoas tristes. Gostamos de saber que estamos na cauda da Europa, olhamos o chão como se o estivéssemos a decorar para um exame, maldizemos tudo e mais alguma coisa e nunca tiramos a mão do queixo. A não ser quando recebemos uma mensagem! Não somos capazes de sair do sofá para ir dar uma corrida, mas fartamo-nos de fazer exercício todos os dias com os nossos dedos. Todos os dias, todas as horas, todos os minutos! Não digo segundos porque é uma palavra a que não estamos muito habituados. A não ser que só haja duas equipas ou dois países ou duas economias.

Com três letrinhas apenas se escreve a palavra LOL. Também se escreve a palavra MÃE, é verdade, mas eu tenho para mim que quando deus inventou esta bonita frase (sim, eu acredito em frases), escolheu a palavra LOL em vez de MÃE, até porque nunca teve nenhuma.

Virando-me agora para a realidade, acho que, mais tarde ou mais cedo, vamos deixar de falar, de rir, de chorar ou até de cantar para o fazermos só com as pontas dos dedos. Se bem que não seria mau de todo. Há duetos de Natal que preferia conhecer apenas por mensagem.

De qualquer das formas, tenho que admitir que LOL é a única palavra de três letras que me faz rir. Ah, e PSD...


* abreviatura da expressão Laughing Out Loud que, na língua de Shakespeare (o Camões inglês com dois olhos), significa “rindo a bandeiras despregadas”


Quinze

terça-feira, 25 de novembro de 2008

DOR CRÓNICA

Crise

Como primeiro artigo de opinião no jornal "Quinze", nada melhor do que falar de algo que temos sempre na ponta da língua. E não me refiro a aftas. E muito menos a... isso. Falo de crise.

Financeira, económica, política, social. Vivemos assim. Basta escrevinhar qualquer coisa que essa mesma coisa entra logo em crise. É um facto, e não é de hoje. Pelo menos por cá. Perguntem aos vossos avós. "A coisa nunca esteve tão má como agora". O problema é que o "agora" a que se referem é um "agora" que sempre existiu, é um "sempre". São os políticos que não trabalham, o Benfica que não joga nada, a Júlia Pinheiro que fala muito alto, os salários que não sobem, o Mário Nogueira que não corta o bigode. Enfim... coisas que atormentam a vida de qualquer um.

Portugal é um país conhecido não pelos Descobrimentos ou pela Literatura. Já nem os galos de Barcelos dão imagem ao nosso país. Nem o de Ronaldo. O nosso logótipo (qual esfera armilar) deveria ser um saco roto, ou um euro de pés descalços, vá... E digo "logótipo" porque nós funcionamos como uma empresa. Não como uma empresa reputada, mas sim como um BPN, por exemplo. Creditamos as nossas esperanças, compramos acções e nicles. E esse é o nosso principal problema, compramos aquilo que deveríamos fazer, creditamos o que não nos deveria ser urgente. Dá muito trabalho pensar e agir por ímpeto próprio, é muito mais fácil comprar, juntar na carteira todos os talõezinhos e comer um pão-de-leite misto aquecido só um bocadinho, se faz favor. Ah, e um copo de leite morno.

Não há pachorra! Nem dinheiro. Mas a culpa é nossa. Vivemos à sombra de golpes de espada, de taças que levantámos nos anos 60, de textos que pensámos e não sentimos (ou sentimos e não pensámos?) e, acima de tudo, vivemos à sombra do futuro que vamos com toda a certeza conquistar! (A sério, desta é de vez. Deixem-me só arrumar o que o anterior inquilino desarrumou e depois entramos em crescimento).

E assim encaramos mais um ciclo. Porque a vida é feita em espiral. Sempre que damos um passo atrás é para tomar balanço para saltarmos. Pena é que erremos sempre na direcção. Mesmo que seja assistida.


Quinze
Imagem: DR