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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Óscares – Na perspectiva das “5 Grandes”

A hora negra rosa exuberante, meia-hora depois, 1 da manhã do próximo dia 25 de Fevereiro (hora de Lisboa), ainda vem longe, mas os previsíveis já se perfilam para proferir as inanidades do costume perante a Glam Cam do rapagão Ryan E! Seacrest, hipno-implantada na passadeira vermelha do Dolby Theatre (so long Kodak!)
Usando um critério de nomeações nas consideradas 5 grandes categorias (Melhores Filme, Realizador, Argumento, Actor e Actriz principais), em filmes com mais de 5 nomeações no total, temos o alinhamento que se segue (e que se pode): 
  • Guia para um Final Feliz, de David O. Russell (Silver Linings Playbook) – 8 nomeações [5 nas cinco categorias principais];
  • Amor, de Michael Haneke (Amour) – 5 [4+];
  • Lincoln, de Steven Spielberg – 12 [4+];
  • 00:30 Hora Negra, de Kathryn Bigelow (Zero Dark Thirty) – 5 [3+];
  • A Vida de Pi, de Ang Lee (Life of Pi) – 11 [3+];
  • Argo, de Ben Affleck – 7 [2+];
  • Django Libertado, de Quentin Tarantino (Django Unchained) – 5 [2+];
  • Os Miseráveis, de Tom Hooper (Les Misérables) – 7 [2+];
  • 007 – Skyfall, de Sam Mendes (Skyfall) – 5 [0+].
Prometedor, não?

De notar que apenas o filme do sobre-aclamado (confesso que me auto-indulgenciei pelo uso daquela palavra composta sem usar “estimado” após o radical) D. Owen Russell poderá entrar no diminuto conjunto de filmes que, em 84 edições dos prémios da AMPAS, inclui os que conquistaram os 5+. A saber, por ordem cronológica:
  • 1934 – (7.ª cerimónia de entrega dos Óscares) Uma Noite Aconteceu, de Frank Capra (It Happened One Night) – parelha de actores principais: Clark Gable / Claudette Colbert;
  • 1975 – (48.ª) Voando sobre um Ninho de Cucos, de Milos Forman (One Flew Over the Cuckoo’s Nest) – parelha de actores principais: Jack Nicholson / Louise Fletcher;
  • 1991 – (64.ª) O Silêncio dos Inocentes, de Jonathan Demme (The Silence of the Lambs) – parelha de actores principais: Anthony Hopkins / Jodie Foster.

Pronto, está despejada a matéria. Para mais informação, ver aqui.

PS – Ah!, já me esquecia… Este ano há Óscar para Melhor Planeamento de Produção (mais um para adensar o momento Xanax).
PPS – Para a 86.ª edição, proponho um Óscar para as seguintes categorias (categorias em progressão, para que se alcancem as 100 na edição 100):
  • Melhor Catering em Fase de Produção (categoria artística, porque não só contarão as estrelas Michelin, como está provado que se verifica um forte correlação positiva entre um bom repasto dos RH alocados à feitura da obra e a qualidade fílmica);
  • Melhor Olheiro Cinegeoreferenciador (categoria também artística, porquanto este desgraçado calcorreia o mundo para escolher os locais de filmagem onde, normalmente, o sufixado ASC ou BSC ou o que seja apenas mete a lente – como exemplo, o olheiro de Brokeback Mountain (2005) não merecia ganhar um Óscar pela escolha do local das cenas iniciáticas de amor entre homens (género) que guardam ovelhas: Kananaskis, Alberta, Canadá? Ah, pois não! Não foi no Wyoming, EUA.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Polichinelo e o seu segredo em Hollywood


Bocejo de previsibilidade.
Prática abandonada em 2009, quando iniciei o programa de desintoxicação dos Óscares da Academia – técnica dos 12 passos , retomo, à guisa de serviço público, ao exercício de publicação da habitual lista dos filmes com maior número de nomeações (este ano integram a referida lista 8 filmes com 4 ou mais nomeações) seguindo o critério usado na fase oscarómano:
[Critério: Em destaque (a bold) as nomeações pertencentes ao denominado Top 5, ou seja, aquelas que se inserem nas cinco categorias artísticas consideradas como as mais importantes na atribuição do galardão: melhores filme, realização, argumento (original e adaptado), actor principal e actriz principal. Ao lado do número de nomeações para cada filme, figurará o número de nomeações para o Top 5, seguida da notação “+”.]

– A Invenção de Hugo / Hugo (11 nomeações, 3+)
Argumento Adaptado – John Logan
Banda Sonora Original – Howard Shore
Direcção Artística
Efeitos Especiais
Efeitos Sonoros
Filme
Fotografia
Guarda-Roupa
Montagem
Realização – Martin Scorsese
Som

– O Artista / The Artist (10 nomeações, 4+)
Actor – Jean Dujardin
Actriz Secundária – Bérénice Bejo
Argumento Original – Michel Hazanavicius  
Banda Sonora Original – Ludovic Bource
Direcção Artística
Filme
Fotografia
Guarda-Roupa
Montagem
Realização – Michel Hazanavicius

– Cavalo de Guerra / War Horse (6 nomeações, 1+)
Banda Sonora Original – John Williams
Direcção Artística
Efeitos Sonoros
Filme
Fotografia
Som

– Moneyball – Jogada de Risco / Moneyball (6 nomeações, 3+)
Actor – Brad Pitt
Actor Secundário – Jonah Hill
Argumento Adaptado – Steven Zaillian, Aaron Sorkin e Stan Chervin
Efeitos Sonoros
Filme
Montagem

– Os Descendentes / The Descendants (5 nomeações, 4+)
Actor – George Clooney
Argumento Adaptado – Alexander Payne, Nat Faxon e Jim Rash
Filme
Montagem
Realização – Alexander Payne

– Millennium 1: Os Homens que Odeiam as Mulheres / The Girl with the Dragon Tattoo (5 nomeações, 1+)
Actriz – Rooney Mara
Efeitos Sonoros
Fotografia
Montagem
Som

– Meia-Noite em Paris / Midnight in Paris (4 nomeações, 3+)
Argumento Original – Woody Allen
Direcção Artística
Filme
Realização – Woody Allen

– As Serviçais / The Help (4 nomeações, 2+)
Actriz – Viola Davis
Actriz Secundária – Jessica Chastain
Actriz Secundária – Octavia Specter
Filme

Para mais pormenores consultar a notícia aqui.
Apesar de apenas ter visto três dos oito filmes aqui apresentados (Meia-Noite em Paris, Millennium 1 e Moneyball), os restantes não me são em nada apelativos para uma sessão paga em frente da grande tela cinzenta: um cavalo-herói inteligente, talvez de origem judaica, supostamente perlado de lágrimas spielberguianas; um eventual chico-espertismo francês de Hazanavicius que tirou o mudo da cartola com auxílio de um dotado cão Jack Russell (figas para que este alce a pata traseira e abarque a estatueta num fluido amplexo dourado em pleno palco do Kodak); e Hugo do quase septuagenário Scorsese que apenas agora, qual criança apurando os sentidos, descobriu o poder das novas tecnologias, embora as suas cinefilia e erudição cinematográfica poderão fazer admitir o esboço de uma tentativa para uma ida ao cinema.
Depois, o pior: não se faz!, não se compensa Malick com aquelas nomeações apenas para americano ver e aplaudir – de pé, de preferência – o incomensurável sentido de justiça e o enorme bom senso dos membros da Academia, onde se encaixa, do mesmo modo, o Tinker Tailor... de Tomas Alfredson, e a atribuição de categorias técnicas a Fincher; as inexplicáveis zero nomeações para Melancolia e para Clint Eastwood (embora do seu filme a concurso, J.Edgar, disponha apenas da apreciação escrita de alguns cinéfilos que me vão merecendo todo o crédito); o já conhecido desprezo pelos documentários de Herzog, e tudo para consagrar, como é mais que previsto, o petulante alemão com aquele cabelo indescritivelmente amaricado e a sua Pina; e os indies?, nada, como sempre no anquilosado reino da indústria de Hollywood; e por fim 2 nomeações 2 para aquele objecto pegajoso, que se qualificou por fílmico porque dispõe de imagens em movimento (peristáltico, decerto), chamado A Melhor Despedida de Solteira (Bridesmaids).

Será que, pela primeira vez em duas décadas, ficarei na caminha – como o lançador do peso na China – a aproveitar o calor do meu processo endotérmico, enquanto, no próximo dia 26 de Fevereiro, no Kodak (em fecho de portas) Theatre se pratica o arremesso da estatueta dourada?
A ver vamos.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Let the games begin (act.)

Depois do espectáculo deprimente do ano passado, oferecido pelo canastrão Franco e pela histriónica Hathaway (que até é uma actriz que admiro – fabulosa, por exemplo, em O Casamento de Rachel, de Demme), a que só faltou mesmo o aussie-dançarino presunçoso Jackman para que se alcançasse o nível de arraial na atribuição das famosas estatuetas douradas, eis o primeiro vídeo lançado com fins de aquecimento para a 84.ª cerimónia de entrega dos Óscares da Academia de Hollywood que se realizará no próximo dia 26 de Fevereiro – pela qualidade evidenciada do clip, esta sessão não promete destoar muito da anterior, onde venceu aquela coisa britânica telefílmica e ciciada, num ano em que se expôs de forma impudente a forte dissensão entre a Indústria e a Crítica cinematográficas; a que se junta o bom augúrio da anunciada pré-falência da proprietária do salão de festas, a revolucionária multinacional, com quase 125 anos de história, Kodak.
Eis a coisa (não a de Carpenter, porque essa está no meu Olimpo da cinefilia):

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Nem Tanovic, nem cópula com peixe-gato

Nem tão-pouco o modorrento, porém bastante aprazível, Beauvois. Da lista de 9 semifinalistas consta o Hævnen dinamarquês vencedor do Globo de Ouro (galardão que caminha a passos largos para o nível qualitativo do seu irmão mais novo português); o irritante Iñárritu (por curiosidade, um nome crioulo-anagramático do assertoado qualificativo); a imperiosa presença japonesa (deve tratar-se de um exercício anual de expiação pela fúria radioactiva de Agosto de 1945).
A lista inclui ainda o desconcertante dente canino psicossocial grego de Lanthimos (auf!). Não poderia faltar, my fair..., a chuva em Espanha esquerdista (ético-exclusivista) com uma alegoria analéptico-dicotómica “maldita globalização / exploração pós-colombiana” (dois coelhos: bang! bang! a culpa do ocidente) e, pelos vistos, bastante aplaudida. Regressando ao título, sinto, em boa verdade alguma pena, gostava mesmo de ouvir pronunciar no próximo dia 27 de Fevereiro no Kodak Theatre o vencedor de Cannes deste ano: Apichatpong Weerasethakul, exercício de pronunciação que foi apenas superado pelo do famoso vulcão da Islândia.
Consultar lista aqui.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Tiro de Partida

Informalmente, com a divulgação da lista completa de filmes em língua estrangeira candidatos a integrarem a lista final de cinco que seguirá até à cerimónia final de entrega, é dado o tiro de partida para os prémios de cinema mais prestigiados e cobiçados do mundo.
Para 83.ª edição do Óscares, com cerimónia marcada para o dia 27 de Fevereiro de 2010 no Kodak Theatre, marcam presença 65 filmes de outros tantos países.
Portugal far-se-á representar – escolha do ICA, anunciada no final de Setembro passado – pelo filme de João Pedro Rodrigues, Morrer como um homem. Trata-se da 3.ª longa-metragem do autor da película, à altura controversa, O Fantasma (2000), que lhe valeu o prémio de melhor filme no Festival de Cinema Gay e Lésbico de Nova Iorque em 2001, e de Odete (2005) que obteve uma menção especial de melhor filme no Festival de Cinema Gay e Lésbico de Milão em 2006, tendo conquistado uma menção especial dos “Cinémas de Recherche” no Festival de Cannes 2005, havendo, por outro lado, integrado a Quinzena dos Realizadores. Um filme esdrúxulo, mais felliniano que Fellini, um M Butterfly da Buraca ou do Aleixo, com péssimas interpretações e um final burlesco e lacrimejante de cantoria post mortem pelo coitadinho renegado num cemitério lisboeta. Mas há quem goste, e eu não censuro. Calo-me, apenas.
Da listagem da Academia das Artes e das Ciências Cinematográficas de Hollywood, é de destacar:
  • O regresso do bósnio Danis Tanovic, representando o seu país com Cirkus Columbia – Tanovic já venceu este galardão em 2002 com o fabuloso Terra de Ninguém (No Man’s Land, 2001), e realizou o esquecido pelo público e pela crítica, embora notável (na minha opinião), Inferno (L’enfer, 2005) baseado num guião nunca filmado de uma trilogia de Krzysztof Kieslowski (1941-1996);
  • A representar a Tailândia está o último vencedor do Festival de Cannes, Loong Boonmee raleuk chat (Uncle Boonmee Who Can Recall His Past Lives) de Apichatpong Weerasethakul;
  • Pela França, o filme vencedor do Grande Prémio do Júri do Festival de Cannes, Des hommes et des dieux, de Xavier Beauvois;
  • O arrevesado Canino (Kynodontas / Dogtooth; 2009) de Giorgos Lanthimos, vencedor do prémio Un Certain Regard, mas do Festival de Cannes de 2009, é o representante da Grécia;
  • Por fim, é sempre de anunciar a presença do realizador irritante, nascido no México em 1963, com pretensões ao trono do Olimpo cinematográfico como o moralista/messiânico, Alejandro González Iñárritu, com o filme Biutiful a representar o seu país.
As nomeações serão anunciadas no dia 25 de Janeiro de 2010, embora nos últimos anos a Academia tenha vindo a anunciar uma lista de 9 pré-nomeados nesta categoria, cerca de duas semanas antes daquela data.

domingo, 7 de março de 2010

Ao iniciar-se a madrugada

Abrem-se a hostilidades fílmicas e as futilidades indumentárias e comportamentais, assim que aquele tapete vermelho que afaga a entrada do Kodak Theatre for calcorreado por ufanos agentes da 7.ª arte à procura de glória e promoção.
Trata-se, pois, da 82.ª segunda edição de entrega dos Óscares da Academia das Artes e das Ciências Cinematográficas de Hollywood, e porventura a primeira em algumas décadas (desde os tempos remotos dos directos da TVE em emissão pirata no Porto) que não irá merecer um segundo sequer da minha atenção – este é o desejo, porém receio que, lá pela 1 da madrugada, o bichinho da curiosidade, mesmo perante tão fraco produto a concurso, seja mais forte que a minha férrea vontade.
São 38 filmes a concurso (incluindo os de “língua estrangeira” e os de “animação, e excluindo os documentários e as curtas-metragens). Do total, apenas vi, por sorte, 12, já que não abrange o abandono a meio do espesso e dulcíssimo xarope keatsiano de Jane Campion. Posso quase apostar contra mim mesmo que esta é a edição em que menos filmes a concurso passaram previamente pelos meus olhos.
Independentemente do número de categorias para que estão nomeados, um bom listómano – exibicionista por definição (não entrando em considerações sobre a auto-ilusão que advém de um orgulho potencialmente espúrio) –, expõe no seu blogue um arrolamento dos filmes que viu, com ordem de preferência e os demais requisitos. Naturalmente, é o que segue neste meu cantinho de catarse (entendam-no como vos aprouver).
Organizei 6 grupos, dentro de cada qual os filmes figuram por ordem alfabética do título em português:
Obra-Prima
(Estou a brincar.)
Merecem destaque, quiçá a vitória (conceito bastante relativo dada, pelo menos, a disparidade do número de categorias a que concorrem) – 5 filmes:
  • Estado de Guerra, de Kathryn Bigelow (The Hurt Locker);
  • Um Homem Singular, de Tom Ford (A Single Man);
  • O Laço Branco, de Michael Haneke (Das Weisse Band);
  • Um Profeta, de Jacques Audiard (Un Prophète);
  • Sacanas Sem Lei, de Quentin Tarantino (Inglourious Basterds).
Mediania (apesar de algum aparato cénico num dos elementos) – 2 filmes:
  • Avatar, de James Cameron;
  • O Mensageiro, de Oren Moverman (The Messenger).
Ah, se eu soubesse… (variável tempo em jogo, neste caso o desperdiçado) – 2 filmes:
  • Distrito 9, de Neill Blomkamp (District 9);
  • Invictus, de Clint Eastwood.
Pretensiosos e sem substância (estafados, sem ideias ou novidade) – 2 filmes:
  • Nas Nuvens, de Jason Reitman (Up in the Air);
  • Uma Outra Educação, de Lone Scherfig (An Education).
Simplesmente horrendo, grotesco e escabroso – 1 filme:
  • Precious, de Lee Daniels (Precious: Based on the Novel ‘Push’ by Sapphire).
Em cima, na fotografia, o grupo que a ser convidado pela Academia animaria com toda a ternura e singeleza os intervalos, com contrato garantido pela inenarrável Oprah no fim do espectáculo.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Óscares 2010 – nomeações


Resumidamente, que por enquanto o tempo escasseia, eis a lista dos nomeados para a 82.ª edição de entrega dos Óscares da Academia de Hollywood, que decorrerá no próximo dia 7 de Março no Kodak Theatre, em Los Angeles (por ordem decrescente de nomeações):
9 nomeações
Avatar, de James Cameron
Estado de Guerra, de Kathryn Bigelow (The Hurt Locker)
8 nomeações
Sacanas Sem Lei, de Quentin Tarantino (Inglourious Basterds)
6 nomeações
Nas Nuvens, de Jason Reitman (Up in the Air)
Precious, de Lee Daniels (Precious: Based on the Novel Push by Sapphire)
5 nomeações
Up – Altamente!, de Pete Docter e Bob Peterson (Up)
4 nomeações
Distrito 9, de Neill Blomkamp (District 9)
Nove, de Rob Marshall (Nine)
Star Trek, de J.J. Abrams
3 nomeações
Crazy Heart, de Scott Cooper
A Jovem Vitória, de Jean-Marc Vallée (The Young Victoria)
Uma Outra Educação, Lone Scherfig (An Education)
A Princesa e o Sapo, de Ron Clements e John Musker (The Princess and the Frog)
2 nomeações
The Blind Side, de John Lee Hancock
O Fantástico Senhor Raposo, de Wes Anderson (Fantastic Mr. Fox)
Um Homem Sério, de Joel e Ethan Coen (A Serious Man)
Invictus, de Clint Eastwood
O Laço Branco, de Michael Haneke (Das Weisse Band)
The Last Station, de Michael Hoffman
The Messenger, de Oren Moverman
Parnassus – O Homem que Queria Enganar o Diabo, de Terry Gilliam (The Imaginarium of Doctor Parnassus)
Sherlock Holmes, de Guy Ritchie
1 nomeação
Coco avant Chanel, de Anne Fontaine
Coraline e a Porta Secreta, de Henry Selick (Coraline)
Estrela Cintilante, de Jane Campion (Bright Star)
Harry Potter e o Príncipe Misterioso, de David Yates (Harry Potter and the Half-Blood Prince)
Il Divo – A Vida Espectacular de Giulio Andreotti, de Paolo Sorrentino (Il Divo)
In the Loop, de Armando Iannucci
Julie e Julia, de Nora Ephron (Julie & Julia)
Paris 36, de Christophe Barratier (Faubourg 36)
The Secret of Kells, de Tomm Moore e Nora Twomey
A Single Man, de Tom Ford
Transformers: Retaliação, de Michael Bay (Transformers: Revenge of the Fallen)
Visto do Céu, de Peter Jackson (The Lovely Bones)


Melhor Filme Estrangeiro
  • Alemanha, O Laço Branco, de Michael Haneke (Das weisse Band // The White Ribbon);
  • Argentina, El Secreto de Sus Ojos, de Juan José Campanella (The Secret in Their Eyes);
  • França, Um Profeta, de Jacques Audiard (Un Prophète // A Prophet);
  • Israel, Ajami, de Scandar Copti e Yaron Shani;
  • Peru, La teta asustada, de Claudia Llosa (The Milk of Sorrow).
Desenvolvimentos para mais tarde.


Nota: para mais informações, consultar o sítio oficial dos Óscares ou a notícia em português.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Óscares – Melhor Filme Estrangeiro (Parte II)



Em cima do acontecimento, revelei aqui os nove filmes de língua estrangeira pré-seleccionados para integrarem a listagem final de cinco candidatos aos Óscares, a ser divulgada no próximo dia 2 de Fevereiro em Hollywood. Prometi mais considerações, mas antes disso relembro a lista, de certa forma mais arrumada em relação ao texto anterior.

Eis, então, os 9 Semifinalistas (por ordem alfabética do país de origem):
  • Alemanha, O Laço Branco, de Michael Haneke (Das weisse Band // The White Ribbon);
  • Argentina, El Secreto de Sus Ojos, de Juan José Campanella (The Secret in Their Eyes);
  • Austrália, Samson & Delilah, de Warwick Thornton;
  • Bulgária, Svetat e golyam i spasenie debne otvsyakade, de Stephan Komandarev (The World Is Big and Salvation Lurks around the Corner);
  • Cazaquistão, Kelin, de Ermek Tursunov;
  • França, Um Profeta, de Jacques Audiard (Un Prophète // A Prophet);
  • Holanda, Oorlogswinter, de Martin Koolhoven (Winter in Wartime);
  • Israel, Ajami, de Scandar Copti e Yaron Shani;
  • Peru, La teta asustada, de Claudia Llosa (The Milk of Sorrow). 
Algumas observações:
  1. A família Kennedy & afins aglutinados da lusa intelligentsia (Soares & Barroso), viu, não sei com que estado de espírito, o filme realizado por um dos seus rebentos ser preterido pela Academia. Para a 82.ª edição dos Óscares de Hollywood, o nosso venerado e certeiro ICA escolheu o pseudo-pós-modernista (que linda palavra composta) Um Amor de Perdição, realizado por Mário Barroso (nome que foi buscar o melhor aos dois mundos atávicos). Por lá chamaram-lhe Doomed Love, representante, entre outros 64, deste Doomed Country pelo espectro da mediania. Com ou sem assombração paralisante, o nosso país ficou de fora. Já é um clássico que convém alimentar anualmente – sinceramente, não sei se, por alguma vez – e se foi, quantas –, um filme do Mestre Oliveira foi nomeado para enfrentar a concorrência mundial.
  2. Destaco também alguma burrice espanhola nesta edição. Com efeito, quando todos esperavam a nomeação do extraordinário filme de Almodóvar – que deixou a crítica cinematográfica americana uma vez mais rendida à excelência do realizador manchego –, o filme designado para o concurso foi o último realizado pelo madrileno Fernando Trueba, El baile de la Victoria, que nos leva à eterna discussão – embora salutar porque ocupa tempo com inanidades poucos gastadoras de energia cerebral – entre Cinema e Literatura (e as cabras continuam a comer metros de celulóide…) O aclamado realizador de Bela Época (Belle Epoque, 1992; vencedor do Óscar para melhor filme estrangeiro em 1994) resolveu adaptar para o grande ecrã o miserável romance de 2003 do escritor chileno Antonio Skármeta, A Dança da Victoria (El baile de la Victoria), que deve ter deixado a sua marca no autor, porque desde então não publicou obra alguma – entre nós, o livro foi editado pela Dom Quixote no início de 2007, com tradução de João Colaço Barreiros. Com tão fraca matéria-prima não há milagres, e Trueba não é Hitchcock (o autor da imagem das “cabras num manjar de celulóide”) que da mediocridade literária ou dramatúrgica fazia obras de arte inultrapassáveis.
  3. Uma vez mais, a Itália – o país recordista no número de estatuetas arrecadas nesta categoria, definitivamente instituída em 1956 – apostou num filme de Giuseppe Tornatore, que nunca, por incrível que possa parecer, foi sequer nomeado para qualquer categoria destes prémios da Academia de Hollywood – e basta recordar apenas três filmes: Cinema Paraíso, Estão todos bem ou A Lenda de 1900. Este ano, o filme candidato (já eliminado da competição) seria a grande produção autobiográfica Baaria.
  4. A 2.ª fase de selecção, que irá eleger os cinco filmes finalistas para a noite de 7 de Março, irá decorrer no fim-de-semana de 29 a 31 deste mês, com a projecção diária de três dos nove semifinalistas perante os não identificados olhos de elementos pertencentes a duas comissões de peritos cinematográficos: uma originária da terrinha, Los Angeles; e a outra constituída por mentes preclaras de Nova Iorque.
  5. Em antevisão, julgo que a competição irá resumir-se a Haneke e Audiard, fazendo fé nos críticos, e julgando pelos meus olhos, nada parciais, já que não vi os restantes sete. Se bem que haja uma Teta que pode revelar-se indiscreta e enfrentar a parelha…
  6. Finalmente, gostaria de me rui-santificar (neologismo que significa “autopromover”, “armar-se em bom ou convencer-se de que se é muito bom”, mas com a particularidade de existir uma falácia na sua origem que resulta da exposição mediática ad nauseam: consiste em transformar, por insistência, a podridão na mais fresca e angelical das inocências), referindo-me ao fabuloso título do filme em representação da Bulgária, por mim traduzido para o inglês (rui-santifiquei-me mas usei a versão sinónima de “espetar uma mentira com ar grave e sério”, desculpa ), retraduzindo-o para português “O mundo é grande e a Salvação espreita ao virar da esquina”, principalmente se houver uma Maria José Morgado em cada uma delas, ou até duas, a vender “O Menino da Lágrima”, a plastificar documentos e a fechar os olhos ao comércio de escutas-lacradas-on-demand para reprodução público-privada ou em pay-TV.
  7. Como depois de um advérbio de modo conclusivo, surge sempre uma vontade inusitada de dizer mais qualquer coisinha, resolvi prosseguir com mais um par de pontos. E para dizer neste de que gosto, especialmente, da Mama Assustada (título meu, lubricamente traduzido, apesar da tragédia que ela, a teta, simboliza no filme), 2.ª longa-metragem da jovem realizadora peruana Claudia Llosa (sobrinha de Mario Vargas Llosa). Surge como um sério candidato ao Óscar, depois de haver conquistado no Berlinale de 2009 o Urso de Ouro e o prémio do júri da FIPRESCI, capaz de esbotetear a primazia do duo referido no ponto 5.
  8. Toda a informação detalhada nos pontos anteriores foi retirada dos vídeos legendados inseridos na conta do nigeriano Hollypulha no YouTube (irmão do famoso jovem ugandês correspondente do Correio da Manhã), apesar de a sua transcrição estar disponível há muito. Mas como um bom néscio, iletrado, e sobretudo estúpido (coitado de mim) precisei, como acontece com as crianças que, ontogeneticamente, ainda se encontram nos dois primeiros estádios de desenvolvimento – o sensório-motor e o pré-operatório – definidos por Piaget, de umas imagens com bonecos e uma certa animação (do género canal Baby First) para entender o que outrora estava reduzido a caracteres e me inteirar do que já era conhecido há bastante tempo sob a forma de transcrição – podia enveredar pela segunda e única faceta disto tudo, ser um pulha e fingir que não conhecia as transcrições ilegais publicadas em todos os jornais há anos, para com uma admiração abichanada soltar um “aaah!” enquanto levava a mão histrionicamente à boca, que escandaleira… Vou já escrever um artigo no meu cantinho bem pago e dizer, de forma vaga, que estou ofendidíssimo com a justiça, alguns jornalistas e com crime em geral, avisando que a prática de determinados e seleccionados crimes faz mal às pessoas, e nós, como dizia o Nuno Gomes, somos humanos como as pessoas.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Óscares – Melhor Filme Estrangeiro (semifinalistas da 82.ª edição)

Foram ontem (dia 20) anunciados, pela Academia das Artes e das Ciências Cinematográficas de Hollywood, os nove dos sessenta e cinco filmes a concurso que passaram a integrar a lista de semifinalistas candidatos ao Óscar para Melhor Filme Estrangeiro, de onde sairão, no próximo dia 2 de Fevereiro, os cinco nomeados para a sessão de entrega das estatuetas douradas, a realizar no Kodak Theatre no dia 7 de Março (8 de Março, à 1 da manhã, hora de Lisboa) [nota: por preguiça, fiz copy & paste da introdução do texto similar do ano passado].
Eis os 9 Semifinalistas (por ordem alfabética do país de origem):
  • Alemanha, “The White Ribbon”, de Michael Haneke;
  • Argentina, “El Secreto de Sus Ojos”, de Juan Jose Campanella;
  • Austrália, “Samson & Delilah”, de Warwick Thornton, director;
  • Bulgária, “The World Is Big and Salvation Lurks around the Corner”, de Stephan Komandarev;
  • Cazaquistão, “Kelin”, de Ermek Tursunov;
  • França, “Un Prophète”, de Jacques Audiard;
  • Holanda, “Winter in Wartime”, de Martin Koolhoven;
  • Israel, “Ajami”, de Scandar Copti and Yaron Shani;
  • Peru, “The Milk of Sorrow”, de Claudia Llosa.

Mais desenvolvimentos, irritações e pilhérias, assim como amanhar aquela lista de acordo com as estreias em Portugal e os seus títulos originais, ficam para amanhã. Agora vou dormir. Boa Noite.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

A Queda


Para o futuro ficou uma das piores sessões de entrega dos Óscares de que tenho memória – e já são pelo menos umas vinte as que constam da minha memória cinéfila –, não só pelo espectáculo carnavalesco preparado pela organização (caiu-lhe bem a proximidade da data), mas sobretudo pela qualidade dos vencedores nas categorias principais, com a excepção do portentoso e admirável Sean Penn.
Será assim com a 91.ª edição a realizar-se em 2019?

[Lembro-me bem da 71.ª, realizada em Março de 1999 (referente aos filmes produzidos no ano de 1998): foi de uma mediocridade descoroçoante.]

Parece-me que sim e para bem pior. O triunfo do cinelixo e da cultura pop mais exacerbada pelos reality shows e o telelixo, como ficou ontem demonstrado em pleno Kodak Theatre, não augura nada de bom.
Como disse hoje à hora de almoço um ufano e sobranceiro crítico britânico na Sky News (ao estilo Brits won back America), cujo nome se me escapa neste momento, chegou a hora de demonstrar a qualidade do cinema britânico nos Estados Unidos, e de fazer ver aos americanos que filmes provenientes de grandes estúdios, longos, túrgidos e aborrecidos como Benjamin Button jamais triunfarão no futuro (foram mais ou menos estas as palavras, cito de memória).
Assim seja: Viva à era do Cinema Light – por esta altura, MRP® já deve estar a estudar a possibilidade de expandir a seu negócio rumo à 7.ª arte. Talvez uma joint-venture Pinto, Valente, Salgado & Associados (firma assaz sugestiva), substituindo as Panavision (digitais ou em filme) pelas mais pop e fashion Nokia, Motorola ou Sony-Ericsson na sua extensa gama com telemóvel incorporado.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

...mas ficará para a História


«A iminência da tempestade é um mecanismo supérfluo e excessivamente portentoso, uma vez que o Katrina traz à memória precisamente as duras misérias da vida real que o filme, no alcance do seu poder, fez tudo para evitar.
Esse poder, contudo, é algo que deve ser tomado em conta, e consiste no talento de Fincher em usar a sua admirável aptidão para transformar um inconcebível e rebuscado conceito numa história de amor plausível. O romance entre Daisy e Benjamin começa quando ambos são cronologicamente pré-adolescentes e Benjamin é, fisicamente, um velho estranho, no entanto o elemento inicial de uma atmosfera perturbadora pedófila na relação dá lugar a outras formas de embaraço. O amor de ambos é incomparavelmente perfeito e paciente. Em simultâneo, como qualquer outro amor – como qualquer filme – é ensombrado pelo desapontamento e destinado ao fim. No caso de “Benjamin Button” tive pena quando acabou e feliz por o haver presenciado.
»
A.O. Scott, It’s the Age of a Child Who Grows From a Man, in The New York Times (25/12/2008) [tradução: AMC]


«Algumas pessoas nascem para se sentarem à beira do rio.
Algumas são atingidas por raios.
Algumas têm ouvido para a música.
Algumas são artistas.
Algumas nadam.
Algumas percebem de botões.
Algumas conhecem Shakespeare.
Algumas... são mães.
E algumas pessoas... dançam.
»
Eric Roth, The Curious Case of Benjamin Button [retirado do guião; tradução AMC]

Prognosticando a derrota nos tais prémios de hoje à noite, talvez não importe nada. Fincher, assim a vida o permita, prosseguirá com o seu dom natural, criador de ilusões, a sua carreira no meu Olimpo cinematográfico.

Sem mais comentários.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Se eu fosse membro da Academia…

…porventura não estaria aqui e agora a escrever em blogues, mas talvez nos Hamptons ou na minha casa de campo em Vermont, de onde teria enviado o meu voto por correio postal.

Regressando à fatal realidade de cinéfilo luso, apenas refiro que das 31 longas-metragens a concurso na 81.ª edição dos Óscares da Academia (excluindo os documentários, mas incluindo os filmes de animação e os de língua estrangeira), tive a feliz oportunidade, através de uma habilidosa engenharia na gestão do tempo disponível, de ver 18 filmes. E ei-los aqui inevitavelmente alinhados (dado o insanável distúrbio da listomania), por ordem de preferência (sem classificação aposta):

  1. O Estranho Caso de Benjamin Button (The Curious Case of Benjamin Button), de David Fincher;
  2. O Casamento de Rachel (Rachel Getting Married), de Jonathan Demme;
  3. Milk, de Gus Van Sant;
  4. Frost/Nixon, de Ron Howard;
  5. A Turma (Entre les murs), de Laurent Cantet;
  6. Vicky Cristina Barcelona, de Woody Allen;
  7. Resistentes (Defiance), de Edward Zwick;
  8. Dúvida (Doubt), de John Patrick Shanley;
  9. A Duquesa (The Duchess), de Saul Dibb;
  10. A Troca (Changeling), de Clint Eastwood;
  11. Em Bruges (In Bruges), de Martin McDonagh;
  12. O Leitor (The Reader), de Stephen Daldry;
  13. Procurado (Wanted), de Timur Bekmambetov;
  14. Revolutionary Road, de Sam Mendes;
  15. O Visitante (The Visitor), de Thomas McCarthy;
  16. Tempestade Tropical (Tropic Thunder), de Ben Stiller;
  17. O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight), de Christopher Nolan;
  18. Quem Quer Ser Bilionário? (Slumdog Millionaire), de Danny Boyle.

Estes 18 filmes permitiram-me dispor de uma perspectiva global sobre a votação em 7 das 20 categorias a concurso: melhores “Actor Secundário”, “Argumento Adaptado”, “Direcção Artística”, “Filme”, “Fotografia”, “Montagem” e “Realizador”.

Todavia, não vi:

  • nenhum dos 3 filmes candidatos a “Melhor Filme de Animação”;
  • 4 dos 5 filmes a concurso na categoria “Melhor Filme em Língua Estrangeira”;
  • 3 dos 5 filmes candidatos a “Melhor Argumento Original”;
  • 2 dos 5 filmes concorrentes na categoria “Melhor Som”;
  • 1 dos 2 filmes com canções candidatas à “Melhor Canção”.

Nas restantes 8 categorias, para além das 7 supramencionadas, permaneceu em todas, com muita pena minha, 1 filme por ver. Em suma, perante os factos atrás referidos formulei as minhas preferências apenas sobre estas 15 categorias, embora tenha a firme certeza de que serão todas, sem excepção, como tiros fora do alvo (o que pode querer significar que na próxima segunda-feira o anúncio da minha inusitada falta de pontaria, venha acompanhada do prometido encerramento temporário e indefinido deste blogue*).

Eis as minhas escolhas, elencadas por ordem alfabética do título das categorias principais, incluindo as de interpretação de papéis secundários (à frente de cada escolha nas categorias em que houve um filme que não passou pelos meus olhos, surge a notação “n.v.”, que significa “não-visto”, seguindo-se o título do respectivo filme):

  • Actor – Sean Penn (Milk) / [n.v. – O Wrestler]
  • Actor Secundário – Heath Ledger (O Cavaleiro das Trevas)
  • Actriz – Anne Hathaway (O Casamento de Rachel) / [n.v. – Frozen River]
  • Actriz Secundária – Taraji P. Henson (O Estranho Caso de Benjamin Button) / [n.v. – O Wrestler]
  • Argumento Adaptado – Eric Roth (O Estranho Caso de Benjamin Button)
  • Filme – O Estranho Caso de Benjamin Button
  • Realizador – David Fincher (O Estranho Caso de Benjamin Button)

Em conclusão, somando estas escolhas com aquelas que, por economia de texto não foram aqui discriminadas, Benjamin Button juntar-se-ia ao trio de filmes recordistas na arrecadação das famosas estatuetas douradas, com 11 Óscares (em relação às 13 nomeações perde o Óscar de “Melhor Actor” para Sean Penn em Milk, de Gus Van Sant, e o de “Melhor Guarda-Roupa” para A Duquesa (The Duchess), de Saul Dibb).

A título informativo, “o trio dos 11” é constituído pelos filmes: Ben-Hur (1959), de William Wyler; Titanic (1997), de James Cameron; e O Senhor dos Anéis: O Regresso do Rei (The Lord of the Rings: The Return of the King, 2003), de Peter Jackson.


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Nota: *Como é óbvio, a materialização do que há muito foi prognosticado, designadamente através da atribuição de outros prémios que já perfazem as seis dezenas, serve apenas de justificação pueril, à laia de cortina de fumo em fase de dissipação, para pôr em ordem determinados assuntos, pessoais e intransmissíveis, cuja actualização constante de um blogue, com derivações twitteiras, põe em causa. Por outro lado, não se tratará, caso o evento despoletador se venha a verificar, de um abandono definitivo, mas de uma pausa para reorganização. Quando a 30 de Abril do ano passado se deu continuidade à actividade na blogosfera, a carga absoluta do título do blogue teve que ver precisamente com imposição de uma medida cautelar que enfrentasse essa inconstância de partidas definitivas e que, num curto espaço de tempo, se transformavam em tímidos ou constrangidos regressos.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Óscares 2009: inquérito final [actualizado]

De hoje a uma semana, por esta hora, já a blogosfera e os jornais de referência nas suas páginas da internet discutem os vencedores e vencidos da 81.ª sessão de entrega dos Óscares da Academia, referentes aos filmes produzidos durante o ano de 2008 e previamente nomeados para cada categoria.
Há pouco menos de um mês foram anunciadas as nomeações – de que dei aqui notícia – destacando-se, à partida, dois filmes: (1) O Estranho Caso de Benjamin Button (The Curious Case of Benjamin Button) realizado pelo norte-americano David Fincher (n. 1962), com 13 nomeações; (2) Quem Quer Ser Bilionário? (Slumdog Millionaire) do realizador inglês Danny Boyle (n. 1956), com 10 nomeações. Ambos os filmes concorrem às categorias mais apetecidas: melhores filme, realização e argumento (neste caso adaptado para o grande ecrã), embora nas categorias de interpretação o primeiro conte apenas 2 em 4 possíveis nomeações (actor principal e actriz secundária), e o segundo não disponha de qualquer nomeação.
Seguindo a lógica de atribuição dos últimos galardões cinematográficos, o péssimo e indecoroso filme de Boyle é o grande favorito aos Óscares, parte com uma vantagem de 58 prémios atribuídos, contra os apenas 12 conquistados por Benjamin Button.
Em suma, tudo leva a crer que iremos ter a consagração do espectáculo pirotécnico e escatológico sobre a miséria do terceiro mundo, a pornografia da pobreza, o produto final excrementício… e será esse O Cheiro da Índia? (cf. Pier Paolo Pasolini, 90º Editora, 2008)

Na coluna do lado direito deste blogue, figurará até ao dealbar da tarde do próximo domingo um inquérito subdividido em quatro categorias, que incidirá sobre as preferências dos visitantes deste blogue em quatro das categorias a concurso nos Óscares deste ano: melhores filme, realizador, actor e actriz principais.
Para responder ao inquérito seria, como é óbvio, desejável ter visto os 11 filmes que integram as quatro categorias mencionadas (embora nas duas primeiras figurem em ambas os mesmos cinco filmes). Todavia, há preferências que se vão solidificando no nosso interior, por arrebatamento emocional, por exemplo, que dificilmente seriam abandonadas pelo simples acto de ver um filme concorrente, e nesse caso parece-me natural que, mesmo sem ter uma visão global sobre o conjunto, o voto possa ser exercido. Trata-se apenas de um passatempo e não do exercício formal para eleição dos melhores, equivalente ao realizado pelos membros votantes da Academia que, a não ser seguido, enviesaria de forma pouco honesta a atribuição de prémios.

Logo, não tem de haver pruridos de espécie alguma para eleger, directa ou indirectamente, um filme em cada uma das quatros categorias.


[adenda, às 23h57m]: Dos onze filmes nomeados que constam das quatro categorias para votação no inquérito, três, à data, ainda não estrearam em salas de cinema portuguesas: O Visitante (The Visitor; estreia 19/Fevereiro); O Wrestler (The Wrestler; estreia 26/Fevereiro); Frozen River (sem estreia marcada, provável comercialização directa no mercado de DVD, filme que também se encontra nomeado na categoria “Melhor Argumento Original”; curioso paralelismo com a edição 80 dos Óscares com o filme Away from Her, que contava com a nomeação de Julie Christie na categoria “Melhor Actriz”, para além da nomeação do filme para “Melhor Argumento Adaptado”).

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Eastwood

Clint Eastwood em Caçador Branco, Coração Negro
Os Jogos Florais

Do inquérito, que durante uma semana figurou na coluna da esquerda deste blogue, resultou uma clara repartição de preferências por dois realizadores contemporâneos, ainda vivos, que têm enchido de fascínio e sedução o grande ecrã de muitas salas de cinema espalhadas pelo mundo.
Perguntou-se que realizador de cinema, vencedor nos últimos vintes anos (1988-2007) do Óscar da Academia na categoria “Melhor Realizador”, elegeria como o preferido.
Um apelo irrestrito à subjectividade de cada uma das (poucas) pessoas que visitam este blogue. Sem juízos de valor, sem demais comentários.
Entre as 61.ª e 80.ª cerimónias de entrega dos Óscares da Academia das Artes e das Ciências Cinematográficas de Hollywood, que decorreram entre os anos 1989 e 2008, respectivamente, entre Barry Levinson (Encontro de Irmãos; Rain Man, 1988) e Joel e Ethan Coen (Este País Não É para Velhos; No Country for Old Men, 2007), dezoito nomes venceram o prestigiado galardão (dezanove se desdobrássemos a irmandade Coen em Joel e Ethan). 20 anos, 18 realizadores, uma vez que Clint Eastwood venceu o Óscar para “Melhor Realizador” por duas vezes: em 1993 por Imperdoável (Unforgiven, 1992) e em 2005 por Sonhos Vencidos (Million Dollar Baby, 2004); tal como Steven Spielberg: em 1994 por A Lista de Schindler (Schindler’s List, 1993) e em 1999 por O Regaste do Soldado Ryan (Saving Private Ryan, 1998);

A votação

Ao contrário do relativo sucesso do desafio anterior (atendendo à dimensão deste blogue oculto nas brumas da blogosfera), apenas votaram 39 visitantes, votação que resultou nos seguintes dados estatísticos:

  • 11 dos 18 realizadores não obtiveram um único voto (neste grupo estavam incluídos realizadores como Spielberg, Polanski ou Soderbergh);
  • Dos 7 nomes que obtiveram votos, 4 obtiveram apenas 1 voto (Ang Lee, irmãos Coen, Jonathan Demme e Ron Howard) e somente 1 obteve 2 votos (Sam Mendes);
  • Dois realizadores foram responsáveis por 83% dos votos: Clint Eastwood liderou, com algumas intermitências, e obteve 19 dos 39 votos, contra 14 votos em Martin Scorsese.

Talvez tenha vencido a arte em todo o seu fulgor espectral e iridescente, contra a arte do pormenor, quase científica, do detalhe técnico e de movimento. Um atrevimento ou diatribe cinematográfica de minha autoria, na incomparabilidade de ambos os colossos: Ford venceu Hitchcock.

A minha preferência

Prefiro Scorsese a Eastwood, mas sempre gostei mais dos filmes de Clint do que os de Martin. Esclarecidos. Naquela frase tentei expressar, com o máximo de cuidado e rigor, o absurdo de tal escolha.
Se, como no filme de 1993 de Joseph Ruben, O Bom Filho (The Good Son), com argumento originalmente escrito por Ian McEwan, me coubesse o mesmo papel da actriz Wendy Crewson segurando, à beira do abismo, Macaulay Culkin (o filho) e Elijah Wood (o sobrinho), rendidos neste caso por Eastwood e Scorsese (a ordem dos eminentes realizadores é irrelevante, para não converter em maniqueísta esta contenda fílmica), suponho que a minha decisão era deixar-me cair com os meus provectos amigos – passaria, como é óbvio, a fazer companhia a Booth, Manson, Oswald, Chapman, e quejandos, na historiografia criminal norte-americana.

Clint

Se tivesse de eleger um único filme, dos cerca de trinta, realizados por Eastwood como o meu preferido, talvez a escolha brotasse da minha mente de forma espontânea, sem medir prós e contras, e de exercer a inevitável comparabilidade que estraga a espontaneidade da resposta: Meia-Noite no Jardim do Bem e do Mal (Midnight in the Garden of Good and Evil, 1997). Mas, se a tivesse de proferir de viva voz, nem que fosse em surdina, permaneceria para todo o sempre o travo amargo da injustiça na minha boca.
E Um Mundo Perfeito (A Perfect World, 1993)? E o filme que funcionou como o grande ponto de viragem de Eastwood para o Olimpo, o caminho para a perfeição na realização, Caçador Branco, Coração Negro (White Hunter, Black Heart, 1990)? E o seu prenunciador Fim do Sonho (Bird, 1988)? E Mystic River (2003)? Então… afinal o Meia-Noite… mas ainda há As Cartas de Iwo Jima (Letters from Iwo Jima, 2006)…
Jamais pararia por ali, neste ciclo de dúvidas, assaz inútil, talvez divertido no seu início, mas extremamente entediante com o passar do tempo, como uma cobaia a repetir os passos no seu labirinto translúcido de acrílico aos olhos do manipulador, cientista, dissecador de comportamentos.
Talvez fosse mais fácil pronunciar-me sobre os que não gostei pós-1988 (ou 90), mas iria decerto ser crucificado – e Cristo, dizem, houve apenas um, e Esse descerá ainda este ano à Terra como prometera… Marcelo será presidente do PSD, e as trombetas apocalípticas e o terrível odor a enxofre deixar-me-iam paralisado de medo, e nem a promessa de ambrósia à discrição, assegurada e certificada por organismo celestial competente, me deixariam cometer tamanho sacrilégio.

PS – Hoje, ou talvez amanhã, o último dos jogos florais, que constituíram, na sua invisibilidade aparente, a causa de tudo isto sobre o que estivemos até então a falar.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

SlumDung* Millionaire

Slumdog MillionaireHá muitos anos estipulei uma regra que seguiria com alguma fidelidade, que só não é completa porque as oportunidades – interstícios para o ócio – ditadas pelas vidas familiar e profissional não abundam.
Dito de outra forma, os meses de Janeiro e Fevereiro – e, até há alguns anos, parte do mês de Março, ou seja, até à decisão definitiva da Academia que designou como data-limite o último domingo do mês de Fevereiro para a realização da sessão anual de entrega dos Óscares – sempre foram marcados por alguma azáfama cinéfila de minha parte. Desconhecendo até há bem pouco tempo o curioso Movie Fan Act de 1972 – em tradução livre poderia ser referido por “Código do Fã de Cinema” ou “Código do Cinéfilo”, que obriga qualquer bom cinéfilo americano a assistir aos cinco filmes nomeados para a categoria de “Melhor Filme” antes da realização da gala dos Óscares –, seguia-o de forma involuntária, calcorreando os corredores dos multiplex num corrupio fora do normal.
Dos cinco filmes nomeados ainda não vi, por falta de estreia nacional O Leitor (The Reader) de Stephen Daldry e, por alguma falta de vontade Frost/Nixon de Ron Howard – que presumivelmente hoje mesmo passará para o lado dos “vistos”.
Todavia, O Estranho Caso de Benjamin Button de David Fincher, Milk de Gus Van Sant e, esta semana, Quem quer ser bilionário? de Danny Boyle já passaram pelos meus olhos atentos, que fatalmente redundaram, mais tarde, em opiniões fortes eminentemente pessoais, sem qualquer vontade dirigista – aliás, dado o número de pessoas que me visita seria de uma estultícia e de um primarismo quase burlescos ter tal pretensão.
Fincher e Van Sant convenceram-me, e geraram em mim um sentimento de divisão de preferências para os Óscares deste ano. Ambos os filmes são brilhantes, mas assaz diferentes sob todos os aspectos que poderiam enformar o ensaio de uma qualquer tese de comparabilidade: as épocas, a veracidade versus fantasia do argumento de base, os meios técnicos, a fotografia, o grau de liberdade das formas de interpretação dos próprios actores, os efeitos especiais, a banda sonora, etc.
Se reparto as minhas preferências para melhor filme entre Milk e Benjamin Button, o mesmo não se sucede com a minha opinião pessoal para melhor realizador: Fincher, sem dúvida. Já no que respeita ao melhor actor, considero inevitável a atribuição da primazia a Penn relativamente a Pitt. O primeiro tem o condão de me inebriar, quer à frente, quer atrás das câmaras, quando na sua brilhante função de realizador. Não arriscaria muito se o sentenciasse à detenção do título de melhor actor contemporâneo, a par do meu mui estimado Daniel Day-Lewis.

Quanto ao filme de Danny Boyle, é uma verdadeira amálgama de estridência, de imagens torrenciais, de pseudo-arte escatológica.
Quem quer ser bilionário?, assemelha-se a um videoclip de duas horas sobre o amor num bairro de lata infecto, que substitui a janela de Tornatore pela participação de um semi-analfabeto num concurso televisivo universalmente formatado.
Depois, há os clichés que se repetem nos filmes do realizador – já não bastava serem clichés pseudo-artísticos … –, a sanita de McGregor é a insalubre cloaca pública dos bairros de lata da antiga Bombaim, onde o jovem sonhador mergulha para obter um autógrafo de um actor famoso de Bollywood e que, numa reminiscente prolepse, o ajudará a responder a uma pergunta do concurso televisivo.
Boyle nunca dispôs de talento, como nos querem fazer crer recorrendo à falácia do argumentum ad nauseam. Por exemplo, abandalhou por completo um já fraco romance de culto de Alex Garland, num filme, A Praia (The Beach, 2000) que nem o idílio das ilhas tailandesas foi suficientemente aproveitado. Posteriormente, imbuído do sentimento de sucesso, Garland escreveu os argumentos para os horrendos 28 Dias Depois (28 Days Later…, 2002) e Missão Solar (Sunshine, 2007). Filmes escabrosos, série B.
O seu pretenso toque de Midas facilmente se converte num “toque de Skatos” (a existir tal personagem) ou “toque de Merdas”. A sanita de McGregor só é suavizada pela excelente e relaxante música de fundo de Brian Eno, “Deep Blue Sea”. Aliás, como todo o filme, Trainspotting (1996), que muito deve à sua banda sonora: Joy Division, Underwold (especialmente), Iggy Pop, David Bowie, Elastica, Lou Reed, Leftfield (já bem presentes no suportável Shallow Grave, filme de 1995), New Order, entre outros.
Tudo termina com uma dança bollywoodesca numa das estações de comboios de Mumbai, onde o pateta milionário e a sua “scarface” – convenhamos a lindíssima actriz indiana Freida Pinto – encabeçam um grupo de garridos bailarinos à laia das práticas proselitistas dos frenéticos com Cristo Up with People, que também se arrogam desse messianismo globalizante, menos explícito, concedo, que nos do putativo pai fílmico das agruras do 3.º Mundo, Alejandro Iñárritu e o seu amigo Guillermo Arriaga.

Respeito, mas não consigo entender o encantamento quase toxicómano de milhões de pessoas (espectadores, críticos, associações profissionais da 7.ª arte e gente do cinema) por um subproduto da chamada 7.ª arte. (Raios viciantes emanados dos antigos ecrãs parabólicos Torus?…) Está nomeado para 10 Óscares 10.

*Designação ligeira e compreensivelmente alterada. Reflecte bem o meu estado de espírito depois de o ver... os milhões entregues de mão beijada na fossa séptica multimilionária de Mr. Boyle.