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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Óscares 2009: inquérito final [actualizado]

De hoje a uma semana, por esta hora, já a blogosfera e os jornais de referência nas suas páginas da internet discutem os vencedores e vencidos da 81.ª sessão de entrega dos Óscares da Academia, referentes aos filmes produzidos durante o ano de 2008 e previamente nomeados para cada categoria.
Há pouco menos de um mês foram anunciadas as nomeações – de que dei aqui notícia – destacando-se, à partida, dois filmes: (1) O Estranho Caso de Benjamin Button (The Curious Case of Benjamin Button) realizado pelo norte-americano David Fincher (n. 1962), com 13 nomeações; (2) Quem Quer Ser Bilionário? (Slumdog Millionaire) do realizador inglês Danny Boyle (n. 1956), com 10 nomeações. Ambos os filmes concorrem às categorias mais apetecidas: melhores filme, realização e argumento (neste caso adaptado para o grande ecrã), embora nas categorias de interpretação o primeiro conte apenas 2 em 4 possíveis nomeações (actor principal e actriz secundária), e o segundo não disponha de qualquer nomeação.
Seguindo a lógica de atribuição dos últimos galardões cinematográficos, o péssimo e indecoroso filme de Boyle é o grande favorito aos Óscares, parte com uma vantagem de 58 prémios atribuídos, contra os apenas 12 conquistados por Benjamin Button.
Em suma, tudo leva a crer que iremos ter a consagração do espectáculo pirotécnico e escatológico sobre a miséria do terceiro mundo, a pornografia da pobreza, o produto final excrementício… e será esse O Cheiro da Índia? (cf. Pier Paolo Pasolini, 90º Editora, 2008)

Na coluna do lado direito deste blogue, figurará até ao dealbar da tarde do próximo domingo um inquérito subdividido em quatro categorias, que incidirá sobre as preferências dos visitantes deste blogue em quatro das categorias a concurso nos Óscares deste ano: melhores filme, realizador, actor e actriz principais.
Para responder ao inquérito seria, como é óbvio, desejável ter visto os 11 filmes que integram as quatro categorias mencionadas (embora nas duas primeiras figurem em ambas os mesmos cinco filmes). Todavia, há preferências que se vão solidificando no nosso interior, por arrebatamento emocional, por exemplo, que dificilmente seriam abandonadas pelo simples acto de ver um filme concorrente, e nesse caso parece-me natural que, mesmo sem ter uma visão global sobre o conjunto, o voto possa ser exercido. Trata-se apenas de um passatempo e não do exercício formal para eleição dos melhores, equivalente ao realizado pelos membros votantes da Academia que, a não ser seguido, enviesaria de forma pouco honesta a atribuição de prémios.

Logo, não tem de haver pruridos de espécie alguma para eleger, directa ou indirectamente, um filme em cada uma das quatros categorias.


[adenda, às 23h57m]: Dos onze filmes nomeados que constam das quatro categorias para votação no inquérito, três, à data, ainda não estrearam em salas de cinema portuguesas: O Visitante (The Visitor; estreia 19/Fevereiro); O Wrestler (The Wrestler; estreia 26/Fevereiro); Frozen River (sem estreia marcada, provável comercialização directa no mercado de DVD, filme que também se encontra nomeado na categoria “Melhor Argumento Original”; curioso paralelismo com a edição 80 dos Óscares com o filme Away from Her, que contava com a nomeação de Julie Christie na categoria “Melhor Actriz”, para além da nomeação do filme para “Melhor Argumento Adaptado”).

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Eastwood

Clint Eastwood em Caçador Branco, Coração Negro
Os Jogos Florais

Do inquérito, que durante uma semana figurou na coluna da esquerda deste blogue, resultou uma clara repartição de preferências por dois realizadores contemporâneos, ainda vivos, que têm enchido de fascínio e sedução o grande ecrã de muitas salas de cinema espalhadas pelo mundo.
Perguntou-se que realizador de cinema, vencedor nos últimos vintes anos (1988-2007) do Óscar da Academia na categoria “Melhor Realizador”, elegeria como o preferido.
Um apelo irrestrito à subjectividade de cada uma das (poucas) pessoas que visitam este blogue. Sem juízos de valor, sem demais comentários.
Entre as 61.ª e 80.ª cerimónias de entrega dos Óscares da Academia das Artes e das Ciências Cinematográficas de Hollywood, que decorreram entre os anos 1989 e 2008, respectivamente, entre Barry Levinson (Encontro de Irmãos; Rain Man, 1988) e Joel e Ethan Coen (Este País Não É para Velhos; No Country for Old Men, 2007), dezoito nomes venceram o prestigiado galardão (dezanove se desdobrássemos a irmandade Coen em Joel e Ethan). 20 anos, 18 realizadores, uma vez que Clint Eastwood venceu o Óscar para “Melhor Realizador” por duas vezes: em 1993 por Imperdoável (Unforgiven, 1992) e em 2005 por Sonhos Vencidos (Million Dollar Baby, 2004); tal como Steven Spielberg: em 1994 por A Lista de Schindler (Schindler’s List, 1993) e em 1999 por O Regaste do Soldado Ryan (Saving Private Ryan, 1998);

A votação

Ao contrário do relativo sucesso do desafio anterior (atendendo à dimensão deste blogue oculto nas brumas da blogosfera), apenas votaram 39 visitantes, votação que resultou nos seguintes dados estatísticos:

  • 11 dos 18 realizadores não obtiveram um único voto (neste grupo estavam incluídos realizadores como Spielberg, Polanski ou Soderbergh);
  • Dos 7 nomes que obtiveram votos, 4 obtiveram apenas 1 voto (Ang Lee, irmãos Coen, Jonathan Demme e Ron Howard) e somente 1 obteve 2 votos (Sam Mendes);
  • Dois realizadores foram responsáveis por 83% dos votos: Clint Eastwood liderou, com algumas intermitências, e obteve 19 dos 39 votos, contra 14 votos em Martin Scorsese.

Talvez tenha vencido a arte em todo o seu fulgor espectral e iridescente, contra a arte do pormenor, quase científica, do detalhe técnico e de movimento. Um atrevimento ou diatribe cinematográfica de minha autoria, na incomparabilidade de ambos os colossos: Ford venceu Hitchcock.

A minha preferência

Prefiro Scorsese a Eastwood, mas sempre gostei mais dos filmes de Clint do que os de Martin. Esclarecidos. Naquela frase tentei expressar, com o máximo de cuidado e rigor, o absurdo de tal escolha.
Se, como no filme de 1993 de Joseph Ruben, O Bom Filho (The Good Son), com argumento originalmente escrito por Ian McEwan, me coubesse o mesmo papel da actriz Wendy Crewson segurando, à beira do abismo, Macaulay Culkin (o filho) e Elijah Wood (o sobrinho), rendidos neste caso por Eastwood e Scorsese (a ordem dos eminentes realizadores é irrelevante, para não converter em maniqueísta esta contenda fílmica), suponho que a minha decisão era deixar-me cair com os meus provectos amigos – passaria, como é óbvio, a fazer companhia a Booth, Manson, Oswald, Chapman, e quejandos, na historiografia criminal norte-americana.

Clint

Se tivesse de eleger um único filme, dos cerca de trinta, realizados por Eastwood como o meu preferido, talvez a escolha brotasse da minha mente de forma espontânea, sem medir prós e contras, e de exercer a inevitável comparabilidade que estraga a espontaneidade da resposta: Meia-Noite no Jardim do Bem e do Mal (Midnight in the Garden of Good and Evil, 1997). Mas, se a tivesse de proferir de viva voz, nem que fosse em surdina, permaneceria para todo o sempre o travo amargo da injustiça na minha boca.
E Um Mundo Perfeito (A Perfect World, 1993)? E o filme que funcionou como o grande ponto de viragem de Eastwood para o Olimpo, o caminho para a perfeição na realização, Caçador Branco, Coração Negro (White Hunter, Black Heart, 1990)? E o seu prenunciador Fim do Sonho (Bird, 1988)? E Mystic River (2003)? Então… afinal o Meia-Noite… mas ainda há As Cartas de Iwo Jima (Letters from Iwo Jima, 2006)…
Jamais pararia por ali, neste ciclo de dúvidas, assaz inútil, talvez divertido no seu início, mas extremamente entediante com o passar do tempo, como uma cobaia a repetir os passos no seu labirinto translúcido de acrílico aos olhos do manipulador, cientista, dissecador de comportamentos.
Talvez fosse mais fácil pronunciar-me sobre os que não gostei pós-1988 (ou 90), mas iria decerto ser crucificado – e Cristo, dizem, houve apenas um, e Esse descerá ainda este ano à Terra como prometera… Marcelo será presidente do PSD, e as trombetas apocalípticas e o terrível odor a enxofre deixar-me-iam paralisado de medo, e nem a promessa de ambrósia à discrição, assegurada e certificada por organismo celestial competente, me deixariam cometer tamanho sacrilégio.

PS – Hoje, ou talvez amanhã, o último dos jogos florais, que constituíram, na sua invisibilidade aparente, a causa de tudo isto sobre o que estivemos até então a falar.

sábado, 31 de janeiro de 2009

Os meus leitores votaram

Durante mais de duas semanas figurou neste blogue, a título recreativo e para-cinematográfico, um inquérito que procurava conhecer a preferência dos poucos, mas fiéis, utilizadores que me visitam sobre aquele que, entre os últimos 20 vencedores do Óscar para “Melhor Filme”, consideravam como o melhor.
A listagem foi facilmente organizada, e incluiu os filmes vencedores entre 1989 e 2008 (produzidos entre 1988 e 2007, apresentados entre a 61.ª e a 80.ª sessões de entrega dos Óscares), que, como terão reparado, iam desde o musical, por exemplo, o mauzinho filme Chicago de Rob Marshall, com argumento de Bill Condon – género que, confesso, anda bem longe das minhas preferências – ao mais sombrio dos thrillers, onde podemos sem qualquer dúvida incluir filmes como O Silêncio dos Inocentes (The Silence of the Lambs, 1991) de Jonathan Demme, com argumento de Ted Tally – filme que foi um dos raros na história dos Óscares a arrecadar as cinco estatuetas das principais categorias –, ou Este País Não É para Velhos (No Country for Old Men, 2007) com realização e argumento a cargo dos manos Joel e Ethan Coen, passando pelos géneros fantástico, biográfico, western, histórico, épico, e pelas películas de forte pendor melodramático, do mais xaroposo e lamechas ao mais cru e bem gerido em termos emocionais.
De todas a categorias atrás mencionadas, não há uma onde talvez possamos encaixar o filme vencedor deste pequeno inquérito, como veremos.
Votaram 82 pessoas (sem hipótese de repetição, a não ser por meios mais ou menos ilícitos e sofisticados de supressão de cookies ou de votar em vários computadores com diferentes acessos à internet).
Com 18 votos (21% do total de votantes) venceu:

Beleza Americana (American Beauty, 1999), filme realizado pelo britânico (de ascendência lusa) Sam Mendes, com o argumento original de Alan Ball (o criador da consagrada série televisiva Sete Palmos de Terra). O filme arrecadou 5 Óscares na sua 72.ª cerimónia de entrega (encontrava-se nomeado para 8). Para além da estatueta para “Melhor Filme”, venceu nas categorias para melhores “Realizador”, “Actor” (soberba interpretação de Kevin Spacey), “Argumento Original” e “Fotrografia”, perdendo, de forma inexplicável, o Óscar de “Melhor Banda Sonora Original”, composta por Thomas Newman, para a do filme O Violino Vermelho (Le violon rouge) criada por John Corigliano, realizado pelo canadiano francófono François Girard (e se bem estão recordados, realizador do meloso e pegajoso Seda em 2007, baseado num romance do autor italiano Alessandro Barrico).

Eis, então, os primeiros três classificados (4 filmes), que dividiram entre si cerca de 63% dos votos, um pouco abaixo dos dois terços:

  • Beleza Americana (American Beauty, 1999), de Sam Mendes – 18 votos (21%);
  • Imperdoável (Unforgiven, 1992), de Clint Eastwood – 15 votos (18%);
  • A Lista de Schindler (Schindler’s List, 1993), de Steven Spielberg, e O Silêncio dos Inocentes (The Silence of the Lambs, 1991), de Jonathan Demme – ambos com 10 votos cada (12% + 12%).

Outras notas:

  • Em branco ficaram 4 dos 20 filmes: Chicago (2002) de Rob Marshall, O Desafio do Guerreiro (Braveheart, 1995) de Mel Gibson, Gladiador (Gladiator, 2000) de Ridley Scott, e Miss Daisy (Driving Miss Daisy, 1989) de Bruce Beresford;
  • Durante as últimas duas décadas houve dois filmes que conseguiram igualar o recordista do número de estatuetas arrecadas, 11 no total, Ben-Hur (1959) de William Wyler: Titanic (1997) de James Cameron e O Senhor dos Anéis: O Regresso do Rei (The Lord of the Rings: The Return of the King, 2003) de Peter Jackson, receberam 1 voto e 4 votos, respectivamente;
  • Finalmente, e refiro-o com alguma pena minha, apesar de toda a campanha promocional e do lóbi das Caldas do meu querido amigo Henrique Fialho, Imperdoável de Clint Eastwood andou quase sempre atrás do filme vencedor.

Até ao dia 22, haverá mais qualquer coisa inútil na coluna do lado direito deste blogue. Jogos florais sobre cinema e para votar, obviamente.

Por enquanto, deixo-vos ficar uma das cenas mais marcantes do excelente filme vencedor:


«It’s the weirdest thing. I feel like I've been in a coma for about twenty years. And I'm just now waking up. Spectacular!» [“Lester Burnham”, Kevin Spacey]