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Friday, October 18, 2024

O CAMINHO DOURADO DA GUERRA

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"...numa altura e que a economia (entenda-se: norte-americana ) ... que parece estar longe de uma recessão" (referido no no mesmo artigo)
 
Entretanto, nos últimos dias, o euro tem vindo a ceder relativamente às principais moedas e, nomeadamente, ao dólar.

Saturday, February 22, 2014

MALDITO OURO

Em Abril de 2011, já lá vão quase três anos, coloquei um comentário - Um sorriso triste - e este gráfico publicado no Economist:


Em Agosto de 2012 o DN noticiava que "Portugal tem as segundas maiores reservas de ouro do mundo", esclarecendo que "as reservas de ouro do Banco de Portugal são as segundas que mais pesam em relação ao PIB e representam 40% das necessidades de financiamento de 2013". Em meados de Agosto o ouro era transaccionado a  cerca de 2620 dólares/onça.  

Um ano depois, em Setembro de 2013, - vd. aqui - as reservas de ouro representavam 85% do valor total das reservas do Banco de Portugal, o índice mais elevado dos 40 países com maires reservas em termos absolutos (Portugal detinha a 15ª.posição, numa altura em que as cotações já tinham caído para 1367 dólares, cerca de metade do valor observado um ano antes). Ontem a cotação fechou nos 1325 dólares/onça depois de uma recuperação observada no último mês após uma queda abissal do máximo observado no ínicio de Outubro de 2012.

Abordei o assunto em vários apontamentos colocados neste bloco de notas, estranhando sempre a política (ou a falta dela) da gestão das reservas de ouro do BP, um assunto tabu tanto para os governos como para as oposições, das mais moderadas às mais extremas. Dir-se-ia (dir-se-á) que sobre o tema paira do fantasma do senhor de Santa Comba. 

Sempre que levantei o tema, aqui ou junto de amigos ou conhecidos, as observações foram sempre as mesmas: não pode vender-se, tem pouco peso relativamente à dívida, é um recurso para uma situação extrema, tem um peso socio-psicológico elevado. E o ouro lá continua intocado (supõe-se que sim) depois de ter levado alguns fortes desbastes em tempos anteriores à adesão à UE.

Anteontem, lia-se no Jornal de Negócios que: "queda do ouro e alta das obrigações fazem subir a dívida (líquida) externa nacional" e que os técnicos da Comissão Europeia entendem que "o nível de desequilíbrio da economia e a elevada dívida externa e desemprego aconselham cortes adicionais dos salários da ordem dos 2% a 5%".

Quer isto dizer que a tremenda queda  do ouro, que não se pôde (?) vender quando atingiu valores máximos, está agora a contribuir para o aumento da dívida externa líquida e, consequentemente, para a redução dos salários de quem no ouro não mete o olho sequer. É possível?

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Friday, June 07, 2013

VISTO


Falávamos acerca das reservas de ouro do Banco de Portugal, da desvalorização que observaram depois de um relativamente longo período em alta, argumentando um que a sua venda teria contribuído para uma redução significativa da dívida, que poderia, seguindo a sugestão de Cadilhe, financiar as indemnizações de funcionários excedentários do Estado, outro que o valor em causa (na valorização máxima cerca de 17 mil milhões de euros) não seria assim tão relevante, outro que Governo não poderia dispor do ouro do Banco de Portugal, mesmo que quisesse negociar parte por depender essa decisão do BCE, outro ainda que o ouro tem, numa situação de crise grave, quando seria mais oportuno vende-lo, um valor psicossociológico perturbador de uma decisão racional. Tudo considerado, concluiu-se, é melhor não falar no assunto.
 
A propósito, ouviu-se uma história contada em tempos por pessoa reconhecidamente idónea:
 
Viviam-se tempos de aperto das finanças públicas, as reservas estavam esgotadas, o crédito externo negado, e o secretário de estado do tesouro, ouvidos os departamentos responsáveis e o Banco de Portugal enviou ao ministro das finanças uma proposta de alienação de alguma toneladas de ouro. Entendeu o ministro que o assunto transcendia as suas competências e endossou a responsabilidade da decisão para o primeiro-ministro. Em conselho de ministros, após discussão e ponderação demorada, foi unanimemente decidido remeter o assunto à consideração do presidente da república. Este, leu atentamente a proposta, e escreveu no sítio do costume: Visto. Datou e assinou.
E a venda fez-se, sem que alguém tivesse tomado a decisão de aceitar ou rejeitar a proposta.
 
se non e vero é ben trovato
 
 

Thursday, April 11, 2013

AINDA HÁ OURO NO BANCO DE PORTUGAL?

Há muito tempo que procuro e não obtenho resposta para uma questão simples: porque não vende Portugal uma parte significativa das suas reservas de ouro? Se bem me recordo serão cerca de 382 toneladas e já valerão qualquer coisa como 16 mil milhõers de euros. Portugal detem (ou detinha?)  um dos mais elevados valores de reservas de ouro per capita do mundo. O produto da venda de uma parte deste ouro poderia (proposta de Miguel Cadilhe feita há uns anos atrás) ser aplicado na indemnização de funcionários públicos dispensáveis, reduzindo-se o défice público estrutural.
Coloquei esta questão neste caderno de apontamentos várias vezes, e perguntei a gente supostamente informada porque é que não se vende o ouro. As respostas que tenho obtido têm sido as mais díspares, desde a sensibilidade psicológica social do assunto até à eventual impossibilidade determinada por leis ou compromissos comunitários que ninguém me identificou. Tanto quanto julgo saber Miguel Cadilhe também não voltou ao assunto. De vez em quando a questão é referida na imprensa mas não suscita qualquer eco da parte dos inúmeros comentadores com palco assegurado nos media de largo alcance.  
Hoje, leio aqui que o governo cipriota pretende vender parte das reservas de ouro para angariar 400 milhões de euros e financiar parte do resgate financeiro a que vai ser sujeito. Afinal o que é que impede Portugal de fazer o mesmo?
Já foi vendido?
E não nos disseram nada?
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Num dos meus apontamentos sobre o assunto ocorreu-me ver nos romenos, que durante algum tempo  nos cruzamentos das ruas de Lisboa pediam esmola esboçando um sorriso tímido onde brilhavam dentes de ouro, a imagem de Portugal falido mas com respeitáveis reservas de ouro no seu banco central.

Friday, February 01, 2013

UM PAÍS NO PREGO

Chegaram quase de repente como uma praga. De norte a sul, instalaram-se densamente em todos os aglomerados urbanos de média e grande dimensão do país. São as casas de penhores, agora redenominadas lojas de compra de ouro. No tempo do outro senhor, os usurários das casas de prego escondiam-se em recantos discretos onde os procurava a miséria envergonhada.
 
Esta vaga recente não só não se esconde como se multiplica da forma mais escancarada possível e promove o negócio até em out doors. Pelo menos um deles, oferece até 55 euros por cada grama de ouro, um valor que não pode deixar de levantar suspeitas a quem não entre em detalhes e compare a oferta com o valor oficial nos mercados internacionais, consideravelmente mais baixo. 
 
Dir-se-á que este é mais um indicador de que os portugueses andaram a viver acima das suas possiblidades, comprando ouro com dinheiro que não tinham, e agora, por força da crise, são obrigados a devolvê-lo à procedência. Haverá, certamente, casos desses. Mas também haverá muitos casos de gente obrigada a desfazer-se de valores estimativos antigos que os olhos do usurário não verão nunca quando lhe entram os desesperados pela porta dentro.
 
É a vida, diria o outro. Pois é, é a vida de um país no prego.

Tuesday, January 08, 2013

UM ACHADO À ÚLTIMA HORA

Na entrevista do Expresso, afirma o Presidente da República "Agora as privatizações são resultado da dinâmica insustentável da dívida externa, são consequência de um programa de ajustamento negociado com a troika, com o objectivo de reduzir a pressão dessas empresas públicas sobre o orçamento e de obter recursos para diminuir a dívida pública. É a força das circunstâncias que leva a este novo ciclo de privatizações." E isso preocupa-o? Quando um país tem grandes desequilibrios externos, quais são as alternativas? Pedir empréstimos? Já não podemos. Vender ouro? Ainda temos algum..." 

Vender o ouro. Por que não? Venho apontado recorrentemente esta questão neste bloco de notas há muito tempo. Estranhamente, a ausência de abordagem do assunto persiste apesar do PR o ter deixado em suspenso na resposta que deu. E que, suponho,  ninguém lhe pegou.

Curiosamente, ontem e hoje, a questão mais discutida entre economistas nos EUA é uma ideia que pode resolver a contenda, suspensa por dois meses, entre democratas e republicanos sobre o aumento do nível da dívida pública, como pretende Obama, ou a redução da despesa pública, reclamada pela oposição, que, incontornavelmente determinará uma recessão acentuada nos EUA com reflexos imparáveis na economia mundial. 

Que ideia é essa? Cunhar um trilião em moedas. Não aumenta o défice nem terá impacto sobre o nível dos preços e, ouro sobre azul, é legal e não carece de autorização do Senado e do Congresso. Quem quiser saber como é que a ideia luminosa pode funcionar comece por aqui e explore os links que vão remetendo uns autores para outros. 

E, em Portugal? Por que não se amoeda o ouro que resta? Com a crise de confiança que paira pela Europa em geral e, hiper agravada em Portugal, os ourinhos vender-se-iam melhor que pãezinhos quentes, não? Sempre que coloco esta questão a alguém que suponho com conhecimentos suficientes do assunto para dar umas para a caixa, ouço as mesmas respostas: "não resolvia o problema da dívida" - mas falamos de cerca de 16 mil milhões de euros!, muito mais do que pode valer o que falta privatizar - "teria um impacto sociológico negativo tremendo" - mas a cunhagem permitiria aos portugueses investir no que é seu, e à medida das suas possibilidades, num activo seguro. 

Talvez Krugman, doutorado honoris causa no mesmo dia por três universidades portuguesas, devesse ser consultado. Se o PR não estiver mal informado e o ouro não tiver já sido derretido num buraco desconhecido, perto de si.

Wednesday, November 21, 2012

SELASSIE


O senhor Abebe Selassie, chefe da missão do FMI em Portugal, em entrevista do DN afirma, entre outras coisas, que "medidas extraordinárias mascaram a consolidação orçamental". Não é necessariamente assim, (se receitas extraordinárias pagarem despesas extraordinárias de igual montante o saldo estrutural não é alterado) mas foi quase sempre assim no passado, com o consentimento do Eurostat. Aliás, encontra-se ainda pendente de uma decisão definitiva deste orgão da UE a aceitação da receita da venda da Ana na redução do défice deste ano, que, no entanto, quanto é do conhecimento público, não se prende com este critério mas com o objecto da privatização em causa.

Tivesse o Eurostat adoptado antes um critério diferente e, provavelmente, o endividamento público não teria ido tão longe porque teriam ocorrido algumas medidas de racionalização dos serviços prestados pela função pública. Miguel Cadilhe propôs, há alguns anos já, a redução do número de funcionários públicos com recurso à venda de parte das reservas de ouro para o pagamento de indemnizações. Nunca mais se falou do assunto e, repito-me, continuo sem perceber por que razão Portugal, com a dívida enorme que tem, e que não vai parar de crescer tão cedo, contrariamente ao que afirma o ministro das Finanças, continua a deter um dos mais elevados rácios do mundo de reservas em ouro  por mil habitantes. O critério adoptado, e que pelos vistos ainda se mantém, é permissivo da mascarada que Selassie refere.

Para além de algumas claras contradições que ontem apontei aqui nos discursos dos responsáveis do FMI, a começar pela senhora Christine Lagarde, o senhor Selassie, afirmou na entrevista ao DN que  "O dinheiro emprestado pela troika é muito barato". Este é um tópico que, pelo facto de raramente ser referido nas declarações dos membros da troica, e igualmente ignorado pelo governo quando a questão da redução da despesa pública é abordada, mereceria um contraponto que o entrevistador,  - vd aqui - não colocou. E, no entanto, os juros têm um peso relativo considerável, cerca de 8% - no total da despesa pública, e não retrocederão enquanto a dívida ultrapassar o PIB e o crescimento económico ficar aquém da taxa de custo da dívida, uma situação altamente  improvável em tempo útil  se não houver uma redução dos juros e uma extensão, a perder de vista, do termo  de parte ( 60%?) da dívida.

O senhor Abebe Selassie pode considerar barato o empréstimo da troica (não sabemos como considerará o financiamrnto a taxas negativas da dívida soberana da Alemanha) mas também sabe que Portugal não tem condições para pagar a dívida e os juros no contexto de crise em que se encontra e da qual, porque envolvido num círculo vicioso de dívida - juros - recessão - dívida - não sairá pelo seu próprio pé. Se o senhor Selassie não sabe isto não sabe nada de relevante da realidade portuguesa.
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Correl. - Portugal tem pouca margem para pedir condições mais vantajosas.
 Se tem pouca margem para obter redução de juros não tem margem nenhuma para pagar os que (não) está a pagar. Porque se paga os juros que paga, paga-os com aumento da dívida. E assim continuará a ser enquanto não produzir riqueza que permita pagar os juros e reduzi-la. Quando é que isso pode vir a ocorrer? Não no horizonte visível pelo senhor ministro das Finanças, segundo declarações suas.

Monday, September 24, 2012

O OURO DA CRISE

Quase dez por cento do crescimento das exportações este ano é resultado de vendas de ouro, segundo o INE. Nos primeiros sete meses de 2012, Portugal exportou 26.914 milhões de euros em bens. Este valor é superior em 2.193 milhões ao que se registou no mesmo período do ano passado (subida de 8,9 por cento; valores nominais). Nos primeiros sete meses de 2012, as exportações de ouro portuguesas ascenderam a 455,9 milhões de euros. Comparando com o mesmo período de 2011, Portugal vendeu mais 201 milhões de euros, um crescimento superior a 75%. Desde 2000, a evolução das exportações de ouro (em euros) foi a sguinte: 
2012 (até Julho) 445,9
2011 519,4
2010 216,4
2009 102,1
2008 33,4
2007 6,9
2006 8,5
2005 1,4
2004 1,9
2003 2,3
2002 4,5
2001 5,6
2000 9,3
 
O crescimento das exportações tem sido dos poucos indicadores que têm aliviado o quadro negro da economia portuguesa. Mas saber que dez por cento desse crescimento, este ano, é resultado de vendas de ouro, é um indicador de sentido contrário.
Porque se,
Portugal não está a exportar ouro extraído de minas. É possível que isso possa acontecer dentro de quatro anos, segundo declarações do ministro da Economia feitas há algum tempo, mas por agora não há extracção mineira de ouro em Portugal,
Não é provável que os artífices de ouro portugueses tenham subitamente ganho credenciais lá fora para um aumento das exportações de ouro trabalhado,
Não é provável que o Banco de Portugal esteja a vender ouro e essas vendas consideradas exportações, embora eu continue sem perceber a política do BP relativamente às relativamente elevadas (acredito que ainda sejam) reservas de ouro à sua guarda numa altura em que as cotações estão em alta e a dívida pública indomável,
Só há, penso, uma justificação para esta escalada nas  vendas de ouro: qualquer coisa como 10 toneladas até Julho: a venda forçada de ouro trabalhado em consequência da crise. Há muita gente a recorrer aos compradores de ouro, que já devem ter ultrapassado os seis mil, que derretem anéis, pulseiras, fios, medalhas,gargantilhas, brincos, etc., e o moldam em barras para exportação.   Vd vídeo aqui
Dez toneladas de ouro são muitos anéis, muitas pulseiras, muitos fios, muitas medalhas, muitas gargantilhas, muitos brincos. São dez mil quilos de ouro que se escaparam dos dedos de quem não poude continuar a segurá-los. Chamam-lhe exportações. 
 

Friday, October 14, 2011

E O OURO?

Ouço comentadores de todos os quadrantes a discorrer sobre as desgraças que se abateram sobre este País, e o tempo que levámos a dar conta que elas pairavam sobre nós, e a tentarem descortinar saídas do labirinto  porque os (ao que parece) inevitáveis castigos previstos não permitem, antes pelo contrário, vislumbrar qualquer luz ao fundo.

E volto, mais uma vez, a perguntar-me: E o ouro? Por que é que ninguém fala do ouro?
Há impedimentos para a sua venda, já se sabe. Mas por que é que não é negociada a sua transferência para o BCE sem passagem pelo mercado?
Vale pouco?
Vale muito. Vale mais que os 12 mil milhões previstos no acordo com a troica para a recapitalização dos bancos e que, às cotações em bolsa actuais, poderiam comprá-los todos.

Faz algum sentido que um país afogado em dívidas continue com reservas em ouro tão (relativamente) elevadas? 

Ocorre-me sempre a mesma imagem: A dos imigrantes de leste a esmolarem em Lisboa exibindo um sorriso de dentadura dourada.

Ou será que já o levaram e não me disseram nada?

Sunday, October 02, 2011

O OURO E O EURO

A crise do euro anda anunciada por toda a parte, aliás, muita gente sabida anda a rezar-lhe pela alma desde que ele nasceu. E, no entanto, ele continua firme mesmo quando o sistema bancário é abalado pelo descontrolo, que ele mesmo promoveu, de algumas dívidas soberanas. Relativamente ao dólar, a divisa de referência ainda mais usada nas transacções internacionais, o euro vem-se mantendo desde o seu lançamento, salvo um período quase inicial relativamente curto, bem acima da moeda norte-americana. Se os investidores não são generalizadamente tontos, o desaparecimento do euro não acontecerá nos tempos mais próximos.

Dos 27 países membros, 10 não aderiram ainda à zona euro, mas destes, 4 têm o valor das suas moedas ligadas ao euro. Das 6 restantes, a libra enleou-se ao euro nos últimos doze meses (aqueles em que a crise do euro tem sido mais badalada) entre um mínimo de 0,830 e um máximo de 0,905 EUR/GBP, e uma desvalorização do euro de apenas 1,3% no período considerado; a coroa sueca flutuou entre 8,70 e 9,40 EUR/SEK e uma variação quase nula; contra a coroa checa, entre 23,99 e 25,36 EUR/CZK, e uma variação quase nula; contra o florint hungaro, entre 262,46 e 294,5 EUR/HUF e uma valorização de 7% ; contra o zlot polaco, entre 3,84 e 4,52 EUR/PLN e uma valorização de 25%; contra o leu romeno, entre 4,06 e 4,36 EUR/RON e uma valorização de 1,6%; Conclusão: Com excepção da Polónia, todos os países membros da UE não membros do SME, Reino Unido, incluido, têm as suas moedas ancoradas ao euro em situação de crise do euro.

Contra as moedas de refúgio: duas moedas fortes europeias de países não membros da UE - Noruega e Suiça - a coroa noruegesa flutuou entre 7,50 e 8,20 EUR/NOK e uma desvalorização do euro de 13% ; o franco suíço, que se colou ao euro recentemente por razões de defesa de competitividade da economia suiça, e que apanhou muita gente desprevenida, flutuou entre 1,02 e 1,37 EUR/CHF e o euro desvaloriza 10%. Contra o Yen japonês, entre 101,27 e 123 EUR/JPY e uma desvalorização de 10%. Contra o dólar, entre 1,289 e 1,484 e uma desvalorização de 2,8% .

Se alguns dos mais abonados foram apanhados desprevenidos com a desvalorização súbita do franco suíço, aqueles que se refugiaram no ouro acabam de apanhar um balde de água fria. Há dias, Odyssey Ocean, uma empresa dedicada à caça de tesouros, encontrou ao largo da Irlanda um barco afundado em 1941 com 220 toneladas de prata a bordo, afundando as cotações do ouro.  Conclusão: Não há, definitivamente, nenhum refúgio seguro.

Segundo o FT de hoje, "Investors discovered that, in an interconnected world, all assets move together in a crisis. Just as in 2008, traders who had borrowed or used futures to invest in, say, shares or copper, last week had to stump up more cash to back the loans as prices fell. To raise money, they turned to the one part of their portfolios showing a profit – and that meant selling precious metals, hurting their price".

Mas, ainda segundo o articulista do FT, há quem não duvide que o ouro voltará a subir e chegará aos 2000 dólares/onça.
.
A menos que a Odyssey Marine lhes baralhe outra vez os prognósticos.

Friday, August 19, 2011

ALBERTO E DEULADEU

Jacques Delors, agora com 86 anos, afirma em entrevista concedida a dois jornais, um belga, outro suíço, que a Europa se encontra à beira do abismo. Exagero? Admitamos que sim. Mas, sem exagero, não podemos deixar de considerar Portugal em muito maus lençóis.  

E, no entanto, como diversas vezes já tenho apontado neste bloco de notas, o Banco de Portugal ainda detem (presume-se que detenha, porque nada foi informado em contrário, 382 toneladas de ouro das 865,936 herdadas do antigo regime).  

Ora o ouro, segundo as notícias mais recentes continua a subir e atingiu hoje 1877 dólares/onça troy
Em meados de Maio do ano passado, segundo cálculos referidos aqui, as 382 tons  valiam, naquela altura, cerca de 12,1 mil milhões de euros, quando o preço do ouro estava em 1244 dólares/onça. Entretanto o dólar desvalorizou-se contra o euro cerca de 13%, o que quer dizer que as nossas reservas em ouro valem, ao preço de hoje mais que 16 008 milhões de euros, ou seja, um pouco menos que 10% da dívida pública.

Faz sentido que um país esteja ameaçado de bancarrota quando detem recursos deste dimensão adormecidos?

Se Portugal se dispusesse a entregar o ouro ao BCE não teria, só essa iniciativa, o condão de amansar os credores? As regras não deixam? Alterem-se as regras.
Como dizia o Alberto, é estúpido continuar a fazer o mesmo e esperar resultados diferentes.
Aliás, foi também o que pensou Deuladeu.

---
Aqui, o que pensa o actual ministro da Economia & etc., acerca do asssunto.
Aqui, uma explicação das regras pelo BP
Alemães qurem que Espanha e Itália vendam o ouro, aqui
M Cadilhe propôs a venda do ouro para indemnização a funcionários dispensáveis, aqui 

Tuesday, August 09, 2011

E ELE AINDA EXISTE?

volto a perguntar.

Já aqui anotei neste caderno algumas vezes a interrogação: Por que não se vende o ouro?
Não se pode, parece.
Pois façam que se possa, pôça!


E por que não, senhores, e por que não?
Agora que o ouro está no zénite. E se não está, ou não está perto, é porque não estaremos longe de uma catástrofe financeira global.
...
correlacionado - O ouro atinge um novo máximo histórico próximo dos 1800 dólares

Friday, July 29, 2011

O MAL É QUASE GERAL

A grande diferença é que uns estão muito pior que outros.

Obama tenta obter um acordo que lhe permita aumentar a fasquia da dívida e reduzir o défice. O nervosismo que se apoderou dos mercados financeiros desde há uns meses e se exacerbou nos últimos dias, com particular destaque para o dia de hoje com a aproximação da data limite para os EUA evitarem um default ainda que muito temporário, também se pode avaliar pelo comportamento dos câmbios das principais moedas e pelas cotações do ouro.

O ouro atingiu hoje um novo máximo histórico: 1.637,50 dólares por onça em Nova Iorque.
O franco suíço ganha destacadamente a todas as principais moedas:

Contra o euro - 14% em meados de junho relativamente a junho do ano passado. Hoje situava-se 21% acima.
Contra a libra - 20% e 27%, respectivamente.
Contra o dólar - 31% e 41%
Contra a coroa norueguesa - 14% e 19%
Contra a coroa sueca - 10% e 15%
Contra a coroa dinamarquesa - 14% e 22%
Contra o yen - 16% e 21%.

Nos últimos doze meses, também contra o franco suíço
O dólar australiano perdeu 9%
O dólar canadiano perdeu 23%, uma perda  idêntica à das principais moedas europeias.
Afinal de contas nem só na Zona Euro a moeda treme.

TÍTULOS DO DIA

Riscos da Dinamarca e Bélgica atinge valores recorde
A crise das dívidas leva ouro a fixar máximo histórico
O metal precioso valorizou para um novo preço recorde, numa altura em que se receia que os Estados Unidos entre em incumprimento da dívida e depois de a Moody’s ter ameaçado cortar o "rating" de Espanha.

Obama warns on rating as GDP slows

Thursday, July 21, 2011

TRUNFO É OUROS

c/p aqui

Gold and the Swiss franc
Flight to safety
Investors push up the price of gold and the Swiss franc

WHEN the going gets tough, investors buy two assets: gold and the Swiss franc. Gold's all-time peak in real terms was in 1980 when inflationary fears were particularly intense. That followed a long period of Swiss-franc strength in the 1970s, which forced the government to impose negative interest rates in a bid to dissuade foreigners from opening bank accounts in the currency. With investors now worried about European sovereign debt and the crisis over the American debt ceiling, it is not surprising that both assets are popular again. Gold has been hitting nominal highs, while the Swiss franc has reached a record in real trade-weighted terms (ie, against the country’s trading partners). The Swiss have both a fiscal and a current-account surplus, a low inflation rate and a relatively low debt-to-GDP ratio.

Monday, July 04, 2011

O OURO AINDA ESTARÁ LÁ?

A pergunta começa a ser recorrente, há quase dois meses coloquei dois ou três apontamentos acerca do assunto, a que fiz referência aqui: Por que não se vende o ouro para pagar parte da dívida pública? E por que é que a Grécia não faz o mesmo? E, já agora, os EUA, onde a questão também se coloca, como pode constatar-se aqui.

Hoje, aqui, a pergunta volta à baila.

Não se pode, segundo parece, o BCE não permitiria.
Mas se o BCE não permite por que razão não toma o BCE conta das barras que estão nas caves do Banco de Portugal? Ao actual preço de mercado, pois claro, e nos reduz a dívida e os encargos?
.
Se, como é inevitável, a pergunta começa a surgir com insistência, não deveria o Governo dar uma boa explicação para o facto de Estado estar compelido por compromissos externos a ficar sem dedos mas a continuar com os anéis?

Porque, mais importante do que a eventual continuada subida da cotação do ouro, que é desconhecida, é a certeza do crescimento da carga da dívida que não parará sufucantemente de crescer enquanto não lhe for aplicada uma machadada a preceito. 

Por que é que em Portugal não se fala disto?