Tuesday, June 18, 2024
EURÓFAGOS
Friday, May 31, 2024
SUSPEITOS FASCISTAS
Saturday, October 15, 2022
TODOS NO MESMO CABAZ, E FICA ASSEGURADA A PAZ
De Miguel Monjardino lia-se no Expresso de 7 deste mês uma das suas habituais crónicas sobre política internacional naquele semanário, que transcrevo.
No aniversário de Putin - Miguel Monjardino - c/p EXPRESSO
"Há 40 anos, quando frequentava a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, as armas nucleares eram recorrentes nas conversas políticas. Entre as aulas de Direito das Obrigações e de Finanças Públicas, o fantasma da guerra nuclear fazia parte das nossas preocupações. As divergências eram enormes. Nos jornais, o tema era frequente. Na primavera de 1983, o discurso de Ronald Reagan com a proposta da Iniciativa de Defesa Estratégia deu origem a uma polémica nos países da NATO.
É importante recordar isto agora. Em Moscovo, está em curso a inevitável mudança do triunfalismo imperial para a dúvida e a rejeição. É difícil encontrar na história militar caso equivalente ao da Rússia na Ucrânia. Uma grande potência militar, com arte operacional da guerra temida pelas forças armadas europeias e equipamento avançado, não consegue vencer a resistência de um inimigo que, supostamente, devia ter entrado em colapso em alguns dias.
Vladimir Putin faz hoje 70 anos. É um decisor político obcecado pela sua marca histórica. Tal explica, em parte, a invasão da Ucrânia. Como demonstrou o extraordinário discurso da semana passada, o líder russo tem outro objetivo estratégico: desmantelar a ordem internacional que, segundo o Kremlin, garante a hegemonia dos Estados Unidos. Putin acredita convictamente em duas coisas contraditórias. Por um lado, os pérfidos “anglo-saxões” dominam europeus e japoneses para tentar controlar e explorar o mundo. Por outro, o satanismo, o racismo, o liberalismo político e a decadência moral no mundo anglo-saxão condenam-no à decadência. Tal levou-o a concluir que a Rússia está envolvida numa guerra civilizacional que tem de ganhar, a todo o custo, para que os seus valores autocráticos prevaleçam. Fascistas, comunistas e departamentos universitários europeus e americanos partilham esta avaliação.
Como reagirão Putin e o seu regime às crescentes dificuldades da guerra na Ucrânia? Convém termos presente que a tentativa dos Estados Unidos e dos países europeus de o dissuadirem de invadir falhou no dia 24 de fevereiro. Putin tem três opções que podem ser combinadas entre si.
A primeira é continuar a guerra e esperar que a mobilização resolva os problemas da falta de infantaria e de equipamento nos teatros de operações. Na primavera, os problemas políticos e económicos na Europa e nos Estados Unidos deverão levar os seus governos e opiniões públicas a compreender que é do seu interesse negociar com Moscovo e garantir a continuidade do poder de Putin. A segunda opção é uma declaração unilateral de cessar-fogo ao longo da atual linha da frente. Tal poderia criar divisões importantes entre Kyiv e seus apoiantes e dar tempo ao Kremlin para recuperar forças e equipamento. Por fim, resta-lhe a coerção em termos de retórica, sinalização e, no limite, utilização de armas nucleares táticas na Ucrânia ou na vizinhança para quebrar o consenso euro-atlântico e forçar uma negociação favorável aos seus objetivos.
Nos 70 anos de Putin, devemos levar a sério a sua retórica sobre as armas nucleares e ponderar as nossas decisões e dilemas."
Monday, August 01, 2022
FASCISMO RUSSO
Vladimir Putin is in thrall to a distinctive brand of Russian fascism
That is why his country is such a threat to Ukraine, the West and his own people

What matters most in Moscow these days is what is missing. Nobody speaks openly of the war in Ukraine. The word is banned and talk is dangerous. The only trace of the fighting going on 1,000km to the south is advertising hoardings covered with portraits of heroic soldiers. And yet Russia is in the midst of a war.
In the same way, Moscow has no torch processions. Displays of the half-swastika “z”
sign, representing support for the war, are rare. Stormtroopers do not
stage pogroms. Vladimir Putin, Russia’s ageing dictator, does not rally
crowds of ecstatic youth or call for mass mobilisation. And yet Russia
is in the grip of fascism. - more
Tuesday, July 26, 2022
A TERCEIRA ROMA - PARTE 3
Russia says it wants to end Ukraine’s `unacceptable regime’ - aqui
Mas qual é, afinal, o objectivo último de Putin?
Na Itália, líder da extrema direita ganha força com discurso pós-fascista - aqui
Sunday, April 10, 2022
A ÉGUA DE TRÓIA
A França governada por Le Pen, para além de chauvinista e racista, é declaradamente anti europeísta, abrirá a maior fractura numa União Europeia que tem sido estruturada com avanços e recuos, compromissos e conivências para agradar a gregos e troianos, será o cavalo (ou a égua?) de Tróia que os democráticos europeus distraidamente, ou coniventemente, deixaram entrar.
Tuesday, November 05, 2019
JUVENTUDE NEURÓTICA

O autor, austríaco, desta peça de teatro em cena no Teatro Aberto, Ferdinand Bruckner ( Sófia 1891 - Berlim 1958 ) situou este seu trabalho sugerido pela instabilidade psicológica da juventude vienense percepcionada pelo autor nos anos 20 do século passado. A peça foi publicada em 1929, a acção decorre em 1923, e encena uma epidemia moral que atingia a juventude burguesa daquele tempo em Viena e se alastrava pela Europa no pós-primeira guerra mundial.
Resumidamente, há um grupo de estudantes de medicina, três rapazes, três raparigas e uma jovem e inocente empregada do grupo. Um dos estudantes é dominador e regozija-se a destruir as relações entre eles: corrompe a inocente empregada, anima as tendências suicidas da bissexual aristocrática, e acaba por voltar-se para quem antes repudiou ostensivamente.
É nesta amostra de neurose colectiva da juventude que Bruckner sugere a emergência do fascismo, e nova guerra, duas décadas depois.
Sugere a reposição desta peça publicada há noventa anos a recidiva de uma situação patológica moral com sintomas semelhantes nos dias de hoje, augurando idênticas consequências? É essa a implícita explicação desta e de outras reposições recentes da peça.
Relativamente ao trabalho em cena no Teatro Aberto, considero, mais uma vez a propósito das mais recentes representações do TA, que a projecção de vídeos desvaloriza a arte do teatro, o cenário, de tão exagerado em dimensões e iluminações, desvia a atenção dos espectadores da expressividade dos actores. E o guarda roupa é um excesso: em gosto, porque Tenente é um bom estilista, em quantidade porque uma peça de teatro não é um desfile de moda. Ainda que um desfile de moda tenha o seu lado teatral.
Monday, April 24, 2017
QUADRILHA NACIONALISTA
- Nem num nem noutro! Abstinha-me!
- Abstinhas-te?
- Abstinha-me.
conflito bélico mundial, encaminha para a desagregação a frágil unidade europeia ainda que a provável vitória de Macron a 7 de Maio possa conter o avanço nacionalista na Europa durante os próximos anos.
Dos nove candidatos que concorreram na primeira volta às eleições para a presidência francesa, apenas Emmanuel Macron, que não é suportado por nenhum partido, se afirmou europeísta convicto. Recolheu apenas 23% dos votos, um número suficiente para o colocar na segunda volta e, muito provavelmente, ser presidente de França dentro de duas semanas, mas que confirma que a União Europeia continua sem partidos nem cidadãos que inequivocamente se assumam como europeus.
E sem europeus, Europa continuará a ser apenas nome de um continente de estados-nações condenados a agredirem-se uns aos outros ad seculum seculorum.
Sunday, November 20, 2016
DE LESTE E OESTE SOPRAM NUVENS NEGRAS SOBRE A EUROPA
Coloquem-se de parte as causas dos erros das sondagens e foquemos-nos nos resultados. Quem venceu?
Claramente, aqueles que aderiram ao discurso de Trump.
Foi o discurso de Trump um discurso "politicamente incorrecto" e, por esse motivo, sobrepôs-se ao discurso "politicamente correcto" dos seus opositores nas primárias e de Hillary Clinton na corrida final?
Houve, obviamente, uma inversão do sentido das palavras que parece estar a ser geralmente despercebido. Uma mensagem "politicamente correcta" é (ou era) aquela com a qual o emissor procura ir de encontro aquilo que os receptores, na sua maioria, querem ouvir.
Ou não?
Se assim é, foi Trump e não Clinton quem discursou de forma mais politicamente eficaz, i.e., da forma mais politicamente correcta.
Pelos vistos os norte-americanos que votaram em Trump (menos do que aqueles que votaram em Clinton, mas com melhores resultados pelas razões conhecidas) não votaram por melhor assistência na doença, por melhor segurança social, por mais e melhor emprego (a economia dos EUA está a crescer bem e em quase em situação de pleno emprego) nem por mais igualdade de oportunidades entre homens e mulheres. As mulheres brancas, aliás, votaram maioritariamente (53%) em Trump. São masoquistas, estúpidas ou adoram ser pegadas pela vagina como disse Trump?
Para mim, a resposta é clara: Trump venceu porque apelou aos instintos nacionalistas, xenófobos, racistas de muitos norte-americanos. Se não porque outra razão? Neste sentido, fez um discurso "politicamente correcto". Ou não?
Não quero acreditar que, os que votaram em Trump, o tenham feito por birra a quem apetece mas não se pode dar uma palmada. Ou por estouvamento juvenil geralmente mal desculpado.
Agora, não resta senão esperar que a dignidade democrática amadureça os "imaturos" sem palmadas.
E que a Europa, onde as vagas de nacionalismo atingem alturas assustadoras, não caia nas mãos de trumpitos**.
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* Comentário colocado aqui a propósito desta e desta reflexões de J C Alexandre.
**Em França estão a decorrer as primárias para a nomeação do candidato da direita moderada que deverá enfrentar Marine Le Pen, já que a esquerda se encontra desbaratada à partida. Um dos candidatos, Sarkozy, ex-presidente da República, e também o mais mediático, segundo li algures, "mimetiza nos seus discursos os discursos de Marine Le Pen".
Monday, June 02, 2014
OLHA QUE DOIS
Os próximos anos serão cruciais para garantir a paz na Europa. Quando, em 1960, De Gaulle lançou a ideia de uma Europa das nações (também repescada por Le Pen) estava longe de supor a evolução do resto do mundo, agora transformado numa aldeia global, um termo cunhado poucos anos depois da designação gaullista. Muitas das palavras do chefe de Estado francês* subsistem ainda hoje como principal argumentário, eficazmente convincente, dos nacionalistas contra a integração federativa da Europa.
Mas o mundo mudou, e mudou muito. E se a Europa não mudar continuará a ver passar por si o mundo.
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cit. adapt. a partir daqui
Europa das nações em 1960
Para De Gaulle importava actuar, não de acordo com os sonhos, mas sim em conformidade com as realidades, para construir a Europa, isto é, unificá-la. Ora quais são as realidades da Europa? Quais são os alicerces sobre os quais queremos construi-la? Na verdade, são os Estados que, de certo são muito diferentes uns dos outros, que têm cada um a sua alma para si, a sua história para si, a sua língua para si, os seus infortúnios, as suas glórias, as suas ambições para si, mas Estados que são as únicas entidades que têm o direito de ordenar e a autoridade para agir. Fingir-se que pode construir-se qualquer coisa que seja eficaz para a acção e que seja aprovado pelos povos por fora e por cima dos Estados, é uma quimera. Seguramente, esperando qu'on a pris corps à corps e no seu conjunto o problema da Europa, é verdade que se pôde instituir certos organismos mais ou menos extranacionais. Estes organismos têm o seu valor técnico mas não têm nem podem ter autoridade e por conseguinte eficácia política.
A Europa como confederação de nações
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Correl. - A União Europeia vai destruir a Europa - José Gil