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Saturday, October 22, 2016

POR OBRA E GRAÇA DA OUTRA GERINGONÇA

O sr. António Domingues, antecipadamente reformado do BPI, vai receber - vd. aqui - 423 mil euros por ano como remuneração fixa, a que poderão acrescer mais cerca de 50% de remunerações variáveis consoante os resultados alcançados.
É muito?
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Segundo o sr. Mário Centeno, as remunerações atribuídas aos gestores da Caixa Geral de Depósitos, nomeados recentemente, foram alinhadas pelas medianas das remunerações dos gestores em bancos privados de maior dimensão a operar em Portugal.
O Presidente da República discorda do critério porque, disse ele, nada justifica que as remunerações dos gestores do banco público sejam idênticas às atribuídas pelos accionistas dos bancos privados.
E tem toda a razão.

O sr. António Domingues, reformou-se antecipadamente do BPI e aceitou o convite feito pelo Governo para presidir à administração da Caixa Geral de Depósitos, exigindo condições que envolverão custos elevados para o banco público, - entre outros, novo aumento de capital, perdão da dívida ao Estado, redução de efectivos, aumento de remunerações dos outros administradores por ele escolhidos, que maioritariamente transitaram do BPI, e alguns terão de fazer cursos de formação em estratégia bancária por imposição do BCE- e, para ele, remunerações fixas que, exactamente, duplicam aquelas que auferia no BPI. E, além destas, remunerações variáveis que poderão elevar o total do seu remuneratório para cima de 600 mil euros anuais.
Quem aprovou? A outra geringonça: PS+PSD
E todos quantos acenam arrelampados que sim, que será dinheiro bem gasto se o sr. António Domingues e a sua equipa cumprirem os objectivos acordados.
Que objectivos? Não sabemos.

O que sabemos é que o sr. António Domingues exigiu acumular as funções de presidente executivo com as de presidente do conselho de administração, e sabe-se lá o que é isso numa empresa pública, e prevenir-se com armas e bagagens para atravessar calmamente o inverno que se avizinha.
E depois?

Depois, se a Caixa continuar em caixarrota, o sr. António Domingues e Companhia vão à sua vida com mais uns milhões nos bolsos, e a factura será apresentada, como é costume aos contribuintes.
Percebeu sr. Mário Centeno as razões do sr. Marcelo Rebelo de Sousa?

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Correl. - (23/10) - Presidente da Caixa acusa Passos Coelho de faltar à verdade

Sunday, March 13, 2016

O MILAGRE DE SÃO MARCELO - EPISÓDIO PRIMEIRO


São seis e meia da manhã, em Belém.

- Noc! noc! noc!
- Bom dia! Entra, estimado  Frutuoso! Que ideia tua é essa de bater a uma porta aberta?
- Amado Presidente, segundo o protocolo ...
- Quantas vezes tenho de te lembrar, estimado Frutuoso, que o protocolo está em vias de reformulação de facto? Vá, vá, vá, deixa-te de protocolos e dá-me boas notícias.
- O povo ...
- Já sei, já sei, o povo quer afectos ...
- ... abraços ...
- ... beijinhos ... Dar-lhe-emos abraços e beijinhos, sem olhar a despesas. E que mais quer o povo?
- O povo também quer dar ...
- Óptimo. Nem outra coisa se poderia esperar do nosso muito querido e afectuoso povo. Gosta de receber mas também gosta de dar. Oh!, como eu conheço o povo a que pertenço! E o que nos quer dar o povo, estimado Frutuoso?
- O povo de Lagos quer dar D. Rodrigos ...
- E o de Boliqueime não mandou nada?
- Os de Boliqueime já chegaram há três dias ... Também já vieram D. Rodrigos de Faro, Loulé, ...
- Quantos?
- É aí que temos um problema ...
- Que problema, Frutuoso? Desembucha homem de Deus!
- Com as ofertas que já recebemos enchemos a dispensa de víveres, já não há mais espaço ...  ... Os de Lagos apresentaram-se esta manhã ao portão do Palácio com uma carrinha carregada de mais D. Rodrigos...
- Ao todo, quantos? Uma tonelada?
- Nem tanto. Talvez cem quilos ...
- É muito D. Rodrigo, é...
- Teremos de começar a rejeitar ...
- A quê?!! Estás doido, Frutuoso?!! Pior que não distribuir afectos ao povo é rejeitar os seus afectos.
Não se rejeita nada! Ficamos entendidos, estimado Frutuoso?
- Perfeitamente, amado Presidente. Mas onde vamos armazenar as ofertas que não param de chegar ao portão do Palácio?
- Para já, os D. Rodrigos podem vir aqui para o meu gabinete ...  Depois veremos ... Podes começar por mandar oferecer alguns aos sentinelas, estar de sentido aquele tempo todo deve consumir muito açúcar, que te parece? E que mais recebemos para estarem já as dispensas cheias?
- De Caminha recebemos vinte quilos de lampreias ...
- Vinte quilos, Frutuoso? Sabes o que são vinte quilos de lampreias?
- Sabe a balança ... E de Entre-os-Rios recebemos outro tanto ... E de Montemor-o-Velho ...
- E onde estão elas?
- Para já estão nos frigoríficos ...
- Pensamos nisso depois. E que mais?
- De Guimarães, toucinho do céu; de Felgueiras, cavaca minhota; foguetes e lérias de Amarante; do Alto Barroso, trutas do Rio Cávado; perdizes e coelhos, de Ribeira de Pena, ...
- ... e doces, ninguém mais trouxe doces?
- Temos toneladas de doces, amado Presidente. Tanto que o Palácio está neste momento literalmente invadido de formigas ...
- Estás a falar a sério?
- Como nunca. Já telefonámos para a empresa de desinfestação mais próxima ...
- Desinfestação?!!! Desinfestação de quê, Frutuoso?
- Das formigas ...
- Pára lá com essa ordem maluca. Aqui em Belém, em matéria de afectos não se segrega nenhuma criatura de Deus ... Deixa avançar as formigas! Que mais doces temos?
- Amêndoas de Moncorvo ...
- Oportunos, esses de Moncorvo. Temos a Páscoa ao pé da porta. E que mais? De Celorico, que temos? Não acredito que não tenhamos recebido sarrabulho ou morcelas doces de Celorico ...
- Foram os primeiros a chegar ...
- E que lhe fizeram?
- O cozinheiro, que é muçulmano e pouco em dia com os sentimentos ecuménicos o nosso bem amado Presidente, jogou com tudo no lixo ...
- Ignorante. Dá ordens para pedir mais com a desculpa de se terem esgotado por serem muito apreciados cá no Palácio. E que mais, que mais, que mais?
- Moncorvo mandou rosquilhas; da Guarda, torresmos ...
- Isso é doce? Estávamos a falar dos doces. Os afectos vão melhor com os doces.
- Estou a falar de memória, que não pede meças à do nosso amado Presidente ... Oliveira do Hospital mandou arroz doce à moda de lá ...
- E como é?
- Como à moda de cá, parece-me a mim, que não sou muito conhecedor de doçaria.
- E que mais temos?
- De Proença-a-Nova mandaram tigelada ...
- Uma?
- Umas cinquenta ...
- Não é verdade ...
- ... e bolo de mel. Também mandaram bolos de mel ... Uns dez
- Devem ser bons ...
- Foram fora. As formigas deram conta deles ...
- As formigas entraram nos frigoríficos???
- A maior parte dos bolos que recebemos já não coube nos frigoríficos ... E as formigas ...
- ... também precisam de comer. E que mais?
- De Alfeizerão ...
- ... pão-de-ló! Muito bem, fiquemos por aqui. Manda fazer uma lista do que temos e outra de todas as instituições de apoio social. Eu encarrego-me de uma comunicação ao país, agradecendo todas as dádivas e o destino benemérito que lhes demos por impossibilidade humana de nós próprios consumirmos tudo. Nós, e as formigas, mas talvez não seja muito prudente falar nas formigas. Há muita gente que odeia as formigas. Também, no campo dos afectos por todas as criaturas de Deus, temos um trabalho imenso pela frente!
- Voltarei com ela dentro de um minuto.
...
- noc! noc! noc!
- Oh! estimado Frutuoso, a porta está aberta!
- Desculpe, amado Presidente, mas o reflexo condicionado, está cientificamente provado, não se apaga à primeira ... Aqui está a lista ... mas temos notícias menos boas ....
- Temos quê?
- Chatices, que me perdoe o estimado Presidente o plebeísmo, mas temos notícias menos boas ...
- Que notícias, Frutuoso? Diz rápido! Sabes bem como nada me incomoda  tanto como a expectativa de  notícias que não sejam boas ...
- Estão na recepção o primeiro-ministro e o líder do maior partido.
- Tinham pedido audiência?
- Não, mas invocam urgência de serviço.
- Já lhe ofereceste bolos?
- Recusaram. O primeiro-ministro disse que entrou esta semana em regime de dieta, o líder do maior partido só gosta de farófias. Temos o palácio atulhado de doces e ninguém se lembrou de mandar farófias...
- Que diabo quererão eles? Esta não lembraria ao careca ... Quem chegou primeiro?
- O primeiro-ministro.
- Manda entrar primeiro quem chegou em segundo ...

Thursday, March 10, 2016

A FESTA FOI BONITA, PÁ, ESTAMOS CONTENTES

Marcelo tomou posse e, à noite, saltou à cadência da música de Abrunhosa, lembrou-me Dom Pedro na rambóia com a Lisboa medieva pobre.
O país estava a precisar de um presidente assim, à maneira de Mário Soares, ouviu-se repetidamente, e o próprio Marcelo não escondeu, mesmo durante a campanha eleitoral, que lhe admirava o estilo. Não a dançar, Soares, mesmo quando jovem, segundo parece, tinha o pé pesado.


Hoje está em Lisboa Pierre Moscovici para discussões com António Costa e Mário Centeno*.
Eurogrupo insiste num Plano B. 

Por razões óbvias, um plano B não é hipótese de que se reconheça publicamente a existência (mas que, no entanto, não pode deixar de existir) e se divulgue antes que se torne imperioso adoptá-la. Se anunciar um plano é uma jogada arriscada, divulgar uma hipótese alternativa equivaleria a comprometer o Plano A, que, neste caso, é o OE 2016. Estará o Eurogrupo a tentar precipitar o derrube do governo quando pretende o anúncio público da insuficiência das medidas previstas no OE, ainda em discussão  na especialidade? Ou ficará sossegado quando hoje António Costa tiver uma conversa de pé-de-orelha com Pierre Moscovici?

A propósito de planos que, como os chapéus, há-os de vários feitios:
Completam-se hoje 30 anos sobre a data em que  Mário Soares iniciou o seu primeiro mandato como Presidente da República. 
Nos primeiros dias de 1986 tinha havido um frente-a-frente entre Freitas do Amaral e Maria de Lourdes Pintassilgo. A páginas tantas, a discussão de ideias centra-se no confronto entre as virtudes e os malefícios do Plano. Freitas do Amaral aceita o Plano porque a Constituição** obrigava, Maria de Lourdes Pintassilgo considera o Plano uma exigência de sobrevivência nacional. 
Que o Plano não é assim tão útil e pode até ser perigoso, explica Freitas do Amaral, mostra-o o facto de haver países que não perdem tempo com planos, e são muito felizes com isso, e, pelo contrário, países que têm no Plano o seu santo salvador não passam da cepa torta. Quanto muito, Freitas do Amaral, concede que deveria haver um conjunto de objectivos. 
Por pouco, não venceu as eleições na primeira volta. 

Defrontou Mário Soares na segunda volta, que havia partido de uma posição de popularidade, medida pelas sondagens, inferior aquela com Cavaco Silva deixou ontem a presidência. 
No frente-a-frente final, Freitas do Amaral foi analítico, exaustivo na explicitação dos objectivos que se propunha atingir como presidente da República; Mário Soares, foi sintético, mais voltado para a contestação à consistência dos propósitos do seu opositor do que dar conta dos seus.  Venceu Mário Soares.

Trinta anos depois, Marcelo Rebelo de Sousa, tomou posse como Presidente da República. 
Foi eleito à primeira volta, assumindo explicitamente ver em Mário Soares o modelo que se propõe adoptar, sem obediência a planos prévios, movimentando-se consoante as circunstâncias. Mais do que manda a Constituição, a presidência é moldada pela personalidade do incumbente, ouviu-se ontem com insistência. 

Não sabemos, nem saberemos como se haveria Mário Soares com o espectro no horizonte próximo de planos de medidas de austeridade, que colocarão à prova a fragilidade do apoio condicionado ao Governo.
Como se haverá Marcelo Rebelo de Sousa com eles? É esse o travo amargo de quarta-feira de cinzas.

** Constituição da República - 1976
Na revisão constitucional de 2005 - Constituição da República - Revisão de 2005 - o Plano subsiste
imperativo ... mas, na realidade, meio esquecido.

Tuesday, March 08, 2016

O QUE É QUE MARCELO PODE FAZER POR ESTE PAÍS?

Marcelo toma posse amanhã; depois de amanhã chegam a Lisboa Pierre Moscovici, comissário europeu para os assuntos económicos e financeiros e Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo, para conversações com o primeiro-ministro António Costa. Sendo Moscovici membro do partido socialista francês e Dijsselbloem membro do partido trabalhista holandês, não é esperável que entre os três possam interpor-se obstáculos de índole ideológica. 

Mas o cariz seco e despachado - cf. aqui - com que responderam à jornalista que os entrevistou acerca do comunicado do Eurogrupo que insiste na introdução de medidas de austeridade adicionais - o famigerado Plano B -  numa altura em que o OE 2016 ainda não foi aprovado na especialidade, faz prever um embate difícil para o governo português, entalado entre a espada de Bruxelas e a parede dos parceiros acidentais.

"Não é uma questão de "se", mas de "quando" terão de ser implementadas por Portugal as medidas de austeridade alternativas para corrigir o défice deste ano, aponta o comunicado do Eurogrupo sobre Portugal", repetido por Dijsselbloem na entrevista. Queres acrescentar alguma coisa, Moscovici? Só para esclarecer que o "se" e "quando" significa que têm de ser implementadas e na quinta-feira estaremos em Lisboa. Resumindo: não esperam sequer pelos primeiros resultados da execução do OE em discussão na especialidade na AR. 

O que pode fazer Marcelo Rebelo de Sousa, a quem vai ser submetida para promulgação a lei do OE 2016, para desbloquear o confronto já desenhado entre a Comissão Europeia e o governo português? Se as razões do primeiro-ministro não forem compreendidas pelos seus interlocutores socialistas,  o PR, que não participa em nenhum órgão decisor da União Europeia, tem apenas um poder de influência sobre o primeiro-ministro. Discreto, se cooperar com o governo, público, "se" e "quando" discordar abertamente com ele. 

A crise em ambiente comunitário coloca o Presidente da República na posição ingrata de apoiar, explicita ou implicitamente, as decisões do governo ou entrar, activa ou passivamente, em confronto com ele.

Haverá terceira via, Prof. Marcelo?



Monday, January 25, 2016

CONTRA TODOS

O vencedor das eleições presidenciais proclamou  que "não havia vencedores nem vencidos". 
Mas houve.
Nenhum dos líderes partidários mostrou convincente satisfação pelo resultado.  Uns, resignados, felicitaram o vencedor, outros, nem isso. O mais arrombado pelo desastroso resultado do seu camarada candidato garantiu, conforme lhe manda o manifesto, que nada será alterado. E, a olhar impotente  para o lado, atirou sobre o vencedor uma rajada das habituais suspeitas do seu arsenal. 

Percebeu-se bem que as hostes partidárias nem sequer afivelaram a hipocrisia com que costumam mascarar-se nestes momentos para disfarçar a sua irredutível tendência para o confronto de interesses pessoais.
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Se o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa for capaz de promover, entre os trogloditas políticos com que terá de lidar,  os compromissos e os consensos que consignou no seu discurso como sustentáculo da sua intervenção presidencial, será um mágico, quiçá um santo, daqueles que com o levantar da mão amansam as feras.

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Correl . - "Podíamos apresentar uma candidata engraçadinha, seria fácil" -            (Uma regurgitação alarve duma ingestão intragável)

Mau negócio ter sido homem