-- De onde vens e para onde vais ?
-- Venho de Deus na escuridão e para Deus vou na Luz.

Mostrar mensagens com a etiqueta Dons do Espirito Santo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Dons do Espirito Santo. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Os Dons do Espirito Santo - Parte 8



 DOM DA SABEDORIA

O Dom da Sabedoria corresponde à Virtude da Caridade e ao pecado mortal (para a alma) da Inveja. 

A Sabedoria é o Dom do Espírito Santo que nos permite ver tudo com os olhos de Deus. 
E obviamente isto deriva da nossa intimidade com Deus, da relação íntima que nós temos com Deus, da relação de filho com o Pai. 
E o Espírito Santo, quando nós temos esta relação, nos dá o Dom da Sabedoria. 

Com o Dom da Sabedoria a alma assim divinizada fica capaz de julgar tudo pelas causas mais altas, mais divinas, pelas razões supremas 'à maneira de Deus'.

Tanto quanto é possível a uma criatura, o seu olhar tende para um ângulo de visão idêntico ao que Deus tem de Si mesmo e de todo o Universo.


O Dom da Sabedoria é considerado o principal, e mais importante, Dom do Espírito Santo.

O Dom da Sabedoria pode ser definido como uma disposição sobrenatural da inteligência que leva a dar valor àquilo que diz respeito às coisas de Deus e à glória de seu nome. 

O sentido da sabedoria humana reside no reconhecimento da Sabedoria eterna de Deus, Criador de todas as coisas que distribui seus dons conforme seus desígnios.

Consiste, numa espécie de síntese de todos os outros Dons do Espírito Santo e dá-nos uma visão global (desde a Génese, Adão no Paraíso, Queda, Estado Presente, futura Reintegração) para atuarmos no presente segundo essa visão, e não segundo os mesquinhos acontecimentos do dia a dia.



É a sintese de tudo aquilo que Deus dá ao homem e de tudo o que o homem pode devolver a Deus.

É um Dom que aperfeiçoa a Virtude da Caridade e reside, ao mesmo tempo, no intelecto e na vontade e nos faz discernir e julgar relativamente Deus e as coisas divinas segundo seus mais altos princípios, pelo qual se sabe discernir quase por instinto divino as coisas divinas das coisas do mundo, com aquela delicadeza de afeto própria de todo aquele Ama, em todas as suas ações.

A sabedoria humana é pouca e imperfeita. 
A Sabedoria divina é plena e perfeita. 
Unicamente Deus tem a plenitude da sabedoria, e somente Ele nos pode dá-la, pelo Dom da Sabedoria.

É um Dom que nos faz melhor entender nossa vida sobrenatural e nos faz saborear esse entendimento. 


O Dom da Sabedoria fortalece em nós as virtudes infusas e todos os demais dons de santificação.   

Nossa Fé se torna inabalável, porque experimentamos as verdades reveladas. 
Nossa Esperança é fortalecida, pois saboreamos a presença amorosa de Deus, com a certeza de que iremos saboreá-la com toda a intensidade na vida eterna. 
Nossa Caridade se aperfeiçoa, pois agimos pelo amor de Deus no nosso coração.   


Pelo Dom da Sabedoria, as virtudes cardeais (prudência, justiça, fortaleza e temperança) são praticadas com deleite pois a nossa vida recebe o sopro do Espírito, que a impregna com a luz  “que vem do Alto”.

A Sabedoria é o Dom que nos faz perceber, intuir e gostar das coisas espirituais. Sentimos deleite nas coisas de Deus e por isso começamos a temer a Deus, a respeitá-Lo mais. Diz o salmo que o temor de Deus é o princípio da sabedoria.

A Fé abre as perspectivas sobrenaturais, pondo a alma em contacto com o Céu, os Dons da Ciência e da Inteligência permitem perceber o Nada da criatura e o Tudo de Deus, e entrar no mistério da vida Trinitária.


O Dom da Ciência eleva as almas a Deus, o da Inteligência penetra nos mistérios de Deus, o da Sabedoria não deixa a alma sair do próprio centro da Trindade, tudo se lhe torna patente desde esse centro sem se mexer sequer, desde esse centro participa e 'sabe' do Tudo.

Tudo a alma, imóvel em si, percebe, desde o movimento do Universo, a Criação, a Queda, a Redenção, o Bem e o Mal.

Com o Dom da Sabedoria, a alma participa da experimentação mistica aqui na terra, que a faz 'saber' como Deus se saboreia no seio Dele próprio, no seu Verbo criador de Amor.

A alma fica estabilizada nessa atmosfera divina das Pessoas Incriadas, entra como filha adotiva na Familia da Trindade, e pode 'gozar a Deus'.

Daí em diante, conaturalizada com Ele, é com a sua experimentação da Deidade que a alma tudo aprecia: em Deus, no mundo, nela própria.

No mundo criado tudo percebe pelas causas primeiras, não pelas normais e mundanas causas segundas.


Quem adquire este Dom, tem por instinto o sentido do eterno e do divino e deixa de frequentar os niveis das coisas mesquinhas do mundo.

Uma alma como Isabel da Trindade ia direita à Trindade, sem estar a preocupar-se muito com os caminhos para lá chegar, com os pormenores das práticas, mantinha o seu olhar voltado para as alturas, o seu sonho era 'que a sua vida fosse mais divina que humana', que a sua vocação (que Deus lhe atribuiu in principium) fosse rapidamente realizada in aeternum, mergulhando directamente no seio da Trindade. 

Isabel da Trindade em seu leito de morte já dotada do Dom da Sabedoria, exclama: " No entardecer da vida, tudo passa, só o Amor fica".

O triunfo total da Sabedoria em Isabel ocorre quando tudo deixa de existir, mesmo ela própria, para apenas haver um só pensamento "a Glória da Trindade ", o Louvor permanente de Deus.

São Bernardo chama ao Dom da Sabedoria, o conhecimento saboroso das coisas divinas, uma luz que nos conduz às causas primeiras e um gosto sobrenatural que nos faz saboreá-las e delas fazer parte 'instintivamente'.

Como se alcança?

Com uma iluminada compreensão do ser de Deus, com um contínuo afecto e desejo de Deus em Deus.

Efeitos deste Dom

Torna a Fé inabalável.
Confirma a nossa Esperança.
Aperfeiçoa ao máximo as práticas das Virtudes Dá-nos a via directa do coração para Deus.

Como o cultivar

Desejá-lo com ardor, pedi-lo com insistência e procurá-lo sem desistir.

Esforçarmo-nos por perceber que tudo vem de Deus, como primeiro principio, e tudo a Ele tende, não nos perdermos em minúcias e detalhes mas reduzir tudo à Unidade, fazendo sinteses do que estudámos e dos nossos conhecimentos.

Aprender a gostar, amar as coisas divinas e pôr de lado tudo o que não  nos conduz a elas, as coisas mundanas e mesquinhas. Apenas o Amor da Perfeição e das Suas Perfeições conduz a nossa vida.


Súplicas para receber o Dom da Sabedoria 

“Mal podemos compreender o que está sobre a terra, dificilmente encontramos o que temos ao alcance da mão. Quem, portanto, pode descobrir o que se passa no céu? E quem conhece vossas intenções, se vós não lhe dais a Sabedoria, e se do mais alto dos céus vós não lhe enviais vosso Espírito Santo? Assim se tornaram direitas as veredas dos que estão na terra; os homens aprenderam as coisas que vos agradam e pela sabedoria foram salvos”. 

Vinde Espírito de Sabedoria! Instruí o meu coração para que eu saiba estimar os bens celestes e antepô-los a todos os bens da terra.

Oração: 
Ó Deus Todo-poderoso concedei-nos o Dom da Sabedoria, a fim de que cada vez mais gostemos das coisas divinas e, abrasados no fogo do vosso amor, prefiramos com alegria as coisas do céu a tudo que é mundano e nos unamos para sempre a Ti, sofrendo tudo neste mundo por Amor. Por Jesus cristo, vosso Filho na unidade do Espírito santo. Amen.

sábado, 21 de maio de 2016

Os Dons do Espirito Santo -Parte 7



 

DOM DO CONSELHO

O Dom do Conselho corresponde à Virtude da Prudência e ao pecado mortal (para a alma) da Avareza.

O Dom de Conselho aperfeiçoa a Virtude da Prudência, fazendo-nos julgar prontamente e com segurança, por uma espécie de intuição sobrenatural, sobre o que convém fazermos, especialmente nos casos difíceis. 

O objeto próprio do Dom de Conselho é a boa direção das ações particulares, pois é um Dom de Governo, de Orientaçao das almas pelo Espirito Santo, conduz as almas por inspirações pesssoais e secretas mas também as leva a deixarem-se dirigir, a confiarem-se às Luzes de quem tem a Graça para decidir e ordenar. 


O livro da Sabedoria diz que “Deus tudo faz com número, peso e medida”, Deus é providente, Ele providencia os meios para que cada criatura chegue rectamente ao seu fim devido.

Quando estamos diante de uma tarefa difícil ou mais exigente o processo de decisão é mais difícil e mais consciente; a mente se esforça mais para buscar a solução mais adequada. Então é necessário recorrer ao conselho de outra pessoa mais experimentada.

O Dom do Conselho permite tomar as decisões oportunas sem o cansaço e a insegurança que muitas vezes experimenta nas horas difíceis da vida, especialmente para que se comporte à altura da sua vocação de filho de Deus. 
Isso às vezes exige audácia ou coragem.

A criatura, limitada como é, nem sempre sabe o que decidir diante do presente e do futuro. 
Então, pelo Dom do Conselho o Espírito Santo inspira a reta maneira de agir no momento oportuno. 

A Escritura diz que “Todas as coisas têm o seu tempo, e tudo o que existe debaixo dos céus tem a sua hora…” ; fora desse momento preciso, o que é oportuno pode tornar-se inoportuno; nem sempre é fácil discernir se é oportuno falar ou calar, ficar ou partir, dizem sim ou dizer não. 
É precisamente para superar estas dificuldades que o Espírito nos move pelo dom do conselho.

O Dom do conselho nos orienta instantaneamente de forma perfeita. 
Por ele, o Espírito Santo nos fala ao coração e nos faz compreender o que devemos fazer. 
Agimos sem timidez ou incerteza. 
Pelo Dom do conselho, falamos ou agimos com toda confiança, com a audácia dos santos.

O Dom do Conselho está relacionado com o 'caminho certo'
É uma espécie de 'voz' que nos encaminha (aconselha) pelo caminho certo.

Tal como os outros Dons do Espírito Santo, atua na sequência da Virtude correspondente, neste caso a Virtude da Prudência.

Da seguinte forma: quando somos prudentes e observamos Bem uma situação, quase automaticamente surge-nos a resposta para qual é o caminho certo a seguir.

Se observamos Bem uma situação, a resposta surge quase por si própria, sem termos necessidade de estarmos a 'inventar' ou 'descobrir' uma solução.


Há diversos graus de abertura ao dom do conselho:

No primeiro grau, consegue-se fazer com rapidez e segurança tudo o que é da vontade de Deus nas coisas necessárias para a vida espiritual.

No segundo grau, o dom do conselho nos conduz também nas coisas que não são obrigatórias, mas que são convenientes e úteis para nos levarem a Deus.

No terceiro grau, o dom do conselho nos faz caminhar com segurança, sem tropeços ou timidez, pelos caminhos do Senhor.


Meios de o cultivar

Ter sempre um sentimento profundo da nossa impotência e pedir continuamente ao Espirito Santo que nos indique os melhores caminhos.

Invoquemos o Espirito Santo de manhã para todo o dia, no começo das nossas principais acções e em especial nos casos mais dificeis.

Habituemo-nos a prestar atenção à voz do Espirito Santo e a seguir suas orientações sem nos deixarmos influenciar pelas considerações humanas, com desapego da nossa maneira pessoal de ver e dos caprichos da nossa vontade, dispostos a alterar os nossos projectos e a renunciar às nossas próprias inclinações sempre que a inspiração interior o exigir.

“Nega os teus desejos e encontrarás o que deseja o teu coração”.  São João da Cruz

Assim encontrando nossa alma aberta e maleável, Ele falar-nos-à mais frequentemente.



Ó Divino Espirito, eu invoco-te para me guiares, descobre-me as grandezas divinas e os seus mistérios para eu os adorar e reconhecer, descobre-me as ameaças do demónio e do mundo para eu as evitar, descobre-me as minhas misérias e fraquezas, erros, obstinações e artificios do amor próprio para que eu os deteste e corrija. 
Sobretudo, ilumina a minha alma para que conheça o que queres de mim, o que devo fazer para merecer os efeitos benéficos da Tua bondade e ampara-me para a eles corresponder fielmente até à morte”. 
Novena de Pentecostes


sexta-feira, 13 de maio de 2016

Os Dons do Espirito Santo - Parte 6




O Dom do Entendimento

O Dom do Entendimento (ou Inteligência) do Espírito Santo, corresponde à Virtude da Fé e ao pecado mortal (para a alma) do Orgulho.

O Dom do Entendimento prolonga a Virtude da Fé para além da nossa capacidade em desenvolver essa Virtude. 

Se a Virtude da Fé nos permite 'ver o Invisível', o Dom do Entendimento permite-nos 'entender o Invisível', dá-nos uma quase intuição da verdade divina.

Nós não podemos desenvolver esse Entendimento do Invisível porque ele é um Dom de Deus (Espírito Santo). 

No entanto, nós podemos desenvolver a Virtude da Fé até um ponto em que nos tornamos dignos de receber esse Dom da parte de Deus.

Quando se diz 'entender o Invisível', não significa apenas entender as verdades abstratas da Fé, significa também entender a realidade invisível que se esconde por detrás da realidade (física) visível , fazendo-nos penetrar (intus légere - ler dentro) no significado interior das verdades reveladas.

A palavra “inteligência” é derivada de intellegere, que significa ler dentro, penetrar a fundo. 
Na ordem natural, entendemos intelligimus quando captamos a essência de alguma realidade. 
Na linha da Fé, paralelamente, entender é penetrar, ler no íntimo das verdades reveladas por Deus, é ter a intuição do seu significado profundo. 


Pelo Dom do Entendimento, o cristão contempla com mais lucidez os mistérios da Santíssima Trindade, a importância dos sacramentos, da liturgia, da Palavra de Deus, das mortificações, meditações, orações, da moral católica etc.

A penetração que o Dom da Inteligência (ou do Entendimento) nos dá é diferente daquela que o teólogo adquire pelo estudo; esta é relativamente penosa e lenta. 
Além do que, pode ser alcançada por quem tem alcance intelectual, mesmo que não possua grande amor. 


Ao contrário, o dom da Inteligência é eficaz mesmo sem estudo; é dado aos pequeninos e ignorantes, desde que tenham grande amor a Deus.
 
Jesus disse: “Eu te bendigo, Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelastes aos pequeninos” (Mt 11,25)

São frutos do Dom do Entendimento as intuições das verdades da Fé que são concedidas durante retiros espirituais ou durante uma leitura inspirada pelo amor a Deus, verdades que tomam então clareza nova e transformam a vida da pessoa a quem é concedido este Dom.

O Dom do Entendimento mostra também o “horror, a hediondez do pecado” e a grandeza da miséria humana.

Os santos, quanto mais se aproximaram de Deus, quanto mais foram santos, tanto mais tiveram consciência do seu pecado ou da sua distância em relação Àquele que é três vezes Santo.

Em suma, o dom do entendimento nos faz ver melhor a santidade de Deus, a infinidade do Seu amor, o significado dos Seus apelos e também a pobreza da criatura que se compraz em si mesma, em vez de aderir corajosamente ao Criador.



Entender as coisas como Deus as entende

Este Dom nos faz entender as coisas como Deus as entende, com a inteligência de Deus. 

É o Dom com o qual o Espírito Santo nos introduz na intimidade com Deus e nos torna participantes do plano de Amor que Ele tem conosco.

Sob o Dom do Entendimento as almas vêem as coisas com o próprio Olhar de Deus e realizam actos reservados a Deus e próprios das Pessoas divinas numa como que participação ou colaboração na vida Trinitária.

Este Dom revela Deus e Sua Omnipotência, de um modo intuitivo 'à maneira de Deus'.

Num só relance a alma atenta ao Espírito descobre o Plano Divino a seu respeito.

Sem altos raciocínios ou dialéticas intelectuais.

Não depende da inteligência 'cerebral' da alma mas sim do seu Amor e da sua perfeita aceitação ao sopro do Espírito Santo.

Passagem do criado ao Incriado

As almas puras e contemplativas que o recebem, usam o Dom do Entendimento para, à mais pequena coisa, recordarem simbólicamente ou por analogia a Presença de Deus, pois 'extraem' automáticamente e por via deste Dom o Incriado do criado. 

Descobrem Deus nos mais insignificantes pormenores da sua vida, começa-se na terra a vida eterna.

Com este Dom, o visivel transmite de imediato o invisível que conduz a Deus.

Tudo leva a Deus.

Santa Catarina de Ricci não podia ver uma rosa vermelha que não pensasse logo no Sangue Redentor, na necessidade da cruz e da morte para a Ressureição.

"Quando vejo o Sol a entrar pelos nossos claustros a dentro e invadi-los com seus raios, penso que é também assim que Deus procede para com a alma que não busca senão a Ele".
Isabel da Trindade



A oração Intuitiva

Com este Dom a oração deixa de ser discursiva, apenas se fixa na verdade por uma intuição divina.

O orante concentra-se na Divindade, sente-se num abismo sem fundo, onde sem ver ou distinguir nada em concreto, sente a Presença e Nela comunga.

"Agora conhecemos imperfeitamente, então conheceremos tal como somos conhecidos".