ORIGENS XAMÂNICAS DO SURF
Alguns velhos nativos do Havaí acreditam que seus ancestrais seriam descendentes dos Incas.
A prática era chamada pelos polinésios de "He'e Nalu" (deslizar sobre as ondas) uma celebração permanente de adoração ao Oceano. He'e : templo, Lugar Santo , Nalu : onda, meditação / "Na": paz, serenidade
Nalu indica a interação com as ondas, através do equilíbrio interior se encontra o equilíbrio exterior e com as divindades, que se expressam nas erupções vulcânicas (Principalmente a Deusa Pele), ciclones, marés fortes.
O "He'e Nalu" é uma invocação que faz o mundo um'' heiau "(um templo, um lugar sagrado) que reúne os" Manas "(energia vital) para alimentar a ''aumakuas" (centelha divina).
Os Kahunas acreditavam que a energia Mana (energia vital) é recebida do céu através da prece.
Deveria-se rezar constantemente e enviar preces para Aumakua, o espírito guardião do passado.
O Aumakua vivendo no céu, olha por sua criança da Terra e intercede através do seu Divino poder espiritual.
Iniciava-se com a escolha da árvore para ser transformada em prancha.
O "kahuna", invocava os espíritos escolhia uma árvore onde percebia o "mana" entoando canções de poder honrando e pedindo perdão ao espírito da árvore pelo sacrifício.
Com um machado de pedra abria-se um buraco entre as raízes para ser colocada uma oferenda (peixe) e orava-se para os Deuses para abençoar este trabalho.
Conta-se que além da cerimônia religiosa de corte da madeira, também havia uma cerimônia para a confecção das pranchas e acabamento, feito pelos mestres artesão.
Para escurecer e dar brilho a madeira era usada a planta Ti e óleo de nozes.
Seu nome científico é Cordyline Terminalis .
Entre suas varias cores, as mais comuns são a vermelha e verde.
Ti, como é conhecido nas ilhas, é uma das plantas típicas do arquipélago havaiano.
Faz parte da vida e da cultura do povo.
No passado, os havaianos usavam as folhas de Ti para cobertura e construção das rústicas cabanas.
Nas oferendas aos deuses, costume que se pratica nos dias atuais , o Ti envolve pedras vulcânicas, frutas etc., deixadas pelos nativos nos templos (Heiau) em presentes oferecidos a Deusa Pele, no vulcão Kilauea.
Os Kahunas, utilizavam as folhas de Ti em rituais de magia e banhos de purificação que serviam para afastar entidades astrais inferiores.
Atribuíam ao Ti o poder de proteger contra influências espirituais negativas.
A planta ainda e usada em cerimônias para livrar dos ataques de magia negra.
Os kahunas (xamãs) eram solicitados para invocarem as ondas do mar, através de cânticos.
Contam-se casos em que as invocações produziam altas ondas.
Parece inexplicável como os antigos polinésios navegavam milhares de extensões através do oceano com canoas sem nenhuma aparelhagem, se não acreditarmos nessa especial conexão deles com seus espíritos.
Eles não tinham um estudo minucioso das ondas ou do tempo, interpretavam intuitivamente.
Os polinésios cantavam quando viam as altas ondas ou pohuehue.
Se as ondas estavam muito baixas eles vibravam folhas de pohuehue, batendo nas águas, para atrairem as ondas.
Eles usaram a mesma técnica para evocar condições de oceano perigoso para matar seus inimigos em canoas.
O Ali'i, ou chefe do povo havaiano, possuía suas orações e pranchas especiais, de maneiras especiais.
Também ia a praias privadas onde surfavam apenas com pessoas do seu mesmo grau.
Eles tinham excelente forma física e conheciam os ritos religiosos e cânticos tradicionais e canalizavam a maioria das canções.
Os cânticos tinham a ver com surf e efeitos físicos e psiquicos no corpo e mente.
Nos primórdios o surf no Havaí era um acontecimento profundamente espiritual, a arte de deslizar nas ondas, a rezar para surfar bem.
Para os havaianos, o surf era uma coisa sagrada e envoltos numa complexa rede de obrigação e tabu (kapu).
Havia competições individuais de habilidade nos grandes festivais religiosos, como a Lono Makahiki (festival de quatro meses) que celebravam plantas cultivadas, alimentos, a desova dos peixes, e fertilidade em geral.
Surf não era apenas um ato religioso e passatempo para velhos líderes, servia como um exercício destinado a manter os chefes em condição física superior e como um sistema de resolução de conflitos.
Na prática pode-se aprender a mergulhar ao eu, a seguir o fluxo, ter a humildade e a confiança de se deixar levar equivalente ao desapego cristão, ao 'let go' .
Aguça a intuição e a concentração, dá a coragem para vencer os limites do medo e do desconhecido, os sentidos ficam apurados.
Alguns praticantes afirmam que surfar é a coisa mais próxima de voar que o ser humano pode alcançar.
Os momentos nunca se repetem, as ondas não são iguais, o movimento muda, o oceano dá as regras.