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segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Esta coisa do desapego


Tenho blogues na minha lista de leitura que não são actualizados há 1, 2, 3 ou 4 anos. Se calhar já desapegava e fazia uma limpeza, já que estamos em Janeiro e coiso... Mas por estranho que pareça, a coisa é mais difícil do que parece. São apenas blogues, eu sei, e eu mesma sou uma blogueira bastante ausente. No entanto, eu acabo sempre por desenvolver um carinho especial por todos os blogues que sigo, especialmente aqueles que sigo ou segui durante mais tempo. Daí eles permanecerem na lista de leitura ano após ano.

Num dos episódios da série How I Met Your Mother as personagens principais deparam-se, cada um à sua maneira, com coisas das quais não se conseguem livrar apesar de já não as usarem há vários anos. Um deles recusa-se a apagar números do telemóvel de pessoas com as quais não tem contacto há anos, e por aí adiante. Alguém, provavelmente o narrador Ted, chega à conclusão que o motivo pelo qual nos apegamos a coisas do passado é porque elas nos relembram da pessoa que um dia fomos ou da pessoa na qual nos poderíamos ter transformado. Eu não sei. Talvez seja isso, o que também explicaria o facto de não ter apagado o blog nos vários períodos em que estive sem escrever durante meses a fio, nos últimos anos. Este blog tem 9 anos. Say whaaat?


quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

E então como vai a vida?


A vida vai bem mas very busy. O calendário universitário sueco só prevê férias oficiais no verão, o que significa que no Natal é suposto trabalhar-se normalmente, mas os professores tentam não marcar aulas e projectos para a época e em vez disso comprimem tudo para as semanas anteriores. Ah, e também marcaram um "exame de fazer por casa" (hemtenta) para a altura do Ano Novo.

E o que é um exame de fazer por casa, perguntam vocês? É o que parece. É um exame, mas faz-se em casa e temos vários dias para responder às perguntas. De acordo com os cálculos dos professores, deve-se dedicar oito horas por dia ao exame (tal como um dia normal de trabalho). Outra diferença em relação a um exame normal (salstenta) é que os critérios de correcção são mais exigentes. E no meio de tudo isto tenho o meu part-time com refugiados menores de idade que chegam sozinhos à Suécia. Os miúdos são fantásticos e não dão praticamente trabalho nenhum (excepto quando pedem ajuda com os trabalhos-de-casa de matemática) mas há semanas em que a vida de trabalhadora-estudante põe a minha capacidade de organização à prova, o que explica a falta de visitas aos vossos cantinhos.

E falar em capacidade de organização. Já comprei quase todos os presentes de Natal! No ano passado comprei a maior parte dos presentes no dia 23 e, ainda não recuperada do trauma, este ano decidi poupar-me a esse stress e tentar dedicar os meus dias em Portugal a coisas mais importantes (como comer ovos-moles e sentir o espírito natalício ou algo do género). Aproveitei os descontos online da Black Friday para o efeito e agora ando a meter nojo ao pessoal, a gabar-me da minha organização. A verdade é que nunca se sabe quando é que um fenómeno semelhante se vai repetir e por isso há que aproveitar cada momento #vidasobcontrolo

Para terminar, as minhas músicas do momento aqui e aqui
E uma música de Natal sueca aqui. É uma das minhas favoritas. E para os mais ambiciosos, uma playlist de 42 canções de Natal suecas!

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Afinal as pessoas podem mudar


Vivemos uma onda de solidariedade na Europa. De repente o mesmo tipo de pessoas que me faziam comentários deste género estão extremamente preocupadas com situação das pessoas desfavorecidas. Sim, até com os sem-abrigo, que ainda há uns tempos eram todos uns alcoólicos, drogados e preguiçosos (encontrei um texto interessante sobre o tema aqui).

Eu só digo uma coisa. Se todas as pessoas que usam as pessoas desfavorecidas como desculpa para não acolher refugiados fizessem algo que fosse para ajudar as pessoas desfavorecidas, Portugal (e o mundo) estaria bem melhor do que está.

E sim. É verdade que temos muita gente a passar necessidades em Portugal. Gente que até agora não recebeu a ajuda e o apoio de que necessitava. Eu emigrei, sei bem que não há espaço para todos e vivo as consequências disso todos os dias. Portugal estava mal antes dos refugiados e assim continuará com ou sem eles. Quem nos dera que o nosso problema fossem os refugiados, ou os imigrantes em geral. Era tão fácil de resolver, não era? Mas o nosso problema é outro, e vem de dentro. Corrupção. Fuga aos impostos. A mania da grandiosidade - adivinhem as reacções que as pessoas têm quando lhes conto que no nosso "país pobre" temos duas auto-estradas paralelas uma à outra e estádios megalómanos vazios (assim de repente lembro-me do estádio de Aveiro). Uma legislatura que condena as pessoas à precariedade (assim de repente lembro-me dos recibos verdes). O facto de andarmos felizes e contentes a exportar a primeira geração qualificada que o nosso país alguma vez produziu e que se produziu em grande parte graças ao sacrifício das famílias. O facto de praticamente apenas produzirmos bens que países como o Bangladesh e a Índia podem produzir a preços muito mais baixos (abro excepção para o Magalhães, essa grande obra de arte e tecnologia ;) ;) ). And the list goes on.

A mim sempre me ensinaram que para resolver um problema é preciso ir-se à raíz dele. Se tens uma casa sem tecto podes comprar um saco-cama térmico para não passares frio à noite mas como é que isso resolve o problema de não teres tecto em casa? E quando chover, o que é que fazes?

Sim, acolher milhares de refugiados vai ser um desafio enorme para um país que no fundo não precisa de mais um desafio para a lista. Tal como foi um desafio para os países que acolheram os portugueses que precisaram de deixar o país durante a época salazarista. Para os que acolheram os judeus que sobreviveram ao Holocausto.

É claro que estou preocupada. Por eles, por nós, por todos. Mas uma coisa é certa, não podemos ficar de braços cruzados a assistir ao desespero desta gente.

Enfim. Mas o que eu queria mesmo era assinalar a comovente onda de solidariedade que se vê por aí. É bom saber que as pessoas passaram a estar tão preocupadas com quem precisa. 


terça-feira, 25 de agosto de 2015

Top 10 de coisas que só faço quando venho a Portugal


10. Tratamentos de beleza/spa
Ok, isto sou eu a sonhar. Ainda não fiz porque além de emigrante também sou estudante, o que coloca os seus entraves a nível de orçamento, mas já verifiquei que são mais baratos cá e um belo dia hão-de encontrar-me alapada numa marquesa a fazer uma drenagem linfática ou algo que o valha.

9. Comprar cremes e sprays para os sapatos
Sim, a sério. Sabem aqueles cremes e sprays para proteger os sapatos da chuva, humidade etc? Quando se vive na Suécia é imperativo usá-los porque, enfim, se não é a chuva é a neve que está a derreter e se não é a neve a derreter é a chuva. E pronto, eu gosto muito do creme para os sapatos do Continente. Faz aquilo que deve fazer e não custa 10 euros como os cremes que vejo lá no círculo polar.

8. Cortar o cabelo
Porque cortar o cabelo custa lá para cima dos 35 euros e em muitos sítios nem lavam o cabelo (mesmo estando oleoso), usam simplesmente um spray de água para o humedecer.

7. Comprar revistas
Na Suécia não ficam por menos de 5 euros e se for comprar aquelas de que eu gosto mesmo (revistas britânicas, portanto, importadas) a brincadeira não fica por menos de 10 euros. E na era da internet, com a abundância de coisas fúteis e bonitas à distância de um clique (e com menos publicidade), parece-me um gasto estúpido desnecessário. A isto ajuda ter-se wi-fi grátis nos comboios lá do reino, que é quando o apetite de ler revistas surge. Tirem-me a wifi-fi grátis e a internet no telemóvel/iPad e lá estarei eu a desembolsar 10 euros. Quando tenho de ler, tenho de ler.

6. Tomar café fora de casa sem peso na consciência
Não se toma café fora de casa por menos de 2,5 euros e já cheguei a pagar 5 euros por um café normalíssimo, num sítio normalíssimo. Uma pessoa sente-se Tão. Roubada.

5. Arranjos de costura, mais precisamente bainhas de calças
Porque fazer bainhas de calças no sítio "muito em conta" que me indicaram lá na Suécia custava 25 euros. Depois de o meu queixo voltar ao normal, agradeci a dica e pus as calças em questão na mala de viagem, à espera da próxima ida a Portugal. Aqui faço bainhas por 3 dinheiros.

4. Limpeza de roupa a seco
Por motivos semelhantes aos descritos acima.

3. Comer peixe grelhado e marisco
Os suecos ainda acreditam que têm peixe e marisco. Quando lhes falo de polvo, juram a pés juntos que têm polvo "muito bom". Quando se desfaz o mal entendido, fico a saber que se referem a calamares congelados. (Aqui entre nós, polvo é peixe ou marisco ou nenhum dos dois? Fiquei na dúvida mas não me apetece ir ao Google).

Daqui

2. Manicure e pedicure
Porque lá na Suécia custa entre os 40 e os 50 euros e não, nem são unhas de gel. É mesmo a manicure normal. E normalmente cobram mais para remover as cutículas.

1. Fazer análises ao sangue
Na Suécia não há o hábito de fazer análises ao sangue por rotina. Quando mostrei umas análises que fiz aqui em Portugal ao meu médico na Suécia, ele não queria acreditar no nível de detalhe delas e divertiu-se muito a ler os nomes dos componentes, um a um. Nunca experimentei mas na Suécia também deve dar para fazer análises ao sangue, no privado (tal como aqui em Portugal), mas não me apetecia muito ir à falência só para saber se tenho anemia. Aqui em Portugal a consulta fica-me por 35 euros e por isso só faço análises cá.

P.S. Estou de férias em Portugal. Adivinhem o que ando a fazer?


sexta-feira, 14 de agosto de 2015

De vez em quando também faz sol aqui


Mesmo à porta de casa há um relvado, mesas e bancos. Quando está sol e tenho tempo gosto de: 

1. pôr protector solar (always, uso factor 30 no mínimo);
2. fazer um café;
3. alapar-me nos bancos a pôr as leituras em dia. 

Todo este ritual deve ser executado o mais rapidamente possível porque, para mal dos meus pecados, os meus vizinhos pensam da mesma forma que eu e às vezes têm a audácia de roubar "a minha mesa", ou seja, aquela que fica mesmo do lado de fora da minha janela e até tem uma árvore que faz a quantidade p-e-r-f-e-i-t-a de sombra.


Ando a ler "Tigres sob um céu vermelho". Um bocado dêprê para um livro de verão (aqui entre nós, também não tenho pachorra para livros demasiado light) mas as personagens são muito reais e a autora sabe como apelar aos sentidos. Sabem aqueles livros que nos fazem sentir que estamos a viver através das personagens? Este livro é assim.

E vocês, o que andam a ler?


segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Como vencer na vida (3 ingredientes)


Eis que Dona Joana da Sibéria ficou com desejos de pizza mas teve demasiada preguiça para ir comprar.

A única solução plausível:

Pão de barra, molho de tomate e queijo ralado. Voilá. Às vezes até sei o que ando a fazer com a minha vida.



sexta-feira, 24 de julho de 2015

O caso curioso do blog, do medo e das filosofias existenciais


É sexta-feira e estou de folga. Está sol lá fora. Fiz o pequeno-almoço (café com leite e torradas, of course, podem tirar a rapariga de Portugal mas não podem tirar Portugal da rapariga) e alapei-me à frente do computador a ler blogs, apenas interrompida pela ida à lavandaria, que marquei para as 10:00 - já vos falei das lavandarias colectivas da Suécia e de não ser muito comum ter-se máquina de lavar quando se vive num apartamento? A verdade é que ler os blogs dos outros, e particularmente certos relatos, lembra-me sempre de escrever no meu. Mas escrever no meu blog tornou-se difícil. Acho que é por causa de todas as voltas que a vida deu nos últimos tempos. E por já há muito tempo ter vontade de escrever mais à vontade e não conseguir. Sei que já vos chateei aproximadamente mil vezes com o assunto mas aturem-me, esta é a última vez. E porque gosto de listas, aqui vai uma lista de medos.

E se conto demasiadas coisas sobre mim?
E se não conto o suficiente e o blog fica chato e sem sal?
E se sou mal interpretada por certas pessoas?
E se estou a fazer generalizações quanto vos conto certas curiosidades sobre a Suécia?
E se não escrevo de acordo com o novo acordo ortográfico? (mas eu detesto o novo acordo ortográfico!)
E se falo demasiado dos problemas que se vivem aqui e o blog se torna chato e deprimente?
E se só falo das coisas boas e o blog se torna num happy blog sem conteúdo?

Até à data, nunca tive um "anónimo de estimação" nem problemas à custa do blog, para além de certos comentários de pessoas mais próximas. Nada muito dramático, mas o suficiente para me fazer questionar a mim mesma e para quase me fazer esquecer do prazer que a blogosfera me dava back in the days e daquilo que significava para mim. [Era uma forma de fazer algo de que sempre gostei (escrever), de manter o meu Português em dia (coisa de emigrante), de conhecer novas pessoas, de me sentir ligada a perfeitos estranhos, de acompanhar as peripécias de pessoas em situações semelhantes à minha]. Mas eu sou assim - muitas vezes acho que os outros sabem mais do que eu, e esqueço-me que não dizem certas coisas por saberem, mas sim devido às suas próprias inseguranças e frustrações. Nem sequer precisam de ter más intenções. Em certas situações somos simplesmente transformados no receptáculo dos problemas das outras pessoas e as coisas que nos dizem não reflectem aquilo que somos, mas aquilo que elas são. Há que saber distinguir críticas construtivas de coisas que se dizem pelos motivos errados. Mas só hoje (na lavandaria) é que percebi a coisa a sério. Há pessoas que vão encontrar sempre algo para criticar. Se não for o blog, há-de ser outra coisa qualquer. E a única pessoa que tem de aprovar aquilo que faço escrevo sou eu. Quem manda nisto sou eu. É tão básico, não é? Só que às vezes não é. No alto dos 27 (quase 28!) anos e depois de (quase) 7 anos a ser senhora e dona da minha própria vida num país "estranho" ainda ando a aprender. Acho que vou começar a passar mais tempo na lavandaria.


sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Voltei, com uma tag e tudo!


Depois do meu último post, que escrevi apenas há quase dois meses, a Minimi nomeou-me para o Liebster Award. E eu nunca resisti a um bom "inquérito". Isto já vem desde os tempos em que eu e as minhas colegas da escola os elaborávamos em cadernos de capa preta que depois fazíamos circular pela turma à espera de conseguir obter o maior número possível de participantes. Aqui estão as perguntas da Minimi:

1. Um momento que te tenha marcado e porquê.
O momento em que a minha sobrinha Leonor nasceu e, com ela, o meu instinto maternal.

2. O teu dia não pode começar sem antes...
Beber café com leite e ouvir música.

3. Qual é a tua viagem de sonho?
Austrália e Escócia (foram muitas horas a ver o Braveheart on repeat, gente)

4. Um livro que te tenha marcado e porquê.
"A Casa dos Espíritos" de Isabel Allende. Foi o primeiro livro a sério que li, aos 11 anos.

5. Se pudesses mudar algo em ti o que mudarias?
Gostava de ser mais organizada.

6. Para ti felicidade é...
Viajar, andar de montanha-russa e estar com as pessoas de que gosto e que me fazem bem.

7. O que te faz sorrir?
Muitas, muitas, muitas coisas, mas situações constrangedoras (ou awkward, em bom inglês) em particular. Mesmo quando estou envolvida nelas. E quanto mais constrangedoras são, mais dificuldade tenho em controlar-me.

8. Se pudesses viver em qualquer parte do mundo, onde viverias? Porquê?
Às vezes brinco com o sonho de voltar para Portugal sem que a minha vida dê mil passos para trás durante o processo.

9. Qual é o teu "guilty pleasure" musical? 
Neste momento é esta música. Eu seeeei que a voz é irritante. E repetitiva. Mas eu adoro esta música. O que me lembra que já não a ouço há algumas horas...

10. Qual foi a experiência mais alucinante da tua vida?
Mudar sozinha para a Suécia, sem dúvida.

11. Se pudesses voltar atrás no tempo mudarias algo? Se sim, o quê?
Repensava, por exemplo, a minha decisão de comer um pacote de bolachas inteiro esta tarde.

É a terceira vez que adiro a este "passatempo". Sim, eu sei, sou gananciosa. Aqui estão as minhas últimas respostas. Muitas coisas mudaram desde então. Já gosto de sushi. Gosto muito. Não me perguntem como aconteceu. Mas de qualquer forma, a minha vida ficou mais completa e a minha vida social beneficiada. Já não uso corações nos meus posts. A minha saúde pregou-me uma pequena partida mas está tudo sob controlo. E, para usar um eufemismo, o viking já não é uma das coisas que me fazem rir. E, por fim, não vou nomear ninguém, ou melhor, vou nomear toda a gente. A parte mais divertida dos inquéritos continua a ser obter o maior número possível de participantes.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

A Joana faz-se acompanhar do seu modesto Q.I. para o festival Paredes de Coura


Diz que fui ao Paredes de Coura ver os Franz Ferdinand. Diz que fui de sandálias abertas (e não contente com isso, eram as minhas preferidas) para um recinto de terra batida. Diz que fui de macacão de calça comprida, o que em nada facilitou a logística na hora de ir àqueles WC de Satanás. Diz que levava o telemóvel carregado para poder tirar dez milhões de fotos mas que ouvi tanta música pelo caminho que cheguei lá com o telemóvel quase descarregado. Diz que fui ver umas das minhas bandas preferidas e que amei, amei, amei. Diz que o ambiente no festival era óptimo e que havia lá gente de todas as faixas etárias. Diz que inalei passivamente o equivalente a uns 349 cigarros e a uns 1597 charros. Diz que valeu tudo a pena. Mesmo as idas aos WC de Satanás com o macacão. Diz que fui ver Franz Ferdinand, e que a minha lista de coisas a fazer antes de morrer ficou um bocadinho mais curta.




P.S. O passatempo do último post só termina hoje à meia-noite! Just sayin'...

domingo, 20 de julho de 2014

Finalmente sou uma pessoa como as outras


fonte
Depois de muitos meses de antecipação e de expectativas gigantescas, lá consegui ver o Gaiola Dourada. Tem portuguesidade e estereotipos com um fundo de verdade. Tem drama e comédia, mas mais drama que comédia. Tem a matriarca (chamada Maria, claro está), o "rochedo" que mantém toda a gente unida, como em tantas outras famílias que conheço, ficcionais ou não. Tem fado, bacalhau e pastéis de nata. Tem amizade e fofoca. Achei muito interessante o dilema da Maria e do José, pois é algo que a maioria dos emigrantes tem de enfrentar mais tarde ou mais cedo. De um lado a vontade de regressar a casa, do outro as pequenas coisas e pessoas que se vão conquistando no "novo" país, que a certa altura já não é assim tão novo. A questão dos filhos, que rejeitam a cultura dos pais e por vezes têm vergonha das suas origens, é algo que encontro muito na Suécia com famílias de todo o tipo de países, culturas e religiões. A mesma coisa com aquele medo de que os nossos compatriotas fiquem com má impressão nossa.

Acho que teria sido ainda mais interessante abordarem o drama dos jovens portugueses emigrados que desejam voltar a casa e não o podem fazer por causa da crise (posso fazer o papel principal), mas no geral achei o filme engraçado e verdadeiro. Agora, para ser mesmo como as outras pessoas, só tenho que passar a gostar de estar dias inteiros enfiada na praia e começar a ver Game of Thrones com urgência. Mas vai ter que ficar para depois porque ando ocupada a (re)ver a Girls e a comer bolo de brigadeiro.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Precisamos de falar, Portugal


Por que é que as pessoas estão cada vez mais giras? É por eu já não estar cá, a afectar negativamente as estatísticas?

E as leggings, de onde vêm tantas leggings? Quando é que se tornou aceitável usar leggings com tops curtos?

Como é que o pão está cada vez mais saboroso? Aliás, como é que a comida no geral está cada vez mais saborosa? 

Por que é que as vitaminas são tão caras? É por a comida ser tão saborosa? 

Por que é que as telecomunicações são tão caras? Por que é que a Optimus, a minha rede de sempre, agora se chama NOS? Por que é que ouço publicidade no telemóvel quando faço telefonemas? Aliás, por que é que até as novelas estão cheias de publicidade?

De onde vem tanta falta de profissionalismo nas lojas e nos serviços públicos?

A moda do gin, quando começou? 

E a moda das pulseiras?

O que é aquilo que se passa na baixa do Porto? Câmara Municipal do Porto, esperaste que eu emigrasse para transformares a baixa num mar de bares, restaurantes e coisinhas a acontecer e, o que é mais, com wi-fi grátis? 

As pessoas que foram ver Arctic Monkeys ao Optimus Alive e que andam aí a meter nojo... Assim de repente, qual é a penalização legal por se apedrejar alguém? (É uma amiga minha que quer saber...)

E o João Baião, que continua igual ao que era na idade de ouro da televisão, também conhecida como Big Show Sic. Precisamos de falar disso. Por que é que ele não envelhece como nós, comuns mortais? O que é que ele anda a tomar? E por que é que pareço ser a única pessoa preocupada com isso? Não vêem que coisas assim precisam de ser patenteadas e comercializadas? 

Quem é que inventou o sistema das bilheteiras do metro do Porto? Precisamos de encontrá-lo e, das duas uma, mandá-lo para a prisão ou oferecer-lhe o prémio Melhor Adaptação dos Romances de Kafka à Vida Real. Há a máquina que só aceita moedas, a máquina que só aceita troco certo, a máquina que só aceita notas, a máquina que só aceita Multibanco às terças-feiras do segundo trimestre do calendário Chinês entre as 14:00 e as 15:35 e, é claro, a nossa preferida, a máquina que pura e simplesmente não funciona. O que vale são os funcionários sempre à disposição. Deviam ser canonizados.

E, last but not least, o que é este verão, Portugal? Ainda sou do tempo em que havia verão a sério. Em que não passava frio na praia. Preciso de uma justificação. Eu tento não levar estas coisas a peito, mas assim fica difícil.


domingo, 29 de junho de 2014

Este não é um blogue de beleza: review do champô canino da Auchan... na primeira pessoa


Estou em casa dos meus pais (olá Portugal, meu amor, tive saudades tuas). Entre inegáveis regalias como ter almoço e jantar feito todos os dias, cerejas aos quilos, o ocasional arroz de marisco, jogar Farm Heroes com a minha mãe e mimar a  Íris, a minha cadela sénior, até ela se cansar de mim e ir embora com um suspiro e um olhar cansado, vão acontecendo algumas peripécias. Este fim-de-semana os meus pais estão fora. A adolescente que há em mim ainda gosta de ficar sozinha em casa de vez em quando. Até ao momento em que estou a tomar banho e me apercebo que os meus pais sequestraram o champô de serviço e o levaram consigo na sua mini-viagem. Tento encontrar outro champô entre as embalagens semi-vazias que me rodeiam. Em vão. "Mas espera lá... está ali o champô da cadela... Será que me atrevo?".
Pesei os prós e contras das minhas duas alternativas: abandonar o meu banho quentinho, passar frio e ir ao meu quarto buscar o champô de reserva ou arriscar o futuro do meu cabelo com o champô canino da Auchan. Olhei o frasquinho de lado pela centésima vez e decidi que só se vive uma vez e que a vida é demasiado curta para não arriscar o futuro do meu cabelo com o champô canino da Auchan. Ainda tenho cabelo... por enquanto. O champô canino da Auchan lava o cabelo normalmente e ainda tem a foto de um Labrador fofinho no rótulo, coisa que os champôs normais não têm. Roam-se de inveja.


P.S.: E já que estamos numa de marcas brancas (já vos falei do meu fascínio por marcas brancas?) segui o meu tratamento capilar com a máscara de côco e abacate da MyLabel, da qual vos hei-de falar um dia destes, que por acaso é muito boa. 

P.S. 2: A este ritmo a próxima review deve ser da pasta de dentes da cadela. Fiquem atentos, fiquem muito atentos.

terça-feira, 25 de março de 2014

Das concessões que se fazem quando se vive na Suécia


Tirar os sapatos ao entrar em casa. Apertar a mão em vez de dar beijinhos. Beber café de filtro em vez de "expresso". Pagar 1€ para ir à casa-de-banho no shopping. Não ver o sol durante semanas a fio. Usar esta coisa para lavar a louça.


Lava tão bem a louça como uma esponja? Não.
Faz-me confusão? Sim. Muita? Sim. 
Recusei-me a usá-la durante os meus primeiros três anos de Suécia? Mais ou menos.
Mas... não estraga as mãos. Estou rendida.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

O último passeio por Nyköping


Assim como quem não quer a coisa, chegou a hora de me despedir da cidade que me abrigou durante os últimos cinco anos. Amanhã já é dia de mudança!








sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Eu e a blogosfera


A blogosfera tem-me tratado bem apesar da minha ausência e das minhas fotografias de qualidade dúbia (sim, preciso de comprar uma máquina a sério e deixar de andar a brincar com o telemóvel). Nunca tive um anónimo raivoso de estimação como muitos blogs têm. Aprendo sempre algo nos cantinhos que vou encontrando e a minha lista de leitura cresce todas as semanas (a lista do Bloglovin', então, está a ficar uma selva). Já tive a sorte de conhecer pessoalmente algumas das bloggers que também vivem na Suécia. O meu gosto e paciência para a blogosfera têm ido e voltado mas quando voltam, voltam com ainda mais força. Nos últimos dias recebi dois miminhos que até me distraíram da quantidade de coisas a empacotar (mil vezes obrigada!).

Com filtro e tudo
E além disso ultrapassei os 200 seguidores. Dizem por aí que é apenas um número mas como não sei a verdadeira data de aniversário do meu blog (escrevi o primeiro post em outubro de 2010 mas só comecei a escrever com alguma frequência um ano depois), vou medindo o crescimento dele através das pessoas que passam por aqui e que o lêem. Porque afinal não escrevo apenas para mim mesma. Porque afinal vocês são maravilhosos.

2014 vai ser um ano bastante exigente para mim, mas espero conseguir gerir o meu tempo e a minha energia de forma a poder continuar a dedicar-me a este mundo tal como quero. Ah, e de preferência passar a apresentar imagens melhores. E criar um header novo. E aprender a lidar com a página do Facebook. E até já magiquei umas ideias sobre fazer vlogs mas acho que isso foi um desvaire megalómano da minha imaginação.


sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

No colégio de freiras


Durante a maior parte da minha infância andei num colégio religioso, o que pode parecer uma surpresa dada a minha descrença nada menos do que crónica. Foi lá que passei aqueles que foram provavelmente os melhores anos da minha vida. A minha professora, a Irmã Maria de Lurdes, tinha muitas qualidades: gostava de mim e chamava-me "a menina dos olhos que riem"; era apologista da tradição de se trazer gomas e rebuçados quando alguém fazia anos; de vez em quando mandava-nos ir para a relva brincar e dar cambalhotas; o seu castigo preferido, quando nos portávamos mal, era mandar-nos fechar os olhos e tentar dormir (eu adorava); só me bateu uma vez e gostava de pôr música a tocar (a mais popular era a Estou pensando em Deeeeeus, estou pensando no amooooor)... mas sem dúvida que a sua maior qualidade era o facto de que, além de nos tentar educar para a religiosidade, também tentava fazer de nós cidadãos e pessoas conscientes.
Lembro-me especialmente de um dos conselhos que costumava dar-nos: o de, na hora da cama, reflectirmos sobre o que tínhamos feito nesse dia (os momentos bons, os momentos maus, o que faríamos de outra forma) e agradecermos as coisas boas da nossa vida. E vinte anos depois, este conselho parece-me mais sensato do que nunca.




terça-feira, 31 de dezembro de 2013

E para me despedir de 2013...


ando a limpar o meu armário e até ao momento em que vos escrevo já tenho um saco quase cheio de roupas para dar. Outras, deitei fora. Usei como pressuposto que, as peças que não usei este ano, provavelmente nunca irei usar, e agora tenho mais espaço no armário e menos coisas para transportar na mudança para Örebro.

Eu sei, eu sei... a qualidade desta imagem...

Um excelente 2014 a todos e já sabem, façam o favor de ser felizes! 

domingo, 29 de dezembro de 2013

Notícias boas, notícias más.


Lembram-se de vos ter falado do Sven, a tempestade? A visita que nos fez foi breve: ele veio, ele foi e deixou-nos com um inverno à moda portuguesa. Chuva, vento e muita humidade. Nos meus cinco anos de Suécia, este foi o primeiro ano em que não houve neve no Natal. Os suecos andam queixosos.  Dizem que há mais luz quando há neve e que o ambiente fica muito mais mysig (aconchegador). Eu cá não tenho saudades. Adoro poder sair de casa sem ter medo de cair. Não demorar meia hora a fazer um percurso que normalmente demora dez minutos. Não ter que esquiar. Não ter dores nos dedos dos pés por causa do frio. As vantagens são muitas.

Por aqui muitas coisas têm acontecido, mas vou concentrar-me nas mais interessantes. Tenho uma notícia boa e uma notícia má. A boa notícia é que vou finalmente voltar à universidade. A má notícia é que não sei se vou sobreviver a tantos nervos. Vou estudar Serviço Social em Örebro e as aulas começam já em janeiro. Alguém me dá um abraço? Desconfio que o autor do célebre "a vida começa onde a nossa comfort zone termina" nunca teve que estudar em sueco; aos 26 anos; sem apartamento permanente; numa cidade onde não conhece quase ninguém.

Mas falando de coisas mais divertidas, já temos vencedora!



Parabéns Gata!
E obrigada a todos os que vão acompanhando o meu cantinho, sem vocês isto não seria o mesmo. 

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Manual de sobrevivência ao inverno sueco


O Sven (uma simpática tempestade de classe 2,5 numa escala de 1 a 3), chegou oficialmente à Suécia e, com ele, a primeira neve deste inverno e a minha primeira constipação da época. Vejam lá que até o meu acesso à internet foi afectado, embora por outros motivos, e estou a escrever-vos num computador emprestado. Achei por bem dar sinais de vida antes que o Sven faça das suas. Pelo sim pelo não, tenho reservas de atum, chá e bolachas cá em casa. Tudo está bem.

A verdade é que já toda a gente estava a estranhar tanta sorte com o tempo. No ano passado não tivemos verão e em outubro já nevava. Este ano, tivemos um verão lindo e um outono em que quase não choveu. Estava claramente na hora de uma tempestade de neve ou algo do género. E vou aproveitar a boleia para partilhar as minhas melhores dicas de como sobreviver, física e mentalmente, ao inverno sueco:

- Usar camadas. Não adianta usar um casacão do tamanho do mundo com um top fininho por baixo. Há que usar várias camadas finas.

- Apostar em bons sapatos. Atenção à sola, que deve ter relevos. Sapatos com solas lisas transformam-se em autênticos patins quando se anda no gelo. (Como a minha anca direita vos contaria, se falasse). 

- Aceitar que "bons sapatos" nem sempre são "sapatos bonitos". Correcção: quanto mais bonito um sapato é, menor a probabilidade de ser adequado a este frio do demo.

- É tentador usar vários pares de meias, mas cuidado se o sapato ficar apertado. A combinação frio e falta de espaço não é, digamos, simpática para os dedos. E quando os pés sofrem, todo o corpo sofre.

- Não esquecer o gorro. Parece que não, mas o corpo perde imenso calor através da cabeça.

- Lembrar os três C: creme, creme, creme. O ar extremamente frio deixa a pele seca e muito desconfortável. É importante hidratar bem a pele, e a mesma coisa se aplica ao cabelo, que também sofre com o frio. P.S. Os cremes que usamos durante o verão nem sempre dão conta do recado durante o inverno. 

- E falar em cremes... levar sempre creme de mãos e batôm de cieiro na carteira.

- Vitaminas, muitas vitaminas. Para a maioria de nós é óbvio reforçar a toma de vitamina C no inverno mas não se esqueçam da pobre vitamina D também.

- Chá, muito chá. E por que não aproveitar e comprar uma caneca nova e gigante?

- Filmes, muitos filmes. Ontem vi este e ri como se não houvesse amanhã.

- Dar passeios (por muito curtos que sejam) durante as horas de luz vai ajudar a preservar a vossa sanidade mental. Pelo menos sei que ajuda a minha.

- Fazer exercício. Porque as endorfinas nos fazem bem e não ganhar sete quilos também.

- Usar detergente para a roupa sem perfume, para diminuir o risco de irritação da pele.

- E por fim... don't worry (eu diria até, keep calm) que o inverno não dura para sempre e ainda nos dá uma desculpa para viver a vida enrolados em mantas. Nada mau.


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Vinte e seis coisas que aprendi em vinte e seis anos de vida



26. Gosto de fazer listas.
25. Pede desculpa por aquilo que fazes mas não por aquilo que és.
24. As pessoas são como as cores - algumas não combinam.
23. Começar a pintar o cabelo foi um dos maiores erros que cometi nesta minha curta vida.
22. Beber água faz milagres e tomar vitaminas também.
21. A maioria das pessoas não sabe o que o adjectivo "cínico" significa.
20. A vida é injusta e a prova disso é que o filho de sete anos da minha prima tem pestanas mais compridas do que as minhas.
19. Há dois tipos de pessoas no mundo. As que choraram com o Rei Leão e as que não.
18. Ouvir mais, falar menos.
17. Os homens não são todos iguais (não que eu algum dia tenha acreditado nisso).
16. Algumas das coisas que consideramos fúteis não são fúteis porque nos fazem sentir bem connosco mesmas.
15. Crescer nos anos 90 foi uma benção.
14. O poder do fio dentário é subestimado.
13. Há muita gente que ainda não aprendeu a usar o Facebook.
12. O dinheiro não compra a felicidade mas a pobreza também não.
11. A minha verdadeira vocação é viajar e comer bolos.
10. É preciso ter cuidado com aquilo que se deseja.
9. Ainda há boas pessoas e elas fazem com que o mundo seja um sítio muito melhor.
8. Felicidade é ter uma amiga com quem viajar.
7. Infelicidade é não cessar de comparar a nossa vida com a vida dos outros.
6. Usar protector solar. Sempre.
5. O cheirinho dos livros é um dos melhores cheirinhos do mundo.
4. Ser picada por uma abelha não é a tragédia que eu e a minha fobia imaginávamos que seria.
3. A vida fica mais fácil quando paramos de tentar mudar os outros e aceitamos aquilo que eles (não) nos podem dar.
2. É bom ter opiniões e é ainda melhor saber quais delas devemos guardar para nós mesmos.
1. Independentemente do que digam os dermatologistas e as revistas, o chocolate dá acne sim senhora.