É sexta-feira e estou de folga. Está sol lá fora. Fiz o pequeno-almoço (café com leite e torradas, of course, podem tirar a rapariga de Portugal mas não podem tirar Portugal da rapariga) e alapei-me à frente do computador a ler blogs, apenas interrompida pela ida à lavandaria, que marquei para as 10:00 - já vos falei das lavandarias colectivas da Suécia e de não ser muito comum ter-se máquina de lavar quando se vive num apartamento? A verdade é que ler os blogs dos outros, e particularmente certos relatos, lembra-me sempre de escrever no meu. Mas escrever no meu blog tornou-se difícil. Acho que é por causa de todas as voltas que a vida deu nos últimos tempos. E por já há muito tempo ter vontade de escrever mais à vontade e não conseguir. Sei que já vos chateei aproximadamente mil vezes com o assunto mas aturem-me, esta é a última vez. E porque gosto de listas, aqui vai uma lista de medos.
E se conto demasiadas coisas sobre mim?
E se não conto o suficiente e o blog fica chato e sem sal?
E se sou mal interpretada por certas pessoas?
E se estou a fazer generalizações quanto vos conto certas curiosidades sobre a Suécia?
E se não escrevo de acordo com o novo acordo ortográfico? (mas eu detesto o novo acordo ortográfico!)
E se falo demasiado dos problemas que se vivem aqui e o blog se torna chato e deprimente?
E se só falo das coisas boas e o blog se torna num happy blog sem conteúdo?
Até à data, nunca tive um "anónimo de estimação" nem problemas à custa do blog, para além de certos comentários de pessoas mais próximas. Nada muito dramático, mas o suficiente para me fazer questionar a mim mesma e para quase me fazer esquecer do prazer que a blogosfera me dava back in the days e daquilo que significava para mim. [Era uma forma de fazer algo de que sempre gostei (escrever), de manter o meu Português em dia (coisa de emigrante), de conhecer novas pessoas, de me sentir ligada a perfeitos estranhos, de acompanhar as peripécias de pessoas em situações semelhantes à minha]. Mas eu sou assim - muitas vezes acho que os outros sabem mais do que eu, e esqueço-me que não dizem certas coisas por saberem, mas sim devido às suas próprias inseguranças e frustrações. Nem sequer precisam de ter más intenções. Em certas situações somos simplesmente transformados no receptáculo dos problemas das outras pessoas e as coisas que nos dizem não reflectem aquilo que somos, mas aquilo que elas são. Há que saber distinguir críticas construtivas de coisas que se dizem pelos motivos errados. Mas só hoje (na lavandaria) é que percebi a coisa a sério. Há pessoas que vão encontrar sempre algo para criticar. Se não for o blog, há-de ser outra coisa qualquer. E a única pessoa que tem de aprovar aquilo que faço escrevo sou eu. Quem manda nisto sou eu. É tão básico, não é? Só que às vezes não é. No alto dos 27 (quase 28!) anos e depois de (quase) 7 anos a ser senhora e dona da minha própria vida num país "estranho" ainda ando a aprender. Acho que vou começar a passar mais tempo na lavandaria.