Mostrar mensagens com a etiqueta Sociedade. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Sociedade. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Não há nada como viver numa cidade pequena


Aqui em Nyköping, um homem na casa dos 60 anos foi agredido na cara com um peixe (cavala) enquanto dormia tranquilamente em casa. A agressora é uma mulher também na casa dos 60 anos. A polícia está a investigar o caso.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

O melhor da Suécia #5 - Princesa Vitória e a comunidade gay


Apesar dos meus queixumes e ironias, a verdade é que precisaria de ser completamente cega (ou atrasada) para não apreciar as qualidades da Suécia, entre as quais a sua atitude tolerante e liberal. E aqui até a monarquia, por regra conservadora e inflexível, reflecte esses valores. Isto que vos trago é uma "novidade" com alguns meses e que ficou perdida no meio dos meus infinitos rascunhos mas que hoje vai finalmente sair do armário! É nada mais nada menos que a princesa Vitória, herdeira do trono, a entregar o prémio de homossexual / bissexual / transsexual do ano numa gala LGBT. Um gesto simples mas cheio de simbolismo para uma comunidade que apesar de todos os seus progressos ainda está habituada a ser marginalizada pela sociedade.

Estou legendado em inglês!



quarta-feira, 15 de maio de 2013

11 coisas


Ando delirante. A Maria do Uma Caipira na Suécia desafiou-me a fazer uma lista de 11 coisas que me fazem contar até 100. E sendo eu chata profissional esta lista assenta-me como uma luva. Ontem adormeci a pensar no que incluir na lista e apercebi-me que podia até nomear 100 coisas mas sei que vocês são pessoas ocupadas e que têm mais do que fazer. Então aqui vai... 11 coisas que me fazem contar até 100, não necessariamente por ordem de gravidade.

11. Pessoas que andam a passo de caracol em sítios congestionados.
10. Internet lenta. Quando eu mais preciso dela.
9. Pessoas que chegam sempre atrasadas a encontros.
8. Pessoas que põem música alta no telemóvel para toda a gente ouvir, em transportes públicos. 
7. Pais que não dão educação aos filhos
6. Escravos do status, versão A. Ah e tal, a minha tia, que por acaso é médica cirurgiã, também gosta de chiclets de morango.
5. Escravos do status, versão B. Ah e tal, que sapatos giros. Quanto é que custaram?
4. Escravos do status, versão C. Pode tratar-me por Sr. Dr. Silva.
3. Chuva, em 98,5% das ocasiões.
2. O meu cabelo em dias de chuva.
1. Pessoas fanáticas. Seja por futebol, religião, astrologia, história da Grécia Antiga ou comida saudável. Não há paciência.

Então, quem partilha alguma destas "comichões" comigo? Passo a bola aos meus colegas chatos profissionais. Saiam do armário, a vida cá fora é muito mais divertida.

P.S. Reparei que 8 das 11 coisas nesta lista são na verdade pessoas ou grupos de pessoas. Acham que preciso de fazer terapia?


terça-feira, 30 de abril de 2013

Portugal precisa de uma makeover


Andava eu muito tranquila às compras quando me deparei com este belo dvd. Ah Portugal, o bucólico país dos velhinhos de boina e das touradas.


E agora umas perguntinhas retóricas, não será mau o suficiente que a merda das touradas existam? Como é que em pleno ano de 2013 elas ainda são usadas como imagens turísticas do país? Sendo que...

1. As touradas não representam Portugal. Eu sei que é óbvio mas parece que nunca é de mais clarificar.

2. As touradas são a maior vergonha de Portugal. Usar imagens de touradas para promover o turismo nacional é como colocar a imagem de um sequestro violento num dvd turístico sobre o México. De um pickpocket em Londres. Da prostituição de menores em Bangkok. Vocês entendem a ideia.

3. Usar imagens de touradas em dvd's turísticos atrai o tipo errado de turistas. Nomeadamente mentecaptos com tendências sádicas que gostam de assistir à morte lenta de animais ao vivo e a cores. Querem mesmo essa gente à solta, a visitar o país? A sério?

4. Portugal tem aproximadamente um milhão e meio de coisas decentes, bonitas, interessantes, chamativas, educativas, culturais, tradicionais e inesquecíveis para oferecer a quem nos queira visitar. E nem sequer falta diversão para os nossos amigos mentecaptos com tendências sádicas. Podem sempre deleitar-se com as histórias da Inquisição, da escravatura e até mesmo com a pobreza e a miséria actuais, cada vez mais visíveis.

5. Já mencionei que as touradas não representam Portugal?

Mas não se preocupem, Portugal não é apenas o país das touradas! Também temos cantoras de fado. Ando a ler um livro giríssimo, sueco, Delhis Vackraste Händer (As Mãos Mais Bonitas de Delhi, Mikael Bergstrand) no qual o melhor amigo do personagem principal tem um caso com uma cantora de fado portuguesa que conheceu por aí. Porque todas as portuguesas são cantoras de fado e, quem sabe, toureiras nos seus tempos livres.

Está a ficar tarde e tenho que ir dormir mas antes disso queria deixar os meus beijinhos aos anónimos zangados que por aqui queiram passar.

Ah, e aqui têm uma leitura interessante sobre o tema.

God natt!

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Só na Suécia #5: O realismo impiedoso


Desculpem por publicar isto tão perto da hora do almoço mas deparei-me com mais uns exemplos do incurável "romantismo" dos suecos, que já aqui foi comentado, e quis partilhá-los convosco.


Em abono da verdade, posso adiantar que a ilustração não é assim tão exagerada. Trata-se de um artigo sobre a vinterkräksjuka (a doença mais nojenta do mundo), que se caracteriza exactamente pelas coisas que se vêm aí em cima. Gosta de se propagar no inverno e, ainda por cima, é muitíssimo contagiosa.

Mas calma, há mais. Apresento-vos o livro do cocó, indispensável na educação de qualquer criança.


Era só isto. Para mais episódios do Só na Suécia, fazer clique nestes links:

Só na Suécia #1 - O bom humor matinal das suecas
Só na Suécia #2 - Uma salsicha polémica
Só na Suécia #3 - Vira bissexual
Só na Suécia #4 - Café e bolos

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Portugal vs. Suécia


Venho a Portugal poucas vezes por ano. Duas, talvez três. Quando estou aqui, há muitas coisas que estranho, por me ter desabituado delas. Outras, deixam-me sem perceber como é que sou capaz de viver sem elas. Apresento uma humilde lista de observações para exemplificar:

 1. 18ºC e sol em pleno mês de Dezembro. A minha alminha (con)gelada quase derrete, e eu gosto.

 2. A mensagem de Natal do Primeiro Ministro Português. À frente de um presépio. E eu que pensava que Portugal tinha um estado laico. Tal como o ponto nº 1, isto é algo que não aconteceria na Suécia.

 3. Constatar que afinal não sou invisível. As pessoas não me ignoram. É estranho e sabe bem!

 4. Discursos pessimistas. Quando não se fala da crise, fala-se de doenças. Quando não se fala de doenças, fala-se da crise. Habituei-me às conversas optimistas dos Suecos, e sinto muito a falta delas. 

 5. Até o atum em lata é mais  saboroso em Portugal. Juro. Já comprei várias latas para levar.

 6. O pessoal todo ao molhe nas escadas rolantes.  Na Suécia, quem não quer andar posiciona-se no  lado direito e deixa os outros passarem pelo  lado esquerdo. É simples e prático. 

7. Hipermercados e shoppings abertos até tarde, de braços abertos para acolher a minha fúria consumista. Lindo!

8. Pessoas que se atropelam a falar. E não contentes com isso, falam aos berros. 

9. Roupas lindas e a preços acessíveis! Adeus sacos de batata pretos e bege, adeus H&M, adeus Lindex! 

10. Humidade e roupa que não seca. (Sorry, o tema humidade é incontornável, como esta senhora bem sabe.). Eu mereço?

No final, nenhum dos países fica a perder. Ambos são fantásticos, e eu continuo pacientemente à espera do dia em que os Japoneses descubram uma solução para o meu coração dividido e o consigam colar de novo. Não são eles que conseguem inventar tudo?

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O que eu ando a fazer


Aos 15 anos eu levantei um embargo aos produtos da Dove lá em casa. Eu e a minha mãe andávamos com uma paixonite aguda por um gel-de-banho exfoliante da marca e a hora do banho nunca tinha sido tão cheirosa, mas eis que num fatídico dia eu fiquei a saber que a Dove testava os seus produtos em animais e proibí a sua compra na nossa ida semanal ao hipermercado. A minha mãe, com a sua infinita paciência e sensibilidade, aderiu e passou a comprar outras marcas (obrigada mãe!). Despedimo-nos chorosamente do nosso querido gel-de-banho e começámos a usar outros que provavelmente também teriam sido testados em animais sem eu saber.

Ainda hoje a questão dos testes em animais me faz imensa confusão, assim como o uso de substâncias potencialmente cancerígenas e toda essa história ao redor dos produtos de higiene e cosméticos. Ao mesmo tempo, nem sempre é fácil optar por produtos naturais e amigos dos animais (rimou!), especialmente quando se olha à relação preço/quantidade em comparação com os produtos normais de supermercado. E quando se ama de paixão um produto, mesmo desconfiando do seu potencial radioactivo à moda Chernobyl, o que é que se faz? 

A verdade é que não é fácil ser-se um cidadão consciente hoje em dia, o que se aplica não só aos produtos que usamos mas também à alimentação, ao vestuário (como comentei aqui), ao nosso consumo de energia... a lista não acaba. 

Não desisti de melhorar algumas coisas, não. O bichinho dos cosméticos continua forte. E, inspirada por uns blogues suecos que fiquei a conhecer recentemente, desafiei-me a mim mesma a substituir gradualmente os produtos que tenho na casa-de-banho (BR: banheiro) por produtos a) naturais; b) não testados em animais; c) ambos. Todos nós precisamos de um passatempo, certo?

Estou entusiasmada com este projecto, e já consegui encontrar excelentes substitutos para os produtos normais. Até agora, estes são os meus preferidos, da Weleda e da Body Shop. E até maquilhagem comprei, da Une (disponível no Åhléns). 


E vocês, costumam pensar duas vezes antes de comprar os vossos produtos? Costumam optar por produtos mais naturais? Contem-me tudo e digam-me que não sou a única, vá.

P.S.: O creme de mãos da esquerda está, pouco a pouco, a transformar-se no melhor amigo das minhas mãos. 


P.S.2: Quem quer ficar a conhecer mais produtos naturais e praticar o sueco ao mesmo tempo? Visitem este e este blogue!

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

3 coroas Suecas


A sério, H & M?! Não se esperam coisas destas de empresas que têm como "estandarte" a responsabilidade social...

Kalla%20fakta%201%20-%20About%20Hennes%20&%20Mauritz%20(English%20subtitle)


sábado, 27 de outubro de 2012

O noivado da princesa Madalena


A princesa Madeleine da Suécia e o seu noivo Americano Chris O'Neill fizeram recentemente um comunicado oficial no qual oficializaram o seu noivado. O vídeo tem sido bastante comentado pela visível rigidez do casal e, é claro, o tihi que a princesa faz no fim. 




O vídeo original...




A paródia. Tihi!

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

7 da manhã

Fonte aqui

Todas as manhãs, quando vou a caminho da estação para apanhar o comboio para Estocolmo, vejo o mesmo casal. Ambos estão na casa dos 50 anos. A mulher apanha o mesmo comboio que eu todos os dias. O homem... vai apenas acompanhá-la à estação. Às 7 da manhã, minha gente. E, ao despedir-se da sua amada, dá-lhe um abraço bem apertado, um sorriso de orelha a orelha e um beijo de Hollywood. Como não ficar quentinha por dentro, mesmo apesar do frio que faz a essa hora?

Para mais gestos românticos de vikings, ver este post e dizer em coro "Os vikings são tão fofinhos!"



terça-feira, 9 de outubro de 2012

Tipicamente Sueco


Nós, blogueiras "importadas" (e todos os importados em geral), temos um olho clínico para as peculiaridades da Suécia. Afinal, a grande maioria das coisas e das experiências são novas e, por isso, o nosso sentido crítico está em alerta. O que é bom. Mas já me aconteceu falar sobre a Suécia com Suecos e fazer observações que os surpreendem imenso, apesar de os factos em questão serem em algo óbvio para mim e para qualquer outro(a) imigrante com dois olhos e dois ouvidos. 

Como, por exemplo, o facto de este povo falar com a voz muito "aguçada", acentuando exageradamente certas sílabas. ELES faaaaLAM assIIIM. E também é preciso ter cuidado com as palavras que se acentuam numa frase. A pergunta "Tu vais ao cinema na sexta-feira?" pode ter três "sentidos" ou intenções, dependendo da palavra que se acentua:

a) TUUU vais ao cinema na sexta-feira? (Sentido: és tu que vais ao cinema?)
b) Tu vais ao CINEEEMA na sexta-feira? (Sentido: é ao cinema que vais?)
c) Tu vais ao cinema na SEEEXTA-FEIRA? (Sentido: é na sexta-feira que vais ao cinema?)

Nota: Não acentuar nenhuma palavra NÃO é boa ideia. Eu tenho tendência a falar com a "entoação Portuguesa", o que resulta em algo assim: "tuvaisaocinemanasextafeira? (mas em Sueco) e isso resulta sempre (sempre!) em confusão. Não é por falar rápido. Não é por falar mal. É por não entoar de forma Sueca. E a minha professora do SFI já dizia que o mais importante não é estudar gramática nem falar correctamente, é mesmo entoar as palavras "à maneira Sueca". 

De qualquer forma, é difícil encontrar um Sueco que esteja consciente das peculiaridades do seu país. E é por isso que o momento em que encontrei este blog foi algo histórico para mim. Amigas, o Typiskt Svensk é um blog sobre a Suécia, mas escrito por uma Sueca. Lá podem encontrar um monte de curiosidades sobre o país através dos olhos de uma nativa. 

Neste post a autora fala sobre a questão da entoação das palavras. Senti-me muito realizada quando o li. Eu sabia que, no fundo, no fundo, é imPOssíVEL que os Suecos não tenham noção da FORma coMO FAlaaaam.

Amei!

domingo, 7 de outubro de 2012

O laço rosa


Outubro é o mês de prevenção e de sensibilização sobre o cancro da mama e uma das iniciativas mais populares aqui na Suécia é a venda do rosabandet, o laço rosa, que todos os anos tem um design diferente. É quase impossível fugir-lhe. Ele está em muitas lojas e supermercados (mesmo à beirinha da caixa) e quando chega o momento de pagar as nossas compras, os vendedores costumam perguntar se queremos levar também um laço. Eu já comprei o meu, apesar de já ter uma senhora colecção, digna de museu. Desta vez, coloquei-o numa caixinha que tenho no trabalho, que podem ver na foto.

Olá, eu sou o laço fofinho contra o cancro!

A venda anual do laço é organizada pelo Cancerfonden, o primo Sueco da Liga Portuguesa contra o Cancro.


O mais engraçado é que há mais formas simples e práticas de contribuir. Todos os anos há empresas que colaboram com o Cancerfonden e, na venda de produtos selecionados, enviam X coroas para a associação. A grande maioria dos produtos selecionados podem ser distinguidos pela sua embalagem cor-de-rosa, mas podem ver a lista exacta aqui. Há de tudo: cereais, batôm de cieiro, chá, alface, sabonete líquido... Coisas que provavelmente compraríamos na mesma, mas agora com um benefício extra.

As causas relacionadas com a luta contra o cancro - qualquer tipo de cancro - dizem-me imenso a nível pessoal, pois infelizmente esta doença estúpida já tentou roubar vários membros da minha família. Em 2007 conseguiu levar o meu tio mais velho...

Comprar um laço por 25 sek (o preço de um café) ou um creme de mãos cor-de-rosa não vai fazer com que o cancro da mama desapareça mas eu gosto de pensar que, se todos fizermos algo (mesmo que seja um gesto pequenino), isso não deixa de ser muito, muito mais do que não fazer nada.

E desse lado, já contribuíram ou pensam em contribuir para esta causa? 

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

É a loucura


Lembram-se das promoções do supermercado Pingo Doce que deixaram Portugal em alvoroço? Aconteceu algo parecido aqui:








sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Ah, se eu soubesse escrever assim


Este post aborda um assunto polémico e que me diz muito, muito, muito. Refiro-me a uma das grandes vergonhas nacionais de Portugal -  as touradas. Encontrei o texto abaixo no Facebook e não resisti a partilhá-lo. Acho que ele diz tudo o que precisa de ser dito. Sinceramente, eu não poderia tê-lo escrito melhor. Apesar do assunto ser sério, este texto está escrito com um sentido de humor muito refinado. Vale a pena ler!

"O único argumento legítimo e verdadeiro que têm [os aficionados], é o de a tourada ser um espectáculo legalizado e, como tal, terem todo o direito a participar. Ponto final porque acabam aí os argumentos válidos.


O sr. que fala em adrenalina ou no sangramento para alívio do touro obviamente não entende nada de biologia, de fisiologia ou de comportamento animal; percebe apenas da sua adrenalina quando assiste a espectáculos de violência. Essa dos sangramentos para alívio dos humores foi uma prática médica muito em voga na Idade Média mas abandonada posteriormente.

O que está na base do movimento anti-touradas não é claramente uma questão de gostos. Os gostos não se discutem. O pior é quando os nossos gostos colidem com a vida ou a integridade física de outros. Gostar é diferente de amar ou respeitar. É por demais evidente que os pedófilos gostam de crianças; mas é uma maneira de gostar que passa pela exploração dos menores e pela negação dos seus direitos. 

Os que vivem da indústria tauromáquica cuidam dos touros porque vivem da sua exploração; se eles não lhes trouxessem rendimento, duvido que tratassem deles em regime pro-bono. Mas fica o desafio: vamos ver quantos aficionados amam verdadeiramente a raça taurina e se dispõem a cuidar dos exemplares existentes quando acabarem as touradas. Como fazem, por exemplo, as associações de animais por este país fora, que abnegadamente se dedicam a cuidar de cães e gatos abandonados.


Outra falácia comum para fugir à discussão séria sobre ética é comparar a vida em liberdade que precede a tortura na arena à vida dos animais em criação intensiva. É claro que a criação intensiva é uma ignomínia, mas não invalida que as corridas de touros não constituam também uma ignomínia. 
Aqui podemos cair na questão de comparar coisas parvas como campos de concentração, por exemplo: seria melhor acabar em Auschwitz ou em Treblinka? É melhor morrer à nascença ou aos 4 anos? Com uma facada no peito ou afogado? Tudo isto são questões absolutamente laterais e cujo único objectivo é desviar a atenção de uma pergunta muito simples: é eticamente aceitável criar um animal para o massacrar publicamente e ganhar dinheiro assim?
Se respondermos sim, abrimos a porta para as lutas de cães, de galos, e até de indivíduos que, por grande carência financeira ou mesmo falta de neurónios, se disponham a entrar num recinto e participar numa luta de morte em jeito de espectáculo. Há quem goste de ver. E se vamos pela quantidade de público a assistir, nada batia os linchamentos públicos nos pelourinhos. Mas isso também acabou; houve uma altura em que passámos a considerar isso um espectáculo incorrecto e imoral.


Vi agora que ainda há mais uns pseudo-argumentos: comparar injecções ou vacinas com as bandarilhas. Parece uma brincadeira comparar uma agulha fina com o objectivo de tratar uma doença ou evitar outra - no caso das vacinas - com a introdução de 9cm em metal grosso, cujos 3cm finais são em forma de arpão para não sair e continuar a rasgar os músculos e os ligamentos durante a lide. Das duas, três: ou está a brincar, ou não usa o raciocínio ou quer enganar os outros.

Depois vem mais uma das bandeiras frequentemente agitadas: a da extinção do touro bravo. Como muitos dos que lutam contra a existência das touradas são pro-ambientalistas, este parece ser um argumento forte. Parece, mas obviamente não é. O que os ecologistas defendem é a não interferência nos ecossistemas porque há equilíbrios frágeis cuja totalidade das varáveis são
desconhecidas e as rupturas imprevisíveis. Não tem nada a ver com o touro bravo. A extinção do touro bravo teria o mesmo impacto ambiental que a extinção do caniche. Podemos lamentá-la, claro, por razões sentimentais, mas não afectam em nada os ecossistemas. 


E se falamos de ambiente, as herdades onde se faz a criação extensiva de touros podiam dar lugar a montados de sobro e plantação de oliveiras. Temos um clima e um solo excelentes para a produção de azeite e cortiça e não somos autónomos na questão do azeite, o que nos traria ganhos financeiros e mais independência económica. Os toureiros, se quisessem reconverter-se, podiam ir para a apanha da azeitona com as suas calcinhas justas e a jaqueta de lantejoulas; não seria prático mas dava uma nota de cor aos campos nessa altura do ano."




sexta-feira, 13 de julho de 2012

Só na Suécia #2: Uma salsicha polémica


Era uma vez uma salsicha originária do sul da Suécia. Uma salsicha como todas as outras até ao fatídico dia em que foi usada no cartaz de um quiosque, causando uma comoção que a levou à fama internacional. E agora o dono do quiosque está metido em sarilhos. (Ou apenas famoso.). Acontece que a foto tem um "quê" de sexualidade e tem sido muito criticada por explorar a imagem feminina e por promover a desigualdade entre os géneros. 

A salsicha do momento
A perita em estudos de géneros Britten Dehlin está também preocupada acerca da possibilidade de esta imagem, e outras como ela, repelirem novos potenciais habitantes da cidade (Sirishamn). Ora, eu duvido que esta salsicha faça mudar os potenciais habitantes de ideias. Mas, de resto, concordo que está na hora de se dar um passo em frente e parar de se "sexualizar" a imagem feminina. Ou isso, ou começar a fazer as coisas em pé de igualdade e sexualizar a imagem masculina também. Homens a comer hot dogs de forma sensual. Homens quase nus em reclames... Vocês entendem a ideia. 

P.S.: Podem encontrar a notícia sobre a nossa amiga salsicha aqui. Está em Inglês.