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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

ENTRE TAPAS E BEIJOS




Um grande orgulho que tenho é manter intactos os dois ingressos dos shows dos Ramones. Mas há quem pode dizer que já dormiu com Joey Ramone. Mickey Leigh é o cara. Não, não se trata de uma relação homoafetiva do vocalista da banda mais popular do punk rock mundial com um fã. Leigh é o irmão mais novo de Joey.

A história de Jeff (o verdadeiro nome de Joey) é contada desde quando eram crianças, época em que passaram por diversos traumas, como a perda do padastro em um acidente de carro na França, a separação dos irmãos agregados, as constantes mudanças de casas (o que era um martírio para quem tem dificuldade para fazer novas amizades), as tirações de sarro pelo físico de Joey, a ausência do pai e ainda os problemas comportamentais do protagonista do livro I slept with Joey Ramone.

Fatalmente, Mickey não conseguiria contar a história de seu irmão sem entrar na história dos Ramones. E isso não é um problema, muito pelo contrário. É bem curioso ver a criação e o percurso da banda pela ótica de alguém que estava como testemunha ocular e também ter acompanhado e participado das primeiras gravações dos discos que escreveram os primeiros capítulos do punk.

Após ter lido três livros sobre a banda (Commando, de Johnny Ramone, Coração envenenado de Dee Dee Ramone e Hey, ho! Let’s go! de Everett True) é possível chegar a um perfil meio que padrão dos membros da banda: Johnny, o ditador; Dee Dee, o porraloca; Joey, o tímido gente boa e os bateristas (Tommy, Marky e Ritchie) eram… Ah, os bateristas da banda. Mas nesse relato, algumas coisas mudam de figura. Pra mim, pelo menos.

Até então, eu sacava que Johnny era uma grande de um traidor (pra quem não sabe, ele roubou a namorada de Joey, Linda) e um chefe ordinário e individualista, mas mesmo assim eu tinha grande simpatia por ele, justamente por ser sincero em seus atos. Porém, nas palavras de Leigh, passei a ficar puto com o guitarrista. Ele simplesmente ignorava o apoio dado por Mickey, pagava salário merreca pros seus funcionários (sim, a banda era apenas um trabalho para ele), não creditava nomes de pessoas que colaboravam (e tampouco as pagava), além de tudo que já se falou dele. Com isso, dá pra gargalhar junto com os irmãos na passagem do livro em que lêem a notícia do espancamento que Johnny recebeu.

Outra coisa que não fica muito claro nos demais livros, é o comportamento de Joey. Aquela cara de bom moço tímido escondia uma pessoa de temperamento bipolar, que tratava a mãe e o irmão mal, e ainda os seus próximos tinham que lidar com o seu transtorno obsessivo compulsivo (TOC). Mickey sofreu um bocado na mão dele. Havia períodos em que Joey, aproveitando a sua fama, apoiava os projetos do irmão e outros em que ele o boicotava diante de produtores e gravadoras. Outra pessoa teria abandonado na beira da estrada.

Mas Mickey acompanhou o irmão em diversos momentos, mesmo tendo que ser humilhado, nos diversos altos e baixos que passou. Mas talvez o mais importante foram os últimos meses de vida nos quais Joey esteve no hospital, passando por cirurgias e quimioterapias. Se for tudo verdade que Leigh conta no livro, ele merece o Nobel da paciência e da resiliência.

No geral, é um livro bem interessante, com muitos fatos inusitados (como, a última música que Joey ouviu), momentos divertidos e outros muito tensos com uma narrativa fluída, num clima de bate papo na mesa de bar.

Uma história entre dois irmãos, que está fadada a ser recheada de tapas e beijos. Mas cheia de amor. 

Assim como nas famílias normais.




Abaixo uma música do projeto entre Mickey e Joey, o Sibiling Rivalry:



quarta-feira, 25 de setembro de 2013

POGO



Po.go sm. estilo de dança geralmente apresentado pelo público em shows de punk rock. Não tem uma técnica exata para sua execução, porém seus praticantes a utilizam para exteriorizar suas insatisfações, com movimentos bruscos de braços e pernas, em uma tentativa de se livrar de demônios interiores.

Enquanto prepara os últimos detalhes do Mitologia do Descompasso,  o zinista workaholic  Flávio Grão vai lançar na próxima sexta, 27/09,  não só mais um zine, mas um pacote de coisas que passeia pela cena punk e hardcore.

Há algum tempo, Grão foi convidado pelo Studio Wrong Way To Do para uma parceria que inicialmente seria apenas para desenvolver uma estampa de camiseta. Porém, quando terminou a ilustração (que tinha referências com o universo hardcore e punk rock)  decidiram que seria interessante expandir a idéia e publicar também um zine sobre o assunto. Surgiu aí o Pogo, projeto que, além da camiseta e do zine,  também envolve o lançamento de bottons.

O zine é uma compilação de desenhos resgatados do acervo de Grão de quase vinte anos, de seus cadernos de esboço, artes de cartazes, zines etc. Essa edição conta ainda com dois contos inéditos feitos especialmente para esse zine.

Grão tem a mania de ilustrar lugares e coisas que observa durante as viagens que faz Brasil afora. Uma das artes que compõem o zine, é a que o autor fez em seu caderno, sobre um postal do Museu do Ramones que ele visitou em Berlin no ano passado. "Na minha adolescência, eu e meus amigos ouvíamos Ramones o tempo todo. Alguns deles já morreram e estar naquele lugar me fez rememorar aqueles dias únicos onde éramos tão unidos e nos divertíamos com o pouco que tínhamos", relembra Grão.





O Minor Threat, banda criada por Ian Mackaye (que mais tarde fundaria o Fugazi), entrou na vida de Grão por volta de 1997 e há três anos ele fez este desenho baseado na música "Out of Step". Segundo ele, a arte é uma interpretação do título da música e não da letra em si. "É um exercício diário ficar 'fora do passo do mundo' e não absorver idéias ou conceitos do senso comum que são disseminados pela mídia ou propaganda e ficam no ar como verdades absolutas.” Fica a dica.



O lançamento será no Hotel Tee's à partir das 21h e, de quebra, ainda tem o show com a banda Microndas! Compareça, prestigie e adquira! 


quarta-feira, 14 de novembro de 2012

LIMP WRIST AO VIVO NO CCJ

Confira os vídeos logo abaixo, com entrevista e trechos do show da banda punk/queercore Limp Wrist no CCJ, na capital paulista.

Vale destacar a impressão positiva causada pelo espaço nos integrantes da banda, como comprova o depoimento do vocalista Martin Sorrondeguy: "Quando os jovens se reúnem nos EUA, os mais velhos ficam assustados, a polícia fica assustada, todo mundo fica assustado. Aqui você tem, no mesmo lugar, pessoas dançando break e uma banda punk tocando."





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quarta-feira, 25 de abril de 2012

O QUANTO DE ARTE VOCÊ AGUENTA?


The Records não é uma loja de rock comum. Especializada em disco (em vinil) de punk rock, promove alguns eventos e promoções diferenciados, sempre capitaneados pelo showman Rogerinho Shop que sempre aparece em vídeos promocionais da loja.

Em 28 de abril promoverá a exposição O quanto de arte você aguenta? que exibirá releituras de capas de discos clássicos do punk rock mundial. Embora já tenha confirmadas obras de artistas consagrados, o espaço também está aberto para quem quiser participar com a sua colaboração. As orientações são simples: a capa tem que ter 30x30cm, ser uma releitura de uma capa que já existe(não uma capa totalmente nova para um disco velho) e entregar até o dia do evento na The Records, na Galeria Nova Barão (Rua Barão de Itapetininga 37, Rua alta, Loja 43). A vernisage acontecerá a partir das 14h.

Já estão confirmados os trabalhos de Alemão, Alex Vieira, André Mesquita, Carlos Dias, Carol Brandi, Chico Felix, Daggers, Daniel Levenhagen, Danielone, Eduardo Vaz, Ete, Flavio Bá, Kauê Garcia, Lixero, Lucas Cabu, Magoo, Mateus Mondini, Mila Leão, Murilo Pommer, Sesper e Victor Stephan.

Os zinistas Flávio Grão e Márcio Sno participarão com suas obras. Grão apresentará sua versão para "Steady Diet of Nothing" do Fugazi e Sno refez as capas de SUB e de "Crucificados Pelo Sistema" do Ratos de Porão.

Confira abaixo o reclame estrelado pelo impagável Rogerinho Shop:

sábado, 31 de março de 2012

ZINE NO MAKE UP TIPS # 3


Zine feito pela Gabriela Gelain e sua amiga Jessica Nakaema. As duas garotas são do Rio Grande do Sul e a Jessica mora atualmente mora em São Paulo.

O zine funciona como um modo de manter a “liga” da amizade quando a distância entre as amigas se estabelece e trata de temas relativos ao universo punk/hardcore com um viés feminista.

Nesta edição entrevistas com as bandas Chuva Negra e Inseto Social, resenhas de bandas, conto de Luis Perossi (zine Meus Amigos bebem muito café), resenhas de shows, quadrinhos e textos de reflexões.

Destaque para a linguagem do zine que consegue um equilíbrio que considero
importante nas publicações do tipo: é pessoal sem ser e confessional e informativo sem cair na frieza “jornalística”.

Gabriela, que é estudante de jornalismo na Universidade Federal de Santa Maria, mantém um divertido programa na rádio da universidade chamado Santa Demo (Santa Maria + Demo tape, sacou?), que é dedicado ao punk/harcore e metal e vai ao ar aos sábados às 13:00 horas, acompanhe aqui.

nomakeuptips@hotmail.com

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

VIVA VIVA

Será lançado esse ano o filme VIVA VIVA, retratando o Punk na cidade de São Paulo. Um projeto de Carolina Pfister (sim, a Carol do No Class de Campinas!), foi filmado em SP entre 2003 e 2005, depois engavetado e agora finalmente está em fase de finalização.

Veja o teaser:

Viva Viva - Teaser - Português from Carolina Pfister on Vimeo.



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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

THE BOYS: ENTREVISTA EXCLUSIVA


Por Luiz Cesar Pimentel


The Boys é uma das maiores e menores bandas do punk rock do áureo e simbólico 1977. Maiores porque quem ouve dificilmente escapa de virar fã. Menores porque sempre tiveram um obstáculo a alçá-los à (merecida) posição de Clash ou Sex Pistols. Mas a boa nova é que o grupo segue na ativa, na base de cinco ou seis shows por ano. E notícia melhor ainda é que virão ao Brasil pela primeira vez em abril. O líder do grupo, Matt Dangerfield, fala sobre isso e sobre tudo o que foi resumido nas linhas anteriores.


(Obs: Esta entrevista é livre de direitos autorais. Portanto, você pode e deve reproduzi-la, passá-la adiante, dar CTRL+C e CTRL+V no seu blog, site, zine, onde for. O único pedido é que não tire frases do contexto original para não haver interpretação errada.)


Você estava no olho do furacão do movimento punk de 77. Quais são suas melhores e piores lembranças da época?

A melhor coisa: curtir o Roxy Club enquanto durou (cerca de 100 dias pelo que lembro; não muito mais que três meses). Era uma segunda casa pra mim e era incrível ver as gravadoras atrás de todo mundo para assinarem contratos com as bandas quando perceberam que a cena seria grande.

Pior coisa: Fugir dos cuspes porque as pessoas leram em algum jornal musical estúpido que era isso que o público tinha que fazer em um show punk.


The Boys tem uma longa história. Por favor, torne-a curta para os leitores.

Eu tocava em uma banda chamada London SS com Mick Jones (The Clash) e Tony James (Generation X e Sigue Sigue Sputnik). Deixei esse grupo e me juntei ao Andrew Matheson e Cassino Steel que tocavam no Hollywood Brats e haviam gravado um disco tão brilhante quanto pouco ouvido. Andrew voltou para casa, no Canadá, para passar o Natal e nunca mais retornou (à Inglaterra). Casino e eu decidimos continuar, convocamos Honest John e mais tarde Duncan e Jack. Casino e eu começamos a compor e trouxemos Ken Mewis (ex-empresário do Brats) para cuidar dos negócios.

Fomos a primeira banda punk a assinar com uma gravadora (NEMS, por cinco anos). Após dois discos com a NEMS e muitas dificuldades com eles, The Boys entrou em greve e se recusou a fazer qualquer coisa. Aí a gravadora permitiu o rompimento do contrato. The Boys então voltou à ativa na Noruega para gravar o terceiro disco, “To Hell with The Boys”, lançado pela Safari Records. Gravamos também o quarto álbum, “Boys Only”, também pela Safari. Em 1981 o contrato acabou, e a partir daí cada integrante começou a fazer suas próprias coisas. Muitos anos depois nos reunimos para alguns shows no Japão. O sucesso foi tão grande que desde então estamos fazendo cinco ou seis apresentações por ano. Em abril vamos tocar no Brasil e na Argentina, e para o final do ano estamos preparando shows na Espanha, Canadá e Japão.


Como eram a relação e a rivalidade entre os membros das bandas como The Boys, Clash, Sex Pistols, Damned...?

Existia uma rivalidade amigável no começo conforme íamos nos conhecendo, mas depois, quando estávamos todos ocupados com as turnês e gravações de discos, nossos caminhos não se cruzavam com muita freqüência.


Conte sobre o estúdio que você teve no seu porão e algumas histórias que viveu por lá com Mick Jones e The Clash, Billy Idol e Generation X, Sex Pistols.

Era basicamente um depósito antigo de carvão no porão de um prédio que eu dividia com Barry Jones, também fundador do Roxy Club. Era bem pequeno – mais ou menos nove metros quadrados – mas era possível encaixar ali um kit de bateria e um par de amplificadores. Ensaiava lá com Mick Jones e Tony James quando éramos do London SS e todo o material do The Boys foi antes ensaiado lá. The Damned também tocou por lá, assim como Billy Idol, quando ainda não cantava e era apenas um guitarrista em Chelsea. Ele não tinha começado a tocar guitarra há muito tempo, mas pegou o jeito bem rápido. Me lembro dele imaginando que seria um ótimo guitarrista. Aquele espaço foi uma central do punk por um tempo para todos nós, de Sid e Nancy, a Johnny Thunders e Chrissie Hynde, até Midge Ure e Glen Matlock que apareciam com freqüência.


Qual é/foi seu sentimento sobre Elvis, já que sua morte causou uma série de problemas quando The Boys lançou o primeiro single?

Eu amo o Elvis! Ele não tem culpa de ter morrido quando morreu. Nosso primeiro álbum tinha sido lançado e estava vendendo bem. Tinha até entrado nas paradas em 40º lugar. Mas infelizmente nosso álbum estava sendo distribuído pela RCA, e quando o Elvis morreu, todas suas fábricas começaram a prensar gravações do Elvis. Então, nossa vendagem que tinha ido da estaca zero para o 40º lugar, simplesmente retornou para o nada em uma semana.


O que vocês se consideram? Power pop, rock ou punk?

Punk rock.


Como foi a turnê com o Ramones?

Essa turnê foi fantástica e os Ramones foram ótimos para nós. Nós não convivemos muito com eles porque todos estavam em um rigoroso regime sem drogas ou álcool. Ou seja: iam direto para a cama logo após os shows.


Quem é seu favorito (amigo ou personalidade) no punk/na música? E o pior? Por quê?

Favorito: Campino, vocalista da banda alemã Die Toten Hosen. Ele é fã de longa data do The Boys, uma pessoa fantástica e tem nos ajudado muito.

Pior: ninguém em particular, mas qualquer um na música que é arrogante está fora de ter chances de se realizar. A música é um grande nivelador porque qualquer um pode fazer aquilo que realmente deseja. Eu conheci muitos músicos famosos ao longo dos anos, e geralmente os mais bem sucedidos são os mais simpáticos.



(na foto acima: The Boys no Japão)


Vocês estiveram parados por 17 anos. Como foi quando recomeçaram a tocar com uma banda?

Ao longo dos anos eu fui acumulando vários pedidos para que o The Boys se reformulasse e voltasse a tocar em festivais punks etc, e sempre recusei. Mas aí uma grande banda japonesa chamada Thee Michelle Gun Elepanht fez alguns covers de músicas nossas e de repente começamos a vender muitos discos por lá. Fomos convidados para dois shows em Tóquio. Como o The Boys nunca tinha ido para o Japão, a proposta foi tentadora demais para ser recusada. Tivemos uma ótima temporada por lá e desde então estamos fazendo vários shows ao redor do mundo.



Luiz Cesar Pimentel trabalha no portal R7, como editor-executivo de Entretenimento. Antes foi diretor de conteúdo do Virgula e MySpace - trabalhou em Los Angeles na criação da versão brasileira do último. Na carreira, trabalhou também em alguns dos principais veículos do país, como Folha de S. Paulo, Editora Abril, revista Trip, os portais UOL, Starmedia e Zip.net, além de ser colaborador de Caros Amigos, Carta Capital, Playboy, Revista da Folha, Rolling Stone, Sexy, Jornal da Tarde, Elle e Superinteressante.


Zinismo agradece: Luiz Cesar Pimentel, pela colaboração, e Rodrigo Lima, pela ponte que tornou possível a colaboração.

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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

MEMÓRIAS DE FANZINE - AAAH # 3 e 4

Dando continuidade a publicação das "memórias fanzinísticas" feita por Márcio Sno, seguimos com os fanzines AAAH # 3 e 4.
A rede de contatos aumentaram consideravelmente e culminaram em um fanzine de 120 páginas! Além da incrível história do poster, feito de modo coletivo através do correio - Do-it-yourself puro, velhos!


Aaah!! - n° 3 - 1994



Esqueci de falar que as duas primeiras edições saíram em formato ofício (uma folha de sulfite inteira) e a partir dessa edição passei a usar o formato meio ofício, pois era mais bonitinho...
Eu perdi os originais desse zine, que foi feito todo em formato ofício e depois eu reduzi até que ficasse no tamanho para caber nas páginas.
Nessa época eu já tinha contato com uma das pessoas mais bacanas e misteriosas do universo dos fanzines: Bruno Furnari, que editou o revolucionário Drowned (talvez o primeiro feito inteiramente por computador). Furnari era muito divertido e desenhava muito, mas curiosamente ninguém conheceu o cara pessoalmente. Nem eu.
Nas cartas dele, sempre vinha um bocado de desenhos que fui utilizando nos meus zines a partir daí. Na capa desse zine, os dois guitarristas saíram dessas cartas. A caveirinha lá na batera eu surrupiei do fanzine Rock n'Roll que era distribuído na Galeria do Rock. O carinha gritando abaixo eu peguei em um jornal.
Ah, e o Furnari também era um dos poucos no país que desfrutavam de computador e impressora a laser. E foi ele quem fez o logotipo dessa vez.
Aos poucos, fui deixando de publicar releases em minhas publicações e adotando mais entrevistas, embora, as perguntas feitas eram praticamente idênticas umas das outras.
Entre a galera entrevistada estavam: Pinheads, Cortina de Ferro (quem não se lembra da clássica "into the fire, oh, memories..."?), Prime Mover, Soutien Xiita, Rotten Flies, Lethal Charge, The Power of the Bira, João Gordo (na época ele havia produzido a clássica coletânea Fun, Milk & destroy), Poindexter, Uterus Masticator, KOV, Hell Noise, GDE, Rot, Reforma Protestante, Desecration, Purulence...
Nessa edição eu inaugurei a sessão "Poetando" e também as cruzadinhas.
Essa edição também marca a primeira participação de Henry Jaepelt em meus zines. Uma parceria que dura até hoje!
Curiosidades mais: O editorial completo dessa edição foi publicado no "Almanaque de Fanzines" de Bia Albernaz e Maurício Peltier. E a HQ que fiz na contracapa, chamada "Use your head" saiu no caderno Zap! do jornal O Estado de S. Paulo (um caderno jovem que sempre saía coisas minhas - eu era apenas um leitor, diga-se de passagem) e, curiosamente descobri isso quando um amigo disse que esse caderno foi distribuído durante o Hollywood Rock.
Nessa edição meu zine contava com o selinho da Tilt Corp., que era uma cooperativa de zines idealizada pelo Furnari.


Aaah!! - n° 4 - 1994


Não via a hora de chegar nessa edição...

Em menos de um ano, graças aos outros zines e nos bilhões de flyers que distribuí nos envelopes pelo Brasil afora, já acumulava uma quantidade incontável de contatos e isso ficava claro quando eu recebia todos os dias um pacote de cartas recheadas de fitas demo e fanzines dos mais variados tipos, estilos, tamanhos, ideologias e locais.
O resultado disso, foi um zine de 120 páginas e mais um pôster, do qual falarei no próximo capítulo.
Muitos podem pensar que fiz um zine desse tamanho para me exibir ou coisa parecida. Mas quem viveu aquela época, sabe bem que quando de lançava um zine, não se tinha ideia quando sairia a edição seguinte e eu, com essa coisa filantrópica nata, tinha receio de deixar material recebido sem previsão de ser divulgado.
Era muito complicado tirar cópia e mandar pelo correio esse zine, pois com o volume aumentava os custos em todos os sentidos.
Essa edição a capa ficou a cargo de Bruno Furnari, mas dessa vez o desenho foi proposital para ser a capa dessa edição. Coloquei de fundo um papel pardo (daqueles que sempre tem no final dos blocos de papel timbrados, saca?) pra dar um aspecto mais sujo na hora da xerox. O miolo, usei como "margens" páginas do extinto Notícias Populares, o sangrento jornal paulista.
Nessa edição quase já não tinha mais os releases de bandas, foram muitas entrevistas. Inclusive foi a primeira vez que fiz uma entrevista ao vivo, com a banda de death metal Golem, junto com o Hugo Leta.
Entrevistas com: Safari Hamburgers, Alpha Asian Malaria, Primal Therapy, Face to Face zine, Decibéis D'Bilöid's, Blessed, Homicide (ótima banda italiana, quem souber o paradeiro, me avise!),Tumulto, Siecrist, Cash for Chaos, Alternative System, Hinfamy, Necrorrosion, BSB-H, Kangaroos in Tilt, Câmbio Negro HC, No Violence, Gaby Benedyct, Discarga Violenta, Anthares e outros mais.
Colaboraram com desenhos: o casal Maria e Henry Jaepelt, Hugo Leta, Joacy Jamys, Furnari, Alessandro Yogui, Tunão, Laerte, Gerson Mendes e os meus desenhinhos também!
Sem falar as inúmeras resenhas de demos, zines e colaborações de Júnior (do White Frogs, com o texto sobre Straight Edge - na época em que começou a aparecer no Brasil. Causou polêmica esse texto pois ele não era SxE e os hardline acharam isso um absurdo), Paulo Marcos (Thelema).
Além do selinho da Tilt, esso zine agora era apoiado pela SZA (sociedade dos zineiros anônimos), criado pelo Paulo Thelema.
Foi um divisor de águas pra mim, e provou que realmente eu tinha algum problema na cabeça...


Aaah!! - n° 4 - 1994 (pôster)



Como se não bastasse ter lançado um zine de 120 páginas, optei em botar um pôster como brinde dessa edição.
Essa inspiração de colocar esse tipo de brinde veio do Escarro Napalm do velho de guerra Adelvan Kenobi.
Porém, ao invés de montagem de fotos, optei em fazer uma obra de arte por várias mãos.
Qual era a minha ideia? Peguei uma folha de A3 (tamanho de dois sulfites A4 juntos), fiz uma borda e um desenhinho logo abaixo. Botei num envelope e fiz uma relação de nomes de pessoas que eu gostaria que rabiscassem o papel. Cada um que recebesse a folha, teria que fazer uma ilustração que tivesse a ver com o nome do zines, mas que meio que se emendasse um no outro. Aí, o cara que desenhasse, teria que mandar via correio a folha para o próximo da lista. E assim foi...
Não me lembro exatamente quem desenhou primeiro, mas sei que quem desenhou por último foi o Paulo Gomes (do fanzine Putrid e baterista do Necrorrosion). Antes dele, rabiscaram o papel: Hugo Leta, Bruno Furnari, Henry e Maria Jaepelt, Oscar F. (fanzine Sonic - Goiânia), Márcio Jr (vocalista do Mechanics - Goiânia), Tunão (da banda The Still - Araraquara), Kevin (do fanzine Glunx - não me lembro a cidade), Celso Moraes (idem) e Sylvio Ayala (não lembro o nome do zine).
O resultado é esse. Ficou lindão e eu guardo com muito carinho!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

CANAL DA REVELATION NO YOUTUBE

Vamos voltar no tempo. Fundada em 1987, a Revelation Records fez história durante os anos 90, lançando discos fundamentais do hardcore/punk/emo. O selo está na ativa até hoje, mas seu período de ouro ficou mesmo no passado. Para resgatar um pouco dessa história, eles criaram um canal no Youtube onde estão subindo alguns videoclipes raros e entrevistas. Seguem algumas preciosidades logo abaixo, mas tem muito mais esperando por você no RevChannel.












Além do recurso audiovisual, a Revelation segue contando a história do hardcore através das palavras. Saiu em junho o livro "Why Be Something That You're Not: Detroit Hardcore 1979-1985" (Tony Rettman), que mostra o nascimento e desenvolvimento da cena hc em Detroit, uma das mais fortes e influentes nos EUA. Mais detalhes sobre o livro aqui.


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quinta-feira, 20 de maio de 2010

HARDCORE 90 - UMA HISTÓRIA ORAL - ENTREVISTA COM MARCELO FONSECA


HARDCORE 90 – UMA HISTÓRIA ORAL
– É o nome temporário do documentário que está em processo de produção e que começou com um trabalho de mestrado feito pelo historiador Marcelo Fonseca. Esse processo pode ser acompanhando em tempo quase real através do blog onde são postadas as novidades. As entrevistas em vídeo podem ser conferidas através do canal do Youtube. Pode-se notar através destas entrevistas que algumas palavras surgem e se repetem em diversas falas, indicando alguns marcadores importantes para o delineamento da cena hardcore (principalmente, mas não só de São Paulo) como o movimento punk, juventude libertária, straight edge, a influência do skate e de algumas casas de show como o Black Jack e o Der Tempel. Interessante notar que muitas das entrevistas dão sequência aos eventos mostrados no documentário sobre o punk brasileiro (Botinada), permitindo uma visão muito peculiar sobre a cena punk/hardcore das duas décadas (anos 80 e 90).

ZINISMO: Em que pé está a produção e para quando você prevê a finalização do documentário?
MARCELO FONSECA: Em outubro completamos 1 ano de produção. Foi um período muito bom, por poder sentir como é se meter a fazer algo do tipo (coisa que eu nunca tinha feito até então). Legal rever amigos, conhecer amigos de amigos e ir sentindo a reação dos entrevistados, e das pessoas que tem apoiado o projeto. A idéia é fazer por volta de 100 entrevistas, nesta semana vamos gravar a número 38. Tem muito a se fazer ainda, digitalizar material de época, vhs, hi8, fotografias, fanzines, capas de disco, pessoas para encontrar... Detalhe que a equipe do documentário é praticamente de 2 pessoas, eu e o Fernando Alves que me ajuda filmando. Tudo é custeado por nós dois, mesmo que algumas pessoas já nos ajudaram por um tempo. Eu tinha a ambição de fechar o filme mais ou menos junto com o meu mestrado (História Social na PUC-SP) em 2011, que é quando eu tenho de defender a dissertação. Mas não vai rolar, além de tudo eu também trabalho, então uma previsão mais próxima da realidade, com tudo que quero fazer, aumenta o tempo em mais um ano, ou seja, comecinho de 2012.


Fale um pouco sobre o papel dos fanzines na cena hardcore dos anos 90:

Fundamental. Aliás, sempre teve, independente da cena ou das idéias que estavam presentes. Já na década de 80, eram os fanzines punks que tentavam politizar o movimento, cobrando o fim da violência das gangues. É um veículo que não minha opinião é a expressão máxima do “faça-você- mesmo”, e importante, pois todo meio social precisa ter comunicação. Uma só pessoa podia escrever, desenhar, xerocar, distribuir, da forma que quisesse, como e para quem lhe desse na telha. Na década de 90, a internet engatinhava, e os fanzines, amparados por um rede gigante de correspondências que não era restrita somente o Brasil, “conectava” e distribuía a informação, fazia escoar a produção das distribuidoras, etc.

A partir dos anos noventa o hardcore em São Paulo começou a se dividir em nichos ou micro-cenas (ex: hardcore straight edge, hardcore melódico, etc). Você encara isso de modo positivo ou negativo?
Uma coisa que não podemos nos deixar levar é de que o hardcore seria uma coisa homogênea e harmônica. As contradições e diferenças das pessoas sempre estiveram presentes e querendo ou não, as pessoas se conectam mais ou menos em redes de afinidade. De certa forma isso sempre existiu, mas acho que durante um tempo, existia a necessidade por parte das pessoas da cidade de São Paulo, entrarem em contato com pessoas, se agruparem com gostava desse tipo de música e idéias, mas que não queriam se vincular ao ganguismo dos punks da antiga. A geração que viveu os anos 90 soube muito bem o que era ser intimado por usar uma camiseta do Misfits ou Ramones, e daí quando se encontrava com alguém que compartilhava das mesmas idéias, ou que gostasse de um som parecido era quase como acertar na loteria. Como o número de pessoas gradativamente aumentou, isso também ficou mais visível. Eu não acho nem bom nem ruim, lembro de shows muito legais de bandas muito diferentes, com pessoas muito diferentes e concepções sobre o hardcore-punk mais diferentes ainda... Faz parte do processo histórico de qualquer movimento social jovem, as pessoas são autônomas, respondem as próprias vontades, elas podem perder o interesse, ou mudar as idéias, ou se agrupar mais com quem pense como você e daí por diante...

Para finalizar faça uma breve análise comparativa entre a cena paulistana hardcore dos anos 90 e dos 00.
Eu acredito que nunca mais surgirá uma geração como a dos 90, assim como a dos anos 2000 também tem suas especificidades. O mais gritante é o acesso a informação, se nos anos 90, até existia, nos 2000 ela ganha dimensões estratosféricas com a popularização da Internet. Isso acarreta suas conseqüências também, se micro-cenas surgiram nos anos 90, devido a grupos de afinidade, tretas ou que seja. Dos anos 2000 para cá o público tem acesso e é bombardeado com informação que parece não dar tempo nem de se analisar, o que é legal ou não. Antes você escrevia uma carta para uma banda, o cara lhe mandava a demo e você passava a semana ouvindo isso no walkman. Hoje existe myspace, rapidshare, ipod... a vida ficou mais fácil, mas também privilegiou o domínio da imagem. A autenticidade dos anos 90, era uma mistura de ineficácia técnica, falta de referência e força de vontade que gerou tantas bandas legais, como No Violence, Againe, IML, Garage Fuzz, Abuso Sonoro, Rot, Ação Direta, Self Conviction, Kangaroos in Tilt, Point of no Return, Dominatrix entre tantas outras... Por outro lado, hoje a molecada tem acesso ao pacote completo , baixa a discografia, o visual, vê o vídeo da performance no youtube e por isso temos bandas genéricas aqui, na Eslovênia, na Austrália ou no Japão. Sem querer ser amargo, o excesso de referência matou um pouco da originalidade e espontaneidade. A galera que descende mais do hardcore melódico também é exposta a um universo mais da música comercial, entrando em contato com empresários, e um aparato de mídia que nunca imaginei ter contato... Mas cada geração com seus problemas, não quero soar velho e chato, isso é o que veio de imediato para comparar. Cada momento tem seus dilemas e vivências e longe de mim querer comparar.

Confira também a matéria que rolou no programa METRÓPOLIS da tv cultura sobre o documentário:

domingo, 25 de abril de 2010

ENTREVISTA COM JOB FERNANDO - KARTA BOMBA ZINO


Katz, ou Fernando, ou ainda Job Fernando, publica atualmente os fanzines punks KARTA BOMBA ZINO e mais recentemente o KOLETIVA UMBELA BOMBA ZINO. A temática geral de seus Fanzines é o movimento punk e o seu universo, entrevista com bandas, resenhas de discos e de outros fanzines, análises da sociedade e do próprio movimento.

Os zines feitos por Katz merecem destaque e consideração especial por diversos fatores, todos eles resultantes do cuidado com que são feitos. A editoração segue uma linha clássica dos fanzines (sem ser poluída), complementada com os desenhos (geométricos) “desanimados” de Katz e inserções de outros elementos como colagens e toques de serigrafia.

Um destaque especial deve ser dado para a linguagem ou meta-linguagem dos fanzines. São vários os personagens que escrevem como o próprio Katz, ou ainda Zé da bota, ou Mamma Marmota ou Maria Botina, não é possível saber se realmente eles existem ou são heterônimos, mas o que importa é que ajudam o fanzine a ter um tom leve, irônico e poético, mesmo quando os assuntos tratados são sérios, e esse é o ponto mais forte destes fanzines. O KOLETIVA UMBELA BOMBA ZINO, por exemplo, é resultado de uma greve dos produtores do KARTA BOMBA ZINO que estavam de certo modo decepcionados com a falta de interesse do meio “underground” com os fanzines.

O ZINISMO recomenda estes trabalhos e mais, entrevistou Katz, ou Job Fernando, ou enfim, o homem (ou os homens) por trás destes fanzines, confira!

ZINISMO: Fernando, como se deu seu envolvimento com o Fanzine e a cultura punk?
FERNANDO: Conheci o Punk em algum dia de março de 1997. Depois de ouvir alguns comentários, com apenas quatorze anos eu me aventurei até o Centro de São Paulo em busca de algo nesse sentido e logo coloquei às mãos na coletânea ''Grito Suburbano''. Foi amor ao ódio a primeira vista e audição! Daí eu conheci também os zines e passei a escrever para tudo quanto era endereço em busca de mais... Não mais parei.

Eu sempre tive vontade de editar meu próprio zine e finalmente consegui quando lancei a Força Mecânica (informativo sobre Streetpunk, Ska e futebol), em março de 2004. Já em abril de 2007, tive uma nova experiência com o Turbo Zino (zine com uma entrevista e algumas matérias sobre Punk e Faça Você Mesmo que estavam arquivadas há algum tempo). E, mesmo ambos não tendo passado da primeira e única edição, isso foi muito importante para o meu aprendizado.

Em setembro de 2008 eu passei a editar a Karta Bomba Zino (zine musical, político e um tanto pessoal) e estou feliz por ter alcançado à quinta edição (até o momento) de forma mais madura. Já com o início da Greve da Bomba, no final do ano passado eu passei a me dedicar também à produção da Koletiva Umbela Bomba Zino (zine pessoal, político, musical, crítico, fictício, documental, ou algo assim - risos) e daqui alguns dias esta receberá sua segunda edição. Aguardem as novidades!


Nos seus fanzines têm várias reflexões pertinentes sobre o movimento punk. Gostaria que falasse um pouco de como vê esta cena nos dias de hoje e como visualiza o futuro do punk no Brasil.
Vejo as cenas punks de atualmente com desconfiança e um certo pesar. Embora existam inúmeras pessoas procurando construir cenas interessantes, na minha opinião hoje falta a chama de outras épocas e persiste a ignorância. Alguém já disse que hoje temos a geração do visual e do digital e eu acrescento que ainda temos os intolerantes de sempre. Diante desta realidade, sou pessimista em relação ao futuro.

Seus fanzines tem um cuidado especial na produção, linguagem, capas, editoração etc. Gostaria que falasse um pouco disso e também do lugar dos fanzines em meio aos diversos meios de comunicação existentes.
Eu fico feliz em saber que você reparou nestes detalhes. Procuro levar estes pontos ao limite nas coisas que faço (essa obsessão talvez se deva ao meu signo: virgem – risos) e na Karta Bomba Zino e na Koletiva Umbela Bomba Zino isso também ocorre de forma acentuada. Devagar, felizmente tenho conseguido evoluir um pouco nesse sentido. Enquanto busco um estilo na escrita, algumas características imagéticas se tornaram o destaque destas publicações e então eu passei a dar ainda mais atenção a estas possibilidades: cores das capas, envelopes, utilização de serigrafia, Desenhos Desanimados (geométricos), etc...

Penso que hoje os zines ocupam uma posição de resistência cultural diante de outros meios de comunicação. Como você diz, com a facilidade de se publicar coisas na internet, a publicação de um fanzine é um ato político. E digo ainda que a possibilidade de reinvenção é uma das principais armas que os zines dispõem para continuarem existindo.



Em um dos seus últimos zines (Koletiva Umbela Bomba Zino), há um desafabo com relação à falta de consideração de algumas partes do underground pelos fanzines. Fale um pouco à respeito.
Pois é... Apesar de todo o esforço na divulgação, posso contar nos dedos duma só mão quantas pessoas realmente tem demonstrado interesse pelos materiais que venho produzindo. Para se ter idéia, desde o lançamento do primeiro número da Karta Bomba Zino, eu venho obtendo retorno apenas de pessoas que possuem relações estreitas com o meio zineiro (editores e veteranos de épocas em que as publicações impressas ocupavam lugar relevante no underground). Uma pena!

Por conta disso, a própria Karta Bomba pediu pelo início duma greve. Paramos às prensas! Agora, vamos decidir como será daqui para frente...

Converso com outros zineiros e digo que esta é a realidade dos tempos atuais, mas não acredito que esta desvalorização das publicações impressas tem como causa direta a acessibilidade dos meios digitais, pois vejo que grande parte das pessoas envolvidas com o underground vem tratando também a internet de forma superficial. Parece-me que a circulação de informações, a comunicação e a própria relação entre pessoas estão banalizadas e a forma como às conhecíamos não mais ocorre por meio algum. Vamos ver no que esse processo vai dar...


Pra terminar, gostaria que o Karta Bomba fizesse algumas sugestões (musicais, zinísticas etc etc) para os leitores do Zinismo...

Bandas que estão em atividade: Invasores de Cérebros, Excomungados, DZK, Restos de Nada, Ação Direta, Armagedom, Cólera, Besthöven, Repúdio CxGx, DxDxOx, Agrotóxico, Sarjeta, Discarga Violenta, etc...

Publicações que estão em circulação: Aviso Final (avisofinal@gmail.com), Baskulho (histeria_zine@yahoo.com.br), Nuvem Negra (nuvem.negra.zine@gmail.com), FanzinEx (excomungados@ig.com.br), Histérica (histerrrica@hotmail.com), Alogia (tamaracosta@rocketmail.com), Revolta Vermelha (newrmmcf@gmail.com), Manufatura (contatos com o entrevistador), Subsolo – Ruas do ABC (melimdaniel@yahoo.com.br), Spell Work (tinacurtis11@yahoo.com.br), Misantrópico (expozinesba@yahoo.com.br), e Fuzz Zine (brunasizilio@gmail.com).

Blogs que estão no ar: Provos Brasil, Velha Escola x Nova Escola , Alternar , Cabeça Tédio , Zinismo (!), Fanzinoteca Mutação , Crop nº1 (http://cropn1.blogspot.com/), Haverá Som de Fita , e Hardcore 90.

Espaço aberto para o Karta Bomba:
Muitíssimo obrigado por sua amizade! E muitíssimo obrigado pelo espaço que você está nos oferecendo! Para encerrar, faço minha às palavras do Zinismo: Andarilhos do Underground: ZINAI-VOS!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

RONALD BIGGS, SEX PISTOLS e BALÃO MÁGICO

Circula nestes dias a notícia que o famoso ladrão do trem pagador Ronald Biggs será liberado da cadeia na Inglaterra pelo fato de estar muito doente.

Em 1963 Ronald roubou na Inglaterra com a ajuda de comparsas um trem postal. Foi preso, fugiu da cadeia e foi descoberto mais tarde no Brasil. Aproveitando-se de brechas no tratado de extradição entre Brasil e Inglaterra e do fato de sua namorada estar grávida ficou e viveu no Rio de Janeiro com ares de celebridade (até que em janeiro de 2001 voltou para sua terra natal mesmo sabendo que seria preso).

Antes que você me pergunte que diabos uma notícia dessas faz no zinismo lhe respondo que Ronald Biggs teve participação marcante em pelo menos duas bandas que marcaram nossa geração: Sex Pistols e Balão Mágico.

No final dos anos 1970 o guitarrista e o baixista do Sex Pistols visitaram o lendário ídolo no Rio de Janeiro e gravaram com ele duas faixas para o documentário ficcional “The Great Rock 'n' Roll Swindle”.



E o Balão Mágico? Lembra da namorada grávida? Pois é ela deu a luz ao pequeno Michal Biggs, astro da música infantil ao lado da querida Simony no não menos lendário Balão Mágico. É o primeiro pequerrucho (da esquerda para direita) na foto abaixo.



Em 1991 Ronald Biggs participou ainda da música Carnival In Rio (Punk Was) com a banda alemã Die Toten Hosen. Punk não?

terça-feira, 5 de maio de 2009

VIVENDO CADA DIA MAIS INSTITUIÇÃO DO ROCK PESADO


Sábado agora (09/05) rola a estréia do documentário “Guidable – A Verdadeira História do Ratos de Porão”. Estou ansioso, pois confesso que é minha banda nacional preferida desde muito tempo. Lembro da época do Antimidia (que inclusive voltou), quando li a primeira entrevista dos “Ratos” digna de uma mezzo saga. Como um bom admirador do rock, confesso que sei o que esperar do documentário. Ainda mais por ter sacado algumas coisas no trailler, mas em contrapartida - o que não imagino realmente é a reação do público que vai conferir esse documentário. Espero rever bons amigos.



Luz!!!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

ZINISMO ENTREVISTA: VIVISICK

Depois da entrevista com Fuck On The Beach, ainda restou um tempinho livre para bater um papo com meu amigo Yuki, baixista de uma das mais rápidas bandas japonesas de nome: VIVISICK. O mesmo responde questões sobre temas variados dentro do hardcore e de todo tipo de fronteiras que nos cerca. Zinismo orgulhosamente apresenta: VIVISICK.





Olá Vivisick, como estão?

Olá. Meu nome é Yuki, sou baixista do Vivisick. Nós estamos muito excitados de poder retornar ao Brasil novamente.

Legal, Yuki. Sou Eduardo Boqaa, integrante do Zinismo e colaborador do Valepunk. Vocês já vieram ao Brasil numa tour ao lado dos Mukeka di Rato e dos Hellnation... E Isso rendeu um lindo DVD, essa nova tour também promete o mesmo?

Obrigado. Eu também penso que esse DVD foi grandioso a ponto de mostrar sobre o Brasil para punks japoneses. Agora nós não temos nenhum planejamento sobre gravar um DVD sobre essa nova Tour brasileira novamente. Todavia, iremos gravar todas gigs. Talvez possamos usar isso quando fizermos um vídeo clip ou num vídeo como: HISTÓRIA DO VIVISICK há mais de 10 anos atrás.

O que vocês acharam daquela última tour e o que esperam dessa nova ?

"DU CALALHO"! Nós fomos a muitos países para turnês depois dessa primeira vinda ao Brasil, mas a tour por aí foi numéro 1, grandiosa tour e grandiosa experiência. Eu posso dizer que as pessoas são foda, comidas e bebidas são foda, shows foda, visão foda... Tudo foi foda!

Como foi receber o Mukeka di Rato no ano passado na terra do sol nascente?

Tour realmente grande. Excursionar no Japão é muito mais difícil que excursionar em outros países. Nós não tomamos banho, temos que dormir em Van mais que metade dos dias de todo itinerário da tour, temos que dirigir muitas horas mesmo durante madrugada, etc. Contudo, OS CARAS DO MUKEKA NUNCA NOS DISSERAM ALGUMA INSATISFAÇÃO. Eu penso que brasileiros tem uma determinação muito forte, grandiosa força de vontade. E acredito que eles puderam desfrutar da cena japonesa de Hardcore, assim como nossa cultura. Foi uma turnê realmente impressionante.

Atualmente têem excursionado por quais países?

Depois do Brasil em 2004, nós fomos aos Estados Unidos, Indonésia, Cingapura, Malásia, Filipinas, Tailândia, República Tcheca e Áustria.

Essa questão foi feita pelo Quique, guitarrista do LEPTOSIROSE: -Vocês têm noção que serão ao lado de Handsome e Fuck On The Beach, as primeiras bandas japonesas a excursionar pelo nordeste do país?

É uma grande informação para nós. Nosa última tour pelo Brasil, nós fomos ao Sul e também foi muito foda. Estou triste por que não iremos lá nessa tour, mas estou ansioso para conhecer esses novos lugares.





Vocês são fãs de futebol? Quem lidera a J-League atualmente?

Eu gosto de futebol, mas não sou um energético fã... Sobre a J-League, o time mais popular é o Urawa Red Diamonds (Reds). Há muitos torcedores fanáticos e há muitos bons jogadores no Japão.

São Paulo FC é o maior time da América do Sul ao lado do Boca Juniors, mas o Flamengo tem a maior torcida. Qual é o maior time brasileiro no Japão?

Eu penso que o Flamengo é o time mais popular no Japão. Por que Zico é o jogador mais famoso e respeitado no Japão. Caso ele não tivesse ido ao Japão, penso que a J-League talvez nem tivesse sucesso. Ele era chamado pelos Japoneses por KAMISAMA ZICO. Isso quer dizer: DEUS ZICO.

Tem um tal de “Kamisama” no Dragon Ball Z também! Ehehe... Quais as bandas preferidas de vocês?

Muitas. No Japão temos uma porrada de excelentes bandas novas. Sobre as quais escuto, recentemente estou alucinado de ouvir hardcore velho das Filipinas como: DEAD ENDES, GI, IOV, etc. Realmente foda e de alta qualidade. Particularmente eles foram a grande surpresa entre as bandas dos anos 80 na Ásia, exceto no Japão.

Aqui em São Paulo tem um bairro chamado Liberdade, onde tudo tem a ver com a cultura oriental, vocês já ouviram falar ou pensam em conhecer?

Yeah, eu conheço e nós fomos lá na tour de 2004. Foi uma visita maravilhosa para nós. É como Japão, mas aí no Brasil e há brasileiros caminhando... Gostei dessa experiência. E recentemente me interessei em estudar a história de imigrantes japoneses no Brasil. Espero que eu possa encontrar Nipo-Brasileiros e conversar sobre isso com eles aí.






O que é uma banda punk/hardcore nos dias de hoje? E vocês se consideram uma banda de punks?

Há muito PUNK no mundo hoje em dia, e eu penso que isso é uma coisa boa. Nós nunca dizemos como o punk dever ou não ser ser, tal como: “não deve comer carne, não deve ganhar dinheiro, deve atacar o governo por que punk bla bla bla...etc, etc, etc". Nós não somos macacos adestrados. Eu gosto da atitude punk PRA VALER, mas por outro lado, penso eu que isso soa apenas como palavras de promoção. Eu posso ver muitos caras: Eles querem ser especiais, mas são caras normais dentro de uma cena punk que eles pensam ser “especial”. Hmmm... TENHO DIFICULDADE DE EXPLICAR EM INGLÊS por que sou Japonês hehe.

Eu entendo, Yuki. Tá foda traduzir aqui também, pois não sou um ás do inglês também, mas você tá indo bem... Continue!

Caso as pessoas nos digam: “Vivisick não é PUNK”, nós realmente daremos com os ombros. Não há problema nisso. Espero que você possa ler uma de nossas letras, a sentença na canção; “ We Are Not Punk” de nosso primeiro álbum pela LAJA. Este é nossa honesta reflexão.


O que vocês escutam diferente da sonoridade que estão habituados?

Eu não escuto muita coisa além de muito PUNK. No entanto, eu gosto coisa pop velha do Japão, rock’n roll americano dos anos 50, pop dos anos 80 como Madonna, metal como Thrash Metal dos anos 90, metal de Los Angeles como MÖTLEY CRUE, etc. E gosto também de Samba brasileiro, Bossa Nova, canções românticas como Roberto Carlos desde a última tour em 2004 – hehe.

Imagino quem apresentou Roberto Carlos para vocês hehe. Mudando de assunto, como o Japão tem reagido em meio à crise econômica mundial?

Posso ver muitas situações ruins por todo o mundo através de informações e notícias via Internet. Eu sou um trabalhador de construção, um construtor, mas muitas pessoas perderam seu trabalho aqui também... Não posso dizer nada exceto para termos esperança de que isso passe mais breve possível. ]

O único zine japonês que conheço é a Doll Magazine, que se compara à Maximum Rock’N Roll em importância. Quais outros zines circulam na atual cena?

Eu não posso dizer qual seria o melhor zine, pois existem muitos pontos de vista diferentes de cada zine. No entanto, agora penso que as pessoas estão parindo uma sociedade na internet aqui, muitos zines estão começando gradualmente como no passado. Penso que isso é uma boa tendência.

Aprenderam alguma expressão em português?

Yeah, muitas. Iremos mostrar a você na tour! Hehe.



Essa entrevista foi “DU CALALHO”, Yuki - hehe. Obrigado pela atenção a todos do Vivisick. Aliás, quem teve a manha de ler até o final, procure ajudar de alguma forma postando os cartazes em seu flogão brasil, no seu “flicts”, onde vc quiser convidando amigos pro show no boca-a-boca ou por esses meios de divulgação. Apóie o hardcore, já tem gente demais atrapalhando! Toda ajuda é muito bem vinda. E valeu mais uma vez aí, Wlad e Zonapunk. Acredito que esta será uma tour memorável. Espaço é de vocês! Luz!!!

Muitíssimo obrigado. Nós realmente somos muito gratos de poder voltar ao Brasil novamente. Por favor, ouça nosso disco antes da Tour. “Origadô! Nos somos FILHOS DA PUTA DO JAPAO!”

PS: "Desastre do Terremoto Fudido Brasil Tour '09" começa hoje em Campinas com as bandas da tour plus DISCARGA. Mais infos no hotsite: http://www.laja.com.br

PS2: Fiquem a vontade para reprodução dessa entrevista. Possívelmente entrará no ar daqui uns dias pelo Zonapunk, assim como ocorreu com a entrevista anterior.

Se tiver a fim assista os japas em ação aqui:

http://www.youtube.com/watch?v=msOUyET6icw&hl=pt-BR