Sou péssimo para datas.
Guardo no cérebro somente aquelas necessárias para manter um relacionamento familiar saudável (aniversário da patroa, casamento, irmãos e pais). Há porém, períodos em que uma voz me martela na consciência dizendo “cara, você está esquecendo de algo”.
Sexta-feira passada (14 de outubro) foi um dia especialmente produtivo.
Após alguma negociação, conseguimos encaixar em nossos cotidianos uma data para contribuirmos (eu e o Marcelo Viegas), através de um depoimento, com a segunda parte do documentário Fanzineiros do Século Passado, do Márcio Sno.
Ligada a câmera, a conversa iniciou em um passado remoto, quando há cerca de 25 anos fazíamos fanzine sem saber o que era, lá pela sexta série do antigo ginásio. Seguiu, depois, pela adolescência, quando nos enveredamos por caminhos determinantes, como punk, o skate e o hardcore. Não esqueceu também de passar, a conversa, pelo nosso primeiro fanzine, o The Answer e também pela nossa militância em diversas vertentes do pantanoso “udigrudi” dos anos noventa, como as bandas nas quais tocamos, as banquinhas de CDs, a loja na Galeria e o selo que o Marcelo empreendeu.
Após mais de uma hora (não sabia que a câmera mini dv tinha fita) chegamos aos tempos da modernidade, com o blog Zinismo, sua versão em papel e minha produção atual também de zines de papel.
Conjecturamos também sobre o futuro dos fanzines de papel e seu relacionamento com a internet (assunto sempre presente nas conversas sobre fanzine).
Acabada a entrevista, surgiu outro assunto que combinamos de conversar nesta data, seria sobre a entrada de um novo colaborador no blog.
O ZINISMO, como sabem, é um blog COLETIVO, e como tal, esperamos que seja feito por diversas pessoas.
Atualmente somos quatro colaboradores, uns mais ativos, outros menos. Já passaram pelo blog outros tantos, mas só persistiram colaborando aqueles que tiveram disposição e persistência, amor à camisa e à causa, ou seja, aqueles que tinham o tal do “espírito zineiro”. Há umas duas ou três semanas havia comentado que devíamos convocar mais gente para o ZINISMO, e um dos nomes que sempre rondam estas conversas é justamente o do Márcio Sno.
Quando encontrei o Márcio na sexta-feira ele estava com uma tatuagem nova no antebraço, sua primeira, escrita com letras garrafais em “fonte seqüestro”: DO-IT-MYSELF. Acho que estas palavras representam bem o espírito do sujeito. E é uma das razões pelas quais pensamos em seu nome para somar no ZINISMO.
Uma das primeiras iniciativas produzidas pelo SNO que tive contato foi o manual “
Fanzines de Papel”, material fundamental feito em 2007 que recomendo aos velhos e novos apreciadores do gênero maldito. É o tipo de publicação que transpira honestidade, dedicação e o tal amor à causa.
No ano passado, Márcio esteve envolvido em um trabalho pesado: a produção de um documentário a respeito da cena dos fanzines dos anos 90. Com seu novo lema “Se ninguém faz, façamos” realizou praticamente sozinho. O documentário “
Fanzineiros do Século Passado - As dificuldades para botar o bloco na rua e a rede social analógica”, lançado no início deste ano, tornou-se um novo marco na história do Fanzinato Nacional, e que também recomendo aos velhos e novos apreciadores do gênero maldito.
Bem, é com extrema felicidade que compartilho que na sexta feira fechamos a participação do Márcio Sno no ZINISMO, ele agora é um dos nossos, contratamos um artilheiro e tanto para o time, e o melhor, não tivemos que pagar nada por isso...
E vocês se lembram daquela voz do começo do texto, que me martela na consciência como se dissesse “cara, você está esquecendo de algo”. Pois é, recebi um e-mail do Viegas ontem, me lembrando: sexta feira foi aniversário de 3 anos do ZINISMO... Coincidência ou não, comemoramos de uma ótima forma, e a chegada de um novo conspirador foi um bom presente para todos, não?
Eis o homem!