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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

"A Mãe dee Um Rio" - Agustina Bessa-Luís

"Antigamente, sim, antigamente, a Terra tinha a forma quadrada, e um rio de fogo corria na superfície. Não havia aves nem plantas, as águas estavam nos ares como nevoeiro cor de ferro, e os ventos não as tinham distribuído ainda pelos quatro cantos agudos da Terra..."

Assim começa este conto de Agustina Bessa-Luís que hoje me apeteceu reler. É um conto que li pela primeira vez há cerca de dez anos, quando comprei o livro após ter visto o filme de Manoel de Oliveira "Inquietude", baseado, em parte, neste conto.

Digo-vos que adoro este conto e que me lembro dele sempre como se o tivesse acabado de ler. São 27 páginas que se lêem em poucos minutos, mas que imprimiu em mim um encantamento mágico, que perdurará para sempre.

Fisalina vive numa aldeia da qual nunca ninguém sai. Os seus habitantes casam entre si, vivem entre os seus muros e aí permanecem para além da morte. Mas Fisalina não quer esse futuro, quer sair e casar com o seu amado, um tocador de sinos de outra aldeia que conheceu numa feira enquanto acompanhava o pai na venda de meias e mantas de lã. Mas sabe que nunca tal aconteceu. Procura os conselhos da sábia mãe do rio, uma mulher que vive há mil anos, cujas pontas dos dedos são de ouro e sobre quem voam gralhas em constante agitação. Mas em vez de respostas Fisalina encontrou um futuro bem diferente do que procurava... nos seus próprios dedos de ouro.

"O povo de Alvite, a antiga aldeia de Alveus, lá está ainda. Ninguém conhece lá esta história. As mulheres, porém, usam ainda no Inverno luvas que deixam a ponta dos dedos a descoberto, dizem que para terem assim mais liberdade de movimentos e poderem fiar a lã. Mas não será porque receiam todas elas os dedos de oiro e desconfiem? Pobre, pobre Fisalina!". E assim termina "A Mãe de Um Rio".

Um livro muito pequeno (51 páginas bilingue - até à página 27 em português e depois em francês) mas com uma história grandiosa!

Agustina Bessa-Luís

Agustina Bessa-Luís faz hoje 87 anos. Parabéns!

Nascida em Vila Meã, a 15 de Outubro de 1922, Agustina desde cedo se apaixonou pelos livros, iniciando-se na leitura dos melhores autores ingleses e franceses na biblioteca do avô materno.

Em 1932 muda-se para o Porto para estudar e aí passa a sua adolescência e onde se fixa definitivamente a partir de 1950. Entre 1945 e 1950 vive em Coimbra.

A sua primeira novela Mundo Fechado, é publicada em 1948, mas é com a Sibila, em 1954 que surge o sucesso e o reconhecimento.

Sempre ligada à actividade literária Agustina envolveu-se em diversos projectos: foi membro do Conselho Directivo da Comunitá Europea degli Escrittori (1961/1962), foi directora do jornal diário portuense O Primeiro de Janeiro (1986/1987), assumiu a direcção do Teatro Nacional Dona Maria II (1990/1993), foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social , e é membro da Academie Européenne des Sciences, des Arts e des Lettres (Paris), da Academia Brasileira de Letras, e da Academia das Ciências de Lisboa - Classe de Letras.

Ao longo da sua vida foi sendo distinguida com vários prémios entre os quais, A Ordem de Sant'Iago da Espada (1980), A Medalha de Honra da Cidade do Porto (1988), o grau de Officier de L'Ordre des Arts e des Lettres (1989), e em 2004 recebeu o mais importante Prémio Literário da Língua Portuguesa - O Prémio Camões.

Na sua vasta obra contam mais de cinquenta títulos, tendo vários dos seus romances sido adaptados ao cinema pelo realizador Manoel de Oliveira: Fanny Owen (Francisca, 1981), Vale Abraão (Vale Abraão, 1993), As Terras do Risco (O Convento, 1995), A Mãe de Um Rio (Inquietude, 1998). Filipe Lá Féria adaptou e encenou para teatro, o seu romance As Fúrias, em 1995.


Bibliografia de Agustina Bessa-Luís:

Ficção



Biografias


Teatro


Crónicas, memórias, textos ensaísticos


Literatura infantil


Adaptações cinematográfica


Prémios à autora

  • 1975 - Prémio "Adelaide Ristori" (Centro Cultural Italiano de Roma)
  • 1982 - Prémio da Cidade do Porto
  • 1988 - Prémio Seiva de Literatura (Companhia de Teatro Seiva Trupe), Porto
  • 1996 - Prémio Bordalo de Literatura (Casa da Imprensa)
  • 2004 - Prémio Camões - o mais importante prémio literário da língua portuguesa
  • 2004 - Prémio Vergílio Ferreira (Universidade de Évora)
  • 2005 - Prémio de Literatura do Festival Grinzane Cinema, Turim (Itália)


Prémios às obras




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