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11 de janeiro de 2012
6 de janeiro de 2012
dia a dia
O despertador toca e eu não sou eu. Às 4h45 acorda uma parte de mim que é pessimista, que quer fazer birra de sono e de frio. Que quer demitir-se e que tem inveja do holandês que ainda vai dormir mais três horas. Às cinco da manhã sou branca como cal. Em 2011 este corpo não viu praia. As olheiras têm cor e relevo. A viagem de autocarro é tão rápida, quando se tem sono. Depois chego ao café vou directa para o frigorífico...
O resto de mim acorda por volta das nove. Todos os dias me sinto grata por trabalhar com pessoas amorosas, e por ninguém se chatear com as minhas palhaçadas. Todos os dias faço um esforço consciente por ser gentil com todas as pessoas com quem me cruzo.
O meu inglês é fraco. É incrível como noutro país, noutra língua, somos outras pessoas. Os meus colegas concordam comigo. Um colombiano, um francês, uma costa-riquenha, uma checa, uma polaca, um italiano, um espanhol. Enrolar os Rs, fazer soar os Hs. Distinguir beach de bitch, sheet de shit. Em Portugal i é i. Expresso-me mais do que nunca por imagens, por gestos, porque as palavras não me vêm à cabeça, muito menos à boca. O meu sotaque é outro, a minha voz, provavelmente também. Pareço ainda mais estúpida. Ainda assim, sinto que as pessoas gostam de mim. Tenho conhecido pessoas maravilhosas. Delicio-me com a disponibilidade que a maioria das pessoas tem para sorrir. Para falar descontraidamente com estranhos, para dizer uma graçola. Hipócritas ou não, dizem muitas muitas vezes desculpe, com licença, por favor, obrigada. Adoram filas. Nunca vi nada assim. O londrino adora uma fila e respeita-a religiosamente, e às suas regras intrínsecas, às variações, às filas duplas, à ordem de chegada. Nesta cidade, quem vê uma fila, mete-se nela (!). Diz a minha amiga Paz que podemos começar uma fila para lado nenhum, a qualquer momento, que com certeza alguém se vai meter nela sem saber para que é.
Há coisas de Portugal que se vêem muito melhor ao longe. Todos deveríamos experimentar sair de casa, de país, de língua. Para depois voltar, ou não. Mas para ver melhor. Para dar o devido valor às coisas.
Sou muito feliz em Londres.
7 de junho de 2011
rotina
Eight. To. Oxford Circus.
bethnal green station
barnet grove
brick lane
shoreditch high street station
primrose street (alight here for old spitalfields market)
liverpool street
poultry bank station
bread street
saint paul's station
city thameslink station
holborn circus
holborn circus fetter lane
chancery lane station
Um dia vou saber de cor todas as paragens que o meu autocarro faz. O oito. Trabalho há dois meses e meio numa das muitas lojas do Eat. A 113ª, para ser mais precisa. Um negócio milionário ao qual ainda me estou a adaptar. Onde não há tempo para reciclar a maior parte do lixo, onde o desperdício de comida é assustador, e ainda assim compensa. Mas onde a minha boa disposição e energia são valorizadas desde o primeiro dia, o fraco inglês perdoado, a palhaçada e o tom de voz alto incentivados. Não me posso queixar... adoro. Divirto-me todos os dias. Fui convidada a subir de cargo ao fim de um mês e meio, o que me deixou tão chocada quanto orgulhosa. Vou ser trainer, ao que parece.
Os clientes são incrivelmente simpáticos e muito bem educados. Pouco me importa se há cinismo nos constantes yes please, thank you very much, cheers! E como sorriem! Sorriem, riem, chegam a gargalhar. Talvez a maioria dos portugueses nunca se tenha apercebido de como somos sisudos, até se ver atrás de um balcão a encarar clientes. Depois há o sentido de humor britânico que se pode observar apenas de vez em quando, pois a maioria das pessoas nesta cidade é estrangeira. Pode-se apontar muitos defeitos aos londrinos, mas nunca vi pessoas tão tolerantes em relação à imigração. No nosso café apenas um dos dez funcionários é inglês.
Todos os funcionários são treinados para fazer tudo. Sobreviver ao stress, reagir depressa. Expor artigos, preparar iogurtes, breakfast muffins, cozer pão, bolos e tartes, fazer sanduiches, embalar sanduiches, etiquetar sanduiches a uma velocidade desumana. Desinfectar tudo. Varrer, lavar, esfregar. Restock. First in first out. Pôr sopa a fazer, carregar a sopa para a loja, servir sopa. Gritar hot soup! Verificar a temperatura de tudo o que é alimento. Etiquetar embalagens, operar a caixa registadora, tratar cada cliente como se fosse o único, dar trocos em libras. Fazer cafés. Todos os tipos de cafés, e estamos numa terrinha em que quem bebe espresso só pode ser italiano, espanhol, francês ou (obviamente) português. Aqui bebe-se muito leite (gordo). E chá, de manhã até à noite.
Às vezes tenho saudades de pintar. Especialmente quando vou a museus. Mas é muito bom ser bom noutra coisa, tentar outra coisa e ser-se bem sucedido. Arejar os neurónios, não pressionar a criatividade, não depender da criatividade para pagar as contas, não me preocupar (tanto) com as contas. Apanhar o oito, pensar em inglês, chegar a casa e ter dois amores comigo. O loiro e a morena. Uma família disfuncional na ala Este de Londres, entre muitos homens de turbante, mulheres de burca, alguns esquilos, corvos e a raposa que eu vejo todos os dias às cinco e meia da manhã, no parque da biblioteca.

25 de março de 2011
o blog dramático da pintora alérgica a tinta
Londres. Dissemos a nós próprios. Londres, está decidido. Pegámos no recheio da casa, vendêmo-lo, emprestámo-lo, demo-lo. Uma mala de vinte de quilos para cada e voar para Londres, sobreviver em Londres, viver Londres. Porque sim.
Nem toda a gente é abençoada como eu sou, e eu devia lembrar-me disto ainda mais vezes, e agradecer. Não só porque tenho amigos e família que me dizem vai, pais moídos de saudades que ainda assim se oferecem para patrocinar a minha aventura, um namorado que me dá sempre a mão independentemente dos meus delírios, e que todos, mas todos os dias me embala com as suas gargalhadas. Mas porque ainda me restam forças e egoísmo suficiente para perseguir os meus sonhos.
Podia ser em Portugal, em Lisboa, em Viana? Provavelmente. Mas mais provável ainda seria eu ter continuado inerte, sufocada pelas possibilidades, pelas muitas ideias, pelos poucos gestos, pelas perguntas (meu deus se eu parasse de fazer perguntas por um momento), pela incerteza e pelo medo. Haja pachorra para os dramas da vida. Ainda estou para me convencer de que a minha capacidade de adaptação às adversidades é uma qualidade.
Que bom é ter um cérebro. E um corpo saudável que responde, que reage. E que bom é ainda ter energia e juventude para me mexer, para me esforçar e para aprender tanto quanto preciso, enquanto existo. A qualquer momento tudo pode evaporar-se.
Londres é o meu novo amor. E ainda estou na fase do êxtase.
1 de outubro de 2009
24 de setembro de 2009
london ou mai god
Ingredientes para umas férias divertidíssimas em Londres:
Companhia louca e bem humorada;
Dinheiro suficiente apenas para comer barato mas bem;
Sapatilhas ultra confortáveis com bolsa de ar na sola e palmilhas de silicione à prova de impacto;
Máquina fotográfica;
Mapa da cidade;
Muita facilidade em dirigir a palavra (em inglês) a desconhecidos;
Pouca vergonha na cara;
Ter como objectivo ver apenas o Big Ben, a London Bridge e, claro, um esquilo.
Acreditar que tudo o que vier para além disto é uma dádiva dos céus e de sua majestade a rainha. O que inclui degraus, bancos de jardim, relvados limpos e esplanadas para sentar e fazer alongamentos, tap water, entradas gratuitas em museus e o Chris Martin a cantar a dois quilómetros da nossa vista (já tinha mencionado o facto de o Chris medir um centímetro e meio? Coisa mais fofa!).
Um dia ponho aqui as fotos. Agora vou pintar.
Avé psipax cheio de fluoxetina,
Um copo de água convosco,
Bendito sois vós entre as massas cinzentas,
Bendito é o fruto da vossa toma diária - bom humor.
Calar-me-ei para não ser acusada de blasfémia. É só para dizer que estou cheia de energia e me sinto muito muito muito bem.
Companhia louca e bem humorada;
Dinheiro suficiente apenas para comer barato mas bem;
Sapatilhas ultra confortáveis com bolsa de ar na sola e palmilhas de silicione à prova de impacto;
Máquina fotográfica;
Mapa da cidade;
Muita facilidade em dirigir a palavra (em inglês) a desconhecidos;
Pouca vergonha na cara;
Ter como objectivo ver apenas o Big Ben, a London Bridge e, claro, um esquilo.
Acreditar que tudo o que vier para além disto é uma dádiva dos céus e de sua majestade a rainha. O que inclui degraus, bancos de jardim, relvados limpos e esplanadas para sentar e fazer alongamentos, tap water, entradas gratuitas em museus e o Chris Martin a cantar a dois quilómetros da nossa vista (já tinha mencionado o facto de o Chris medir um centímetro e meio? Coisa mais fofa!).
Um dia ponho aqui as fotos. Agora vou pintar.
Avé psipax cheio de fluoxetina,
Um copo de água convosco,
Bendito sois vós entre as massas cinzentas,
Bendito é o fruto da vossa toma diária - bom humor.
Calar-me-ei para não ser acusada de blasfémia. É só para dizer que estou cheia de energia e me sinto muito muito muito bem.
23 de setembro de 2009
pois que fui a londres
É verdade, fui arejar os neurónios sobreviventes.
Há uns meses a Andreia (com quem andei na escola entre os 10 e os 15 anos) comentou comigo este vídeo do meu amado Chris porque também a fez rir muito. E aproveitou para (ó Andreia obrigada obrigada obrigada), décadas depois de nos termos visto pela última vez, me convidar para ir ver os Coldplay a Wembley. Assim ah e tal se quiseres ficas a dormir aqui em casa. Eu comentei isso com o meu irmão, que não tem mais nada, compra uma data de bilhetes e leva-nos (sim, um grupo de cinco pessoas apanhadas da mona) a Londres.
Ora eu, se não tivesse amigas em Londres e um irmão que me pagou metade das despesas, simplesmente não poderia ter ido. E teria perdido quatro dias de gargalhadas contínuas (ao ponto de eu, doutorada em riso, ter ficado com dores nas costelas ao final do segundo dia) e emoções fortes - tudo em inglês.
Antes de arranjar tempo para fazer um post decente sobre a viagem, aqui fica o meu agradecimento público ao Bruno Santos, que apesar do seu feitiozinho (Nataixa! Nataixa! Hum!) foi uma óptima companhia, assim como à Sari que também me hospedou e encheu de mimos e, claro, à Andreia. Se não fosses tu Andreia... já biste? Snif.
Beijos enormes também à Rita, à Rita, ao Mauro, ao Nuno, à Ju, à Mushi e ao Pastor. Foi uma pena não termos ficado mais uns dias. Londres está no meu coração.
E a Starbucks também.
Há uns meses a Andreia (com quem andei na escola entre os 10 e os 15 anos) comentou comigo este vídeo do meu amado Chris porque também a fez rir muito. E aproveitou para (ó Andreia obrigada obrigada obrigada), décadas depois de nos termos visto pela última vez, me convidar para ir ver os Coldplay a Wembley. Assim ah e tal se quiseres ficas a dormir aqui em casa. Eu comentei isso com o meu irmão, que não tem mais nada, compra uma data de bilhetes e leva-nos (sim, um grupo de cinco pessoas apanhadas da mona) a Londres.
Ora eu, se não tivesse amigas em Londres e um irmão que me pagou metade das despesas, simplesmente não poderia ter ido. E teria perdido quatro dias de gargalhadas contínuas (ao ponto de eu, doutorada em riso, ter ficado com dores nas costelas ao final do segundo dia) e emoções fortes - tudo em inglês.
Antes de arranjar tempo para fazer um post decente sobre a viagem, aqui fica o meu agradecimento público ao Bruno Santos, que apesar do seu feitiozinho (Nataixa! Nataixa! Hum!) foi uma óptima companhia, assim como à Sari que também me hospedou e encheu de mimos e, claro, à Andreia. Se não fosses tu Andreia... já biste? Snif.
Beijos enormes também à Rita, à Rita, ao Mauro, ao Nuno, à Ju, à Mushi e ao Pastor. Foi uma pena não termos ficado mais uns dias. Londres está no meu coração.
E a Starbucks também.
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