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sábado, 13 de agosto de 2011

* sangria*

imagem: íris roxas
por :Pâmela Reis

silêncio é minha voz
sua voz é silêncio
ainda assim
fazemos alarde
meu corpo insulta
o verbo e arde
dentro do peito
cabem manhã e tarde
galopa sem freio o desejo
até a noite cobrir o céu
da cor de Marte

Seu olhar me traga
e ainda que você
traga
veludo ou espinhos
sou sangria
de todos os vinhos

Úrsula Avner

* ainda sobre a paixão...

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

* Canto noturno (da espera)

imagem : Google

deixe-me
parir borboletas
enquanto aguardo
a carícia da aurora
em veste luminosa
aveludada
filha dos desejos
das vontades dormidas
dos sonhos aflitos
das verdades escondidas

deixe-me alçar voo
com as borboletas
para que o peso
da noite
não me alcance
e sem que eu perceba
me lance
na plumagem sutil
do silêncio

Úrsula Avner

quinta-feira, 16 de junho de 2011

* Nostálgica*

imagem: google

talvez um silêncio
silvestre
penetre a folha
de veias saltadas
nervos em sepulcro

hoje o azul
não basta
em cinza pardo
se despede o dia
apressado
não se aparta sozinho
vaga solitária
ao fundo da tela
lua cheia
de meias verdades
rege o bailado do mar
mas não lhe cabe decifrá-lo

zonza
a folha desprendida
de uma árvore qualquer
pernoita no húmus da terra
:
misteriosa jornada

se cantasse no horizonte
um vento festivo
seria azul

Úrsula Avner

segunda-feira, 9 de maio de 2011

puzzle

chegou o fim
talvez
já tivesse
chegado
antes mesmo do começo
vida ao avesso
pulsa o que está
adormecido
e o que despertou
deveria estar mudo
perderam-se as peças
do quebra-cabeça
ou simplesmente
não se encaixam mais
sementes ainda brotam
porque a terra é fértil
enquanto se dorme
delira um vulcão
há contrito silêncio
antes da erupção

Úrsula Avner

fonte da imagem : Google

quinta-feira, 14 de abril de 2011

* Canção do derramamento *

imagem : chuva para Vinicius- por Luiza Maciel Nogueira
http://versosdeluz.blogspot.com


em cada gota
um cristal
uma crista de onda
uma pedra de sal

em cada pingo
um mistério
um assombro
um destino prévio

obstinada gota
guarda o fascínio da quietude
a parte invisível
é o que a faz inteira
plena da força do açude

Úrsula Avner

quarta-feira, 30 de março de 2011

* Dona poesia *

desenho : Poesia
autora: Luiza Maciel Nogueira
http://versosdeluz.blogspot.com

* a todos os poetas e poetisas e aos que amam a poesia


senhora

de si
de lá de cá
de qualquer lugar
que lhe caiba
imponente
arvora-se da própria intrepidez
embora não saiba
que o despojamento
lhe é peculiar

plena e imutável
única e variável
carrega no ventre
espanto mistério
paixão beleza
r.e.f.l.e.x.ã.o
a solidão do verbo
aquilo que não é dizível
o que salta aos olhos
o invisível
o que não é tangível

desconhece o tédio
ri de si mesma
e quando vítima
de assédio
silencia
e seu silêncio
é voz de muitas águas

Úrsula Avner

Querida Luiza, seus desenhos são encantadores e alguns em especial , como " poesia", tocam-me e inspiram minha escrita. Obrigada por compartilhar comigo seu talento e sensibilidade. Espero que o poema faça jus ao seu lindo e expressivo desenho que por si só já é " poesia "... Beijo,

Úrsula

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

* Perseverança *

fonte da imagem : Google- sem informação de autoria

cai a pétala
ao chão
corre silêncio profundo

no seio da queda
um sopro de vida

há quem faça
do abate
sobrevida

Úrsula Avner

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

* despertar *

tela : Canto da manhã- Lena Gal

versos me abraçam
feito manhã festiva
claridade singular
lépida incisiva
trazem passarinhos
em revoada
coro afinado
insistente e altivo

quando cessar a cantoria

e o silêncio cortar
a seiva da contemplação
versos ainda hão de gotejar
até correr chuva
feito acordes de uma canção

Úrsula Avner

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

* (des)vario *

tela: Duy Huynh

no desvario do tempo
vario feito onda
lançada na areia
sua eterna
morada

o dia vira
feito página avulsa
vem a noite ao som da lira
página em branco
aluada

desvairada é a canção
da vida empoçada
presa no silêncio de cactos
em paisagens inertes
entornada

Úrsula Avner

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

* do que está velado *

desenho : jardim de luz
autora: Luiza Maciel Nogueira
http://versosdeluz.blogspot.com


não sei
do mistério
da folha
da sombra
do vento

ao andar
entre esporas
do tempo
entendi de
perscrutar
o véu sobre
tua face
paradoxalmente
rijo e transparente

não te desvendei
te guardei segredo
jardim fechado
te tranquei
no silêncio
do almoxarifado

Úrsula Avner

sábado, 30 de outubro de 2010

* Vida súbita *


imagem : Google- sem informação de autoria

saltou do casulo
seu útero de certezas
abriu as asas
como se desejasse
violar o azul do céu
aceitou o breve destino
partiu serena e ávida
até encontrar
o sono da noite
desencapado fio do silêncio

Úrsula Avner


sexta-feira, 8 de outubro de 2010

* (Ins)piração *

tela : Salvador Dali

o poeta precisa do silêncio
não de um silêncio qualquer
mas daquele que vem de dentro
matéria-prima do que
suas mãos esboçam
na escuta sutil do sentimento

o que vem de fora
mesmo quando não é silêncio
traz na face rajadas de vento
sopro de versos
que adulteram o pensamento
ou fazem dele
surpreendente momento

Úrsula Avner

terça-feira, 31 de agosto de 2010

* O que é preciso saber *

foto : libélula
por : Alberto Maia


o que há sob as luvas
dissolve um deserto
umidifica um rio sedento
sustenta o peso do mundo

o silêncio verde
da mariposa
cobre jardins
de um mistério profundo

há lágrimas no interior
de rochas calcárias
basta uma gota de chuva
para banhar a pétala

não é preciso morrer
para se alcançar
estado de graça
bem o sabe a libélula

Úrsula Avner

* poesia inspirada no poema " Uma didática da invenção " de Manoel de Barros

terça-feira, 20 de julho de 2010

* (Re)canto *


arte: Patient gardener
By : Maggie Taylor


no ruflar das asas

entre um movimento e outro

silêncio inescrutável

lampejo de existência

mistério insondável


vesti-me de sons

que andei recolhendo

aqui e ali na orla

do intocável vento

no estribilho do tempo


se já fui verso

hoje sou (re)verso

linhas traçadas

com gosto de sangue

caducam em veias abertas

nuas e secas

imagens incertas

do que me acometeu


se em mim

arrefeceu

o que é poesia

não me abato

amanhã

é outro dia


Úrsula Avner

sexta-feira, 9 de julho de 2010

* Entre palavras *

imagem : Patícia Van Lubeck


de tudo o que se pode guardar
guarde o silêncio
objetos são perecíveis
palavras... dispensáveis
o silêncio é enfático e duradouro
ainda que por alguns instantes

a reflexão é do silêncio
o ancoradouro
fere com estacas pontiagudas
a alma das palavras
serpenteia como lâminas cortantes

o silêncio é grilo falante
quando se colhe sentimentos
filho da verborragia
corta o ar como uma cotovia

nos versos da poesia
o silêncio é chama intrépida
travestido de palavras em seda fria
som estrepitoso
ecoa solitário
nas cavernas da mente

entre palavras e palavras
a pausa colossal do silêncio
é brado veemente
lacuna onde se deita
o que não é dito
ou dito de modo surpreendente
no suspiro abafado
no canto dos olhos
no sorriso embotado

brada o silêncio
o que os pulmões condensam
revela o que os seres
mais sensíveis pensam
faz imenso barulho em mim
é começo e é o fim

Úrsula Avner


* Obrigada pela gentileza de sua visita e comentário.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

* Despejo *

a taça da ira
está cheia
transborda
quando o cá li ce
for derramado
ca le -se
não há o que dizer
após o derrame
silêncio dor
espanto horror
vida infame

Úrsula Avner

* poema inspirado na postagem- Cálice Censurado- da poetisa Mirze Souza em seu blog de poesias. A postagem mostra um vídeo com a música - " Cálice " do Chico Buarque de Hollanda. Nas próximas eleições, façamos a necessária reflexão antes dos votos... antes do derrame... Um abraço com carinho a todos que me visitam.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

* A palavra e o poeta *




consternada me via

soube que chorava

na sua (in)sanidade não se atrevia

a sair tresloucada


aguardava serena o momento certo

mergulhada em si mesma noite e dia

olhava-me com fervor bem de perto

mas era o silêncio seu guia


gotejava luz e minguava

tal qual estrela fria

e a lua no céu que acenava

no seu corpo o instante luzia


Ah bendita que chega de repente

junta-se a outras cúmplices e baila acalorada

na folha de papel respira contente

tece versos onde não cabe mais nada


Úrsula Avner


* imagem do google sem infomação de autoria

terça-feira, 22 de junho de 2010

* Instantes *


imagem retirada do blog http://grupodaluacheia.blogspot.com



ao redor

da redonda mesa

desejos dormem

no céu redonda lua retesa


no jardim

vaga-lumes são lamparinas

brilho refletido em retinas

na espessura do lume

purpurinas


não há o que possa o silêncio pungir

cai a noite em veludo

vem os sonhos cobrir


Úrsula Avner


Agradeço o carinho de sua presença e comentário ! Afetuoso abraço.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

* (Sou)zinho *


arte : Pino Daeni


sou de prata
talvez de bronze
ouro é precioso demais
em cada gesto
mais silêncio que estrondo
hoje, passivo é
o tempo cá dentro
contempla o sol se pondo
pardo
amarrotado
ás vezes
sonolento e brando


Úrsula Avner

domingo, 11 de abril de 2010

* Andrógina*

tela: Vendedora de flores
by : Diego Rivera


meu caminho é inverso
ao caminho das coisas
penso andar
na contramão do mundo
em mim repousa
mistério profundo

não sei se quero partir
não sei se me dou
se devo sorrir
se arrisco voo de condor

quisera ir
quisera voar
para bem distante da dor
sem rumo, sem ter onde chegar

se hoje sou silêncio
já fui estrondo
voz de cachoeira
se hoje me rendo
já mergulhei rio adentro
canto de lavadeira

Úrsula Avner