tela: Lena Galgrinaldas de borboletas me cercam
em ballet harmonioso e apurado
enroscam-se em pensamentos e quedam
na clidéia de um sonho emancipado
de dentro do ser
desabrocham palavras
que não plantei
pontos de luz que teimam em aparecer
sopro de pétalas aveludadas
grávidas dos versos que tão somente inventei
mergulho no poema
como quem salta
em tonel de flores
busco nas rimas um estratagema
preenchimento do que em mim é falta
no entrelaçar de dores e amores
não cesso de escrever
o desejo quando satisfeito
dissolve o prazer
lugar vazio de emoção
leito em solidão
o que não se pode decifrar ou entender
vértice de misteriosa peregrinação
por isso ainda estou á cata
de palavras mil para escrever
em versos torpes e linha inexata
até de mim mesma desentender
Úrsula Avner