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sábado, 14 de janeiro de 2012

Presença

imagem: Duy Huynh

contemplo hoje
da vida
nova face
nunca antes vista
e que jamais será
vista de novo

é preciso viver
cada momento como
um acontecimento essencial
tal qual
a queda de uma folha
o trajeto de uma lágrima
a agonia do sol no horizonte
ao fim de uma tarde avermelhada
que no dia seguinte
pode não se fartar de cor
e surgir domada
por um céu plúmbeo
em todo o seu vigor

Úrsula Avner

quinta-feira, 28 de julho de 2011

* Deslumbre *

desenho: A flor do desejo
por: Luiza Maciel Nogueira

a voz que seca a garganta
salta em versos
como gotas lacrimejam
a folha na madrugada

se a pérola soubesse
do canto de pássaro
não seria tão contida
mas o adormecer
em si mesmo
gera asas
quando adormeço
em mim
amanheço
sol esparramado
claridade sem fim

Úrsula Avner

terça-feira, 21 de junho de 2011

* Náufrago(do verbo)

nu da minha voz : Gabriela Boechat

calou-se
adormeceu sobre versos
que submergiram
lacrimejou
sobre a folha vazia
alva e gélida

espanto de si mesmo

é no vácuo
que algo acontece
não há movimento
sem queda
sem espaços vazios

que o sono seja
longo e reparador
que sonhos tragam
fragância e bolor

Úrsula Avner

quinta-feira, 16 de junho de 2011

* Nostálgica*

imagem: google

talvez um silêncio
silvestre
penetre a folha
de veias saltadas
nervos em sepulcro

hoje o azul
não basta
em cinza pardo
se despede o dia
apressado
não se aparta sozinho
vaga solitária
ao fundo da tela
lua cheia
de meias verdades
rege o bailado do mar
mas não lhe cabe decifrá-lo

zonza
a folha desprendida
de uma árvore qualquer
pernoita no húmus da terra
:
misteriosa jornada

se cantasse no horizonte
um vento festivo
seria azul

Úrsula Avner

quarta-feira, 1 de junho de 2011

* Galho seco *

acrílico sobre tela : mulher dormindo- Sóra Lobo

não me sabia
secreta
quando dormia
e quando o sono
se alongava
já não era a noite
tela vazia
onde bordam-se sonhos
até que seja dia

quando o sono
se alongava
eu me perdia
no espaço infindo
da alma fugidia
que pranteando
ou sorrindo
se desfazia

não me sabia
inteira
quando entendia
de dormir o sono
da folha travessa e iludida
de um galho seco caída

Úrsula Avner

sexta-feira, 29 de abril de 2011

* Canção dos mistérios de ser *


tela : sun -rain ( sol-chuva)
por: Salma Shami

do deslumbre de ser
extrai-se o mel
e a folha amargosa
um pedaço de céu
o gosto acerbo da losna
o diário da rosa
frágil flor do desejo
doce e manca
ávida e pálida
entregue ao vigor do ensejo

do deslumbre de ser
evocam-se mistérios
que dançam na escuridão
em chão de névoa
não bailam em vão
há um ponto de luz
guia de cada coração

Úrsula Avner

sábado, 9 de abril de 2011

* emergente estação *

Fonte da imagem : Google- sem informação de autoria

folha seca
tremula aflita
espera a passagem
do tempo
o colo celestial
o rito do vento

cai a chuva
impiedosa
renova a terra idosa

assim se desfaz o verão
respira o outono

Úrsula Avner

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

* do que está velado *

desenho : jardim de luz
autora: Luiza Maciel Nogueira
http://versosdeluz.blogspot.com


não sei
do mistério
da folha
da sombra
do vento

ao andar
entre esporas
do tempo
entendi de
perscrutar
o véu sobre
tua face
paradoxalmente
rijo e transparente

não te desvendei
te guardei segredo
jardim fechado
te tranquei
no silêncio
do almoxarifado

Úrsula Avner

terça-feira, 10 de agosto de 2010

* Refluxo *

talhou desejo
de abraçar o sol
hoje sou noite
sem estrelas
beija-me oscilante brisa
que insiste em praguejar
corta uma folha perdida
talho de amor

Úrsula Avner

sexta-feira, 25 de junho de 2010

* A palavra e o poeta *




consternada me via

soube que chorava

na sua (in)sanidade não se atrevia

a sair tresloucada


aguardava serena o momento certo

mergulhada em si mesma noite e dia

olhava-me com fervor bem de perto

mas era o silêncio seu guia


gotejava luz e minguava

tal qual estrela fria

e a lua no céu que acenava

no seu corpo o instante luzia


Ah bendita que chega de repente

junta-se a outras cúmplices e baila acalorada

na folha de papel respira contente

tece versos onde não cabe mais nada


Úrsula Avner


* imagem do google sem infomação de autoria

quarta-feira, 14 de abril de 2010

* Canção singular *

a canção que invento
tem brilho de ponta
de estrela
fagulha cuspida
da implosão bucólica
do sol
quietude de riacho
quando os peixes dormem
sob águas serenas

a canção que invento
pinga o suor das faces
vincadas
tem o pó das pisaduras
intrépidas
dos que trabaham
em troca de pão
o canto do pintassilgo
que apregoa sua efêmera
liberdade
o vacilo das mãos
quando tecem (versos)

a canção que invento
tem o múrmurio das conchas
a solidão da folha
que da árvore quedou (se)
a fugacidade das borboletas
que voam e pousam
pousam e voam
num ballet intermitente
e breve

a canção que invento
colhe dejetos de becos sombrios
percorre o íntimo do ser humano
perscruta dores medos desejos
a vulnerabilidade
o peso do livre arbítrio

a canção que invento
é lamento
choro alagado
que se deita sobre
a retina e o coração
e inscreve seu legado


Úrsula Avner


* imagem do Google imagens

terça-feira, 16 de março de 2010

* Cópula em dobro *




imagem : Casal

autor: Lauri Blank
sol penetrou
lua garbosa

breve encontro crepuscular

feixes de luz saltitaram

- orgasmos múltiplos-

No céu

um arco-íris noturno

erótica paisagem

******//******


o lápis penetra a folha alva

vai desvirginando o vazio

um canto orgástico ecoa

palavras viris



Úrsula Avner