Sou
filha do feno
papoila
a minha razão de ser
cocorocó
é nascer
antes d’amanhecer…
O meu manto azul
o meu manto rubro
voeja ao sol!
O vento agarra-me pela cintura…
Que a palha
brilhe
ao longe
no bico de uma codorniz.
O buraco da agulha
tece
tramas
e tramas…
Que a pomba
tombe!
Aqui e ali
poupas e cantos
como o da cotovia
eu chamo
eu chamo
Na minha prisão
a grade
fixa-me o horizonte
mas imagino
o eco
na
ravina
cocorocó!
O galo
alteia o rabo
e a crista
e encontra quem
se preste
a ouvi-lo
contar
os seus galanteios.
filha do feno
papoila
a minha razão de ser
cocorocó
é nascer
antes d’amanhecer…
O meu manto azul
o meu manto rubro
voeja ao sol!
O vento agarra-me pela cintura…
Que a palha
brilhe
ao longe
no bico de uma codorniz.
O buraco da agulha
tece
tramas
e tramas…
Que a pomba
tombe!
Aqui e ali
poupas e cantos
como o da cotovia
eu chamo
eu chamo
Na minha prisão
a grade
fixa-me o horizonte
mas imagino
o eco
na
ravina
cocorocó!
O galo
alteia o rabo
e a crista
e encontra quem
se preste
a ouvi-lo
contar
os seus galanteios.
Mahjoubi Aherdan (1921/1924? – 2020) nasceu em Oulmès,
comuna rural no centro-norte de Marrocos, situada no Médio Atlas. Foi poeta,
pintor, político, nacionalista berbere empenhado na independência de Marrocos.
Chegou a ser Ministro de Estado, responsável pelos correios e as
telecomunicações, no governo de Ahmed Osman (1972 – 1979). No governo de Maati
Bouabid (1979- 1983) foi ministro com a pasta da Cooperação. Autor de um
romance intitulado Un poème pour étendard (1991), publicou vários livros de
poesia. O poema cuja versão aqui se partilha é do livro Aguns’N Tillas (Au
coeur des ténèbres) (1985), incluído na Anthologie de la Poesie Marrocaine d’expression
française, organizada por Jean-Pierre Koffel para as Éditions Aïni Bennaï,
2006, pp. 13-14. Versão de HMBF.