Aqui uma postagem "reciclada" de 3 de dezembro de 2011...
Considero „Funny Girl“ uma pequena preciosidade.
Uma peça, um filme único sobre a vida de Fanny Brice que lançou um talento único: Streisand (em 1964, na data que estreiou "Funny Girl" Streisand ainda era uma "menina" de 21 anos de idade... )
(para quem não sabe: eu NÃO sou fã de Streisand… acho que com o passar dos anos ela deixou para trás a “menina Jiddish” para transformar-se numa persona “larger than life”, associadíssima à California e muito chata… mas a Streisand dos primeiros anos, dos primeiros discos, dos primeiros shows de televisão, dos primeiros filmes, era adorável… como em “Funny Girl”, uma biografia bem “criativa” sobre a vida de Fanny Brice, seu primeiro filme).
O final do filme deixa porém, para mim, algo a desejar e quando me refiro a um final nada feliz, não estou referindo-me à triste estória de amor entre Fanny e Nick…
Na versão da Broadway o show terminava com uma repetição de “Don’t rain on my parade”, mostrando que esta mulher era forte, corajosa, cheia de energia…
Na versão para o Cinema esta música foi trocada por um velho sucesso de Fanny Brice: My Man… Para meu gosto, uma típica canção de “vítima”. Uma canção cantada por uma mulher dependente, burra (“Two or three girls has he, that he likes as well as me… But I love him” Ora, que absurdo… Oh, Nick, "vá plantar batatas!"), oprimida… O desempenho de Streisand neste número pode ser singular e espetacular mas esta canção transforma o personagem Fanny, no final do filme, numa mulher completamente oposta ao que tínhamos visto nas duas horas prévias… como se houvesse desaprendido tudo o que levava na sua "mala"...
Um final nada feliz para o filme…
Acho, porém, que uma outra mudança “da Broadway para Hollywood” foi ainda bem mais trágica. Ela está relacionada também ao final do filme, já que involve a troca da canção anterior a “My Man”. No filme Streisand canta um curto, sincero número chamado “Funny Girl”, que foi composto especialmente para o filme (para justificar o título do filme… como se isto fosse necessário… ). Gosto muito desta canção… mas é um monólogo que ela faz sobre si mesma. Não questionando o amor que sente por “Nick” e sim indagando se ela é realmente uma “funny girl”. Uma direção completamente oposta ao roteiro original faz com que o personagem perca totalmente sua “força”:
A canção que estava neste “Spot” da peça é uma outra preciosidade que ficou, por assim dizer, “perdida”. Não fez parte de nenhum disco de Streisand (com exceção do disco da gravação do elenco original em 1964), do seu repertório…
Só depois de bem mais velha Streisand redescobiu este tesouro que havia perdido, há muito tempo… mas com sua (criada) afetação californiana não deu mais a “rendition” que dava, quando era ainda a “menina Jiddish” do início de sua carreira … Esta música é como uma moldura sobre o caráter de Fanny e seu (descabido) amor por Nick – mas em nenhum ponto ela transforma-se na vítima sofredora e dependente em que se transformou cantando “My Man”. Ela constata um amor ("in everyway, everyday I need less of myself, I need more him...") mas jamais ela é "a vítima".
Sim... um final nada feliz para o filme…
Procurando na Internet não consegui encontrar uma foto sequer deste número – que ela cantava no seu camarim de teatro… por isto, aqui o interior da capa do disco, escaneado hoje… a foto abaixo é a da mencionada cena:
“The Music that makes me dance”.
Como só existem videos mais recentes de Streisand cantando esta música (que nada me agradam), decidi colocar aqui uma outra “funny girl”: Liza Minneli (ao lado de Mikhail Baryshnikov) no empoeirado “Baryshnikov on Broadway”.
Liza sensacional dando vida à esta beleza de melodia (e texto):
(HIS IS THE ONLY) MUSIC THAT MAKES ME DANCE…
...e para quem ainda tiver a paciencia de "ouvir" (inclusive "introduction"), aqui a menina Streisand em 1964 cantando esta maravilha!
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domingo, 2 de fevereiro de 2014
Um final nada feliz...
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quarta-feira, 17 de outubro de 2012
REMEMBERING "Isadora": Vanessa Redgrave - perfeita!
Vanessa Redgrave não é uma bailarina e “Isadora” também não é um filme sobre Dança.
Ele usa a Dança da americana Isadora Duncan (1877 - 1927) para pontear, cronológica- e precisamente a vida desta alma livre que até hoje fascina o mundo das Artes, o mundo de muita gente… inclusive o meu.
Mesmo que a linguagem seja um pouco antiquada por delinear suas memórias num “Flash-Back” da exata, precisa duração de todo o filme, ele capturou em celulóide o movimento e o espírito tão peculiar deste genero de Dança…
Eu gosto deste filme.
E não só pela fabulosa e, na época, linda Vanessa Redgrave.
Pensemos que existem sómente alguns segundos de registro «em celulóide» da Arte de Duncan (dançando numa Garden-Party em Londres) e que toda sua “escola”, seu “estilo” foi transmitido por suas alunas (As «Isadorables» ?) através de gerações.
Muito ao contrário do que muitos dizem, não considero Duncan a “mãe da Dança contemporanea”. Sua dança evocava vasos e Afrescos da velha Grécia. O mundo "clássico" (!!!!).
Eu prefiro deixar este título acima, esta honra para outros personagens da Dança do século XX.
Mas Duncan criava liberdade ao dançar… Não havia uma técnica no sentido clássico da palavra (Falo de Ballet e ela abominava-o) e com o passar dos anos a “Diva”, que foi envelhecendo rápidamente por causa de uma vida muito bohemia e desregrada, foi adaptando sua dança às condições de seu corpo: à perda de elasticidade, às suas coxas e a seus braços mais “roliços”… num puro movimento organico de mudança, de adaptação à novas situações, talvez barreiras, mesmo que estas tenham sido trazidas pela idade.
Existe coisa mais natural do que envelhecer? É o ciclo da vida – e Isadora adaptou-o muito bem à sua carreira. Gosto deste pensamento, desta atitude.
O filme nos leva de San Francisco à Europa, pelo seu Debùt nos grandes palcos (descalça e mostrado as pernas nuas… imaginem só; um escandalo na época!), pela sua primeira gravidez, pelas suas dúvidas sobre ser “mãe solteira” em 1906, pelos seus sucessos, por sua fase mais burguesa (quado esteve ligada a Paris Singer – sim o milionário, herdeiro das máquinas de costura),
pela morte de seus filhinhos num trágico acidente no Seine em 1913, pela sua fase vermelha na Rússia, pelo seu casamento mal-sucedido com o poeta russo Sergei Jessenin, sua “volta” à uma America que lhe “acusou” de comunismo (o que ela realmente era) e a cruelmente repudiou (e para a qual ela mostrou seus seios nus, conseguindo chocar as mais "tradicionais" almas de Boston), sua triste derrocada psicológica e física em companhia íntima do alcóol, de muito alcóol e, depois, sua morte brutal, só poucos momentos após ter gritado : "Adieu, mes amis. Je vais à la gloire!" (apesar de existir uma versão de uma amiga que clama que ela haveria dito «Je vais à l’Amour», comentário muito «ousado» para a época já que ela se encontrava na companhia de um belo italiano e em Nice haviam muitos «hotéis de hora». E o que importa ? What the hell. As duas versões são bonitas… Morrer "a caminho do Amor"... Ora, belíssimo! Bastante mais "humano" e real do que a "Glória", à qual ela supostamente se referiu...).
“Isadora” (1968) foi dirigido por Karel Reisz e foi um “pequeno” sucesso de bilheteria. Mesmo a nomeação de Redgrave para o Oscar de melhor atriz naquele ano (Katharine Hepburn e Barbra Streisand “empataram”) não ajudou muito à bilheteria... O filme realmente não foi concebido para a “massa” por tratar muito especialmente de um tema muito especial sobre uma pessoa extremamente especial...
Confiram o Trailer:
Ele foi “rebatizado” em “The loves of Isadora” tentando assim que esta “sugestão” de “sexo e pecado” melhorasse a bilheteria. Não melhorou.
Vanessa passou por um lindo trabalho de corpo para este filme. Nunca devemos nos esquecer: ela é uma ATRIZ, não uma bailarina !
Num dos momentos, para mim, mais lindos do filme ela faz sua «Première» em Londres ao som do segundo movimento (o Allegretto) da sétima Sinfonia de Beethoven. Amo-a naquela "correria" pelo palco, toda soltinha, relaxada, linda…
E para quem tiver interesse em imagens da verdadeira Isadora e nos seus poucos segundos registrados em filme, aqui um interessante vídeo!
Correção: as últimas imagens (de um carro) não são do carro em que Isadora faleceu - como erroneamente dito no video - porém do carro em que suas crianças se acidentaram no desastre no Seine.
Ele usa a Dança da americana Isadora Duncan (1877 - 1927) para pontear, cronológica- e precisamente a vida desta alma livre que até hoje fascina o mundo das Artes, o mundo de muita gente… inclusive o meu.
Mesmo que a linguagem seja um pouco antiquada por delinear suas memórias num “Flash-Back” da exata, precisa duração de todo o filme, ele capturou em celulóide o movimento e o espírito tão peculiar deste genero de Dança…
Eu gosto deste filme.
E não só pela fabulosa e, na época, linda Vanessa Redgrave.
Pensemos que existem sómente alguns segundos de registro «em celulóide» da Arte de Duncan (dançando numa Garden-Party em Londres) e que toda sua “escola”, seu “estilo” foi transmitido por suas alunas (As «Isadorables» ?) através de gerações.
Muito ao contrário do que muitos dizem, não considero Duncan a “mãe da Dança contemporanea”. Sua dança evocava vasos e Afrescos da velha Grécia. O mundo "clássico" (!!!!).
Eu prefiro deixar este título acima, esta honra para outros personagens da Dança do século XX.
Mas Duncan criava liberdade ao dançar… Não havia uma técnica no sentido clássico da palavra (Falo de Ballet e ela abominava-o) e com o passar dos anos a “Diva”, que foi envelhecendo rápidamente por causa de uma vida muito bohemia e desregrada, foi adaptando sua dança às condições de seu corpo: à perda de elasticidade, às suas coxas e a seus braços mais “roliços”… num puro movimento organico de mudança, de adaptação à novas situações, talvez barreiras, mesmo que estas tenham sido trazidas pela idade.
Existe coisa mais natural do que envelhecer? É o ciclo da vida – e Isadora adaptou-o muito bem à sua carreira. Gosto deste pensamento, desta atitude.
O filme nos leva de San Francisco à Europa, pelo seu Debùt nos grandes palcos (descalça e mostrado as pernas nuas… imaginem só; um escandalo na época!), pela sua primeira gravidez, pelas suas dúvidas sobre ser “mãe solteira” em 1906, pelos seus sucessos, por sua fase mais burguesa (quado esteve ligada a Paris Singer – sim o milionário, herdeiro das máquinas de costura),
pela morte de seus filhinhos num trágico acidente no Seine em 1913, pela sua fase vermelha na Rússia, pelo seu casamento mal-sucedido com o poeta russo Sergei Jessenin, sua “volta” à uma America que lhe “acusou” de comunismo (o que ela realmente era) e a cruelmente repudiou (e para a qual ela mostrou seus seios nus, conseguindo chocar as mais "tradicionais" almas de Boston), sua triste derrocada psicológica e física em companhia íntima do alcóol, de muito alcóol e, depois, sua morte brutal, só poucos momentos após ter gritado : "Adieu, mes amis. Je vais à la gloire!" (apesar de existir uma versão de uma amiga que clama que ela haveria dito «Je vais à l’Amour», comentário muito «ousado» para a época já que ela se encontrava na companhia de um belo italiano e em Nice haviam muitos «hotéis de hora». E o que importa ? What the hell. As duas versões são bonitas… Morrer "a caminho do Amor"... Ora, belíssimo! Bastante mais "humano" e real do que a "Glória", à qual ela supostamente se referiu...).
“Isadora” (1968) foi dirigido por Karel Reisz e foi um “pequeno” sucesso de bilheteria. Mesmo a nomeação de Redgrave para o Oscar de melhor atriz naquele ano (Katharine Hepburn e Barbra Streisand “empataram”) não ajudou muito à bilheteria... O filme realmente não foi concebido para a “massa” por tratar muito especialmente de um tema muito especial sobre uma pessoa extremamente especial...
Confiram o Trailer:
Ele foi “rebatizado” em “The loves of Isadora” tentando assim que esta “sugestão” de “sexo e pecado” melhorasse a bilheteria. Não melhorou.
Vanessa passou por um lindo trabalho de corpo para este filme. Nunca devemos nos esquecer: ela é uma ATRIZ, não uma bailarina !
Num dos momentos, para mim, mais lindos do filme ela faz sua «Première» em Londres ao som do segundo movimento (o Allegretto) da sétima Sinfonia de Beethoven. Amo-a naquela "correria" pelo palco, toda soltinha, relaxada, linda…
E para quem tiver interesse em imagens da verdadeira Isadora e nos seus poucos segundos registrados em filme, aqui um interessante vídeo!
Correção: as últimas imagens (de um carro) não são do carro em que Isadora faleceu - como erroneamente dito no video - porém do carro em que suas crianças se acidentaram no desastre no Seine.
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sábado, 19 de maio de 2012
REMEMBERING: (Remember) “my forgotten Man”... & Joan Blondell…
Muitas vezes já me referi aqui ao que chamo de canções «de vítima». Aquelas canções sobre a mulher eternamente sofredora, dependente de um só homem e fiel a ele mesmo que ele bata nela, a traia com outras e tire seu dinheiro deixando-a com fome… Um dos cúmulos desta série de canções é «My Man», hoje conhecida pela interpretação de Barbra Streisand, mas originária da Broadway na voz de Fanny Brice… e cantada até por Sarita Montiel!!!!
O teatro musical ofereceu ao seu público muitas destas “renditions” como a famosa “Bill” de “Show Boat”, lançada pela problemática Helen Morgan (que na vida real era uma destas “vítimas”) e depois interpretada por Ava Gardner no cinema.
No disco da trilha sonora do filme da Metro voces poderão ouvir a verdadeira voz de Ava – esplendida – que posteriormente foi dublada no filme. Ava, que muito lutou pelo papel da trágica “Julie” havia se dedicado muito à interpretação das canções de Jerome Kern e ficou decepcionadíssima ao descobrir que a Metro havia substituído sua voz… Coisas inexplicáveis do Cinema…
Mas um dia destes me lembrei de uma “canção de vítima” na qual a cantora (e relatadora dos fatos) não é uma vítima de “seu homem”, porém de uma situação social sob a qual seu homem está sendo humilhado… Os soldados que voltam da guerra e não mais encontram seu lugar na sociedade. Nem emprego, nem reconhecimento…
“Remember my forgotten Man” é (incrívelmente) o número final de “Cavadoras de Ouro de 1933” (Gold Diggers of 1933) e, sim, voces estão certos: eu me lembrei deste número pois na postagem passada mencionei as mesmas “Cavadoras” (mas no filme de 1935).
"Remember My Forgotten Man" é cantado por Joan Blondell , bem no genero de Fanny Brice...
O número tem uns sets interessantíssimos, principalmente por que são óbviamente influenciados pelo Expressionismo alemão (coisa particularmente rara na história de Hollywood) evocando óbviamente a triste atmosfera de pobreza e frustração da Era da Depressão (coisa particularmente ainda mais rara nos musicais, que eram exatamente veículos de extremo escapismo nestes anos).
Impressionante a decisão de Darryl Zanuck de colocá-la como número final do filme, deslocando um outro número (ingenuo, leve, escapista…) “Pettin’ in the park” para um outro trecho do filme… Ousadias corajosas… (Gosto de coragem e de “Faro” cinematográfico misturados... Gosto muito... ).
Mas, assistam ao número… e digam-me o que acham…
Depois do video, um pouquinho sobre Joan Blondell, que é, na realidade, motivo para uma outra ”Tertúlia”, mas não resisti…
Nota "Tertuliana": Joan Blondell, grande nome do Cinema dos anos 30 (e na época casada com o “astro”, Dick Powell), “roubou” o filme (inclusive da coadjuvante Ginger Rogers que teve seu principal número – “I’ve got to sing a torch song” - cortado)!
Será que alguém ainda se lembra dela?
Blondell, ao meu ver, hoje em dia totalmente esquecida teve um carreira muito interessante, bastante rica na realidade… mais de 60 filmes, fotos “censuradas” pelo “Hayes-Code” como esta (bem "risquèe"),
E papéis de caráter como em “The opposite sex” ao lado de June Allyson, a segunda esposa de Dick Powelll. Voces a reconhecem entre June Allyson, Joan Collins, Ann Miller, Dolores Gray e Ann Sheridan? Gordinha...
Joan Blondell foi também casada com o produtor Mike Todd, antes deste se apaixonar por Elizabeth Taylor e morrer num trágico desastre aéreo…
Nos anos 70 ela publicou um delicioso livro, que tenho aqui em casa, chamado “Centre Door Fancy”, uma auto-biografia “disfarçada” (pois ela fala de si mesma na terceira pessoa) com detalhes extremamente interessantes, picantes, frustrantes, trágicos e até dolorosos (sem revelar nenhum nome real) de toda uma vida no “Show Business” – do “Vaudeville” a Hollywood. Provou que uma atriz PODE escrever... e como!
Muito recomendável!
Mais sobre Joan brevemente!
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
REMEMBERING: Susannah York & Michael Sarrazin
Pensando em dois queridos atores que perderam a luta contra o cancer ano passado...
A linda e versátil Susannah York
(Se eu tivesse que escolher um papel, do vasto trabalho de Susannah, como meu preferido, o páreo seria duro… Seu personagem em “They shoot horses, don’t they?” - porque ela vai se desfazendo, se desmantelando aos poucos, acabando, deixando de existir, morrendo...) ou sua vulnerável e delicada e forte (isto ao mesmo tempo) “Jane Eyre”, para mim a melhor interpretação de Jane até hoje… e quantos filmes já foram feitos sobre este livro. Ah! Quase esqueci... outra interpretação sua maravilhosa: uma das irmãs em "The Maids" de Jean Genet - ao lado de outro ícone ingles: Glenda Jackson. Conhecem esta negligenciada obra-prima?)
E o talentosíssimo e de certa forma enigmático Michael Sarrazin.
(Não esqueço de Sarrazin em alguns outros trabalhos: “Frankenstein” (ele era o monstro e Dr. Frankenstein era Leonard Whitting, o “eterno” Romeu da versão de 1968 de Zefirelli), “For Pete’s sake” – ótima comédia ao lado de Streisand – e uma esquecida série de TV ao lado de Lesley-Ann Warren: “Beulah Land”. Bons trabalhos!)
Lembrei-me que os dois trabalharam juntos num dos meus filmes preferidos… “They shoot Horses, don’t they?” baseado na novela homonima de Horace MacCoy (Mas não se mata cavalo?).
Esta suprema obra cinematográfica foi filmada em 1969 e, para mim, significa o primeiro papel “bom” de Jane Fonda (Não estou porém certo se “A casa de Bonecas” foi realmente filmado antes… “Klute”, com o qual ganhou um Oscar, foi definitivamente filmado um ou dois anos depois… ). “Horses” foi um grande passo para Fonda. Vinda de papéis bem moldados numa imagem de “sex-symbol” como “Barbarella” de Vadin, ela, como “Gloria”, seu papel em “Horses”, provou ser atriz e que atriz…
Mas jamais poderemos nos esquecer de Susannah e Michael… Maravilhosos, talentosos, importantíssimos para este filme… Personagens de extrema importancia!
e o trailer de "Horses" da época! Cinema... Bom Cinema!
Fotos do filme dizem mais que mil palavras…
Que maravilha esta época na industria cinematográfica americana… quantos passos “para trás” teremos ainda que aguentar ao assistir todas estas bobagens que estão sendo feitas hoje em dia???
Como um "relato" em termos de história, aqui abaixo, as fantásticas fotos do magnífico Bob Willoughby.
(Fotos copyright: Bob Willoughby)
2011 levou estes dois grandes talentos...
Susannah York: 9.1.1939 – 15.1.2011
Michael Sarrazin: 22.5.1940 – 17.4.2011
A linda e versátil Susannah York
(Se eu tivesse que escolher um papel, do vasto trabalho de Susannah, como meu preferido, o páreo seria duro… Seu personagem em “They shoot horses, don’t they?” - porque ela vai se desfazendo, se desmantelando aos poucos, acabando, deixando de existir, morrendo...) ou sua vulnerável e delicada e forte (isto ao mesmo tempo) “Jane Eyre”, para mim a melhor interpretação de Jane até hoje… e quantos filmes já foram feitos sobre este livro. Ah! Quase esqueci... outra interpretação sua maravilhosa: uma das irmãs em "The Maids" de Jean Genet - ao lado de outro ícone ingles: Glenda Jackson. Conhecem esta negligenciada obra-prima?)
E o talentosíssimo e de certa forma enigmático Michael Sarrazin.
(Não esqueço de Sarrazin em alguns outros trabalhos: “Frankenstein” (ele era o monstro e Dr. Frankenstein era Leonard Whitting, o “eterno” Romeu da versão de 1968 de Zefirelli), “For Pete’s sake” – ótima comédia ao lado de Streisand – e uma esquecida série de TV ao lado de Lesley-Ann Warren: “Beulah Land”. Bons trabalhos!)
Lembrei-me que os dois trabalharam juntos num dos meus filmes preferidos… “They shoot Horses, don’t they?” baseado na novela homonima de Horace MacCoy (Mas não se mata cavalo?).
Esta suprema obra cinematográfica foi filmada em 1969 e, para mim, significa o primeiro papel “bom” de Jane Fonda (Não estou porém certo se “A casa de Bonecas” foi realmente filmado antes… “Klute”, com o qual ganhou um Oscar, foi definitivamente filmado um ou dois anos depois… ). “Horses” foi um grande passo para Fonda. Vinda de papéis bem moldados numa imagem de “sex-symbol” como “Barbarella” de Vadin, ela, como “Gloria”, seu papel em “Horses”, provou ser atriz e que atriz…
Mas jamais poderemos nos esquecer de Susannah e Michael… Maravilhosos, talentosos, importantíssimos para este filme… Personagens de extrema importancia!
e o trailer de "Horses" da época! Cinema... Bom Cinema!
Fotos do filme dizem mais que mil palavras…
Que maravilha esta época na industria cinematográfica americana… quantos passos “para trás” teremos ainda que aguentar ao assistir todas estas bobagens que estão sendo feitas hoje em dia???
Como um "relato" em termos de história, aqui abaixo, as fantásticas fotos do magnífico Bob Willoughby.
(Fotos copyright: Bob Willoughby)
2011 levou estes dois grandes talentos...
Susannah York: 9.1.1939 – 15.1.2011
Michael Sarrazin: 22.5.1940 – 17.4.2011
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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
Cyd Charisse, Gene Kelly e amizades & decepções: It's always fair Weather...
Quem assistiu „On the Town“ (Um dia em Nova Iorque, MGM 1949) deve ter-se perguntado alguma vez: “E o que aconteceu com estes tres marujos durante e depois da Guerra?”
A Metro pensava em produzir “It’s always fair Weather” como uma continuação de “On the town”, inclusive pensando em usar os tres atores principais de “Town”: Gene Kelly, Frank Sinatra e Jules Munshin.
Depois da Guerra tres “camaradas” fazem um pacto para reencontrarem-se dez anos depois…
Esta é a linha principal do roteiro de “Fair Weather”.
Um filme razoávelmente esquecido, ele reune os talentos de Kelly, Michael Kidd (numa rara aparição cinematográfica) e o veterano Dan Dailey (ainda em grande forma) como os tres “marujos”,
Dolores Gray (que não teve realmente a carreira que merecia pois a era dos musicais chegava ao final e o trabalho de uma “belter” não era, na época, requerido fora do cinema musical. Estávamos ainda “anos luz” de Streisand e Minnelli)
e a magnífica Cyd Charisse, aqui num papel relativamente pequeno com um único número de dança… Fato este que nunca realmente compreendi… (Charisse vinha na época de recentes aparições de muito sucesso em “The Band Wagon”, “Deep in my heart” e “Brigadoon”, tres filmes de 1954 nos quais ela mais uma vez provou seu grande talento! Charisse ainda tinha reservadas para seu futuro maravilhas, jóias cinematográficas como “Silk Stockings” com Fred Astaire, mas esta é uma outra estória)
Concebido pelos magníficos Betty Comden e Adolph Green (responsáveis por “On the Town”, “Singin’ in the rain” entre tantos outros) o filme não poderia ter melhores credenciais. Mais uma vez Kelly co-dirigiu um filme ao lado de Stanley Donen – que vindo de sucessos como “Seven Brides for seven brothers” não estava realmenre muito interessado em dividir os créditos do filme com Kelly).
“Fair Weather” é um filme que passa uma certa “desilusão” com a vida: os tres companheiros de “antes” se encontram dez anos depois só para perceber que nada mais tem em comum… sómente a desilusão com a vida.
É exatamente este o tema principal do filme: como o tempo transforma as amizades
Não estou 100% de acordo - tenho muitíssimos amigos, sinceros, queridos, de toda uma vida - mas tenho que admitir que às vezes isso acontece… semana passada percebi esse fato numa "ex-colega" do “científico”… pessoa que se chamava minha "amiga" - apesar de eu nunca te-la realmente considerado assim. Existem pessoas amarguradas, insatisfeitas – talvez até pelo próprio visual, pelas "personas" obesas e feias em que se transformaram – que só sabem ser invejosas e "esborrifar" veneno… Que falta de psicologia - rsrsrs (she'll understand that) levar a vida assim!!! Tenho pavor de inveja! Pois quem a tem destroe a si mesmo! Lembram de sallierei? Not necessary to say que a infeliz não mais faz parte do meu círculo de conhecidos... Cortei-a da minha vida. Destas pessoas me distancio! E tenho coragem de admití-lo!
Bem, de volta ao filme: uma cena fantásticamente desilusionada (sorry... correction: desiludida... desilusionada é castellano...) reune os tres amigos, que (no filme) já haviam cantado sobre serem amigos até a morte, numa canção que descreve a decepção de estarem juntos no presente…
O melhor porém é que cada um, reconhecendo que os dois outros não são o que ele esperava, percebe em si mesmo que ele também não se transformou na pessoa que um dia quiz ser… Decepções…
Esta agussada percepção cínica transforma este “musical entertainment” num filme bem mais “escuro”, bem mais “negro”, bem mais “desilusionado” (correction: desiludido) do que a maioria dos musicais da Metro.
Mas o filme tem momentos de puro “joy”. Gene Kelly sapateando sobre patins de roda (será motivo de uma futura "tertúlia”),
os tres marujos dançando desenfreadamente na rua e sapateando com tampas de latas de lixo presas nos seus pés e a magnífica Dolores Gray, numa incrível crítica à televisão, como uma apresentadora canastrona, exageradamente piegas e nada sincera do programa “Midnight with Madeline”: o cliché da televisão ao vivo, dos programas “verdade” da época… só que 57 anos depois a televisão ainda é a mesma coisa… pensem nos talk-shows, pensem da TV Globo aos U.S.A.!!! Incrível… Nada mudou!
Para mim porém o melhor momento musical do filme é quando Charisse sobe a um Ring de Box para dançar “Baby, you knock me out”.
Momento maravilhoso, apaixonante de um musical inesquecido.
Charisse hipnotiza com tanta classe, energia, técnica, talento…
Ela ainda é, e sempre sera, a minha “rainha” do musical…
Um real “Nocaute”, como se dizia no Brasil… (lembram no Brasil do “Telecatch patrocinado pelo rum Montilla????)
Charisse, you still knock me out!!!!!!!
(A cena é um pouco longa... à partir do terceiro minuto Cyd começa a dançar!!! Puxem a cena para o terceiro minuto!)
A Metro pensava em produzir “It’s always fair Weather” como uma continuação de “On the town”, inclusive pensando em usar os tres atores principais de “Town”: Gene Kelly, Frank Sinatra e Jules Munshin.
Depois da Guerra tres “camaradas” fazem um pacto para reencontrarem-se dez anos depois…
Esta é a linha principal do roteiro de “Fair Weather”.
Um filme razoávelmente esquecido, ele reune os talentos de Kelly, Michael Kidd (numa rara aparição cinematográfica) e o veterano Dan Dailey (ainda em grande forma) como os tres “marujos”,
Dolores Gray (que não teve realmente a carreira que merecia pois a era dos musicais chegava ao final e o trabalho de uma “belter” não era, na época, requerido fora do cinema musical. Estávamos ainda “anos luz” de Streisand e Minnelli)
e a magnífica Cyd Charisse, aqui num papel relativamente pequeno com um único número de dança… Fato este que nunca realmente compreendi… (Charisse vinha na época de recentes aparições de muito sucesso em “The Band Wagon”, “Deep in my heart” e “Brigadoon”, tres filmes de 1954 nos quais ela mais uma vez provou seu grande talento! Charisse ainda tinha reservadas para seu futuro maravilhas, jóias cinematográficas como “Silk Stockings” com Fred Astaire, mas esta é uma outra estória)
Concebido pelos magníficos Betty Comden e Adolph Green (responsáveis por “On the Town”, “Singin’ in the rain” entre tantos outros) o filme não poderia ter melhores credenciais. Mais uma vez Kelly co-dirigiu um filme ao lado de Stanley Donen – que vindo de sucessos como “Seven Brides for seven brothers” não estava realmenre muito interessado em dividir os créditos do filme com Kelly).
“Fair Weather” é um filme que passa uma certa “desilusão” com a vida: os tres companheiros de “antes” se encontram dez anos depois só para perceber que nada mais tem em comum… sómente a desilusão com a vida.
É exatamente este o tema principal do filme: como o tempo transforma as amizades
Não estou 100% de acordo - tenho muitíssimos amigos, sinceros, queridos, de toda uma vida - mas tenho que admitir que às vezes isso acontece… semana passada percebi esse fato numa "ex-colega" do “científico”… pessoa que se chamava minha "amiga" - apesar de eu nunca te-la realmente considerado assim. Existem pessoas amarguradas, insatisfeitas – talvez até pelo próprio visual, pelas "personas" obesas e feias em que se transformaram – que só sabem ser invejosas e "esborrifar" veneno… Que falta de psicologia - rsrsrs (she'll understand that) levar a vida assim!!! Tenho pavor de inveja! Pois quem a tem destroe a si mesmo! Lembram de sallierei? Not necessary to say que a infeliz não mais faz parte do meu círculo de conhecidos... Cortei-a da minha vida. Destas pessoas me distancio! E tenho coragem de admití-lo!
Bem, de volta ao filme: uma cena fantásticamente desilusionada (sorry... correction: desiludida... desilusionada é castellano...) reune os tres amigos, que (no filme) já haviam cantado sobre serem amigos até a morte, numa canção que descreve a decepção de estarem juntos no presente…
O melhor porém é que cada um, reconhecendo que os dois outros não são o que ele esperava, percebe em si mesmo que ele também não se transformou na pessoa que um dia quiz ser… Decepções…
Esta agussada percepção cínica transforma este “musical entertainment” num filme bem mais “escuro”, bem mais “negro”, bem mais “desilusionado” (correction: desiludido) do que a maioria dos musicais da Metro.
Mas o filme tem momentos de puro “joy”. Gene Kelly sapateando sobre patins de roda (será motivo de uma futura "tertúlia”),
os tres marujos dançando desenfreadamente na rua e sapateando com tampas de latas de lixo presas nos seus pés e a magnífica Dolores Gray, numa incrível crítica à televisão, como uma apresentadora canastrona, exageradamente piegas e nada sincera do programa “Midnight with Madeline”: o cliché da televisão ao vivo, dos programas “verdade” da época… só que 57 anos depois a televisão ainda é a mesma coisa… pensem nos talk-shows, pensem da TV Globo aos U.S.A.!!! Incrível… Nada mudou!
Para mim porém o melhor momento musical do filme é quando Charisse sobe a um Ring de Box para dançar “Baby, you knock me out”.
Momento maravilhoso, apaixonante de um musical inesquecido.
Charisse hipnotiza com tanta classe, energia, técnica, talento…
Ela ainda é, e sempre sera, a minha “rainha” do musical…
Um real “Nocaute”, como se dizia no Brasil… (lembram no Brasil do “Telecatch patrocinado pelo rum Montilla????)
Charisse, you still knock me out!!!!!!!
(A cena é um pouco longa... à partir do terceiro minuto Cyd começa a dançar!!! Puxem a cena para o terceiro minuto!)
sábado, 3 de dezembro de 2011
Um final nada feliz..
Considero „Funny Girl“ uma pequena preciosidade.
Uma peça, um filme único sobre a vida de Fanny Brice que lançou um talento único: Streisand (em 1964, na data que estreiou "Funny Girl" Streisand ainda era uma "menina" de 21 anos de idade... )
(para quem não sabe: eu NÃO sou fã de Streisand… acho que com o passar dos anos ela deixou para trás a “menina Jiddish” para transformar-se numa persona “larger than life”, associadíssima à California e muito chata… mas a Streisand dos primeiros anos, dos primeiros discos, dos primeiros shows de televisão, dos primeiros filmes, era adorável… como em “Funny Girl”, uma biografia bem “criativa” sobre a vida de Fanny Brice, seu primeiro filme).
O final do filme deixa porém, para mim, algo a desejar e quando me refiro a um final nada feliz, não estou referindo-me à triste estória de amor entre Fanny e Nick…
Na versão da Broadway o show terminava com uma repetição de “Don’t rain on my parade”, mostrando que esta mulher era forte, corajosa, cheia de energia…
Na versão para o Cinema esta música foi trocada por um velho sucesso de Fanny Brice: My Man… Para meu gosto, uma típica canção de “vítima”. Uma canção cantada por uma mulher dependente, burra (“Two or three girls has he, that he likes as well as me… But I love him” Ora, que absurdo… Oh, Nick, "vá plantar batatas!"), oprimida… O desempenho de Streisand neste número pode ser singular e espetacular mas esta canção transforma o personagem Fanny, no final do filme, numa mulher completamente oposta ao que tinhamos visto nas duas horas prévias…
Um final nada feliz para o filme…
Acho, porém, que uma outra mudança “da Broadway para Hollywood” foi ainda bem mais trágica. Ela está relacionada também ao final do filme, já que involve a troca da canção anterior a “My Man”. No filme Streisand canta um curto, sincero número chamado “Funny Girl”, que foi composto especialmente para o filme (para justificar o título do filme… como se isto fosse necessário… ). Gosto muito desta canção… mas é um monólogo que ela faz sobre si mesma. Não questionando o amor que sente por “Nick” e sim indagando se ela é realmente uma “funny girl”. Uma direção completamente oposta ao roteiro original faz com que o personagem perca totalmente sua “força”:
A canção que estava neste “Spot” da peça é uma outra preciosidade que ficou, por assim dizer, “perdida”. Não fez parte de nenhum disco de Streisand (com exceção do disco da gravação do elenco original em 1964), do seu repertório…
Só depois de bem mais velha Streisand redescobiu este tesouro que havia perdido, há muito tempo… mas com sua (criada) afetação californiana não deu mais a “rendition” que dava, quando era ainda a “menina Jiddish” do início de sua carreira … Esta música é como uma moldura sobre o caráter de Fanny e seu (descabido) amor por Nick – mas em nenhum ponto ela transforma-se na vítima sofredora e dependente em que se transformou cantando “My Man”.
Sim... um final nada feliz para o filme…
Procurando na Internet não consegui encontrar uma foto sequer deste número – que ela cantava no seu camarim de teatro… por isto, aqui o interior da capa do disco, escaneado hoje… a foto abaixo é a da mencionada cena:
“The Music that makes me dance”.
Como só existem videos mais recentes de Streisand cantando esta música (que nada me agradam), decidi colocar aqui uma outra “funny girl”: Liza Minneli (ao lado de Mikhail Baryshnikov) no empoeirado “Baryshnikov on Broadway”.
Liza sensacional dando vida à esta beleza de melodia (e texto):
(HIS IS THE ONLY) MUSIC THAT MAKES ME DANCE…
...e para quem ainda tiver a paciencia de "ouvir" (inclusive "introduction"), aqui a menina Streisand em 1964 cantando esta maravilha!
Uma peça, um filme único sobre a vida de Fanny Brice que lançou um talento único: Streisand (em 1964, na data que estreiou "Funny Girl" Streisand ainda era uma "menina" de 21 anos de idade... )
(para quem não sabe: eu NÃO sou fã de Streisand… acho que com o passar dos anos ela deixou para trás a “menina Jiddish” para transformar-se numa persona “larger than life”, associadíssima à California e muito chata… mas a Streisand dos primeiros anos, dos primeiros discos, dos primeiros shows de televisão, dos primeiros filmes, era adorável… como em “Funny Girl”, uma biografia bem “criativa” sobre a vida de Fanny Brice, seu primeiro filme).
O final do filme deixa porém, para mim, algo a desejar e quando me refiro a um final nada feliz, não estou referindo-me à triste estória de amor entre Fanny e Nick…
Na versão da Broadway o show terminava com uma repetição de “Don’t rain on my parade”, mostrando que esta mulher era forte, corajosa, cheia de energia…
Na versão para o Cinema esta música foi trocada por um velho sucesso de Fanny Brice: My Man… Para meu gosto, uma típica canção de “vítima”. Uma canção cantada por uma mulher dependente, burra (“Two or three girls has he, that he likes as well as me… But I love him” Ora, que absurdo… Oh, Nick, "vá plantar batatas!"), oprimida… O desempenho de Streisand neste número pode ser singular e espetacular mas esta canção transforma o personagem Fanny, no final do filme, numa mulher completamente oposta ao que tinhamos visto nas duas horas prévias…
Um final nada feliz para o filme…
Acho, porém, que uma outra mudança “da Broadway para Hollywood” foi ainda bem mais trágica. Ela está relacionada também ao final do filme, já que involve a troca da canção anterior a “My Man”. No filme Streisand canta um curto, sincero número chamado “Funny Girl”, que foi composto especialmente para o filme (para justificar o título do filme… como se isto fosse necessário… ). Gosto muito desta canção… mas é um monólogo que ela faz sobre si mesma. Não questionando o amor que sente por “Nick” e sim indagando se ela é realmente uma “funny girl”. Uma direção completamente oposta ao roteiro original faz com que o personagem perca totalmente sua “força”:
A canção que estava neste “Spot” da peça é uma outra preciosidade que ficou, por assim dizer, “perdida”. Não fez parte de nenhum disco de Streisand (com exceção do disco da gravação do elenco original em 1964), do seu repertório…
Só depois de bem mais velha Streisand redescobiu este tesouro que havia perdido, há muito tempo… mas com sua (criada) afetação californiana não deu mais a “rendition” que dava, quando era ainda a “menina Jiddish” do início de sua carreira … Esta música é como uma moldura sobre o caráter de Fanny e seu (descabido) amor por Nick – mas em nenhum ponto ela transforma-se na vítima sofredora e dependente em que se transformou cantando “My Man”.
Sim... um final nada feliz para o filme…
Procurando na Internet não consegui encontrar uma foto sequer deste número – que ela cantava no seu camarim de teatro… por isto, aqui o interior da capa do disco, escaneado hoje… a foto abaixo é a da mencionada cena:
“The Music that makes me dance”.
Como só existem videos mais recentes de Streisand cantando esta música (que nada me agradam), decidi colocar aqui uma outra “funny girl”: Liza Minneli (ao lado de Mikhail Baryshnikov) no empoeirado “Baryshnikov on Broadway”.
Liza sensacional dando vida à esta beleza de melodia (e texto):
(HIS IS THE ONLY) MUSIC THAT MAKES ME DANCE…
...e para quem ainda tiver a paciencia de "ouvir" (inclusive "introduction"), aqui a menina Streisand em 1964 cantando esta maravilha!
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