Mostrando postagens com marcador Gable Christopher. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Gable Christopher. Mostrar todas as postagens

sábado, 5 de dezembro de 2015

Poor little Pierrette... delicadeza...


Para os amantes das delicadezas que fazem tanto bem à nossa alma, aqui uma ceninha, que quase já esquecida, me trás vivas memórias… acho que eu tinha uns 11 anos de idade quando descobri esta pequena declaração de amor ao filme musical no (extinto) Metro Copacabana… A foto dos protagonistas (Twiggy & Christopher Gable) dançando sobre um disco (numa imensa eletrola) me chamou a atenção e pedi para ser levado a esse filme... Meu "caso de amor" com o cinema musical já havia começado sem eu me dar conta...


Mas só alguns poucos anos depois, numa daquelas maravilhosas sessões tardias das noites de sábado no Cine Paissandú (Rio de Janeiro, Flamengo), realmente “vi” este filme.
Ricas memórias de descobrir um diretor de Cinema “chamado” Ken Russell e sua maravilhosa linguagem cinematográfica…
Russell e os varios atores de sua “troupe” com quem várias vezes trabalharia: Glenda Jackson, Christopher Gable, Georgina Hale, Moyra Fraser, Max Adrian…
Todos, excepcionalmente talentosos, bem ensaiados e “pin pointed” nos mínimos detalhes dos seus papéis, contribuem definitivamente para esta pequena jóia do Cinema.



Tudo de excelente gosto: O guarda-roupa concebido pela esposa de Ken, a talentosíssima Shirley Russell, os cenários do fantástico Tony Walton que se adaptam ao “mood” de cada cena (No caso de “Pierrete”, quando ela vai rio abaixo, nos lembrando um fictício passeio por gravuras de Erté), o roteiro que transformou uma estorinha boba (que tinha sido estrelada por Julie Andrews em seu Debút Americano em 1954) dando asas à imaginação de Russell e fazendo com que esse a colocasse como uma peça (com toda uma intriga backstage que é deliciosamente louca, vezes hilária), que está sendo assistida por um produtor de Hollywood que imagina todas as cenas como números musicais de grande explendor... prato feito para as loucuras visuais de Ken!


Twiggy no seu primeiro papel como atriz ("deliciosamente amadora" como uma crítica citou), todo o elenco dançando no Background (Antonia Ellis - que se transformaria na produtora de "Sex and the City", Tommy Tune, Georgina Hale, Barbara Windsor e vários outros) e a excelente Moyra Fraser (que cria a “louca” Madame Dubonet) cantando o número "Poor little Pierrette", exageradamente “francesa”, pitoresca, caricata e... maravilhosa!


Clichés e mais clichés.
Ahhh... Deliciosos clichés…

Delicadeza pura! Um mimo e uma carícia para nossas almas…
Neste dezembro de 2015 estamos precisando delas...

terça-feira, 24 de julho de 2012

The Boy Friend (O Namoradinho, MGM, England 1971)

Um daqueles filmes que vive no meu coração, cheio de gostosas, quentes memórias…


Quando assisti « The Boyfriend » no Cine Paissandú, numa daquelas famosas sessões das 22:00 hs dos anos 70, um novo mundo se abriu para mim… Não era absolutamente necessário ser só “MGM”, “Fox”… (apesar do filme ser, ironicamente, uma da últimas produções da MGM em 1971).

Um novo mundo incluía o musical em seu essencial “miolo”: o mundo de Ken Russell, um dos meus diretores mais queridos e que tão bem colocou em celulóide nossas loucuras dos anos 70!!!!

Alguém ainda se lembra de "The Music Lovers", « Liztomania”, “Women in Love”, “Valentino” (com Nureyev)????? Obras primas, supremos filme e (para usar uma expressão tão usada e gasta dos anos 70): divinamente decadentes!!!!!

Não vou contar muito sobre Twiggy ou Christopher Gable (lindos, abaixo) ou sobre Georgina Hale e Antonia Ellis (que depois transformou-se na « poderosa » produtora de « Sex and the City ») ou sobre Max Adrian e Barbara Windsor (e até sobre Glenda Jackson, numa aparição especial!), não… Aliás, não vou contar nada! As imagens falam por si! Todos "darlings"!


Assistam e curtam esta “caixinha de música”… Sim, este filme sempre me lembrou uma caixinha cheia de surpresas… Apaixonantemente lindo !



...e aqui meu ídolo Tommy Tune e a completamente enlouquecida Antonia Ellis em "Won't you Charleston with me?" (a partir do terceiro minuto e meio!). A pure delight!




segunda-feira, 7 de março de 2011

The Boy Friend, 1970

Hoje acordei tarde (tirei o dia livre !) e com vontade de ouvir a trilha sonora de «The Boy Friend», filme divertidíssimo, louco e alucinado de Ken Russell para a MGM de 1970.

Russell usou a estória que estava desde 1954 nas prateleiras da Metro, acrescentou uma peça dentro do filme e colocou o original não mais como “roteiro principal” porém com uma estória paralela “por trás dos bastidores”, já que o original seria "pueril" demais (e o "tom" cínico dos anos 50 seria mal compreendido nos 70).

Uma delícia de filme, uma declaração de amor ao filme musical.



“Polly” o personagem central, tinha sido criada na Broadway por uma mocinha inglesa de 19 anos, em 1954: Julie Andrews, que causou um grande impacto (e causaria um ainda maior no ano seguinte, em “My fair Lady”) tonando-se da noite para o dia "Broadway's darling". Para a versão cinemaográfica Julie não foi cogitada – já não tinha idade para ser uma “ingenue” e andava numa fase muito triste de sua carreira, com muita falta de exito... O disco do “original Broadway cast” de 1954 é uma destas delícias que um “tem que ter” e foi exatamente esta gravação que ouvi hoje pela manhã…



Twiggy (que na época foi chamada de ”deliciosamente amadora”) é Polly Brown, o grande e já falecido bailarino do Royal Ballet, Christopher Gable (sobre quem já algumas vezes escrevi aqui), é o “Namoradinho”. Um ótimo elenco coadjuvante liderado por Max Adrian (trabalhou muito com Russell), Moyra Fraser (enlouquecida como Madame Dubonnet), Antonia Ellis (que "arrasa" num Charleston... Antonia transformou-se depois na produtora de “Sex and the City”), Georgina Hale (com quem assisti muitos filmes... Seu número "It's never too late to fall in love" é uma delícia!), Barbara Windsor (fantástica como a empregada francesa!), Tommy Tune numa de suas raras aparições no cinema e até (pasmem) Glenda Jackson!!!! (como a real "estrela" do show que prende a perna num trilho de bonde... o que implica que sua "substituta" (Twiggy) tenha que entrar em cena... Que besteira!!! Que maravilha!!!)

Uma jóia de filme, bem empacotado dentro de um palquinho mágico onde tudo pode acontecer! Como uma caixinha de música!

(Sei que meu querido amigo Mauri vai gostar de rever estas ceninhas – dedico a ele esta “Tertúlia”!)






">

sábado, 7 de março de 2009

Christopher Gable - complementando a postagem abaixo...

Nao exatamente o Christopher de suas épocas no Royal Ballet mas um maravilhoso Trailer de "The Boy Friend" (1971). Um "clássico" de Ken Russel com ele (ele é o "Namoradinho" - e o coreógrafo do filme - com Twiggy... ). Uma coisa rara de se encontrar.... Delírio cinematográfico puro com imagens aluscinantes...

http://

sexta-feira, 6 de março de 2009

Romeo & Juliet, Lynn Seymour, Christopher Gable, Dame Fonteyn e a Generosidade dela...

Tendo passado alguns dias em casa por causa de uma gripe muito forte, li muitas coisas a partir do momento em que comecei a melhorar. Entre elas folheei um pouco da última biografia de Nureyev que foi publicada. Este trabalho, admirável pela sua incrível pesquisa que ocupa 700 páginas, foi escrito por Julie Kavanagh em 2007. Este livro abriu-me muitas portas sobre uma situação, sobre um “Puzzle” do qual eu não tinha todas as pedrinhas… Agora, com estas poucas páginas que li, tenho-as. Recebi este trabalho de presente ano passado. Infelizmente, nunca me interessei muito por Nureyev e não venero sua memória comos muito fazem, príncipalmente depois de ter lido (em outra biografia, a única que li) que ele, mesmo sabendo de sua doença (AIDS) não mudou em nada sua conduta sexual (sendo causador de uma grande parte da forma em que esta doença se alastrou nos anos 80). Não posso idolatrar um pessoa assim que, ao que me parece, tinha muito ainda o que aprender sobre o respeito humano, sobre a moral. Onde está a moral de alguém que propositalmente coloca a vida de outros em jogo ? Bem, este não é o assunto desta postagem (Já escrevi sobre este assunto, acho que ou em “Valentino” – postagem de 22 de abril de 2008 – ou em « Mikhail Baryshnikov: transparência e simplicidade » de 16 de abril de 2008, leiam… ).


Kavanagh conta uma estória deveras interessante para nós que vivemos no mundo do Ballet.
“Romeu e Julieta” estava planejado na agenda do Covent Garden há anos para Rudolf. De fato Leonid Lavrovsky concordou em 1963 a enscenar seu Ballet mas saiu do seu acordo um ano depois. No meio tempo Kenneth MacMillan, coreógrafo “da casa”, estava mais do que preparado para este desafio. Ele não só escolheu Nicos Georgiadis como designer de produção como baseou-se também abertamente numa encenação nada lacrimejante e muito anti-romantica de Zefirelli de 1960 com Judi Dench – sim Judi Dench, a incrível Judi Dench em 1960!!!!!!! – como uma assombrosa, nada romântica Julieta e sim uma mulher que não esperava pelo que a vida iria dar-lhe de destino. Ela fez seu destino. Ela tinha a responsabilidade por ele. Uma outra visão deste personagem. E muito interessante...
MacMillan estava mais do que certo que a JUVENTUDE tinha que ser a figura principal de sua obra. Ele usou Lynn Seymour como Julieta e para seu Romeu, ninguém menos do que Christopher Gable (vide « The Boy Friend » de 20 de março de 2008), um menino « Cockney » que representaria Romeu da mesma forma que Leonard Whitting o faria no filme de Zefirelli de 1968 – sim um menino inglês com quem a juventude de King’s Road poderia identificar-se… (Ele teria achado Rudolf mais apropriado para o papel de Mercutio, uma parte satírica, istrionica - bem mais perto da personalidade de ballet de Nureyev - nao um príncipe nobre... ). Nada disto foi um surprêsa já que Kenneth tinha coreografado a cena do balcão com Lynn e Christopher para a televisão canadense. Porque Lynn e Christopher eram bailarinos de quem muito gostava e em quem muito confiava, ele os convidou a contribuir com suas próprias idéias… Os três transformaram-se num trio inseparável, criando o que eles chamavam de “o nosso Ballet”. Lynn, apesar de muito gostar de Nureyev, sentia-se mais à vontade com Christopher, um bailarino que ela considerava « sem mêdo ». Numa crítica mais tardia de “Vogue” constou: Nenhum dos dois representa clichées, eles simplesmente quebram nossos corações…


Romeu e Julieta de MacMillan quebrou corações – os dos seus criadores!
Pouco tempo antes da premiére foi anunciado pela direção do Covent Garden que para a estréia seria necessário um elenco de “primeira classe”. Fonteyn (juventude?) e Nureyev. MacMillan ficou sem palavras tendo que aceitar o que muitos consideraram um «grande êrro». Frederick Ashton nao ajudou-o. Teria ele mêdo do seu novo rival, David Webster, que tomou esta decisão? Margot estava precisando de um novo Ballet para sua tournée pela América, disseram. MacMillan nunca deixou de dizer que este « veículo » não era apropriado nem para Fonteyn, nem para Nureyev. Para os corações quebrados de Lynn e Christopher Gable foi adicionado o fato que eles pessoalmente, por falta de tempo, teriam que ensinar “seus” papéis para o novo elenco de primeira classe. Ninguém parecia porém importar-se com os sentimentos, a desilusão, a tristeza dos dois. Os únicos, além de MacMillan, foram Fonteyn e Nureyev. Sim. E este é o “pointe” desta postagem que só virá no último parágrafo dela.


Testemunhas oculares falam de como uma coreografia, criada para as linhas interessantes (porém nada clássicas) de Seymour não entrava na “perspectiva” extremamente simétrica de Fonteyn. Mas este foi o menor problema. A interpretação romantica de Fonteyn tranformou-se numa interpretacao histrionica, fora de lugar, tirando todo o realismo da Julieta não romantica de Lynn e como criada por MacMillan – uma mulher decidida. Não deixemos-nos influenciar pelos preconceitos associados com Julieta... A Julieta de MacMillan simplesmente não era originalmente assim (será que a decidida menina de 14 anos de Shakespeare foi?), ela não foi concebida por ele desta forma… ela não era Sarah Bernhardt, nem uma vítima… e isto deve ser duro para um coreógrafo… ver uma mulher que era o centro da trama e do drama do seu Ballet transformar-se numa (outra) vulnerável do mundo do Ballet... Mais uma. Encaro a "leitura" de MacMillan de Julieta como uma coisa muito sábia, de muito "insight", profundidade. Muito inovativa.
Certos momentos do Ballet foram criados para ser absolutamente “revoltantes”, fortes, horrendos e não “bonitos”, “líricos”… por exemplo, como contado, as reações físicas de Julieta/Seymour depois de ter tomado o veneno. Movimento, posições indescritíveis no dicionário do Ballet para um cadáver que, caíndo e sem forças, ainda não morreu. Feia. Cheia de dor. Real. Fonteyn, como descrito pela própria Lynn não queria prescindir de sua dança e elegancia e foi ajustando os movimentos, assim como já tinha ajustado a tensão sexual, originalmente na coreografia, à sua forma completamente assexuada de ser no palco. Esta sua atitude, mudando a “intenção” da coreografia foi considerada uma grande “sabotagem”. Até por ela mesmo, pelo que parece.
Fala-se que as vezes o público saía das apresentações com grandes dúvidas, se a relação entre Margot/Julieta e Rudolf/Romeu havia sido consumada ou não… Um insulto à uma obra de um coreógrafo.
“Nós tentamos colocar a visão de MacMillan no palco. Margot e Rudolf só trouxeram um “velho conceito, uma velha idéia” à uma nova produção”, disse Lynn.Sendo muito sincero, Margot não tinha muito em comum com a heroína de MacMillan… e se baseou no seu “modêlo”, Galina Ulanova… Dizem que de Ulanova ela aprendeu a arte da longevidade… em transformar-se numa menina de quatorze anos no palco, mesmo sem maquiagem ou figurinos. Eu não concordo, pois sempre achei muitas vezes as “carinhas doces” de Fonteyn muito distantes de sua verdadeira idade, muito irritantes. E às vezes muito ridículas em certos papéis. Mas muitas vezes ela me emocionou muito. Acho que Fonteyn, por falta de uma boa, exata direçao desaprendeu “where to draw the line”. O “ser boa ou não” (em termos de performance) virou quase um jogo com a sorte, com a casualidade de um momento, de uma boa direcao…


Acontecimentos similares sucederam paralelamente também entre Nureyev e Gable. O segundo «abasbacado» de como Rudolf transformava passagens puras e simples em «fogos de artifício de Ano-Novo» com toda uma bravura russa que nunca foi o estilo de MacMillan (por saber que Romeu aqui “não tocava a primeira corneta”? E sim Julieta? Mas "a" Julieta de MacMillan já deixara de existir... )Ele mudou os figurinos, transformando seu Romeu numa estrêla… mas não numa atual para a época… Anos-luz daquele que deveria ter sido uma figura de identificação para a juventude de Kings’s Road, como aquele que tinha o corte-de-cabelo de um "Rolling Stone"… O já falecido Christopher deixou o mundo do Ballet completamente em 1966, triste e desiludido. Trabalhou muito como ator mas... Oh, tudo que nós perdemos… Que triste perder um Ballet assim, um daqueles que só aparecem poucas vezes por década. Quando aparecem.

Em sua biografia sobre Margot, Meredith Daneman, conta como este episódio, esta “sabotagem” ficou gravada na consciência da Ballerina: Anos depois, num jantar privado ouviram-a pedindo desculpas à Lynn pelo que havia sucedido. Lynn com sua costumal “Largesse” estava fazendo de conta que não havia nada para desculpá-la. E de certa forma ela tinha razão. Ela de certa forma sabia... Num almoço em 1965 com o empresário Sol Hurok em New York, testemunhas contaram à Lynn, que Margot disse que sim, óbviamente queria fazer um novo Ballet, mas não este, queria ter “seu tempo”. Ela nao queria ser a Julieta de MacMillan. Mas ela tinha um contrato... e na realidade o Ballet nao teve o "elenco de primeira classe" por causa dela, sim pelo valor magnético de bilheteria de Nureyev.


Provavelmente atrás dos bastidores foi Margot Fonteyn a melhor advogada que Lynn poderia ter tido. Ela fez tudo o que podia para lutar contra este “veredito”. Ela queria que Lynn, uma ballerina que ela adorava, dançasse “sua” Julieta (o que fez depois com Christopher, para grandes críticas… Mas não na Premiére… O Ballet nunca pertenceu-os… ) mas Margot, a quem muito respeito, não ganhou o caso.

Agora eu pergunto: Nobreza de caráter. Grandeza de espírito. Generosidade. Matérias muito raras quando um trata com a própria vaidade, carreira e com o próprio ego! “Chapeau” Margot… Voce nunca ficará “fora de moda” como modelos ultrapassados que nao compreenderam elas mesmas! Para mim realmente foi esta a reconfirmação que voce foi uma grande Dama. Que exemplo… Obrigado.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Anthony Dowell - the last prince / o último príncipe


Jamais esquecerei a primeira vez que vi Anthony Dowell dancando... Lembro-me que foi num daqueles terríveis espetáculos de Ballet organizados por Dalal Achcar. Depois tive o prazer e a oportunidade de ve-lo muitas outras vezes. Que grato sou por estas experiencias: Com ele estava "on stage" Merle Park. Anthony - já na época um bailarino incrível, de grande fama internacional. - entre outros. Esta fama só nao foi maior porque Nureyev chegou nos anos 60 também ao Royal Ballet e oprimiu o desenvolvimento de muitas carreiras (como a de Christopher Gable - vide minha postagem "The boy friend" - que retirou-se completamente do mundo do ballet). Dowell sempre será uma estrela do ballet: com sua técnica imcomparável e muito, muito inglesa - ah, aqueles arabesques precisos aonde o braco frontal está um pouco baixo, realmente em direcao ao solo (para tudo existe um simbolismo) - nada de 90 graus, nem de 110 como os russos mas aqueles elegantes 80, 75 graus que dao toda uma dignidade... uma grande nobreza aos movimentos... o corpo, a cabeca olhando para baixo, para o braco... por cima do braco... estar acima de alguma coisa... que elegancia!!!!!!!!Jamais o esquecerei ( e como poderia? assisto o DVD pelo menos uma vez por mes...) em "Lago dos Cisnes" em 1977 com Natalia Makarova...
Eu o assisti ao vivo pela última vez em Londres em "La Bayadére" - mas aí ele já estava trabalhando como bailarino de caráter (além de "só" ser o diretor do Covent Garden... um homem culto e refinado - o que sempre se notou nos seus movimentos... ) .
O espetáculo no Rio foi em 1975 e até hoje nao o esquecerei. Estava no camarote de Walter Clark, entao no seu apogeu "Global", e depois fomos todos "backstage" cumprimentar os maravilhosos artistas do Royal Ballet. Que excitante! Um novo mundo se abriu para mim naquele dia, naquela hora, no momento em que apertei a mao de Anthony Dowell: Ele sorriu abertamente, conversou longa- e afetuosamente comigo, um menino de 14 anos, e me presenteou esta foto... Sim eu queria também fazer parte daquele mundo. Eu queria pegar o primeiro voo para Londres e entrar para o Royal Ballet. Sim! Um ano depois comecei a fazer aulas de danca... e guardo esta lembranca do último REAL principe do ballet ( o penúltimo foi Michel Dennard da Opera de Paris, que vi muitas vezes no Rio) com muito orgulho e carinho! Obrigado Anthony por toda a inspiracao e por todo este talento que nao canso de rever! God bless!

quinta-feira, 20 de março de 2008

The boyfriend (1971)


Acabei de encontrar este filme no ebay.com, enlouqueci por completo e pedi-o (usado, em formato VHS pois nao existe como DVD) caríssimo pelo internet... Mas estas coisas sao maravilhosas e, para mim, nao só imperdíveis como essenciais... Jamais poderia viver sem meus livros, minha música (Cds, Cassetes e ainda – é verdade – discos!!!) e sem meus filmes...

Uma dessas coisas inexplicáveis da vida… Existem filmes, atores, cantores e bailarinos muito melhores assim como musicais muito superiores... Mas desde que um belo dia “descobrimos” The Boyfriend (UK, MGM 1971, título brasileiro: O namoradinho), nunca mais paramos de amar e venerar este filme...
Este é o filme “menos” Ken Russell que Ken Russell já fez mas uma completa declaracao de amor nao só ao musical de Hollywood como ao teatro em si – que neste caso é quase como uma caixinha de brinquedos, cheio de surpresas gostosas, coloridas, divertidas...

Nao posso até hoje esquecer de uma tarde nos anos 70, na minha casa no Rio: Monica, meu amigo Cláudio de Berlim e eu, tres sapateadores inveterados na época , assistindo o filme
pasmem pois ainda nao existiam video recorders muito menos DVD recorders !!!!! – enquanto eu gravava as músicas com o meu gravadorzinho portátil da Sanyo pois nem um sound-track do filme existia no Brasil para se comprar... a gente se contentava com muito pouco em comparacao à hoje... é, para soar como a tia-avó de alguém: “Como os tempos mudaram”. Mas é verdade mesmo! He he...

Originalmente The Boyfriend, de Sandy Wilson, foi produzido em Londres em 1953. O elenco londrino nao foi para a Broadway am 1954. No lugar deste um novo elenco, liderado por uma jovem de 19 anos, que apesar de ter assinado um contrato por só um ano (para nao ficar mais do que este tempo “longe de casa e dos pais”) nao sabia que brevemente se transformaria na rainha da Broadway e jamais voltaria à morar no U.K. – nao só por causa de “The boyfriend” mas também por “My fair Lady” (1955/56) e “Camelot” (1960): Minha querida Julie Andrews!!!

Imaginem só o que acontecia em 1954 na Broadway... pecas como South Pacific, Pajama Game, Can-Can, The King and I... Atrizes, fantásticas leading ladies, como Gwen Verdon, Mary Martin, Ethel Merman, Judy Holiday, Carol Haney, Gertrude Lawrence apresentando-se ao mesmo tempo numa “rua” entre a 42nd e 53rd…

Para o filme Ken deixou a trama ingenua ser uma parte “secundária” do enredo, como uma peca que está sendo apresentada num pequeno (e barato) teatrinho londrino (e realmente bem fora do West-end!) e criou toda uma trama backstage involvendo a atriz principal (Glenda Jackson, maravilhosa, num “cameo”) que prendeu o pé na linha do bonde (!!!) e quebrou-o, sua substituta (Twiggy) que é obrigada à assumir o papel principal sem nunca ter estado num palco, uma dancarina que quer ser “a” estrela (maravilhosamente interpretada por Antonia Ellis que viria a transformar-se na poderosa produtora de “Sex and the city”), um produtor de Hollywood, Mr. DeThrill (um nome realmente incrível!) interpretado por Vladek Sheybal, que está assistindo à peca e “sonha” com todos os números num explendor hollywoodiano maravilhosamente pesquizado por Ken e sua esposa (a costume designer Shirley Russell) e vários dos atores que faziam a “compania” de Ken Russell (costume que foi muitos anos depois também aderido por Woody Allen: trabalhar com os mesmos atores! Que sábio!) como Moyra Fraser, Georgina Hale e Max Adrian. Notem a presenca no elenco do grande coreógrafo e diretor da Broadway (Grand Hotel), Tommy Tune (no papel, criado sob medida para ele, do sapateador “Tommy”) e de um maravilhoso e talentosíssimo, já falecido, Christopher Gable no papel do “namoradinho” (um dos bailarinos ingleses que fez parte de uma geracao totalmente injusticada e ofuscada pela chegada de Rudolf Nureyev ao mundo ocidental e ao Covent Garden, mas isto já é uma outra estória e bom material para uma postagem futura).

Sei que na próxima semana vou divertir-me loucamente revendo este filme... Desejo uma boa Páscoa para todos! Até breve!