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1.5.11

Flamengo, campeão carioca invicto de 2011

Jogadores comemoram o 32º título estadual
A verdade (I) é que não tenho acompanhado o Bonde do Mengão Sem Freio, por um misto de falta de tempo e de saco, não vou negar. Mas quando acontece uma final contra o Vasco, com a chance de ganhar o título por antecipação (já tendo sido campeão do primeiro turno, a Taça Guanabara), não tem como não prestar atenção.

A verdade (II) é que domingo à tarde é quase certo de ter uma festinha de criança na agenda. E hoje não foi diferente. Quatro da tarde, e eu num play na Gávea (of all places!), dando aquela supervisão muito por alto entre o escorrega, a casinha de boneca, a contação de história e o pula-pula-a-maior-invenção-da-humanidade. Sim, porque depois dos 3 anos eu já considero tratar-se de uma criança grande, não me cabe ficar atrás o tempo todo, minha política é "avisem-me se houver sangue". (O pequeno, que completou 6 meses ontem (!), ficou em casa com o pai.) Ainda mais que, felizmente, era uma festa de filha de amigos de longa data, portando havia uma porção de gente que eu não via há tempos, muito melhor era ficar sentada numa mesinha de plástico botando o papo em dia, comendo batata frita feita na hora com chope tirado igualmente na hora vindo com ótima frequência na bandeja do garçom, ao lado de refrigerantes, sucos e águas.

Meu amigo M., que eu adoro apesar de tricolor, e que não via há um tempão, me franqueou seu celular com radinho na segunda metade do segundo tempo, e dei uma acompanhada assim como não quer nada. Quer dizer, tentei, porque como bem diz meu marido, não dá mais pra ouvir jogo pelo rádio. Entre propagandas de "Tomou Doril a dor sumiu - este medicamento é contraindicado em caso de suspeita de dengue. A persistirem os sintomas um médico deverá ser consultado", entrevista com Torcedor do Amanhã, ou com Maria Chuteira, entradas ao vivo de personalidades presentes no estádio, comentários do Futebol Show, Twitter do Torcedor etc., ninguém narra a p*orra do jogo.

Mas tergiverso. Depois do 0x0 no tempo normal, veio a decisão por pênaltis, e eu já fiquei mais tranquila. Porque, pra quem não sabe, nessa hora o Vasco sempre treme. Acompanhei as cobranças do meu jeito favorito: pela reação da vizinhança, pelos gritos de Mengo! e Vasco! alternados e progressivamente exaltados, até a epifania final, os fogos e o Uma Vez Flamengo, Sempre Flamengo que sempre se escuta, vindo de sei lá qual profundeza, talvez de um inconsciente coletivo rubro-negro (além é claro, do "Tomá no cu Vascô!", outro clássico imortal).

Comemorei com Mathilde e com meu afilhado de 2 anos, que ainda não tem time, mas a quem um tio já fez a bondade de ensinar a cantar "Sai do chão, sai do chão, a torcida do Mengão!" (tio flamenguista: atire a primeira pedra quem nunca teve um).

Voltamos no carro brincando de apontar pessoas vestidas com o Manto Sagrado. Eram tantas que a brincadeira quase nem deu certo.

12.1.11

Camisa 10 da Gávea


A menos que tenha chegado hoje de uma temporada em Marte, o leitor há de saber que ontem foi sacramentada a ida de Ronaldinho Gaúcho para o Flamengo. Coisa aí de milhão de reais por mês, ou outra cifra igualmente abstrata, não sei bem.

O que sei é que hoje circulei pelas ruas do bairro (Correio, banco, papelaria, supermercados) e vi, usando o manto rubro-negro, tantas ou mais pessoas do que em dezembro de 2009, quando meu Mengão sagrou-se hexacampeão brasileiro.

Eu também estou feliz com a vinda do Gaúcho para a Gávea. Tenho fé de que fará jus a toda essa presepada. Mas por melhor que ele seja, não vai nunca ser mais fantástico do que esta torcida, da qual me orgulho tanto de pertencer.


É falta na entrada da área
Adivinha quem vai bater
É o Camisa 10 da Gávea
É o Camisa 10 da Gávea

Ele tem uma dinâmica
Física, rica e rítmica
Seus reflexos lúcidos
Lançamentos, dribles desconcertantes
Chutes maliciosos
São como flashes eletrizantes
Estufando a rede
Num possível gol de placa...

(Jorge Ben)

3.5.09

Penta tri

Minha filha, meu orgulho...
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28.2.08

Salvando o orgulho alvinegro

Eu não ia falar sobre a vitória do Flamengo sobre o Botafogo no último domingo porque, vocês sabem, este assunto não cai bem aqui em casa. Mas aí li o post furibundo do grande Idelber, e a perfeita colocação da Frida Helê de que ele tem uma "sanha assassina contra o Mengão" (haha, genial!). Claro, afinal quem pode acreditar numa suposta isenção atleticana contra o mais-querido?
Enfim, foi Marido himself que me mostrou este texto ótimo, de um botafoguense, que gerou um comentário sensacional, um texto que desde já seleciono como um dos mais apaixonadamente memoráveis sobre futebol.

2.11.07

Chegou

Não, não foi Mathilde que chegou.
Foi ele, o insuportável, o abjeto, o execrável CALOR.
Se eu não morasse há 31 anos no Rio de Janeiro provavelmente estaria culpando a gravidez e a "calefação portátil" que carrego na barriga por essa sensação tão ruim. Mas não é culpa dela, coitada, é essa a infelicidade de habitar os trópicos, o ar quente e espesso, o vento morno, a umidade, a vontade de não se mexer, de não fazer nada. O horror, o horror.

Off-topic: e o Flamengo, hein? Eu tento não ser otimista, mas tá difícil. :-)

16.10.07

Pontos corridos


A torcida do Flamengo é única. Não apenas por seu indiscutível gigantismo, ou porque seja mais apaixonada do que as outras (todas são iguais nesse sentido). O que torna a torcida rubro-negra diferente é sua paixão por si mesma. Não há uma torcida que se orgulhe mais de suas virtudes, que tenha certeza absoluta de sua superioridade eterna e incomparável – não apenas numérica. A torcida do Flamengo age como se fosse uma força da natureza – como se a vitória em campo dependesse dela. Não porque seja melhor que as outras – mas porque acredita piamente em seus super-poderes. Acredita realmente que faz a diferença – e, não raro, faz.
(Gustavo Poli, no blog Coluna 2)

T. disse bem: O Flamengo hoje é uma torcida que tem um time, e não o contrário. Tudo isso (post, comentário), é claro, veio a reboque da fantástica vitória sobre o São Paulo, líder do campeonato, algumas rodadas atrás, quando houve o recorde de público. Movidos por um instinto maníaco, vários amigos meus foram a esse jogo, já antecipando um momento histórico (para mim, uma premonição completamente sobrenatural). Não fui, não apenas por causa dessa barriga avantajada de que preciso tomar conta, mas por não achar, já há meses, nenhuma graça nesse campeonato brasileiro.
Não tenho nenhum estímulo para torcer em uma competição em que todos já sabem quem será o campeão, praticamente está definido quem vai à Libertadores (há um resquício de emoção neste aspecto) e as principais apostas ficam sendo quem vai se classificar para a Copa Sul-Americana (a segunda divisão da Libertadores) e, principalmente, quem vai cair para a segundona. Ah, francamente, me poupem. Eu valorizo o meu ato de torcer.
Na época da mudança para pontos corridos, apoiei entusiasticamente a decisão. É, sem dúvida, o formato mais justo, ganha quem foi melhor durante todo o campeonato. Parece lógico e eu costumo apreciar as decisões lógicas. Mas, 5 anos depois, a questão é: e daí? Ficou melhor? Não. Ficou um saco. Futebol não tem a ver com justiça nem com lógica, é a óbvia conclusão. Futebol não é vôlei nem basquete. É o jogo do improvável, até do impossível. Resta como ótima lembrança o Brasileirão de 2002, o último antes dos pontos corridos, quando o Santos, que se classificou em 8º e último lugar, pelo saldo de gols (!), venceu angariando a torcida do país todo (inclusive a minha), com aquele time dos moleques (Robinho e Diego).

Pra terminar: o Flamengo resolveu homenagear a sua torcida e aposentar a camisa 12. Pfff. Ô marketing dos infernos...

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10.5.07

Bento XVI, minorias e o Flamengo


Ontem depois do jogo vi num telejornal uma chamada ao vivo para a repórter que estava na frente do mosteiro em São Paulo onde o Papa estava hospedado. Chovia e fazia e frio no Rio, que dirá em SP. Ela dizia que o frio e a chuva haviam afugentado a maioria dos fiéis, e que naquele momento "apenas cerca de mil pessoas" continuavam na vigília.

Religião sempre foi uma coisa tão ausente na minha vida que não consigo deixar de me surpreender quando reflito sobre essa informação: meia-noite de uma quarta-feira de chuva, e cerca de mil brasileiros estão em vigília em frente a um mosteiro onde o Papa está dormindo. Será que essas pessoas passaram a noite lá? Mas o que esperavam? Que ele viesse à janela às duas da manhã e acenasse? Ou jogasse cadeiras ou copos, como os Rolling Stones, ou sacudisse bebês, como o Michael Jackson? Ainda mais um Papa desagradável como este, que não desperta nenhuma simpatia com suas risíveis ameaças de excomunhão aos que defendem o aborto. (M. quer saber como fazer para ser oficialmente excomungado. Será que dão certificado para pendurar na parede? Hoho, adorei a idéia, também quero!)

Mas enfim, como diz a Carrie, mui sabiamente, este mundo não me pertence. Hoje parece que o Papa falou a 41 mil pessoas no Pacaembu. Fraco, esse público. Flamengo x Defensor, quando só um milagre classificaria o meu time, botou 57 mil no Maraca. Mas amanhã a expectativa é de dois milhões de pessoas para a canonização do santo brasileiro, o Frei Galvão, que, vamos falar a verdade, até anteontem ninguém nunca tinha ouvido falar. Dois milhões. É mais um número que me deixa com essa eterna sensação de minoria.

Nós somos minoria em tudo. Nós, eu e você. Não queremos ver o Papa. Não cogitamos a hipótese de ir à praia de Botafogo ver uma surreal corrida de aviões (!). Muito menos ir à praia de Copacabana ver um show do Lenny Kravitz. Tudo bem, se fosse só isso seria apenas uma questão de não gostar de multidões. Mas não. Somos minoria, nós que temos curso superior. Somos minoria, nós que lemos blogues. Gostamos de músicas que não tocam no rádio. Nossos filmes favoritos não são o Homem-Aranha 3 nem A Vingança dos Sith. Somos minorias, nós que lemos livros!

É por isso que pertencer à torcida do Flamengo torna-se uma redenção. É a hora em que somos maioria. Para quem vive no Rio, em qualquer grupo, em qualquer ambiente, haverá sempre mais flamenguistas do que torcedores de qualquer outro time. A não ser, claro, sei lá, no Clube Atlético Português ou coisas do gênero. Quando vou ao Maracanã, por exemplo, posso me dar ao luxo de escolher com que grupo de amigos quero ir. Meu pobre marido, quando "o" amigo botafoguense dele não pode ir, ou vai sozinho ou vai com pessoas meio nada-a-ver. (Na final da Taça GB do ano passado, contra o América, EU fui com ele, para fazer companhia.)

Isso por si só não nos faz melhores que os outros, claro. (Faz sim, mas não pega bem registrar isso por escrito.) Mas dá uma sensação de pertencimento a algo muito grande, a algo absoluto, que eu muito raramente experimento. Talvez na primeira eleição do Lula eu tenha sentido assim.

Mas enfim, só sei que ontem só um milagre levaria o Flamengo adiante na Libertadores. Milagre que esse Papa escroque fez questão de não realizar. Aliás, ainda bem, se não perigava ficar igual àquela coisa ridícula do Fluminense de ficar cantando "A benção João de Deus" per seculi seculorum. Eu não fui ao estádio ontem por questões mais ou menos de saúde. Também não vou dizer que tenha sido horrível ficar em casa debaixo das cobertas numa noite fria de chuva. Mas aqui, sozinha em casa, em frente à TV, eu sentia a vibração da torcida tão forte que quando vi estava batendo palmas e cantando tudo o que eles cantavam. Baixinho, só pra mim. Ó, meu Mengão, eu gosto de você... Ganhamos o jogo, mas fomos eliminados. E o time saiu de campo aplaudido, com gritos de É Campeão. Ah, às vezes não é fácil escrever com lágrimas nos olhos.

6.5.07

É o meu maior prazer vê-lo brilhar


Eu prometo que isso aqui não vai se tornar um blogue monotemático. Prometo. Já vai passar.

30.4.07

Dois a dois

Renato comemora o gol com a estranha fantasia de urubu-rei

Pelo que eu sei, não existe um apelido para o clássico Flamengo x Botafogo. Flamengo x Vasco é o Clássico dos Milhões, por serem os clubes de maior torcida do Rio; Botafogo x Fluminense é o Clássico Vovô, por serem os clubes mais antigos; Flamengo x Fluminense é o Clássico das Multidões, mas eu acho que deveria se chamar Clássico dos Clássicos, uma vez que Fla-Flu já transcendeu seu significado original para remeter a qualquer rivalidade acirrada. (Em Lisboa vi uma pastelaria que se chama Flu-Fla. As informações chegam lá meio truncadas.)*

Enfim, não há um nome-fantasia para Flamengo x Botafogo. Mas posso dizer que é Clássico Aqui de Casa. É daqueles dias em que toda civilidade é pouca, em que nós dois pisamos em ovos. É um dia de muitos silêncios entre este casal. Um silêncio respeitoso, nunca de escárnio, jamais um risinho no canto da boca. Nada, nem um comentário.

Ele foi ao Maracanã, eu fiquei em casa. Ele voltou, e agimos como se nada tivesse acontecido. Ele está no maior mau humor até hoje. Eu agüento. Eu estou de ótimo humor. Mas não demonstro.

Assistir a um jogo de final de campeonato sozinha em casa é uma forma de auto-conhecimento. Pela experiência de ontem, descobri que sou uma pessoa que foge dos problemas, em vez de encará-los de frente. Pois quando vi o Flamengo levar uma coça do Botafogo no primeiro tempo, esmagado pela óbvia superioridade do adversário, e tomar dois gols no primeiro tempo, o que eu fiz? Mudei de canal. Fiquei vendo qualquer porcaria no Telecine, no GNT, no Canal Comunitário, na TV Senado... Irritada, apertei o Mute e fiquei trabalhando na mesa ao lado da TV. Sabia que, se algo acontecesse, ouviria a reação dos vizinhos (aqui na rua a torcida Arco-Íris é imensa). E aí, algo aconteceu. E no segundo tempo eu pulava no sofá e gritava sozinha, num espetáculo meio patético, olhando em retrospecto. E depois de devidamente empatado o jogo, ainda houve uma cobrança de falta aos 43 do segundo tempo. Para a maioria dos flamenguistas, uma cobrança de falta aos 43 do segundo tempo é um evento de gloriosa memória, desde o dia 27 de maio de 2001**. Mas como Renato não é Pet, a bola bateu no travessão e eu dei apenas mais um pulo no sofá.

Deixamos então a decisão para o próximo domingo, quando provavelmente nós dois estaremos no Maracanã, em lados opostos.

Às vezes acho que as coisas são mais fáceis quando não se gosta de futebol.


*Ah, a internet. A Wikipedia tem uma lista de clássicos brasileiros, por região. Só assim para eu saber que Remo x Paysandu é o Clássico-Rei da Amazônia, América x Náutico é o Clássico da Técnica e Disciplina e Itabuna x Colo-Colo é o Clássico do Cacau.

** Didatismo: final do Carioca, Flamengo x Vasco. O Vasco era favorito e podia perder por até um gol. De fato perdia, estava 2x1 pro Flamengo, placar que dava o título ao Vasco. A frustração era enorme, ganhar o jogo e perder o campeonato. Até que aos 43 minutos do segundo tempo Petkovic marcou um gol de falta, uma pintura. 3x1, Flamengo campeão. Tricampeão, aliás. Foi a terceira final consecutiva entre os dois times, e a terceira vez seguida que o Vasco foi vice.

14.3.07

Alguma coisa está dentro da ordem

Não só eu sumi daqui como o Sitemeter me diz que nos últimos dias o blogue teve zero acessos. Isso mesmo, zero page views, vários dias seguidos. E mesmo assim, ó só que curioso, pessoas comentaram. Enfim, imagino que tenham problemas no Sitemeter, não importa.

Outras coisas importam, não obstante. Por exemplo, estou indo viajar, vou passar um mês fora. Uma coisa assim, internacional, intercontinental, quase intergalática, uau e tal a coisa. Super oh-la-la.

Mas isso nem importa tanto. Mais que tudo, eu queria deixar registrado aqui, em especial para ele, que eu sei que gosta de saber, que Flamengo 4 x 1 Madureira foi um dos melhores jogos, uma das melhores idas ao Maracanã de que eu tenho lembrança. Porque o estádio estava perfeito. Porque a torcida, claro, compareceu. Porque o jogo foi eletrizante, em especial no primeiro tempo. (Aos vinte minutos eu já era um caco humano. Feliz, mas caco.) Porque o time jogou, afinal (mesmo sem Obina). Porque o resultado devolveu um pouco de lógica ao mundo. O Flamengo é o Flamengo. O Madureira -- não. É tanta barbárie por aí, tanta insanidade, que às vezes uma simples constatação dessas basta para a gente continuar confiando que a racionalidade ainda vale a pena.

26.2.07

Sadol

Gotas de cultura: o pequeno Manuel nasceu por acaso. Sua mãe tomava anticoncepcionais quando teve um problema no joelho e o médico receitou Sadol, um fortificante. Diz a lenda que o Sadol cortou o efeito do anticoncepcional e assim nasceu Manuel, no povoado baiano de Baiacu. E ficou para sempre conhecido pelo apelido de Sadol pelos parentes e amigos mais íntimos.

Mais tarde, Sadol treinava pelo Vitória da Bahia quando apareceu um jogador africano chamado Obina. Os dois eram tão dois parecidos que, depois da partida do africano, Sadol-Manuel deu lugar a Obina -- não o primeiro com este nome, mas o definitivo.

E quantos, senhores, senhoras, eu lhes pergunto, quantos entre tantos atacantes, quantos entre tantos jogadores, simplesmente torceriam o joelho aos dois minutos do primeiro tempo sem fazer um gol?

22.2.07

Liberta dores

Método Brás Cubas pode se aplicar também ao futebol.
Assim: pegue um time muito, muito fraco, dos grotões da Venezuela, e bote pra jogar com seu time, no Maracanã, numa quarta-feira de cinzas.
De repente, acontece. O meio de campo desarma qualquer tentativa ofensiva do adversário, e as poucas que passam são facilmente paradas pela defesa, sóbria e compenetrada. Se por acaso alguma coisa sai pela linha de fundo, a reposição do goleiro é sempre bem-feita. No ataque, as tabelas funcionam, os passes fluem, todos se entendem. 3 x 0 no primeiro tempo.
(Tá, o segundo tempo foi uma droga, ninguém pode perder gols daquele jeito, mas enfim, 3 pontos.)
Então pera aí que vou buscar no Google "passagem para Yokohama".

15.11.06

Flamenguísticas


A história flamenguística de hoje me foi contada por M.C., flamenguista da mais fina estirpe, membro de tradicional família rubro-negra, e se passou em sua infância/adolescência, no subúrbio do Rio. Diz que um dos amigos da rua, com quem jogavam futebol, sofreu um acidente sério, de trem. Alguma coisa como o cara botou a cabeça pra fora do trem e não viu que vinha uma pilastra -- daí dá pra ter uma idéia da gravidade da coisa. O fato é que o moleque perdeu um pedaço da cabeça, perdeu uma parte do crânio, e deve ter ficado uma versão bizarra do homem-elefante. Sabe-se lá como o cidadão sobreviveu, mas o fato é que, por um bom tempo ele ficou abobado, e não falava nada.
Ou quase nada.
Diz a lenda que a única coisa que ele conseguia falar era "Mengo".
(Eu fico toda arrepiada só de lembrar da história, de tão linda...)
Ao que parece, depois de um tempo ele melhorou e voltou ao convívio dos amigos. Dizem inclusive que voltou a jogar futebol, e que cabeceava só com a metade de cabeça que tinha (!).

21.10.06

Avalanche

6.9.06

Sobre bolas, pés e corações


Então eu vejo alguns jogos do campeonato brasileiro. Porque gosto tanto de futebol que, se estiver de bobeira, assisto a qualquer jogo. E em casos especiais, desmarco qualquer programa -- como foi nas duas finais da Libertadores, Inter x São Paulo, dois jogaços.
Bem. Eu torço pelo Flamengo. Como vou dizer?, eu torço muito pelo Flamengo. Mais do que a maioria das "mocinhas" costuma torcer. Torcer, quero dizer, se envolver. Eu gosto de ir ao estádio (gosto não, eu adoro -- no nível: eu já fui sozinha ao Maracanã), eu tenho várias camisas, eu tenho livros sobre o Flamengo, eu tenho aquelas faixas cafonérrimas de Campeão que vendem na porta do estádio. E, como não podia deixar de ser, eu participo de uma lista de discussão sobre Flamengo. Não é uma dessas listas monstruosas, de 2047525 participantes fanáticos. Não, eu não teria saco. É só dos meus amigos, tem umas 15 pessoas no máximo. E muitos deles são jornalistas esportivos. O tipo de gente que acompanha mesmo, de perto, toda a movimentação dos clubes. E o Flamengo está, como aliás todos os últimos anos, ladeira abaixo no campeonato brasileiro. E mais uma vez tenho certeza que vamos passar o final do ano lutando para não sermos rebaixados para a segundona (até o ano em que isso finalmente ocorrer -- porque é inevitável).
Eles, os meus amigos flamenguistas, sofrem muito cada vez que o time perde, cada vez que tem um vexame em pleno Maracanã, cada vez que um jogador é vendido numa negociação tacanha, cada vez que chega um reforço bisonho, fruto de negociatas com esses empresários mafiosos. Eles ficam putos, de verdade. Eu não. Eu não acompanho esses jogos. Mais: eu me recuso a acompanhar. Porque eu nunca consigo saber quem são os jogadores que estão em campo. Porque é impossível registrar todas as idas e vindas. Impossível. A menos que você não faça outra coisa da vida.
Deixa ver se eu consigo explicar de outra forma. Houve um tempo em que, além de torcer pelo "símbolo" Flamengo, eu torcia pelos indivíduos. O Zico. O Júnior. O Adílio. Aquela geração, vocês sabem. Era mais fácil -- ou melhor, era mais concreto. Hoje em dia não dá para confiar num jogador a ponto de torcer por ele (ele como "pessoa física"). Todos eles estão constantemente em trânsito, estão jogando aqui pensando em chamar atenção para jogar lá (e lá = qualquer lugar fora do Brasil). Ou para mudar de clube aqui mesmo. O Petkovic, por exemplo, já passou pelo menos por Flamengo, Fluminense e Vasco. O Luizão, que andou fazendo gols importantes pro Flamengo, pra mim vai ser sempre um vascaíno. Talvez a única exceção de jogador identificado com clube no Brasil hoje seja o Rogério Ceni (a.k.a. Luciano Huck) e o SPFC.
Na semana passada parece que se encerrou um prazo qualquer para a comercialização dos jogadores de futebol para o exterior. Então foi um deus-nos-acuda nos clubes, empresários como operadores de bolsa de valores, compra, vende, negocia. Vendem uns jogadores de dezoito anos para a Rússia. Vendem goleiros para a Turquia. Vendem os Robinhos para a Espanha por uma quantidade de dinheiro que me constrange.
De forma que não restou nada além do símbolo. Torcer hoje é vibrar por conta de uma abstração. Claro, isso sempre ocorreu. Só que antes a gente podia materializar essa paixão abstrata em uma dúzia de homens correndo. Hoje não. Por isso eu não ligo a mínima para os jogos que o Flamengo faz nesse falido campeonato. Guardo tudo para quando ele estiver disputando algum título, alguma coisa que me dê motivo para torcer de verdade, e aí sim vou gritar Mengo! da janela até perder a voz.

PS: Ainda futebol:
Ele me disse essa semana: "Quero te mostrar uma coisa no jornal que me deixou emocionado". Eu com cara de ponto-de-interrogação. Chegou na página do Obituário e mostrou o anúncio fúnebre que não tinha os convencionais símbolos da cruz católica ou da estrela-de-davi. Tinha uma estrela solitária, o símbolo do Botafogo. E depois das informações sobre os familiares, e sobre a missa, na última linha, em negrito: "Tua estrela solitária nos conduz". Ele me olhou com os olhos rasos d'água: "Quando eu morrer, promete que faz um assim pra mim". Eu ainda incrédula. Ele feliz: "Estou até pensando em ir na missa desse cara".

E essa foto não é linda? Reflete bem esse amor, às vezes solitário, mas sempre fiel, por uma abstração. (Ainda por cima porque o Zico jogou no Udinese.)