Ha. Enganei vocês com este título. Mas a situação continua nesse pé. Oliver lá dentro, nós aqui fora, esperando. E fotos da barriga são como congelamento de cordão umbilical e livro do bebê: fez para o primeiro filho, tem de fazer para o segundo também. Não tenho irmãos, não sei bem como lidar e não quero começar logo com esses traumas de rivalidade fraterna. De modos que. Fizemos a sessão de fotos com minha madrinha fotógrafa.
No mais, não há muito mais. 39 semanas. A lua mudou e nada aconteceu. Andei bastante, fiquei muito em pé, e não adiantou nada. Próximo passo é comer comida apimentada, tomar chá de canela e gengibre. E sexo também, dizem que acelera, mas pelamordedeus, tem uns impedimentos anatômicos bem desconfortáveis.
Então tenho ficado em casa, e Mathilde está a-man-do ter a mãe e o pai por perto o tempo todo. Está tão alegre e fofa. Na sessão de fotos, revelou-se uma estrela nata. Inibição zero. Posou, tirou a roupa, acatou todas as instruções, um arraso. Tudo de Oliver já está pronto. Malas feitas, fraldas a postos, berço arrumado, bebê conforto montado.
O que me resta é ler e tentar arrumar meus livros na estante. Já li o
novo Ken Follett, e embora não seja tão sensacional quanto
Pilares da terra, é um livraço (em todos os sentidos, incluindo as mais de 900 páginas). Os últimos 30% do livro são a melhor parte, de modos que no finalzinho fiquei lendo até as 5 da manhã para terminar. Morri de pena de saber que o segundo volume da trilogia
O século (sobre o séc. XX) só sai em 2012. Assim como em
Pilares e
Mundo sem fim, Follett escreve um novelão com diversos núcleos que vão se entrecruzando ao longo da história, alternando fatos e personagens reais aos fictícios. Neste
Queta de gigantes, são 5 famílias (inglesa, americana, galesa, alemã e russa) vivendo as transformações dos anos 10 e 20 (Primeira Guerra Mundial, Revolução Russa, Entre-guerras. Fala bastante sobre a luta das sufragistas pelo direito de voto das mulheres, o que é um aspecto bem interessante. E, claro, sobre a luta de classes e a diplomacia internacional, como era de se esperar.) Não espere grandes sacadas literárias. É ficção comercial de alto nível, com um detalhamento de pesquisa história formidável.
É claro que antes de sair de férias e licença separei, no trabalho, alguns arquivos de manuscritos que quero ler (livros cujos direitos de tradução para o Brasil estão disponíveis). Um deles foi um livro de memórias do Rob Lowe, vejam vocês. Não que eu ache que devamos publicar no Brasil as memórias do senador McAllister de
Brothers & Sisters, mas é que fui tão fã dele na minha adolescência, que quis conferir, por interesse pessoal. O manuscrito não está nem terminado, só foram disponibilizadas as primeiras 150 páginas, mas é muito acima da média desse tipo de livro. Não sei quem o auxiliou na redação, quem foi o ghost, mas é alguém muito bom. O trecho
termina com as filmagens de
Vidas Sem Rumo, primeiro filme de Lowe (aos 18 anos). Ele já começou como protagonista, e dirigido pelo Coppola. Nossa, foi um mega flashback, lembro muito desse filme. Apesar de ter sido lançado nos EUA em 1983, eu devo ter visto pelos idos de 1988, 89, por aí, no auge da minha fase tiete de Tom Cruise e Rob Lowe (pôsteres colados na parede e tudo). E
Vidas Sem Rumo, além de Cruise e Lowe, tem mais uma penca de gatinhos: Patrick Swayze, Emilio Estevez (que é simplesmente
a cara do pai, Martin Sheen, que por sua vez, pouco tempo antes quase tinha sucumbido durante das filmagens de
Apocalipse Now, do mesmo Coppola*), Matt Dillon pré-
Selvagem da Motocicleta (outro filme de Coppola), Ralph Macchio pré-
Karate Kid e Thomas Howell. O resultado é que fiquei escarafunchando o YouTube vendo trechos do filme adolescente sobre as disputas entre os rebeldes e os mauricinhos de Tulsa, Oklahoma, nos anos 50. Outra madeleine.
Fora os livros, consegui ir ao cinema uma vez, numa
quinta-feira às 14h, ver
Tropa de Elite 2. Já tinha gostado do 1º filme (que vi grávida de Mathilde), e achei este ainda mais fantástico - menos violento, mas ainda mais brutal, pela complexidade do assunto. É daquelas obras que te fazem sentir vivendo num reino da fantasia, num mundinho à parte, totalmente descolado da realidade da sua própria cidade. Filmaço.
(Mais engraçado foi descobrir que uma colega de trabalho mora num prédio na Lagoa, cujo síndico é ninguém menos que Rodrigo Pimentel, o real Capitão Nascimento - e autor dos livros e roteirista dos filmes. Diz ela que depois que ele assumiu o cargo, o prédio ficou um brinco. Ninguém mais pára nas vagas erradas - que são poucas e costumava dar a maior briga entre os vizinhos -, ninguém mais faz barulho tarde da noite, ninguém mais prende o elevador etc. Achei a situação surreal e hilária.)
Então por enquanto é isso. Dicas de livros e filmes serão bem-vindas. Hoje é sábado, e domingo me parece um excelente dia para nascer, pois não? Já passamos pela segunda data cabalística do mês (depois de 10.10.10, foi 20.10.2010) e já perdemos a oportunidade de ter mais um libriano na família. (Não entendo nem acredito em horóscopo, mas confesso que ter um bicho peçonhento como escorpião à guisa de signo não me parece muito entusiasmante.)
Se der, volto a escrever aqui antes do nascimento, a respeito da frustrante experiência que passei para comprar um presente para Mathilde - o tal presente que o irmãozinho vai trazer, recomendado por tanta gente como forma de amenizar as tendências fratricidas.