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Viagens nos livros - Goethe

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Spoleto - Umbria "Subi até Spoleto e ao aqueduto, que serve também de ponte para ligar um monte ao outro.  Aqueduto Aqueduto Os dez arcos que se estendem pelo vale erguem-se com os seus tijolos centenários, e a água continua a jorrar em todos os lugares de Spoleto. Esta é a terceira obra dos Antigos que vejo, e em todas se manifesta o mesmo sentido grandioso. A sua arquitetura é como uma segunda natureza posta ao serviço do cidadãos: assim vejo o anfiteatro, o templo e o aqueduto. Catedral Santa Maria Assunta Anfiteatro Anfiteatro Agora compreendo como tinha razão em detestar todas as arbitrariedades, como por exemplo aquele caixote de inverno no Weissenstein, nada com coisa nenhuma à volta, um monstruoso ornamento de pasteleiro, e o mesmo se passa com milhares de outras coisas. Tudo coisas mortas à nascença, pois o que não tem uma existência autêntica não tem vida e não pode ter grandeza nem vir a tê-la." Goethe Viagem a Itália  Em Spoleto, de Bolonha a caminho de Roma

As coisas ...

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... que um livro é.

Leituras I + 1/2

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Servidão Humana é um livro sobre a condição servil do Homem; é um livro sobre escravidão. O Homem como escravo incondicional: do seu corpo - Philip e o seu pé boto e as dificuldade de ser diferente; escravo do amor, do desejo, da atracção irracional e inexplicável; escravo da tradição e da moral - a promessa de sentido no sentido irracional da vida eterna; escravo do futuro, escravo do presente, escravo do passado. Escravo da busca da imortalidade pela arte: a pintura, a literatura. Escravo dessa busca, incessante e jamais satisfeita, do "sentido da vida". Escravo de, apesar de todas as evidências no sentido da incapacidade de o conseguir, querer saber que sentido tem "isto". Escravo de si próprio, sempre, porque escravo do livre arbítrio: "Que preço se pagava para se ser diferente dos animais!" Philip personifica tudo isto de uma forma admirável. 600 páginas de muito mais; um conjunto de novelas e contos, válidos em si mesmos (se separados), mas belissima...

Leituras II

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Interrompi a leitura do Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago. Aconteceu-me o que já me tinha acontecido com a leitura do Ensaio sobre a Lucidez : irritação. A maneira como se retrata o estado, o governo, o sistema de saúde - o poder enfim; a facilidade com que tudo aquilo se revela ser uma, até então insuspeitada, chusma de energúmenos é demais para o meu gosto. Quanto àquilo em que o Homem é capaz de se tornar perante uma situação dramática e fora do seu controle já Júlio Cortázar em 1966 o tinha dito muito bem, em muito menos páginas e sem tiques políticos no pequeno conto La autopista del sur . Qualquer dia recomeço se não tiver nada melhor para ler e entretanto vou ver o filme.

Leituras I

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“O recém-nascido não concebe que o seu corpo é mais parte de si próprio do que os objectos que o rodeiam, e brinca com os dedos dos pés sem a mínima noção de que lhe pertencem mais do que a sua roca; e é só pouco a pouco, através da dor, que compreende a realidade do corpo. São necessárias experiências idênticas para que o indivíduo se torne consciente de si próprio; contudo há uma diferença: enquanto todos igualmente adquirem consciência do corpo como um organismo completo e separado, nem todos adquirem igualmente a consciência de si próprios como uma personalidade completa e separada. O sentimento de diferenciação dos outros surge para a maioria com a puberdade mas não se desenvolve sempre a um grau tal que torne perceptível ao indivíduo a diferença entre o indivíduo e o seu próximo. São estes, os tão pouco conscientes de si próprios como as abelhas numa colmeia, os afortunados na vida, pois têm os melhores ensejos de felicidade: as suas actividades são partilhadas por todos e os seu...

Os filhos da terra

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São 5 volumes (*) e contam a história de Ayla, uma menina Cromagnon (humana tal como conhecemos o homem, hoje) que com 5 anos, depois de uma calamidade sísmica que mata toda a sua tribo (família, clã), se vê obrigada a meter pés a caminho. Nessa busca de sobrevivência, encontra um clã de Neandertais, (se bem se lembram, uma espécie menos evoluída(?!), anterior aos Cromagnon) que também se viram na necessidade de procurar uma nova caverna. É adoptada por estes e fica a cargo de Iza, a curandeira do clã, que a vai iniciar na sua arte. Não é uma obra literariamente inesquecível, mas a descrição desta nossa terra há 25000 anos atrás, é maravilhosa: um mundo sem .... praticamente tudo o que sabemos que um mundo "deve" ter. Um mundo puro. Estou a terminar o primeiro volume e mal posso esperar por pegar no segundo, terceiro .... Um cheirinho do que se pode ler, e do que faz pensar: ----------------------- "Quando regressavam, Ayla deteve-se apontando uma erva com flores azuis,...

Descubra as diferenças

Enquanto Portugal vende o seu património cultural para tremoços, condomínios de luxo e outras coisas muito Ocidentais e evoluídas; enquanto em Portugal (uma república) se discute, coisa espantosa, a monarquia. Enquanto Portugal se mostra ao mundo com futebóis, AllGarves e WestCoasts, Espanha faz assim (deve ser do conservadorismo patriótico, retrógrado e monárquico). Merda; estou um bocadinho triste

Apontamentos desconexos

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Há pessoas sobre as quais se pode dizer tudo: têm uma vida recta, pode-se contá-la com facilidade. Tudo é correcto e sem dias estranhos, sem gostos inoportunos, sem indecisões. Há contudo outras que pela inconstância, paixão, impulso, fazem das suas vidas (voluntária ou involuntáriamente) histórias impossíveis de contar com razoabilidade. Mas têm momentos de puro brilho explosivo: 2 minutos apenas que nunca mais se esquecem. Diz-se que são livros difíceis; diz-se muito isso. Talvez como livros de poesia, digo eu. “A ordem natural das coisas” de António Lobo Antunes (Dom Quixote, 1992) é como uma daquelas pessoas; é como uma filigrana tridimensional, um cubo de bilros; maciço mas como diria quem o visse impresso em papel transparente. Ao pé dele, um “Todo-o-mundo” de Phillip Roth, autor de quem Lobo Antunes é confesso admirador, é uma brincadeira. No entanto ...

Dúvidas

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Porque vemos as livrarias pejadas com: e não com:

Do forno, quentinho, quentinho

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Para quem não sabe ainda o que me oferecer no natal, eis uma boa ideia acabadinha de existir: Descrição na Amazom: Regard for George Oppen's poetry has been growing steadily over the last decade. Peter Nicholls's study offers a timely opportunity to engage with a body of work which can be both luminously simple and intriguingly opaque. Nicholls charts Oppen's commitment to Marxism and his later explorations of a 'poetics of being' inspired by Heidegger and Existentialism, providing detailed accounts of each of the poet's books. He is the first critic to draw extensively on the Oppen archive, with its thousands of pages of largely unpublished notes and drafts for poems; in doing so, he is able to map the distinctive contours of Oppen's poetic thinking and to investigate the complex origins of many of his poems. Oppen emerges from this study as a writer of mercurial intensities for whom every poem constitutes a 'beginning again', a freeing of the mind ...

Porque compro alguns livros

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"Quero deixar memórias dos dias que não foram, lembrança do tempo roubado e do torvelinho de emoções que agitou aqueles dias sem sol nem noite. Não quero falar da dor, só o necessário. A dor continua aí, encolhida, como um animal adormecido que às vezes acorda. Mas o sofrimento tem algo de impúdico quando se torna público. Ninguém quer enfrentar o horror, a ninguém agrada recordá-lo. Essa é sempre a vantagem do verdugo: as suas obras são tão horríveis que rapidamente caem no esquecimento." "Os demónios à minha porta" José Manuel Fajardo
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Anda por aí uma corrente sobre “10 livros que não mudaram a minha vida” a gerar grande debate. Tendo em conta o estatuto da maior parte dos “aderentes”, muitas das suas respostas são, no mínimo, surpreendentes; há quem as ache chocantes. Coloquei-me na posição de convidado da corrente e pus-me a olhar para as estantes aqui ao lado e não encontro um único que me tenha mudado a vida. Não são muitos; serão talvez uns 500 livros. Comparada com a biblioteca de qualquer um deles é ... miserável. É pois da esfera da lógica o problema que me assalta os miolos: como escolher (sim, trata-se de escolha) 10. Só vejo uma possibilidade: são os 10 livros que melhor não-mudaram a minha vida (os que possuem algo que os diferencia dos outros que também não-mudaram, só que menos, em menor grau portanto. Pergunto: não deverão ser estes os escolhidos?!?! Concordo com alguém (esqueci onde, peço desculpa) que disse que a pergunta era irrespondível. É, também me parece. Assim como me parece, estranhamente, tr...
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Passo todos os dias pela livraria depois de almoçar. Agora ando atrás de livros/revistas/sites sobre vela. Pois é; vou construir um veleiro e correr mar. Adiante. Passo pela livraria e hoje havia “novidade”: PÂNICO de Jeff Abbott. Na capa do livro pode ler-se: “Um dos melhores livros do ano” e quem o diz é Harlan Coben . Espantosas coisas se dizem ... e a gente nem refila. Como é possível alguém, mesmo que seja Harlan Coben (seja ele quem for), dizer semelhante coisa? Não é o raio do artigo indefinido que me irrita. É o facto de Harlan Coben ter lido TODOS os livros do ano. Adenda às 16:46 Pensando melhor, afinal não precisa de ter lido TODOS os livros. Num certo sentido o que ele diz é uma verdade absoluta. Imaginemos que no ano se publicaram 10000 livros. O pior deles, é ainda assim um dos melhores; mais precisamente o 10000º melhor.
A maravilha dos livros Há livros que maravilham. Uns inteiros outros menos. Algumas vezes nem se sabe bem porquê. É assim. "Hoje não" do José Luís Peixoto, editado pelas Quasi (1) e distribuido baratinho com a revista Sábado (2) reune seis contos, cinco deles anteriormente publicados no Jornal de Letras, apresentando este volume versões revistas dos mesmos. Este livro, não é um daqueles que maravilha inteiro, tão pouco é daqueles que deixa marca nas células do corpo que nasceram durante a sua leitura. Seja como for é um livro delirante, absolutamente delirante. Veja-se bem o que podemos ficar a saber ao lê-lo: "O que fazer quando se recebe um avião comercial de passageiros" "Como reagir à queda súbita de todos os dentes" "Como comunicar com a melhor poetisa do Quirguistão" "Quem inventou o :)" O que me leva a escrever algo sobre este livro são duas frases (duas!!!) no conto ":-) e :-(", precisamente o único inédito. "...