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terça-feira, 13 de abril de 2010

Octopus vulgaris



O polvo é um dos cefalópodes mais comuns da costa Algarvia.
Dotado de inteligência, este molusco fascinante percorre os fundos costeiros marinhos capturando com os seus oito tentáculos as presas com que se alimenta: crustáceos, bivalves e peixes. Não hesita em sair de água para consumar as capturas ou para encontrar outro território.
A sua capacidade de se confundir com o meio é lendária, assim como a de passar por fendas excecionalmente estreitas.
Muito abundante no passado, a pressão de pesca contribuiu para a diminuição da sua população.
É vulgarmente capturado à linha com toneiras, palhaços e agora com toneiras japonesas artilhadas com um caranguejo de borracha.
As artes tradicionalmente utilizadas são os covos e alcatruzes. Nos últimos anos assistiu-se à proliferação dos alcatruzes de plástico. Estes, uma vez perdidos, vieram a constituir uma importante fonte de poluição das praias. É caso para dizer que o imbecil do legislador que permitiu a utilização deste material, devia ser condenado a passar o resto da sua vida a recolher os alcatruzes perdidos que dão à costa...
Voltando ao polvo, as chacinas são feitas tanto pelos profissionais, como pelos amadores. Em termos percentuais são sem dúvida os últimos os maiores inimigos dos pequenos polvos, capturando-os em grandes quantidades ao mergulho ou à linha.
As medidas de conservação passam por períodos de defeso anuais e mão pesadíssima da autoridade marítima, para todos os que não respeitam o tamanho legal de captura (750 g).

A título de curiosidade, Santa Luzia é a capital Portuguesa do polvo e este é o principal sustento dos habitantes desta pitoresca vila.

*o exemplar da foto não foi capturado

SF

domingo, 4 de abril de 2010

Os bivalves de água doce

Os bivalves são animais extraordinariamente abundantes nas águas marinhas costeiras.
A sua presença em águas interiores escapa contudo a muitas pessoas.
As ribeiras Algarvias possuem pelo menos duas espécies de bivalves muito abundantes (uma de reduzidas dimensões e outra que pode ultrapassar os 20 cm de comprimento).


Estes animais habitam zonas ricas em sedimentos e através dos seus sifões filtram a água, retendo assim as minúsculas partículas de plâncton, em suspensão na água.
Em anos de seca, os animais ficam em seco, acabando por morrer. A ocasião é frequentemente aproveitada pelos javalis e outros animais, que nunca ignoram qualquer fonte de alimento disponível.



SF

sábado, 16 de janeiro de 2010

Invasão de caravelas-portuguesas

Hoje, determinados locais da costa algarvia foram literalmente invadidos por caravelas-portuguesas (Physalia physalis).
Esta espécie é comum em alturas do ano específicas, mas não no mês de Janeiro.

As dimensões eram de todo anormais, sendo os exemplares de grande tamanho.

Felizmente, o fenómeno registou-se numa altura em que a presença de banhistas é quase nula.




 

S. Ferreira

domingo, 4 de outubro de 2009

O choco - Sepia officinalis




João Cruz

O choco é um dos moluscos cefalópodes mais conhecidos da costa Portuguesa.
É uma espécie comum em fundos arenosos ou mistos.
Para caçar as suas presas (pequenos peixes e crustáceos) camufla-se no fundo marinho, projetando dois tentáculos modificados (mais longos) para as capturar. Em seguida leva a presa até si, cortando-a com o bico e injetando em simultâneo uma toxina paralisante.
Possuem um grande apetite.
Na época de reprodução (Março-Maio) os machos perseguem as fêmeas, exibindo um padrão tigrado inconfundível. Os ovos (cachos pretos) são fixados em algas e vegetação submersa.

SF

sábado, 12 de setembro de 2009

Epinephelus marginatus - Mero


(Foto de Vitor Lopes)

Epinephelus marginatus
é um peixe da família Serranidae que habita as águas do mediterrâneo e algumas zonas do oceano Atlântico. É uma espécie de peixe que habita zonas rochosas. Costumam também ser encontrados próximos de naufrágios e pilares de estruturas.
Espécie muito vulnerável à pesca, pois possui taxas de crescimento lento; atinge grandes tamanhos, agregando-se para a reprodução; maturam sexualmente tardiamente e são territoriais.

O formato é arredondado e chega a ultrapassar dois metros de comprimento. Apesar de sua imponência, permite que as mãos humanas passeiem por sua pele escamosa.

Principais características:
• Vive até 100m de profundidade.
• Pode viver 40 anos.
• Atinge mais de 2m de comprimento.
• Começam a reproduzir-se com 1,1 a 1,2 metros de comprimento e com 4 a 7 anos de idade.
• Agregam-se perto da foz de grandes rios em épocas e locais conhecidos com a finalidade de encontrarem parceiros para a reproduzir.
O mero é hermafrodita; nasce fémea e torna-se macho em média a partir dos 10kg de peso.
• Gostam muito de comer lagostas.

Os juvenis estão presentes mais junto à costa. Os estudos sobre estes peixes são escassos. Porém, já é verificado em outras regiões estudadas (ex.: Golfo do México) que a biologia da destes animais possui características que tornam a população altamente susceptível a sobre pesca, conduzindo a uma diminuição rápida dos seus efetivos. Cerca de um quarto dos pontos de agregação conhecidos foram totalmente eliminados.
Em Portugal são capturados a caça submarina ou na pesca desportiva, estando em alguns pontos protegidos.
É uma espécie que encanta mergulhadores, dos iniciados aos mais experientes.
Actualmente encontra-se em regressão a nível mundial. A causa mais provável dos drásticos declínios é a pressão forte da pesca em agregados reprodutivos. Quando um grande número de peixes normalmente dispersos, são concentrados em áreas e em horas previsíveis, são altamente vulneráveis. Sua taxa de crescimento lenta, vida longa, e grande tamanho de maturação sexual fazem desta espécie muito vulnerável, diminuindo a variabilidade genética.
O mero vem recebendo atenção de pesquisadores em todo o oceano Atlântico em função de seu status de conservação, classificado como criticamente ameaçado (IUCN, 2006).

Ameaças
A maior ameaça ao mero é provavelmente o homem, desde que é um peixe excelente como alimento, sua carne é deliciosa e branca. São também peixes fáceis de pescar, utilizando-se de uma variedade de artefactos.
Na pesca à linha, a subida do peixe provoca alterações na bexiga gasosa, tornando muito complicada a sua devolução. O método porém existe e é praticado no Brasil com sucesso.
Os meros são peixes que vivem cerca de 40 anos, crescem devagar e demoram a iniciar atividade reprodutiva. Quando se retira um animal tão grande do mar, o papel que este peixe representava no ambiente vai demorar para ser novamente exercido por outro peixe. Outro problema reside no facto dos meros se agregarem, isto é, reunirem-se em datas e locais conhecidos pelos pescadores. Quando estão juntos tornam-se ainda mais vulneráveis.
Não há muitas informações sobre seus predadores naturais, porém os tubarões atacam juvenis em zonas costeiras. Outros serranídeos, barracudas e moreias alimentam-se provavelmente de juvenis (Sadovy et al., 1999). Entretanto, uma vez alcançado a maturidade, poucos predadores podem se alimentar devido seu tamanho e natureza discreta (GMFMC, 2001)

Biologia
Membro da família Serranidae é o maior dos representantes no Atlântico podendo chegar ao peso máximo de aproximadamente 455 kg e são marcados visivelmente por seus cabeça lisa e larga, espinhos dorsais curtos, olhos pequenos e dentes caninos. Sua cor varia de marrom amarelado à azeitona, com os pontos escuros pequenos na cabeça, no corpo e nas barbatanas.
Os machos tendem a mudar a cor ao cortejar. Quanto mais peixes estiverem reunidos, mais intensas são as interações entre os indivíduos (Sadovy et al., 1999). Os meros são predadores situados em níveis superiores da cadeia trófica, alimentam-se principalmente de crustáceos, lagostas e caranguejos (GMFMC, 2001). Juvenis alimentam-se de camarões, caranguejos e bagres marinhos. Partes de polvos, tartarugas e outros peixes também foram encontrados (Sadovy et al., 1999). Notavelmente, adultos podem viver aproximadamente 30 anos de idade (26 para machos, 37 para fêmeas). Se a população fosse deixada intacta, poderiam viver acima de quarenta anos de idade (NOAA NMFS, 2001).
O maior problema enfrentado pelo mero é a falta de dados exatos inerentes à biologia da espécie.

Curiosidades
• Diminuição do tamanho médio da população sentida já em 1970.
• A pesca submarina representa a principal causa no declínio dos meros no Golfo do México. Em Portugal, ainda não temos informações suficientes que venham reforçar esta situação para nosso litoral pois trata-se de uma espécie pouco estudada.
• No Golfo do México encontra-se extinto como recurso pesqueiro.
• Padrões simples de gestão não foram suficientes para conter o declínio no Golfo do México.
• Em águas federais do EUA, no caso de captura acidental, devem ser imediatamente liberados.


Meros no mundo
O Mero é encontrado no Mediterrâneo e no Oceano Atlântico. Geralmente estão distribuídos em águas tropicais, mornas-quentes-temperadas, perto de naufrágios, rochas submersas, recifes de corais e outros substratos duros. O mero também é encontrado próximo às Bermudas (embora raro), no Pacífico oriental do golfo da Califórnia ao Peru (chegando provavelmente através do canal de Panamá), no Atlântico oriental de Senegal ao Congo (também raros). Uma vez abundantes em torno das costas da Flórida e partes do golfo do México, hoje são vistos raramente (Sadovy et al., 1999). Existe um consenso em que o mero foi sempre prolifico também fora de ambas as costas da Flórida, onde cientistas descobriram otólitos em comunidades pesqueiras pré-históricas (Sadovy et al., 1999). O Mero aprecia abrigos: furos, cavernas, recifes e naufrágios. São encontrados principalmente em águas rasas, baías e estuários nos Everglades, Baía da Flórida e Florida Keys. Juvenis procuram abrigos em zonas costeiras, enquanto adultos em torno de naufrágios mais afastados da costa. Grupos de juvenis as vezes formam cardumes em torno de naufrágios e recifes em profundidades de aproximadamente 45m, mas a maioria são encontrados em torno dos habitats rasos inshore.
No golfo de México, o acasalamento atinge o pico entre julho e setembro (Sadovy et al., 1999). Agregam-se em locais específicos em números de até 100 indivíduos.
Uma vez comum em águas fora da Florida e do Golfo do México há trinta anos, nenhum agregado foi observado fora da costa do leste da Florida nos últimos 25 anos. Agregados de até 150 peixes caíram a aproximadamente 10 em 1989 na parte oriental do Golfo do México. Entre 1979 e 1994 não houve nenhuma observação visual da espécie no parque nacional de Biscayne, Florida à Dry Tortugas e Florida Keys (Sadovy et al., 1999).
Na Flórida, o Mero está sendo monitorizado há alguns anos por investigadores.
Desde 1994, estudos em populações de meros no Golfo do México têm conduzido à observações de agregados reprodutivos de meros com aproximadamente 50 indivíduos a cada verão. Os cientistas têm trabalhado desde 1997 recolhendo dados de abundância de juvenis e de adultos, distribuição, idade, crescimento e uso do habitat, marcando e recapturando Meros. Estes estudos visam compreender padrões sazonais de migração e revelar informações sobre a utilização do habitat (NMFS/SEFSC).

Em Portugal
O mero tem uma distribuição geográfica no nosso país desde o algarve, até à zona de Peniche (Berlengas)
A maior população encontra-se na costa alentejana, desde o norte da zona de Sines até a zona do cabo Sardão (constitui também presença regular na costa vicentina).
Vive em média até aos 200 metros, podendo ser encontrado a partir dos 15/20 metros. Gosta de fundos bastante acidentados que usa como trunfo para as emboscadas aos seus alimentos favoritos: pequenos peixes, polvos e chocos.
Costuma ser capturado à linha utilizando a técnica de jigging. Se as condições o permitirem, deve ser imperativamente devolvido.
Na pesca profissional, são utilizadas as mesmas técnicas da pesca à corvina com isco vivo, utilizando principalmente o choco e a lula.
Na caça submarina deve-se evitar arpoar estes peixes.

Neste momento, a captura de meros em pesca submarina está proibida no continente e ilhas... um absurdo, pois todos os anos são capturadas 100 000 toneladas de meros a nível continental e insular, através da pesca profissional.
O seu crescimento é em média de um quilo por ano. Pode viver até 40/50 anos, atingindo 40/50 kg de peso... havendo registo de um mero pescado à linha em Sagres durante a década de 90, que pesou 51kg de peso.



Parte do texto retirado do site Meros do Brasil.

SF

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Dentex gibbosus


Pargo capatão: A. Estrela em foto cedida por M. Bica


O Dentex gibbosus é uma espécie de pargo que habita a costa Portuguesa.

É vulgarmente conhecido como pargo capatão e caracteriza-se por um alto volumoso e proeminente na cabeça e por apresentar uma coloração avermelhada.
Habitat: fundos rochosos ou mistos estando quase sempre associado a barcos naufragados ou a grandes formações no relevo submarino. Ocorre no Atlântico Este desde Portugal a Angola; também presente no Mediterrâneo, Canárias e nas ilhas de S. Tomé e Príncipe

Alimentação: É uma espécie predadora que se alimenta de crustáceos, moluscos cefalópodes, peixes do género diplodus e afins, cavalas, sardinhas e outras espécies ao longo da coluna de água.

Características: É um peixe muito forte e potente sendo considerado um troféu na pesca desportiva.
Pode ser capturado de várias formas, sendo a mais corrente a utilização de iscas vivas.
A utilização de iscas artificiais é no entanto muito mais desportiva e de superior beleza.


S. Ferreira

terça-feira, 28 de abril de 2009

Anchova - mitos e verdades


"Na pesca deve-se utilizar sempre um baixo de linha em aço"
Falso. Os baixos deste tipo apenas devem ser colocados quando se pesca com borrachas pequenas ou pequenas amostras rígidas, que pela reduzida dimensão possam ser engolidas.
Uma amostra de tamanho normal só em casos muito raros é perdida devido a um ataque na zona frontal da mesma, pois estes peixes têm por hábito cortar as presas pela zona central.
Por outro lado, a rigidez do aço faz com que o movimento das amostras seja menos atraente.
Em muitos casos o número de ataques pode ser inferior porque os peixes desconfiam mais.
Para terminar, em caso de rutura, a linha de aço constitui uma séria ameaça para a integridade do animal, podendo causar a sua morte (há três anos capturei um exemplar muito magro que arrastava uma linha de aço).

"As amostras devem ser recolhidas a grande velocidade"
Conceito relativo. Depende das circunstâncias e dos lugares. Estes peixes são velocistas mas em determinadas ocasiões atacarão as amostras recolhidas a média velocidade. Vai depender do ambiente em que estão inseridas e do seu grau de excitação.

"São peixes vorazes e pouco seletivos, que atacam tudo o que se mexe"
Falso
. Apenas é possível constatar este comportamento em condições muito, mas muito especiais. Na maioria das ocasiões a apresentação terá que ser o mais realista possível e de forma a imitar as presas que os peixes estão a consumir (isto independentemente de reagirem também por excitação). Se estiverem a comer carapaus/sardinhas pequenas, recusarão grandes amostras. Por outro lado, se estiverem a perseguir peixes voadores (de perfil mais alongado), atacarão amostras de silhueta longa sem hesitar.
Quanto à cor, esta também é determinante em muitos casos.


"No combate, deve-se baixar a cana para evitar que o peixe se liberte"
Falso
. Este procedimento é muitas vezes visto, e praticado mesmo por pessoas com muitos anos de pesca. Na luta do peixe, o pescador deve seguir sempre atentamente os seus movimentos e acompanhar sempre os saltos, de modo que durante os mesmos o peixe nunca salte livremente, o que em muitos casos permitirá que este sacuda a amostra. A cana deve ser sempre mantida alta.

"Amostra grande/peixe grande"
Verdade
. As anchovas são peixes que por norma atacam peixes grandes, chegando mesmo ao ponto de predarem indivíduos da mesma espécie. São animais valentes e não hesitarão em atacar presas muito maiores se tiverem oportunidade de lhes jogar os dentes. No sul de Espanha, são épicas as caçadas destes peixes às grandes tainhas portuárias e mais espetaculares ainda as perseguições aos peixes voadores em Portugal.
Por norma amostras grandes permitem pescar os colossos desta espécie.

"Pode ser pescada com material utilizado para outros predadores costeiros"
Não é bom procedimento.
As amostras das espécies muito menos combativas (robalo e baila) não se encontram preparadas para suportar a punição deste animal. Os triplos, as argolas e a própria amostra pagam na maioria das vezes a factura e dão origem à perda de belos peixes.

"Quando está presa, avança e pode cortar a linha"
Falso.
O corte da linha costuma ser feito por um segundo exemplar que segue a anchova que está presa e que compete pelo alimento.

"Prefere caçar entre duas luzes"
Relativo. Apesar do amanhecer e crepúsculo serem alturas preferenciais para a maioria dos predadores para caçarem, estes peixes podem ser capturados em qualquer altura, desde que as condições estejam reunidas.



"Os bancos (cardumes) desta espécie possuem exemplares de vários tamanhos misturados"
Falso. Peixes grandes não se misturam com os seus congéneres mais pequenos, pois como referido anteriormente, praticam canibalismo.

"Engolem as presas inteiras"
Não é prática corrente. O modus operandis deste predador consiste em seccionar a presa pela metade e depois devorar o resto.


Para terminar, devem-se manusear com muito cuidado todos os exemplares que se pretende libertar. Manuseamento de peixe com as mãos secas, colocação de exemplares encima das pedras, perda do muco protetor/escamas ou a sua mutilação, são procedimentos infelizmente comuns. Estas atitudes conduzem na maioria das vezes a danos irreversíveis e consequentemente à morte do peixe.
Deve-se ainda generalizar o uso do fishing grip e oxigenar bem o peixe após as fotos.


S. Ferreira

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Chondrostoma wilkommii


A boga-do-guadiana é uma das várias espécies do género existentes em Portugal.

Caracteriza-se por um aspeto fusiforme e alongado. Não apresenta barbilhos e na zona inferior da boca possui uma placa de bordo cortante destinada a raspar alimento do fundo.
É um peixe comum em alguns cursos de água Algarvios, podendo atingir cerca de 30 cm de comprimento e 400-500g de peso.

Alimenta-se de invertebrados (moluscos e larvas de insetos), assim como de vegetais.
Na primavera efetua migrações para zonas de água corrente pouco profunda, onde as fêmeas libertam os ovos (1.000 a 7.000) que são imediatamente fecundados. É um espetáculo ver os peixes nesta altura crucial. De referir que neste período, os machos apresentam os típicos tubérculos nupciais, comuns a outras espécies de ciprinídeos (como o barbo).


Aproveitando o facto, é hábito as gentes do interior colocarem redes neste período, o que é de todo condenável e deverá ser objeto de uma ação firme da nossa parte.

Estes peixes desempenham um papel muito importante nas populações de achigãs, porque em determinados lugares são o seu principal alimento. É costume os achigãs ficarem suspensos, perseguindo os cardumes de bogas.
Com a chegada de espécies invasoras, como o alburno, introduzidos de forma criminosa por indivíduos com poucos escrúpulos, as bogas correm sérios riscos.
Teme-se que o futuro seja algo negro, se não forem desencadeadas medidas de conservação da espécie.

S. Ferreira

sábado, 27 de setembro de 2008

Sphyraena viridensis

A bicuda ou yellowmouth barracuda é um peixe da ordem dos perciformes.
Possui um perfil alongado e extremamente hidrodinâmico, importante para um melhor desempenho na sua atividade predatória.
A mandíbula inferior é ligeiramente mais longa que a superior. Ambas as mandíbulas estão ornamentadas de dentes de tamanho proporcional ao seu tamanho.

Ocorre em alguns pontos do Atlântico e no Mediterrâneo.
Desloca-se ao longo da coluna de água, em busca das suas presas favoritas: peixes, crustáceos e cefalópodes.
É um peixe bastante agressivo e muito desportivo.
Pode ser capturada de várias formas, mas com amostras de superfície a beleza é nitidamente superior.
Tratando-se de uma espécie descrita como vulnerável, aconselha-se ao máximo a devolução da maioria dos exemplares capturados.

S. Ferreira

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Lithognathus mormyrus

A ferreira é uma das espécies de peixes demersais mais emblemáticas da zona Algarvia.
É um esparídeo alongado, de boca maior que o sargo e caracteriza-se por uma coloração bege/prateada com umas inconfundíveis riscas verticais castanhas claras e barbatanas peitorais/anais ligeiramente alaranjadas.
Extremamente vulgar e abundante há duas décadas atrás, a pressão de pesca e o arrasto costeiro conduziram ao seu gradual desaparecimento.
Nos anos 70 e 80, vários pontos da costa caracterizavam-se pela presença constante de muitos e grandes exemplares. A captura de dezenas de quilos à cana, era bastante comum.
Com a subida paralela do preço de algumas espécies de peixes, a sua procura também aumentou. As redes de cerco e a utilização simultânea de redes com fontes luminosas ou sonoras na pesca noturna, deram início ao seu declínio.
A remoção de bivalves através do arrasto de fundo costeiro, apenas veio dar o golpe final às já ameaçadas populações, mediante a alteração dos substratos arenosos e consequente eliminação de muitas das presas deste peixe.
A ferreira é um peixe social e tem por hábito deslocar-se em cardumes de médias dimensões, revolvendo os fundos marinhos em busca dos seus alimentos habituais: pequenos crustáceos, vermes e bivalves. É muitas vezes encontrada misturada com outros esparídeos.
Encontra-se geralmente em fundos arenosos ou mistos (até aos 150m), mas também pode ser encontrada em fundos lodosos.


Pescada principalmente a surfcasting, em Espanha está também muito difundida a pesca à boia, com pequenos gastrópodes ou bivalves.
É na pesca embarcada que se obtêm os melhores resultados, utilizando o famoso sistema do saco de plástico.
A sua captura pode ainda ser efetuada com pequenos artificiais em condições particulares.
Os exemplares de 1-1,5kg são excecionais e combativos. De um modo geral, as capturas ficam-se por pesos inferiores a 500g. Como máximo da espécie, está oficialmente registado um exemplar com 12 anos e 55 cm (in fish base).
A reprodução tem lugar no Verão e os alevins crescem em zonas de maternidade (junto à costa, ou em rias e estuários)
Curiosamente, regista-se bastante a ocorrência de parasitismo nesta espécie. Muito mais frequente do que nos sargos e robalos.
No Verão de 2008 registou-se um ténue ressurgimento de juvenis desta espécie, em algumas zonas, o que é animador. No entanto, sem a imposição de defesos ou proibição temporal de pesca (incluindo o arrasto em zonas mais sensíveis), esta espécie poderá nunca recuperar da pressão a que foi sujeita no passado.

S. Ferreira

sábado, 20 de setembro de 2008

Dicentrarchus punctatus

A baila é um dos pelágicos mais conhecidos da costa sul Portuguesa.
Do ponto de vista morfológico, caracteriza-se por ter algumas semelhanças com o robalo, não atingindo porém as mesmas dimensões. Possui um típico dorso sarapintado e é um peixe bastante mais frenético que o robalo.
Os habitats preferidos destes peixes são os mais variados: fundos arenosos, mistos ou até lodosos. A sua presença é comum em praias, rias ou na entrada de rios/rias.
Na costa Algarvia são frequentes todo o ano e a sua captura não oferece grandes dificuldades.
Reproduz-se no Inverno em grandes cardumes.

As maiores ameaças para estes peixes são as redes de cerco que capturam centenas de quilos de peixe, no período reprodutivo. Para além disso, nas competições de surfcasting (através de uma legislação infeliz e desajustada, criada para favorecer a pesca de competição) matam-se todos os anos milhares de juvenis.
Independentemente da predação levada a cabo pelo ser humano, esta espécie é controlada por outras espécies marinhas. De modo cíclico, a anos excelentes sucedem-se anos com uma redução significativa dos seus efetivos em muitos pontos da nossa costa (assim como sucede com outras espécies marinhas).


A baila é capturável com uma infinidade de iscos, apresentando no entanto uma maior preferência por vermes, crustáceos e pequenos peixes. Ainda que tendo uma boa boca, a sua pesca com isco vivo exige muita técnica e conhecimentos.
É no entanto com artificiais, que se capturam os maiores peixes. Um exemplar de 1,5-2kg é excelente.
A sua captura também pode ser efetuada com plumas, como ficou constatado este verão pelo meu amigo Zé Pedro Torres.
Esta modalidade, ficou-me na retina e é de todas a mais bonita e técnica.

(Foto da autoria de Gomes Torres (http://www.gomestorres.blogspot.com/))

Apesar do legislador ter definido (de forma absurda) como dimensões mínimas os 20 cm, deveremos sempre ignorar este comprimento e sacrificar apenas exemplares maiores, salvaguardando assim ao máximo a espécie e o seu futuro nas nossas águas.

S. Ferreira

quinta-feira, 8 de maio de 2008

A corvina (Argyrosomus regius) é uma das espécies mais emblemáticas da costa sul Portuguesa.
É frequente em estuários ou em zonas de recife e atinge grandes tamanhos. Os fundos que estes peixes frequentam podem ser mistos, de pedra, de areia ou ainda de lodo.
São peixes de cardume e geralmente de hábitos noturnos.

As corvinas são peixes poderosos que chegam a ultrapassar os 50kg. São capturadas essencialmente com isca viva: caranguejo, lula, choco, cavala, etc.
Como para qualquer peixe grande, o material a utilizar deve estar à altura, o que não implica necessariamente a utilização de conjuntos potentes que retiram todo e qualquer prazer à captura. Para além de serem capturadas com isco vivo, podemos ainda procurá-las com artificiais adequados.
Uma vez ferradas, caracterizam-se por uma luta potente - arranques repentinos e contínuos, nos quais costumam levar por vezes muita linha . Em certos cenários é imprescindível manter a calma e algum sangue-frio, para evitar perder a captura. Ferrar uma corvina é uma coisa, mas consumar a captura, é outra!


Com a criação de várias zonas de recifes artificiais ao longo da costa Algarvia, houve condições para o aumento dos efetivos da espécie.
Infelizmente, a armação de atum existente (que se destina a capturar tudo o que nela entra) tem sido responsável por autênticas chacinas desta e de outras espécies (inclusive algumas protegidas, como o peixe-lua), com o conhecimento das autoridades. Para além disso a pesca anárquica feita por pescadores à linha, nas zonas de recife, sem qualquer tipo de controlo, também contribui e muito para um futuro pouco promissor da espécie, em águas Portuguesas.
Esperemos que com a futura interdição das mencionadas zonas de recife, lhes seja dada uma oportunidade de sobrevivência e de futuro. Enquanto isso, a armação continua a fazer estragos diariamente.

SF

terça-feira, 25 de março de 2008

Anchova (Pomatomus saltatrix)

Introdução

(Foto de Hernández-González, C.L.)

A anchova (Pomatomus saltatrix) vulgarmente conhecida como bluefish, é um peixe popular no seio dos praticantes de pesca desportiva de todo o mundo. Tem tudo o que os praticantes deste desporto procuram: é muito agressiva e proporciona uma luta sem piedade caracterizada por saltos e pela brutalidade das suas investidas.

Esta espécie tem sido submetida a uma pesca excessiva e a sua população está em franco declínio na costa Portuguesa, contrariamente ao que se passa no outro lado do Atlântico, nomeadamente na costa dos EUA. Aqui, a sua reputação de gamefish faz com que estes peixes sejam protegidos, sendo a sua pesca controlada. Encontra-se presente nalguns pontos da nossa costa durante os meses mais quentes.

Devido à sua voracidade, é um peixe que pode ser pescado através de muitas técnicas de pesca, quer se utilizem iscos naturais ou artificiais. É no entanto a pesca com artificiais a mais aliciante e emotiva de todas, nomeadamente através da prática do spinning – lançamento de amostras directamente ligadas à linha do carreto. Quanto a estas, existe uma infinidade de modelos que podem ser utilizadas na pesca deste peixe. Referir-se-ão algumas das principais famílias, e material a utilizar, de uma forma bastante simplificada e breve.

Equipamento:

Cana - Deverá ser leve, potente e construída em carbono. O seu comprimento poderá variar entre 2,50m a 3,30m e a sua acção deverá ser rápida. O pesqueiro determinará as dimensões da cana.

Carreto - Não deverá ser grande ou pesado. Deverá sim, ter uma boa recuperação e uma excelente embraiagem. Os modelos Twin Power e Stradic da Shimano são bons exemplos.

Linha - As linhas vulgarmente empregues no carreto são em multifilamento. Permitem conseguir obter bons lançamentos através de utilização de diâmetros mais reduzidos e aguentar a luta destes fortes peixes. Uma linha de 30 lb é óptima. De entre algumas marcas, destacam-se a Power Pro, a Tuf Line e a Fire line.

Baixos de linha - Utiliza-se sempre um pequeno baixo de linha – 60 a 100 cm (0,48 a 0,55 mm) para diminuir a rigidez do conjunto, para permitir aguentar o roce da linha e para conferir menor visibilidade. Pode-se utilizar nylon ou fluorocarbono (este último aguenta melhor a fricção e desgaste). A união pode ser feita mediante a utilização de um nó albright. Existem no entanto muito mais opções que poderão ser encontradas na net e posteriormente equacionadas. A utilização de baixos em aço é um erro muito comum e apresenta muitas desvantagens. Fazem com que as amostras trabalhem mal, são muito visíveis e poderão diminuir significativamente a quantidade de picadas ao longo da sessão de pesca. A sua utilização só se justifica em amostras muito pequenas.

Anzóis e argolas - Os anzóis a utilizar deverão ser robustos e muito afiados. A força e os dentes das anchovas não perdoam. O mesmo se pode dizer das argolas que caso não sejam de boa qualidade, serão completamente abertas e destroçadas. Caso as amostras não tragam os elementos referidos com estas características, deverão ser imediatamente substituídos para evitar dissabores.

Amostras

Skipping lures

São consideradas por muitos, como as amostras nº1 para as anchovas. São extremamente resistentes, lançam como nenhuma outra, proporcionam ataques brutais e atraem grandes exemplares.

Costumam ser sempre as primeiras amostras a entrar em acção, devido aos resultados espectaculares obtidos. A cana deve ocupar uma posição intermédia e devem-se utilizar carretos de recuperação rápida para permitir que a amostra dê os seus saltos característicos e salpique muita água. De cima para baixo: bounders e rangers da Roberts Lures.


Poppers

Criadas originalmente para a pesca do achigã, foram mais tarde aplicadas à pesca dos vários predadores marinhos. De um modo geral, a cana deverá ser colocada o mais baixo possível. A recuperação costuma ser feita a grande velocidade, dando origem à formação contínua de bolhas de ar que excitam os peixes, levando-os a atacar. De cima para baixo: pop queen - Maria, chug bug – Storm, hidro Tiger - Yo-Zuri e Knuckle head - Creek Chub.



Pencil poppers

Parecidos com os poppers, mas possuem um perfil mais alongado. São também muito utilizados e pode-se executar uma recuperação rápida em zig-zag. De cima para baixo: pencil popper - Heddon e surface cruiser - Yo-Zuri.



Stickbaits ou passeantes

Criadas por volta de 1900 para pescar achigãs, conhecem actualmente uma grande divulgação na pesca de todos os predadores de água salgada e criaram-se uma infinidade de modelos.

A cana deve ser colocada o mais baixa possível e dão-se toques de ponteira alternados ao mesmo tempo que se recupera com o carreto (movimento wtd). De domínio difícil para os iniciados, exigem algum treino. Da esquerda para a direita: blues code – Maria (afundantes), z-claw, Miss carna – Maria e x-rap walker.



Hélices

Menos utilizadas que as restantes, são no entanto empregues em França na pesca dos robalos com excelentes resultados. O movimento, como as restantes deverá ser feito continuamente e com velocidade, para que desloque muita água e faça muito barulho. Foto: baraka - sert.


Jerkbaits

O jerkbait original foi criado pelo fundador da empresa “rapala”. Possuem um corpo alongado e uma pala frontal, que uma vez iniciada a recuperação faz com que a amostra afunde e vibre imitando a natação de um peixe. Para trabalhar estas amostras, a cana também deve ser mantida o mais baixo possível para que atinjam a profundidade que caracteriza o modelo empregue. As técnicas de animação são variadíssimas, mas devem-se caracterizar sempre por velocidade de execução. Da esquerda para a direita: 4 cores de bomber long A, rapala de pala metálica, x-rap – rapala, Tobi maru – Yo-zuri e x-rap (modelo intermédio) - rapala. As marcas referidas não lançam muito mas em contrapartida são mais resistentes.

Jigs

São vulgarmente utilizados jigs metálicos (zagaias/colheres) ou ainda jigs em chumbo adornados de bucktail/ flashbow. A forma de recuperação é variável, devendo ser executada uma velocidade similar às anteriormente descritas. São utilizados para procurar as anchovas a várias alturas de água. De cima para baixo: bucktail jig - xps e duas colheres metálicas.



Alguns conselhos

Pescar apenas os peixes que vai consumir e não praticar uma pesca destrutiva. Só através de uma pesca racional poderemos continuar a ter estes peixes por muito tempo nas nossas águas. O pescador desportivo não faz tantos estragos como o pescador profissional, mas também contribui para a escassez de peixe. As anchovas possuem na sua constituição uma grande quantidade de gorduras insaturadas e a oxidação destas e consequente degradação da carne do peixe, são inevitáveis! O processo de congelação altera bastante o sabor deste peixe; devem pois ser consumidas o mais depressa possível.

Caso se pretenda levar alguns exemplares para casa, outro aspecto muito importante a ter em conta durante a sessão de pesca, é mantê-las obrigatoriamente afastadas do vento e calor, para não secarem rapidamente.

Deve ser sempre utilizado um alicate de pontas para remover os anzóis e tomado especial cuidado com os dentes destes peixes, pois mordem a sério! As dentadas são perigosas e desagradáveis, podendo (se o exemplar for médio) arruinar a sessão de pesca, obrigando a uma ida ao hospital para suturar os dedos/mão.

O adversário deve ser sempre respeitado após a captura (caso não se pretenda proceder à sua devolução); deve ser imediatamente morto, inserindo para tal uma faca no cérebro – incisão efectuada na zona inferior. Poupar-se-á desta forma sofrimento desnecessário ao peixe e simultaneamente diminuir-se-á substancialmente a formação de ácido láctico no tecido do animal, evitando desta forma uma perda de qualidade da carne.


S. Ferreira