Textos reveladores de um ódio vesgo e descontrolado, contra os trabalhadores que insistem em não “alinhar” pela cartilha neoliberal, ainda que disfarçados de rasgos de humor, deram o tom do dia que passou, em vários blogues de direita... os quais não farei o favor de publicitar.
“afinal havia muita gente que precisa mesmo de trabalhar para ganhar a vida”
“afinal há muitos portugueses com trabalho... em vez de emprego”
Foram algumas das tiradas que se somaram aos costumeiros insultos, mentiras, calúnias várias... em muitos casos, vindas de “jornalistas” e dos seus jornais. Noutros casos, vindas de deputados, em plena Assembleia da República.
Mesmo isto, por muito apetecível que seja para toda essa gente atacar a CGTP, teve que romper a muralha de “informações” sobre a bola, o atentado de França...
Ouvindo as baboseiras intermináveis que, nestas ocasiões, tantos portugueses vão despejar para os programas de antena aberta e para os comentários nos jornais, somadas à descoberta de uns professores que se passaram e decidiram pôr os alunos a olhar fixamente para lâmpadas, ou à "fúria" de um cidadão (seguido, em termos verdadeiramente patéticos, pelo seu clube) que achou por bem concentrar a sua capacidade de militância e indignação, protestando para o Ministério da Educação por causa da inclusão do “Benfica” na letra de uma cantigueca qualquer, cantada na escola da filha... o que o torna num belo exemplo da alienação e desvio do essencial, em que somos especialistas... não posso deixar de pensar no futuro e no trabalhão que há pela frente.
Não posso deixar de pensar que esse futuro, embora vá chegando até nós, inexoravelmente, à cadência de sessenta segundos por minuto... chega muito mais com cara de passado, do que do futuro com que tantos sonharam e sonham. Pelo qual tantos lutaram e lutam.
Quanto regresso ao passado será preciso para, pelo menos mais alguns, abrirem os olhos?