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quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Sábado de memórias boas


À hora a que este post se publica automaticamente, estou eu em ensaios com o “meu” pianista. Trata-se de alinhavar a minha participação musical na tarde prazerosa que se vai viver na Voz do Operário, entre amigas e amigos... lembrando o José Carlos Ary dos Santos.
A ideia e o convite irrecusável foram da “Associação Conquistas da Revolução”. Os pormenores do elenco e horário podem ver-se no cartaz...

Apareçam...


domingo, 24 de abril de 2011

Ary dos Santos – As portas que Abril abriu


(Nikias Skapinakis – “Delacroix no 25 de Abril”)

Hoje, dia 24 de Abril, quanto mais se aproxima a noite, mais intensa se torna a memória dessa fantástica mudança de data, mudança de vida, mudança da noite para o dia, que foi a entrada no dia 25 de Abril de 1974.
Por muito que alguns lamentem não ter, a tempo, liquidado nas prisões todos aqueles que traziam Abril a germinar no pensamento; por muito que outros se “arrependam” de o ter feito; por muito que se queira mascarar de evolução aquilo que foi revolução; apesar das muitas gavetas onde se foi guardando, escondendo, exilando e tentanto amordaçar as conquistas de Abril... Abril fez-se e está aí!
Lembrá-lo, ativamente, todos os dias, é já defendê-lo. Cantá-lo, é já fazê-lo avançar... para que se cumpra. Livre, justo e plural, tal como foi sonhado.
Eu sei que hoje é domingo, e que aos domingos é dia de música aqui na casa... mas quem é que diz que este poema e a voz do Ary não são uma canção?


Vale bem a pena ganhar estes oito minutos e meio a ouvi-lo e recordá-lo.


Bom domingo!
“As portas que Abril abriu” – Ary dos Santos
(José Carlos Ary dos Santos)



terça-feira, 18 de janeiro de 2011

José Carlos Ary dos Santos – 27 anos


Faz hoje vinte e sete anos que o José Carlos Ary dos Santos nos legou a tarefa de tomar conta da sua obra e da sua memória. Por isto e por aquilo, por falta de tempo ou de atenção, nem sempre o teremos feito tão bem quanto deveríamos... mas sempre que o fazemos, é com o coração.
Atrevam-se a perder um pouco mais de oito minutos de uma qualquer irrelevância e ganhem-nos, ouvindo o poema “As portas que Abril abriu” da melhor maneira imaginável: dito pelo Ary.
Ninguém corre perigo. Apenas alguns de nós sentirão, como eu sentirei, aquela fantástica palmada no ombro... aquela espécie de sismo com que ele festejava a onda de aplausos que o traziam do palco até aos bastidores, a perguntar: saiu bem? Achas que gostaram? E toda a gente “lá fora” ainda gritando AryAryAry!”... ou “Vinte e cinco de Abril sempre, fascismo nunca mais!”... o que queria dizer exatamente o mesmo.


“As portas que Abril abriu” – Ary dos Santos
(José Carlos Ary dos Santos)


quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Cultura – Já não puxam da pistola, mas...


Tal como tinha anunciado, o passado dia 11, destinado a percorrer vários pontos do distrito de Évora na companhia de Jerónimo de Sousa, começou no Polo de Artes da Universidade de Évora. Novas estruturas à mistura com o esqueleto de uma velha e histórica unidade fabril da cidade, a Fábrica dos Leões, primeiro moagem, no princípio do Século XX, depois, fábrica de massas alimentícias, situada fora da cidade e apenas uma sombra dos tempos em que foi a maior fábrica do Alentejo.
Aí, tendo como anfitriã a professora de teatro e grande atriz Fernanda Lapa, ouvimos das dificuldades dos trabalhadores não docentes, dos professores e das lutas dos estudantes. Da sua luta para que terminem as obras que duram e duram e duram... para que haja orçamento para as acabar, para que os preços na cantina, recém privatizada, não sejam (pelo menos isso!) mais elevados do que os dos cafés e restaurantes da cidade (que fica bem longe!); também, da satisfação pela vitória numa das suas mais “quentes” reivindicações: o direito a não congelar durante as aulas, finalmente cumprido, desde que chegou o tão esperado aquecimento.
Fica-se animado por ver e ouvir aquela gente ainda tão nova a falar, fica-se desolado por constatar que, mesmo dentro de uma Universidade, a cultura e a arte são os “parentes pobres”. Se é assim dentro das Universidades, que poderemos esperar cá fora, numa sociedade dominada (e governada) por tecnocratas, “patobravismo”, especulação e ignorância triunfante?
Pormenor definidor da relação que as grandes empresas e a banca têm com as Universidades, com os cursos que acham poder vir a ser-lhes úteis e “os outros”, esses das artes, os incómodos: estudantes e professores fizeram formalmente um pedido ao BES, o banco “preferencial” da Universidade, para que fosse ali instalado um terminal de “Multibanco”, o que facilitaria enormemente a vida a toda a gente nas suas constantes despesas diárias, dada a grande distância a que estão os terminais do centro da cidade. A resposta do Banco tinha chegado havia poucos dias. Sim, seria possível atender ao pedido, mediante o pagamento de uma taxa de mais de mil e quinhentos euros... por mês! Decididamente, estas artes da Universidade de Évora não devem pertencer à classe de artes com que o BES gosta de aparecer nas fotografias e parangonas de jornais.
E aqui chegamos ao nosso amigo Abílio Fernandes que foi, durante bons anos, o Presidente da Câmara de Évora e que teve o gosto amargo de ouvir, da boca de um professor que, declaradamente, nada tinha que ver com o PCP ou a CDU, o quanto a autarquia desinvestiu na cultura, desde que ele deixou de estar à frente da sua gestão. Então, gostaste de ouvir o elogio? – perguntei-lhe. «Isto é muito triste, mas às vezes é bom ouvir» – confessou. Foi ele que tirou esta fotografia, cá fora, junto ao bar do Polo das Artes, enquanto partilhávamos com Jerónimo de Sousa o cafezinho que sempre nos permite parar um pouco, desconstruir alguma da tensão que se vai acumulando enquanto alinhamos razões, protestos, indignações, projetos... ora pela conversa informal, ora pela piada a propósito (há sempre quem tenha uma ou duas...), ora pela nossa capacidade de (felizmente!) rirmos das nossas próprias fraquezas. É aí que vem à memória o Zé Carlos Ary e um pormenor da sua “Tourada”:
          “Nós vamos pegar o mundo
          pelos cornos da desgraça
          e fazermos da tristeza
             graça”

domingo, 2 de janeiro de 2011

Cavaco e o Ano Novo – “Um corno, um passa-fora, um arre, um irra”




Sim, sim... também vi e ouvi a mensagem de Ano Novo de Cavaco Silva. Estava mesmo ali... e pronto! Quando reagi já era tarde. Agora acho-me na obrigação de dizer que:

1. Admiro a contenção e profissionalismo da moça da língua gestual. Fosse eu... e não resistiria a introduzir aqui e ali uns “apartes” com os dedos...

2. Agradeço que alguém me informe de uma direção postal para onde possa devolver a porcaria da Mensagem de Ano Novo do homem. Eu até a enfiaria num coiso daqueles da reciclagem... mas sei lá se aquilo é para o amarelo, se é para o azul, se é para o verde... ainda por cima, não temos cá, ao contrário do Brasil, o recipiente laranja, destinado a materiais perigosos.

3. Eu sei que hoje é dia de música neste estabelecimento, mas para mim, a voz do José Carlos Ary dos Santos... é música. Colocar hoje aqui este áudio-soneto escrito pelo Bocage e dito pelo Zé Carlos não quer dizer, necessariamente, que o esteja a dedicar a Sua Excelência o Presidente da República. Só que comecei a pensar em outros nomes e a lista cresceu tanto e tão rapidamente, que desisti... e na verdade, vocês também têm que fazer alguma coisa, não?! Dediquem-no a quem quiserem... e bom domingo!



A um célebre mulato Joaquim Manuel,
grande tocador de viola e improvisador de modinha

Esse cabra ou cabrão, que anda na berra,
Que mamou no Brasil surra e mais surra,
O vil estafador da vil bandurra,
O perro, que nas cordas nunca emperra:

O monstro vil que produziste, ó Terra
Onde narizes Natureza esmurra,
Que os seus nadas harmónicos empurra,
Com parda voz, das paciências guerra;

O que sai no focinho à mãe cachorra,
O que néscias aplaudem mais que a "Mirra",
O que nem veio de prosápia forra;

O que afina inda mais quando se espirra,
Merece à filosófica pachorra
Um corno, um passa-fora, um arre, um irra.

(Bocage)

“A um célebre mulato” – Ary dos Santos
(Manuel Maria Barbosa du Bocage)


sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O futuro





O futuro

Isto vai meus amigos isto vai
um passo atrás são sempre dois em frente
e um povo verdadeiro não se trai
não quer gente mais gente que outra gente

Isto vai meus amigos isto vai
o que é preciso é ter sempre presente
que o presente é um tempo que se vai
e o futuro é o tempo resistente

Depois da tempestade há a bonança
que é verde como a cor que tem a esperança
quando a água de Abril sobre nós cai.

O que é preciso é termos confiança
se fizermos de maio a nossa lança
isto vai meus amigos isto vai.
                                      
(José Carlos Ary dos Santos)