Sim, sim... também vi e ouvi a mensagem de Ano Novo de Cavaco Silva. Estava mesmo ali... e pronto! Quando reagi já era tarde. Agora acho-me na obrigação de dizer que:
1. Admiro a contenção e profissionalismo da moça da língua gestual. Fosse eu... e não resistiria a introduzir aqui e ali uns “apartes” com os dedos...
2. Agradeço que alguém me informe de uma direção postal para onde possa devolver a porcaria da Mensagem de Ano Novo do homem. Eu até a enfiaria num coiso daqueles da reciclagem... mas sei lá se aquilo é para o amarelo, se é para o azul, se é para o verde... ainda por cima, não temos cá, ao contrário do Brasil, o recipiente laranja, destinado a materiais perigosos.
3. Eu sei que hoje é dia de música neste estabelecimento, mas para mim, a voz do José Carlos Ary dos Santos... é música. Colocar hoje aqui este áudio-soneto escrito pelo Bocage e dito pelo Zé Carlos não quer dizer, necessariamente, que o esteja a dedicar a Sua Excelência o Presidente da República. Só que comecei a pensar em outros nomes e a lista cresceu tanto e tão rapidamente, que desisti... e na verdade, vocês também têm que fazer alguma coisa, não?! Dediquem-no a quem quiserem... e bom domingo!
A um célebre mulato Joaquim Manuel,
grande tocador de viola e improvisador de modinha
Esse cabra ou cabrão, que anda na berra,
Que mamou no Brasil surra e mais surra,
O vil estafador da vil bandurra,
O perro, que nas cordas nunca emperra:
O monstro vil que produziste, ó Terra
Onde narizes Natureza esmurra,
Que os seus nadas harmónicos empurra,
Com parda voz, das paciências guerra;
O que sai no focinho à mãe cachorra,
O que néscias aplaudem mais que a "Mirra",
O que nem veio de prosápia forra;
O que afina inda mais quando se espirra,
Merece à filosófica pachorra
Um corno, um passa-fora, um arre, um irra.
“A um célebre mulato” – Ary dos Santos
(Manuel Maria Barbosa du Bocage)