Prosimetron

Prosimetron
Mostrar mensagens com a etiqueta Antonio Machado (1875-1939). Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Antonio Machado (1875-1939). Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 21 de março de 2024

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Marcadores de livros - 1346

Verso e reverso de um marcador magnético.

Obrigada, Luís.

E devido à informação de Justa (ver comentário) de que Antonio Machado nasceu numa parte deste palácio que estava alugada aos pais, vou completar o post com extratos de dois poemas autobiográficos desse grande poeta espanhol:

Mi infancia son recuerdos de un patio de Sevilla
y un huerto claro donde madura el limonero...


... Esta luz de Sevilla... Es el palacio
donde nací, con su rumor de fuente.
Mi padre, en su despacho. La alta frente,
la breve mosca, y el bigote lacio.

António Machado

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Lembro-me tão bem dos JO de Madrid

A crónica de Ferreira Fernandes no DN de hoje: 


Lembro-me tão bem dos Jogos Olímpicos de Madrid. Pudera, foram os meus primeiros JO. Mais tarde iria aos de Atenas, em 2004, também memoráveis. Bem, memoráveis são todos porque é uma concentração de homens e mulheres soberbos a ultrapassarem fasquias que antes de vencidas já eram extraordinárias. É quase viciante vê-los. Eu, que ao vivo assisti a pouco atletismo, ao fim dos dois JO em que estive, senti-me em estado de carência: faltavam-me os olhos doidos do chinês Liu Xiang, a 30 metros de mim (mordomia de jornalista), a dar-se conta, no salto da última barreira, de que ia ser campeão.
Porém, o que me cala fundo nos JO, mesmo, e por isso me lembro tão bem dos meus primeiros, os de 1992, em Madrid, é aquela vontade conseguida de juntar. De juntar-nos. Já o escrevi e volto a repetir, um dos momentos da minha vida foi ver duas velhas namibianas, branca e negra, ambas de vestidos e guarda-sóis vitorianos, a falar não sei de quê, numa praia de Swakopmund. O Swako é um rio efémero, a maior parte do ano o deserto engole-o, "mund" é boca em alemão e um comerciante português garantiu-me que o nome da cidade queria dizer cu do mundo. Brumosa, varrida pelo vento e, naquele ano de independência, 1990, as duas velhas estariam a despedir-se. Repito: juntar comove-me, separar entristece-me.
Isso para vos dizer que um dia, julgo que do verão de 1971, indo de Paris num calhambeque, desembarquei num concerto no campus da cidade universitária de Grenoble. O convívio com alguns artistas permitiu-me chegar aos bastidores e estava lá uma lenda, Paco Ibáñez. Neruda dera-lhe poemas para cantar e, no Olympia, ele traduzira Brassens para castelhano. Pai valenciano e mãe basca, Ibáñez conhecia o exílio francês desde a adolescência porque o pai foi combatente republicano na Guerra Civil. Proibido de cantar em Espanha, Paco Ibáñez acabava de voltar ao exílio, depois de ter vivido alguns anos em Barcelona. Por isso o tínhamos naquela festa contra as ditaduras peninsulares. Naquela tarde, a lenda estava irritada: na plateia de estudantes, alguns bascos, adeptos do IRA, gritavam contra Espanha.
Paco Ibáñez cantava sobretudo em espanhol, que era a língua comum dos seus - familiares e companheiros, sendo que alguns destes falavam também outra língua de Espanha. Ele também cantava em catalão e euskera. Mais tarde faria um disco com memórias de infância na língua da mãe e cantaria Palavras Para Julia, homenagem à mãe do poeta catalão Juan Augustin Goytisolo, que morrera num bombardeamento franquista.
Comportamento igualíssimo, por exemplo, ao de Joan Manuel Serrat, cantor catalão, que dedicou um álbum ao poeta espanhol Antonio Machado que morreu no dia em que pôs o pé fora da pátria, quando fugia da derrota republicana em princípios de 1939. Serrat cantava desde 1969 «caminante, no hay camino, se hace camino al andar», o que para quem conhece o destino de Machado é tão dolorosamente irónico.
Então, aqueles gritos contra a sua Espanha irritaram Paco Ibañez. Mandou-os calar. Subiu a viola e pôs-se a cantar: «Andaluces de Jaén / aceituneros altivos / decidme en el alma: quién / quién levantó los olivos?» Um valenciano, filho de basca, pôs-se a cantar as palavras de um sevilhano, Miguel Hernández, que seguiu, também em 1939, oposto e igual caminho do de Antonio Machado. Na derrota da liberdade, este fugiu pela fronteira da Catalunha para França; Hernández, pela da Andaluzia com Portugal, foi preso em Moura e, entregue pela polícia de Salazar a Franco, foi condenado à morte e morreu na prisão.
No verão de 1971, como vos disse, tirei um curso intensivo sobre História de Espanha, na Universidade de Grenoble. Cerca de três minutos. Como sou generoso, dou-vos de borla a sebenta onde me formei: aquela canção, Andaluces de Jaén, cantada por Paco Ibáñez, está no Youtube. Infelizmente, desculpem a antiguidade da minha memória, não é a versão de 1971, no campus de Grenoble, de que julgo não haver registo.


Mas a tal do Youtube também serve: é de 2002 e Ibáñez canta no Palau de la Música Catalana, jóia de Barcelona. Oiçam as gentes da plateia a saber os versos da história comum. Do verso de entrada, «Andaluces de Jaén / aceituneros altivos / decidme en la alma: quién / quién levantó los olivos?», a todas as quadras que respondem o mesmo: «No los levantó la nada / ni el dinero, ni el señor / sino la tierra callada/ el trabajo y el sudor...» Oiçam a oração de um povo com um passado comum.
Por falar em Barcelona, agora me lembro, no princípio do texto eu disse que os meus primeiros Jogos Olímpicos foram os de Madrid, em 1992. Enganei-me. Foram nesse ano, certo, mas em Barcelona. Com esta história da pátria catalã oprimida e tal, por um instante convenci-me de que nunca um país opressor proporia organizar os JO a uma colónia desapossada das liberdades... Jogos Olímpicos que, aliás, Madrid nunca teve. Emendo, pois, a minha frase inicial: «Lembro-me tão bem dos Jogos Olímpicos de Barcelona.» E lembro-me que do que gosto mesmo é da vontade conseguida de juntar, de juntar-nos. O que tem sido, ao longo dos séculos, a história dos povos do país ao lado e, desde há 40 anos, a história da sua democracia constitucional.
No fundo, esta crónica é um plágio da resposta que Joan Manuel Serrat - uma vida a amar alto a Catalunha, mesmo quando isso era perigoso - deu, nestes dias de incerteza, à pergunta do jornal El Periodico de Catalunya: e agora? Disse Serrat: «Todos seguiremos a fazer o que fazemos: cada um com o seu trabalho, com os seus sonhos, com o seu mundo. E quantos mais juntos o façamos, melhor. Para todos.» Reparam nas cautelas com que um antigo combatente já fala?

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Retrato de um poeta



Morreu há 77 anos um dos grandes poetas de Espanha, António Machado, em 22 de Fevereiro de 1939


RETRATO

Mi infancia son recuerdos de un patio de Sevilla, 
y un huerto claro donde madura el limonero; 
mi juventud, veinte años en tierras de Castilla; 
mi historia, algunos casos que recordar no quiero. 

Ni un seductor Mañara, ni un Bradomín he sido 
?ya conocéis mi torpe aliño indumentario?, 
más recibí la flecha que me asignó Cupido, 
y amé cuanto ellas puedan tener de hospitalario. 

Hay en mis venas gotas de sangre jacobina, 
pero mi verso brota de manantial sereno; 
y, más que un hombre al uso que sabe su doctrina, 
soy, en el buen sentido de la palabra, bueno. 

Adoro la hermosura, y en la moderna estética 
corté las viejas rosas del huerto de Ronsard; 
mas no amo los afeites de la actual cosmética, 
ni soy un ave de esas del nuevo gay-trinar. 

Desdeño las romanzas de los tenores huecos 
y el coro de los grillos que cantan a la luna. 
A distinguir me paro las voces de los ecos, 
y escucho solamente, entre las voces, una. 

¿Soy clásico o romántico? No sé. Dejar quisiera 
mi verso, como deja el capitán su espada: 
famosa por la mano viril que la blandiera, 
no por el docto oficio del forjador preciada. 

Converso con el hombre que siempre va conmigo 
?quien habla solo espera hablar a Dios un día?; 
mi soliloquio es plática con ese buen amigo 
que me enseñó el secreto de la filantropía. 

Y al cabo, nada os debo; debéisme cuanto he escrito. 
A mi trabajo acudo, con mi dinero pago 
el traje que me cubre y la mansión que habito, 
el pan que me alimenta y el lecho en donde yago. 

Y cuando llegue el día del último vïaje, 
y esté al partir la nave que nunca ha de tornar, 
me encontraréis a bordo ligero de equipaje, 
casi desnudo, como los hijos de la mar.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Caminhante


Caminante, son tus huellas el camino y nada más;
Caminante, no hay camino, se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino sino estelas en la mar.

Antonio Machado

Peter Gabriel é um dos meus cantores preferidos. E gosto especialmente desta canção sobre Steve Biko, um ativista sul-africano dos direitos humanos, morto na prisão em 1977. Entre este concerto em Wembley nos 70 anos de Mandela e hoje, caminhámos 25 anos.
Como li há pouco tempo, a memória também está a desaparecer na África do Sul, o que está a criar muitos problemas entre as pessoas mais jovens.

Quem não viu, veja o filme:



segunda-feira, 29 de agosto de 2011

António Machado



EL CABALLERO DE LA MANO EN EL PECHO
(EL GRECO)
Este desconocido es un cristiano
de serio porte y negra vestidura,
donde brilla no más la empuñadura,
de su admirable estoque toledano.

Severa faz de palidez de lirio
surge de la golilla escarolada,
por la luz interior, iluminada,
de un macilento y religioso cirio.

Aunque sólo de Dios temores sabe,
porque el vitando hervor no le apasione
del mundano placer perecedero,

en un gesto piadoso, y noble, y grave,
la mano abierta sobre el pecho pone,
como una disciplina, el caballero.
António Machado
( 29 de Agosto de 1874 - 19 de Janeiro de 1947)

domingo, 29 de agosto de 2010

quarta-feira, 26 de maio de 2010


Claude Monet - Impression Soleil Levant
Óleo sobre tela, 1872
Paris, Musée Marmottan Monet


«Estes días azules y este sol de la infancia.»
Antonio Machado

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Porque ontem estive a ler António Machado

E porque teria sido?


«Ayer soñé que veía
a Dios y que a Dios hablaba;
y soñé que Dios me oía...
Después soñé que soñaba.»





Este poste (seguindo a grafia de APS) vai para Miss Tolstoi. Sei que gosta de Paco Ibañez. Espero que também goste de António Machado.