Mostrar mensagens com a etiqueta UE. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta UE. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Com ideias destas...

Por Anabela Fino, no jornal «Avante!»
Passos Coelho proferiu finalmente a frase que o imortalizará. Foi na segunda-feira, 13, após a maratona europeia de domingo que terminou com a transformação da Grécia numa colónia condenada à escravatura do século XXI para servir os interesses do grande capital financeiro e do directório de potências da União Europeia. «Por acaso a ideia foi minha», disse todo ufano, com isso querendo significar que lhe cabiam os louros da «solução» encontrada para manter a Grécia no euro. A coisa correu mais célere do que fogo em palheiro: palavras não eram ditas e já as redes sociais transbordavam de adaptações do dito, numa muita expressiva demonstração de que os portugueses não só não perderam o seu sentido de humor – negro que seja – como sabem bem a quem cabem as responsabilidades pelo estado a que o nosso País chegou.
O curioso desta história é o facto de Passos Coelho estar tão sôfrego de apresentar «sucessos» que nem se dá conta de que corre o risco de andar a apanhar lenha para se queimar. De outra forma, como explicar a pressa com que o primeiro-ministro veio gabar-se de ter contribuído para uma situação que todos, sem excepção, reconhecem ser uma brutalidade contra o povo grego? A não ser que esteja tão convencido – e não seria caso único – de que os portugueses são não só néscios como padecem de memória curta. É bem provável que seja este o caso, a avaliar pela entrevista que anteontem deu à SIC onde, entre outras pérolas, afirmou candidamente que só não cumpriu as promessas feitas na campanha eleitoral porque as contas do anterior governo estavam mal feitas. Passos Coelho «esqueceu-se» de um pormenor: no Outono de 2010, uma delegação do PSD, liderada por Eduardo Catroga, negociou com o governo de Sócrates a viabilização do Orçamento de Estado para 2011. Por acaso a ideia foi dele... E também se «esqueceu» das vezes em que, já governante, repetiu desejar «ir além da troika» e defendeu a ideia da necessidade de empobrecer. Outra que por acaso também foi dele.
Em português vernáculo muito haveria a dizer sobre as ideias de Coelho. Fiquemo-nos pelo elementar: com ideias destas, bem pode limpar as mãos à parede.

terça-feira, 14 de julho de 2015

A cruel maratona grega

Por Flavio Aguiar, na Rede Brasil Atual
Os termos que vêm aparecendo na mídia europeia, inclusive na conservadora, para avaliar a conclusão da extensa maratona que foi a reunião de 17 horas dos líderes da zona do euro, da noite de ontem (12) para esta manhã, falam por si mesmos: “crueldade”, “humilhação”, “fratura”, “imposição”, “tratamento impiedoso”, “brutal” e outros. Para quem acompanhou as negociações desde o começo, e sobretudo agora nesses momentos finais, o que ficou claro foi a arrogância de grande parte dos líderes da zona do euro, exigindo praticamente não só a capitulação de Atenas, de Tsipras, Varoufakis, Syriza e do povo grego, mas pretendendo impor a deposição do governo.
Ficou claro também que na União Europeia a democracia tem voo curto e nariz comprido. Não há lugar na UE ou na zona do euro para um governo de fato de esquerda, nem para algo parecido com soberania nacional, muito menos popular. Manda quem manda, e quem manda, em nome do capital financeiro, são os barões neoliberais da economia. Aos políticos, como a própria toda-poderosa (na aparência) Angela Merkel, cabe fazer a pantomima para os eleitores, fazendo de conta que esses decidem algo importante.
Nos momentos finais dessa corrida de obstáculos, François Hollande e Matteo Renzi ensaiaram um ar mais simpático aos gregos e a Tsipras. Aparentemente, com um único resultado prático: originalmente o Fundo de Capitalização oriundo das privatizações e cortes que virão deveria ficar em Luxemburgo, não em Atenas. Pelo acordo final, esta “concessão” foi feita: o fundo fica na capital grega, mas, de qualquer modo, será supervisionado, senão administrado, pela Troika (FMI, BCE, Comissão Europeia, ou seus representantes) para amortizar a dívida soberana, capitalizar o sistema financeiro e assemelhados.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

UM PAÍS QUE ODEIA OS SEUS CIDADÃOS

Por José Goulão no seu blog  Mundo Cão.

Há um país que odeia os seus cidadãos. Outros haverá, mas fixemo-nos neste que dá pelo nome de Portugal, se gaba de ser muito antigo, muito cheio de história, saudoso de tempos imperiais e que, em cima destas glórias, maltrata os seus cidadãos.
Quando se escreve país não se faz alusão a uma entidade abstracta, mítica, mas sim aos seus dirigentes que, através de gerações e sob diferentes rótulos políticos, têm como traço de união o ódio aos seus concidadãos.
A acusação é grave, mas os comportamentos em causa são-no ainda mais. Tal ódio ressalta de estudos sociológicos apresentados tempos atrás de tempos e que, merecendo as reservas que exige a inexactidão inerente às ciências humanas, têm a credibilidade de corresponder ao que cada cidadão, se tiver os sentidos despertos para a realidade envolvente, vai captando dia após dia.
Dizem as investigações mais recentes, cujos resultados foram divulgados apenas há meia dúzia de horas, que Portugal é o país com maior taxa de emigração entre os 28 da União Europeia, o país que demonstra menos apetência por livros e outras coisas da cultura, o país onde 20 por cento da sua força de trabalho tem um vínculo precário – isto é, um estado paredes meias com o trabalho escravo.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Capas de jornais ( 83 )

Se o "acordo" chegar resolve o quê?
Daqui a três meses em que ponto do problema se encontram os mesmos?
  Ou será que este... é o melhor caminho que os troikanos encontraram  para obrigar o povo grego a novas eleições pensando colocar  no governo da Grécia aqueles que sempre por lá estiveram?
A novela dos mercados,Syriza e a saída da Grécia da UE, vai continuar com seus comentadores oficiais  nas TVs, jornais e rádios, a fim de entreter os incautos, baralhar os confusos para no fim do jogo...,  ganhar a Alemanha por muitos a zero.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

GOVERNO GREGO QUER PRIVATIZAR AS PRAIAS COM O PARLAMENTO FECHADO


Por Christos Radopoulos, para Jornalistas Sem Fronteiras

O governo grego decidiu, por decreto presidencial, suspender o funcionamento do Parlamento duas semanas antes do período regimental de férias de Verão e prepara-se para fazer aprovar um projecto de lei para privatização do litoral e venda de 110 das mais belas e paradisíacas praias do país.
“Estamos perante mais um golpe da coligação às ordens da troika, formada pela direita e socialistas, para impor antidemocraticamente a sua política e, além disso, um golpe baseado em mentiras à opinião pública”, revela uma fonte da oposição parlamentar.
A imprensa grega afirma, uma vez que não há justificação oficial para o encerramento do Parlamento, que a decisão foi tomada devido ao facto de não haver projectos de lei em debate nem outros trabalhos parlamentares em curso.
“Isso não é verdade”, alega a oposição. Trata-se de “uma decisão unilateral”, segundo o Syriza, actualmente o maior partido da Grécia, de acordo com os resultados das eleições europeias, e que “viola o regimento parlamentar”.
Entre os assuntos actualmente em trâmite parlamentar estão casos de corrupção envolvendo dirigentes da Nova Democracia, o maior partido da coligação governamental, e  processos de investigação das relações entre este partido e os fascistas da Aurora Dourada susceptíveis de violar as leis do país.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

A ARMADILHA

Por José Goulão, em JORNALISTA SEM FRONTEIRAS
A União Europeia não resistiu às suas próprias eleições, através das quais procuraria chancelar um  conteúdo democrático que não tem. Desta conclusão global decorrem todas as análises parcelares, sejam sobre a abstenção, sobre a subida da extrema direita, sobre as falências ideológicas, sobre o primado dos mercados, sobre a falsa história oficial do nascimento e desenvolvimento da integração europeia.
Ironia  das ironias, as eleições europeias não tiveram mais valor democrático do que as que a União Europeia apadrinhou na Ucrânia, legitima no Egipto ou excomunga na Síria. Se na União votaram muito menos de metade das pessoas recenseadas, na Ucrânia não votou meio país, no Egipto o partido mais votado foi proibido de concorrer, na Síria vota-se em plena guerra civil a cujas origens a União Europeia não é alheia.