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segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Democracia da NATO na Ucrânia e a arte da guerra

Por Manlio Dinucci no ODiario.info

Após o golpe da “Praça Maidan” a Ucrânia é um estado reduzido à categoria de protectorado, governado a partir dos EUA e dos seus lacaios regionais, onde os bandos neonazis são integrados na Guarda Nacional e o Partido Comunista é ilegalizado. Para a NATO, a Ucrânia de Poroshenko está a caminho de ser “um estado soberano e independente, firmemente empenhado na democracia e no direito”.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

SANÇÕES CONTRA A RÚSSIA SÃO “AUTOGOLO DA UNIÃO EUROPEIA”

Uma economia em risco para segurar uma ditadura

Por Pilar Camacho, Bruxelas, Norman Wycomb, Londres, em Jornalistas Sem Fronteiras

Os Estados Unidos decidiram, a União Europeia obedeceu e agora de um lado e de outro do Atlântico deitam-se contas às possíveis reacções que estão na mão do presidente russo, demonstrando-se assim que os cálculos anunciados à opinião pública sobre as sanções contra Moscovo “são números sem pés nem cabeça, sofrem de variáveis impossíveis de calcular”, segundo economistas das instituições europeias.
“Estes políticos europeus que a si mesmos se consideram expoentes da tecnocracia nem ao menos sabem tirar proveito daquilo que são normas básicas tecnocráticas, ou seja, um balanço objectivo da realidade sem cedências ao que parecem ser conveniências políticas”, acusa um quadro da Comissão Europeia “alarmado” – foi o estado de espírito que escolheu – perante o pacote de anunciadas sanções contra a Rússia.
Também nas empresas onde pontificam os chamados “analistas de mercados” são muitas as vozes que, por exemplo numa alusão a declarações do ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, dizem que “para fazer omeletes destas com estes ovos mais valia guardar jejum”.
São muitas as dúvidas, tal como as variáveis impossíveis de precisar, sobre o alcance das sanções que, depois de uma pressão interminável de Obama, a União Europeia acabou por impor à Rússia.
“As sanções partem de um pressuposto por comprovar e que tem contra ele versões muito mais plausíveis, que existem apesar de a comunicação social e os dirigentes tentarem escondê-las”, diz o quadro da Comissão Europeia. “Foram decididas para castigar a Rússia por ter derrubado o avião da Malaysian Airlines, uma certeza que nada tem de certa, está por provar, é posta em causa por informações elementares e choca até com o simples facto de o governo ucraniano se ter demitido, o que, por muito que se disfarce, traz água no bico”, acrescentou.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

A ARMADILHA

Por José Goulão, em JORNALISTA SEM FRONTEIRAS
A União Europeia não resistiu às suas próprias eleições, através das quais procuraria chancelar um  conteúdo democrático que não tem. Desta conclusão global decorrem todas as análises parcelares, sejam sobre a abstenção, sobre a subida da extrema direita, sobre as falências ideológicas, sobre o primado dos mercados, sobre a falsa história oficial do nascimento e desenvolvimento da integração europeia.
Ironia  das ironias, as eleições europeias não tiveram mais valor democrático do que as que a União Europeia apadrinhou na Ucrânia, legitima no Egipto ou excomunga na Síria. Se na União votaram muito menos de metade das pessoas recenseadas, na Ucrânia não votou meio país, no Egipto o partido mais votado foi proibido de concorrer, na Síria vota-se em plena guerra civil a cujas origens a União Europeia não é alheia.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

“GUERRA ABERTA” EM BRUXELAS POR CAUSA DA UCRÂNIA



Por José Goulão. em JORNALISTAS SEM FRONTEIRAS
“Aqui dentro está tudo em guerra por causa da Ucrânia”. Quem assim fala é um alto funcionário das comunidades que se declara “farto de tanta birra e tanto amadorismo” a propósito da “descoordenação total entre dirigentes da União” sobre o que fazer com a actual situação ucraniana.
O desabafo foi feito depois do acto solene em que Durão Barroso pôs mil milhões de euros dos contribuintes europeus à mercê de Arseny Iatseniuk, o primeiro ministro não eleito de Kiev e um dos principais responsáveis pela entrega do aparelho militar e de segurança do país aos círculos neonazis e revanchistas.
Sobre a entrega desta verba aos meios que se indignam quando são qualificados como “junta” no poder não há grandes novidades. Diz-se que é para pagar as dívidas do gás natural à Rússia e que em troca deve a Ucrânia realizar as reformas fiscais e estruturais que muitos europeus não ucranianos bem conhecem,  principalmente os mais de 25 milhões no desemprego.
Porém, a “guerra” de que fala o alto funcionário não é por causa deste assunto, que é pacífico porque “está no ADN do golpe de Estado”, para usar uma expressão proferida pelo socialista belga Philippe Bertrand, correndo o risco de ser insultado como perigoso esquerdista. O mesmo Bertrand que se interrogou, em inocente conversa de café, sobre o critério que têm os dirigentes europeus ao entregar mil milhões de euros a um governo que dizem ser “transitório”, a menos de 15 dias de eleições. “Só se já sabem o resultado das eleições”, murmurou o meu amigo belga.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

O VOTO E OS TANQUES

Por José Goulão, em JORNALISTAS SEM FRONTEIRAS

Com todo o respeito pelos militares que usam os tanques para defender direitos dos povos, a verdade é que sempre ouvi dizer que o voto é a arma do povo. Reflectir sobre isto levava-nos muito longe porque sabemos que os votos, traduzindo em tese os desejos e vontades dos que os depositam nas urnas, são usados muitas vezes – e cada vez mais pelo mundo fora – para deturpar as esperanças dos que ainda acreditam que a democracia é o veículo capaz de garantir uma governação à medida das maiorias.
Deixemo-nos de ilusões. Há muito que os senhores do dinheiro e os seus aios políticos da governação bipolar aprenderam a fazer com que a democracia formal seja a mais indolor das ditaduras para levar as pessoas a acreditar que escolheram uma coisa mas as circunstâncias, as crises e coisas correlativas não permitem que se cumpra, para já, a sua vontade, ficando para melhores dias desde que se sujeitem a fazer os indispensáveis sacrifícios.

segunda-feira, 31 de março de 2014

O “PREÇO DA INDEPENDÊNCIA”

Por José Goulão, no Facebook


Por ser “o gajo” dos americanos, como explicou a subscretária de Estado da Administração Obama ao seu embaixador em Kiev, o sr. Arseni Iatseniuk foi entronizado primeiro ministro da Ucrânia depois do golpe de Estado que substituiu um governo ineficaz e corrupto, mas eleito, por um governo controlado por neonazis, sustentado por agentes ineficazes e corruptos, e não eleito.
Na qualidade de intérprete privilegiado da estratégia montada pelos Estados Unidos e a NATO para estenderem o seu domínio sobre o Leste da Europa até às fronteiras da Federação Russa, o Sr. Iatseniuk tem merecido gestos carinhosos e afáveis dos senhores de Bruxelas que, sob a batuta da Srª Merkel, não era nele que pensavam para gerir a nova Ucrânia mas sim no boxeur Klitschko, que tem um partido apadrinhado pela direita euro-merkeliana apropriadamente designado UDAR – o golpe. Os dirigentes da União Europeia acederam, contudo, às normas de Washington que o Sr. Obama teve a delicadeza de levar a Bruxelas dizendo deixemo-nos de questiúnculas sobre os nossos pró-cônsules em Kiev, qualquer um deles fará o que desejarmos – em nome da democracia, com certeza.