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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Gloriense é diplomado pela Academia de Letras de Teófilo Otoni - MG

O poeta gloriense Jorge Henrique Vieira Santos foi diplomado como Membro Correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni - ALTO

Na sessão de 28 de agosto de 2012, por indicação do Prof. Wilson Colares da Costa, Secretário Geral, Jorge Henrique foi eleito pela unanimidade dos votos dos membros do Conselho Concultivo e passou a integrar o corpo acadêmico daquela digna instituição literária de Minas Gerais.

Como não poderia comparecer à Solenidade de Posse, conforme prevê o parágrafo único do artigo 17 do Regimento Interno daquela Entidade, Jorge Henrique foi empossado por ato solene da Presidente, Sra. Amenaide Bandeira Rodrigues, em 1º de setembro de 2012, e seu diploma acadêmico foi remetido a ele pelos correios.


A ALTO foi fundada oficialmente em 20 de dezembro de 2002, com os objetivos de: 
  • realizar estudos e pesquisas na área da literatura local e regional; 
  • promover e incentivar a cultura através da realização de conferências, exposições, concursos, cursos e outras atividades de natureza cultural; 
  • coletar, pesquisar, elaborar e divulgar estudos e informações de cunho cultural, relacionados aos intereses da entidade, bem como congregar os esforços daqueles que se interessam pelo processo cultural, o cultivo e divulgação da língua e literatura nacionais.
Desde então, realiza, anualmente, uma Feira de Livros de autores do município de Teófilo Otoni, MG, e a Noite do Café-com-Letras, evento que conta com recital de poesias, lançamento da Revista Café-com-Letras, que traz trabalhos de acadêmicos e convidados especiais. A entidade ainda oferece a autores locais revisão e análise de obras a serem publicadas, bem como realiza noites de autógrafos. Mantém a Biblioteca Comunitária D. Didinha e está em fase de organização do Núcleo de Documentação de Literatura Isaura Caminhas Fasciani. Ainda em parceria com a União Estudantil de Teófilo Otoni, realiza também, anualmente, o Concurso de Textos Dissertativos, destinado a alunos do Ensimo Médio da rede pública e privada do município.

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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Arte a serviço da dignidade humana

Aracaju, 20 de setembro de 2012.


Carta aberta ao Boris

Senhor apresentador,

Aracaju de uma forma geral é uma cidade arejada e limpa. Há nesta cidade quem dê pito em quem a suje e igualmente há o voluntário cuidando com carinho de um cantinho de uma praça, como respaldo ao relevante trabalho das pessoas admiráveis que cuidam da limpeza pública.

Admiráveis sim, porque, qualquer pessoa, sente apreço por quem seja considerado de alta relevância social. Neste ensejo, pode-se acreditar que, entre os brasileiros mais admiradores do senhor, Boris, estavam muitos trabalhadores, e, entre estes, GARIS e MARGARIDAS.

O Brasil pôde acompanhar os processos movidos por GARIS contra a sua pessoa, cujos desfechos foram favoráveis ao senhor. É compreensível, a nossa justiça é reconhecida pelos próprios juristas como monetarista, classista e carrega os mesmos cacoetes da sociedade. Com o seu gesto e suas palavras, ainda que o senhor tenha pedido desculpas, continua o eco da ofensiva. O senhor deu a entender que, no Brasil deveriam existir castas e a casta inferior, sequer, deveria se dirigir à outra acima para lhe desejar felicidade.

As instituições se preocupam com hierarquia a propósito da disciplina. O seu comentário, "Que merda: dois lixeiros desejando felicidades do alto das suas vassouras. O mais baixo na escala do trabalho", no entanto, sinaliza que, numa sociedade conservadora, a hierarquia é usada muito mais para a discriminação e humilhação, que alimentam o preconceito e o ódio, do que servir a propósitos nobres.

Mas, a labuta prossegue e as Margaridas e os Garis mais conscientes do que nunca, saberão como agir. Eles são simples e sinceros e o bom humor os impede de ser rancorosos. Não perdem a dignidade nem a ternura. São estes fatores que os levam a educar os filhos e a tocar a vida.

Nesta cidade, capital do Estado de Sergipe, Sr Boris, a admiração pelo trabalho das Margaridas e dos Garis levou a principal empresa empregadora desta gente humilde, valorosa e honrável, a absorver uma ideia gestada em parceria com a Empresa Municipal de Serviços Urbanos e passada pela prancheta de um escultor: um monumento com a altura de cinco metros para elevar simbólico e prestigiosamente quem parece ser invisível aos olhos da sociedade.

Este monumento erguido às Margaridas e aos Garis pode também ser entendido como gesto de desagravo à sua classificação de cunho preconceituoso. Nestes tempos de democracia com determinação para banir o preconceito e incluir os indivíduos socialmente, ninguém deve passar vexame dizendo se sentir superior àqueles que limpam a sua sujeira.

Vivas às mulheres e aos homens que transformam o seu trabalho em dignidade e esperança para todos. Vivas às Margaridas e aos Garis.


Antônio da Cruz
Artista Plástico e Cenógrafo

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segunda-feira, 9 de julho de 2012

Ignorabimus

Quanta ilusão!... O céu mostra-se esquivo
E surdo ao brado do universo inteiro...
De dúvidas cruéis prisioneiro,
Tomba por terra o pensamento altivo.

Dizem que o Cristo, o filho do Deus vivo,
A quem chamam também Deus verdadeiro,
Veio o mundo remir do cativeiro,
E eu vejo o mundo ainda tão cativo!

Se os reis são sempre os reis, se o povo ignavo
Não deixou de provar o duro freio
Da tirania, e da miséria o travo,

Se é sempre o mesmo engodo e falso enleio,
Se o homem chora e continua escravo,
De que foi que Jesus salvar-nos veio?...

Tobias Barreto, 1880.


ignorabimus (Tobias Barreto)

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quinta-feira, 8 de março de 2012

Mulher


Mulher,
Meu verso, solitário, te procura.
Carente, ardente, sensitivo.

E nessa busca,
Com espanto, com ternura,
Descobre, de repente, que está vivo!...

Mulher,
Meu verso te encontra, docemente.
Um presente para a alma inquieta.

E nesse encontro,
Estão vivos, finalmente,
Meu verso, teu sorriso... e teu poeta!...

Mulher,
Meu verso, embevecido, te agradece.
Pois que teu nome agora é Alegria

De ser, neste momento, um ser que cresce.
E se não fosse, assim, por ti,
Eu não seria!...


O meu abraço fraterno e carinhoso 
a todas as mulheres do mundo!

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domingo, 20 de novembro de 2011

Consciência Negra




ENCONTREI MINHAS ORIGENS


Encontrei minhas origens
em velhos arquivos
....... livros
encontrei
em malditos objetos
troncos e grilhetas
encontrei minhas origens
no leste
no mar em imundos tumbeiros
encontrei
em doces palavras
...... cantos
em furiosos tambores
....... ritos
encontrei minhas origens
na cor de minha pele
nos lanhos de minha alma
em mim
em minha gente escura
em meus heróis altivos
encontrei
encontrei-as enfim
me encontrei

Oliveira Silveira In: Roteiro dos tantãs

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terça-feira, 27 de setembro de 2011

Algumas palavras sobre "Retalhos"

Ontem, 26 de setembro, data em que se comemora a emancipação política do município de Nossa Senhora da Glória - SE, aconteceu o encerramento da 1ª Exposição "Artes para Glória", que integrou as comemorações do 83º aniversário da cidade. A Praça Filemon Bezerra Lemos tornou-se palco de várias expressões artísticas e culturais locais. Houve dança, música, capoeira, artes visuais e, para fechar com chave de ouro o dia festivo, houve o lançamento da antologia poética "Retalhos", dos poetas Ancelmo Aragão, Bárbara Juca, Euvaldo Lima, Geovania Manos, Israel Bispo e Ramon Diego

Tive o prazer de fazer a apresentação da obra ao público gloriense e de proferir algumas palavras na Câmara de Vereadores, onde se deu a solenidade de entrega dos prêmios da 1ª Exposição "Artes para Glória" e o lançamento oficial da referida antologia poética.Transcrevo abaixo as palavras que ali proferi.



Algumas palavras sobre esses Retalhos 
É com satisfação que volto a esta casa para, pela segunda vez, celebrar a publicação de mais uma obra em versos, nascida da pena e do talento do artista gloriense. Hoje, para minha alegria, são seis os artistas que se apresentam a público e trazem nas mãos suas almas sob a forma de poemas. Exatamente no dia 26 de setembro de 2010, proferi aqui algumas palavras em homenagem ao amigo Euvaldo, por ocasião do lançamento de seu livro “Um Sopro de Versos”. Naquela ocasião, iniciei minha fala tomando de empréstimo as palavras do grande poeta português Fernando Pessoa, que, em um de seus poemas, assinado por seu heterônimo Ricardo Reis, do alto de uma profunda sabedoria, dizia: “Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes”.
É interessante observar como essas palavras significam neste momento, pela segunda vez. Não há palavras mais propícias para descreverem a postura desses novos poetas glorienses diante de suas vidas e de sua obra. É com muita felicidade que me ponho a falar aqui mais uma vez sobre a realização desses idealistas que, exatamente no aniversário da cidade, oferecem tamanho presente à sociedade gloriense: sua poesia! E que presente é esse? 
Escrever poemas é uma arte criteriosa e laboriosa que, embora para alguns pareça obsoleta e de pouco valor, representa um esforço pela humanização de nossa espécie. Não basta nascer homem ou mulher para ser humano, é preciso humanizar-se. E humanizar-se não é algo que se aprenda no comércio, na política, no exercício do poder ou na vida cotidiana, isolado em afazeres, mas algo que só se alcança quando nos dirigimos ao outro, quando nos aproximamos do outro, quando buscamos compreendê-lo. A natureza humana é um enigma que só se revela a quem a busca no mais íntimo do ser. Eis o valor do presente que é oferecido neste momento à nossa sociedade. O mais íntimo do ser humano, aquilo capaz de humaniza-lo, revela-se na poesia. E é isso que vemos em Ancelmo, Bárbara, Euvaldo, Geovania, Israel e Ramon
Eles vão buscar sua poesia no âmago de suas existências, nos íntimo de seus anseios mais profundos, que traduzem sua necessidade premente de verbalizar, de tomar a forma da linguagem. Nesses Retalhos que lançam à publicação, esses autores, como diz Pessoa, são plenos, estão por inteiro, sem nada de si exagerar ou excluir. Estão inteiramente em cada poema e assim se oferecem ao público, dando-lhe a possibilidade de humanizar-se, de encontrar o humano que há no outro. Esse público, quando ler tais poemas, poderá encontrar neles seu próprio sorriso, sua própria aflição, seu próprio protesto, sua própria crítica, seu próprio humor, sua própria dor, sua própria fé. Ao se encontrar nas palavras do outro, esse público pode humanizar-se, e que magnífico presente é esse! 
A poesia nos dá a oportunidade de nos conhecer melhor pela experiência do outro. Ela nos permite viver experiências que ainda não vivemos, ou mesmo reencontrar aquilo que estava apagado em nossa lembrança de vida. E é isso o que está nesses Retalhos
Na apresentação que faço do livro, afirmo que Retalhos, em princípio, são partes, pedaços, fragmentos que se retiram ou se recortam de algo, sobretudo de tecidos. E tecido remete a textos, que remete a poemas. São esses os Retalhos de cada um desses poetas, costurados aos demais, formando uma colcha de poemas que mescla seus estilos e seus temas de cores variadas. No entanto nesta obra, nada se retira, pelo contrário, somam-se partes, juntam-se fragmentos para formarem um todo maior que os egos individuais. 
Eis o significativo presente que lhes é ofertado. Que seja essa obra recebida com festa e júbilo pelos glorienses e que possa representar mais um símbolo de que a grande riqueza de nosso povo é sua cultura.
Jorge Henrique Vieira Santos,
26 de setembro de 2011.

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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Gloriense na telinha da Globo

Sergival é o terceiro, da esquerda para a direita.
Há poucas horas, eu estava em casa trabalhando em meu netbook, quando ouvi a voz do poeta Gonçalo Ferreira, presidente da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, a declamar uns versos no último capítulo da novela Cordel Encantado. Virei-me, contente, para apreciar o fato e qual foi minha surpresa quando vi meu conterrâneo Sergival a soltar sua voz possante e carregada de seu sotaque característico. Clique aqui para assistir ao vídeo.

Que felicidade ver um ilustre gloriense na telinha da Globo. Transcrevo abaixo a entrevista que ele concedeu ao site ensergipe.com, eufórico com sua belíssima participação na novela.
"Ainda estou aqui eufórico com o resultado de minha participação neste último capítulo da novela Cordel Encantado.
Foi tudo muito especial. Não é por menos que esta novela tem recebido elevados índices de audiência e de aprovação junto a crítica, superando todas as expectativas.
Acompanhei de perto o competente trabalho da diretora Amora Mautner, bem como pude conversar bastante com as escritoras Duca Rachid e Thelma Guedes, esta última filha de pernambucano, que através da trama se utilizaram de vários elementos do cordel como o universo dos castelos com reis, rainhas, princesas e príncipes, tudo isso ficcionado neste ambiente sertanejo com seus cangaceiros, coronéis e beatos.
A cidade cenográfica é espetacular, e claro, não poderia deixar de falar dos figurinos de época e nordestinos. Claro que disso tudo, o que mais fica evidente na telinha é a atuação de grandes veteranos como Berta Loran e Osmar Prado por exemplo, que foram muito gentis e me receberam com muito carinho no Estúdio B do Projac, onde conversamos demoradamente sobre este universo nordestino, antes de se iniciarem as gravações que varam a madrugada.
Aliás, seja de tarde ou noite, essa tecnologia de captação de imagem no formato cinema é fabulosa, o que tem dado um destaque a mais para o reconhecimento deste trabalho.Estar ali naquele universo nordestino me fez sentir-se em casa. Meu sotaque, meu figurino e minhas palavras, soaram com a autenticidade de todos esses anos dedicados à cultura nordestina, especialmente a cultura sergipana que me forneceu todos os elementos artísticos do que sou hoje.
Faz três anos que faço parte da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, que fica aqui no Rio de Janeiro no bairro de Santa Tereza, onde ocupo a cadeira 23 que tem como patrono o Capistrano de Abreu, e desde que a novela foi ao ar que temos realizado trabalhos temáticos para eles, o que culminou com essa participação.O final reservado aos personagens está muito emocionante, e espero que meus conterrâneos gostem da cena em que participei ao assistir."

Fonte: Emsergipe.com


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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Bispo & Baggio: yes, nós temos maluco-beleza!

Cena do filme Senhor do Labirinto
O que pode haver em comum entre uma banda de rock e um filme? Será a fonte inspiradora. Vejamos. Sergipe vive um momento cinematográfico, afirmo embasado no sucesso do Curta-se 2011 e do filme Senhor do Labirinto lançado na segunda, 12/9, na abertura do citado evento. Concomitante a isso, o som psicodélico da banda The Baggios ecoava pelo nordeste na turnê de divulgação do primeiro disco.

O filme de Geraldo Motta foi inspirado no livro de Luciana Hidalgo “Arthur Bispo do Rosário: o senhor do labirinto”, de 1996. Assisti emocionado, talvez pela inexperiência que aflora a sensibilidade, talvez pela qualidade do conjunto da obra (produção, elenco, roteiro, enredo), ficarei com a última justificativa sem remorsos. Aliás, os loucos não sentem remorsos, segundo Erasmo de Roterdã, autor de Elogio da Loucura, de 1511.


O longa-metragem Senhor do Labirinto conta a trajetória do sergipano Arthur Bispo do Rosário. Ele nasceu em Japaratuba (1939) mas dizia ter descido dos céus, era Jesus (só para quem tinha olhos de vê!). Menino, negro e pobre matriculou-se na Escola de Aprendizes Marinheiros, no Rio de Janeiro. Treinou boxe, Passou décadas internado na Colonia Juliano Moreira, lá entrou com diagnóstico de esquizofrenia-paranóica. Durante 50 anos de clausura nessa e outras instituições produziu “um acervo de bordados, estandartes e assemblages que postumamente ganharam o Brasil e o mundo com seus insuspeitos traços de arte pop contemporânea e a pujança de sua trajetória”.
Arthur Bispo do Rosário com o manto da apresentação

Ano passado, o filme recebeu o prêmio de Melhor Longa Metragem de Ficção pelo Júri Popular, no Festival de Cinema do Rio de Janeiro. Pra mim, o traço marcante do filme que exorciza monotonia é a fina ironia do Bispo. A ironia, figura de linguagem que inverte o sentido das expressões, era na sua vida um recurso/escudo/espada. Ilustro com passagens do filme: para evitar visitas indesejadas ele questionava se o intruso(a) enxergava sua auréola santa, quem acenava negativamente, retrucava: não está preparado! E cerrava porta. Porém, uma estagiária Rosangela da Colonia Juliano Moreira insistiu e venceu. Encantadora, interpretada pela atriz Maria Flor, conquistou em pouco tempo a atenção do Bispo que dedicou-lhe obra e confessou um dia ter sonhado com ela, eram Romeu e Julieta. Na defensiva, a estudante de Psicologia lembrou que a estória tem um final triste, os personagens morrem. Bispo esclareceu “que sonhou apenas com o começo da estória e mudou o final, como no teatro!” Flávio Bauraqui que interpretou o Bispo do Rosário, numa das entrevistas a TV Sergipe, chamou o sergipano de "herói" ,atento então para esse super-poder.


José Sinval dos Santos, Baggio. Nasceu em São Cristóvão e queria ser cantor de sucesso. Viajou lugares, Rio de Janeiro e Salvador, com pouca roupa, muita ansiedade e fitas-cassete no bolso para mostrar nas gravadoras. Ninguém se convenceu do seu talento, surtou. Familiares empreendeu campanha para trazê-lo. Morei no bairro Avenida e assistir Baggio passar na frente de casa muitas vêzes. Ele desfilava num molejo de passos longos. Dias ostentava figurino que ele mesmo “ajeitava”, incrementado às vezes com extravagâncias (latinhas, arame farpado, etc). Jogava charme para as meninas e brincava com palavras, dedilhando violão. Lembro dele cantando hits de Raul Seixas: trem, maluco-beleza, gita, sociedade-alternativa, mosca na sopa, etc.

Em 2004, os meninos de São Cristóvão resolveram homenagear “o andarilho hyppie” e batizaram a banda de rock com a sigla The Baggios. Semana passada, o duo Júlio Andrade (guitarrista e vocal) e Gabriel Carvalho (baterista) encerrou turnê 2011 pelo nordeste, divulgando o primeiro disco. Vale a pena baixar e conferir músicas, muitas retratam lugares, pessoas e aspectos do universo de São Cristóvão.

Na sua trajetória, a The Baggios conquistou um público crescente e alguns prêmios. Em 2007, venceu em três categorias o Prêmio "Prata da Casa". Venceu nas categorias "Melhor Música com Letra" e "Melhor Intérprete" o Festival Aperipê de Música de 2010. Esse ano ganhou o principal prêmio no Festival Nacional da ARPUB.

Mas falar da fonte inspiradora da banda é falar de Baggio. Um documentário-facilitador foi lançado em 2007, “Baggio Sedado”. Co-dirigido pelo jornalista Diego Oliveira e vocalista Julio Andrade, teve produção de João Lima. Idealizado para ilustrar por meio de imagens e depoimentos de familiares, amigos e estranhos a personalidade de Baggio. Para muitos apenas um louco. Para outros, representação viva da manutenção de um espírito revolucionário na pacata cidade; um “punk” interiorano que apenas com sua resistência teria contribuído para cena cultural. Obra permite discutir por meios audiovisuais o relacionamento da nossa sociedade com a loucura e com o conceito de normalidade. Atualmente, Baggio vive nos arredores do bairro Avenida cercado dos cuidados da mãe, Dona Silvia, a atenção da vizinhança e companhia do cachorro Beethoven.

Arthur Bispo deixou uma obra inspiradora, intrigante, consagrada. O filme Senhor do Labirinto difundirá ainda mais todo seu talento. A The Baggios segue a loucura de José Sinval dos Santos, solfejando que a “arte de ser louco é nunca cometer a loucura de ser normal”. O Bispo era Deus do seu mundo particular, Baggio ensaiou Raul Seixas.

Thiago Fragata é poeta, historiador, especialista em História Cultural e Diretor do Museu Histórico de Sergipe (UFS). Email: thiagofragata@gmail.com

Fonte: Cicerone de São Cristóvão

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quarta-feira, 20 de julho de 2011

Para o Dia do Amigo

"Meus amigos são todos assim: metade loucura, outra metade santidade. Escolho-os não pela pele, mas pela pupila, que tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos, nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice. Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto, e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou, pois vendo-os loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão imbecil e estéril."
Fernando Pessoa

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Amizade Sincera

Em homenagem a todos os meus amigos, no Dia do Amigo, nada melhor que recordar o hino à amizade, composto por Renato Teixeira:

Amizade Sincera
Renato Teixeira

A amizade sincera é um santo remédio
É um abrigo seguro
É natural da amizade
O abraço, o aperto de mão, o sorriso
Por isso se for preciso
Conte comigo, amigo disponha
Lembre-se sempre que mesmo modesta
Minha casa será sempre sua
Amigo
Os verdadeiros amigos
Do peito, de fé
Os melhores amigos
Não trazem dentro da boca
Palavras fingidas ou falsas histórias
Sabem entender o silêncio
E manter a presença mesmo quando ausentes
Por isso mesmo apesar de tão raros
Não há nada melhor do que um grande amigo

(Renato Teixeira)

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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Impressões que ficam

A cultura está em festa. A revista eletrônica "Impressões", idealizada e mantida por Ramon Diego e Uanderson Martins, e que está online desde fevereiro de 2011, vem ganhando, a cada dia, mais e mais fãs e ampliando cada vez mais seu raio de ação, ocupando um merecido espaço no que podemos chamar de "cenário cybercultural", pela qualidade e diversidade das entrevistas e matérias que publica semanalmente.

Criada inicialmente com tímido propósito de apenas divulgar a arte e a cultura gloriense para o Estado de Sergipe, a revista começou a tomar proporções maiores e, em poucos meses, já coleciona um rol de matérias e entrevistas variadas que provocam a admiração de todos e atraem, a cada dia, mais leitores.

Entre seus diversos entrevistados, estão nomes já consagrados no cenário musical nacional como Fernanda Takai, Karina Buhr e Patrícia Polayne, ao lado de destaques sergipanos como The Baggios e NaurÊa, bem como de novatos como a banda Mutante In Sanidade (Finalista do II Festival Aperipê de Música).

Na Literatura, integram a lista de seus entrevistados escritores como Gizelda Morais e Alice Ruiz, e já é bem extenso o rol de entrevistas e matérias interessantíssimas que não apenas cumprem o propósito inicial de divulgar a arte e a cultura gloriense, mas também avançam para a consolidação de um papel mais ousado, que é o de harmonizar num mesmo espaço iniciantes e veteranos da arte e da cultura de todo o país e tornar esse espaço o mais acessível e democrático possível.

A revista eletrônica "Impressões" já é uma importante referência para aqueles que querem ter acesso a um conteúdo de qualidade na rede e que buscam leituras agradáveis, informação e entretenimento. Vale a pena conferir.

Abaixo, temos a entrevista concedida por Ramon Diego e Uarderson Martins ao programa "Expressão", da TV Aperipê de Sergipe.



No link abaixo, você pode ler a entrevista que concedi a "Impressões":

Jorge em verso e prosa

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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Padre Gregório, um homem iluminado

Pe. Léon Lambert Joseph Grégoire (1925-2011)
...Na década de setenta,
A seca a tudo assolava,
Mas, para nos ajudar,
Da Bélgica ele chegava:
O Padre Leon Gregório,
Que, sem muito falatório,
As mangas arregaçava.


Pôs-se logo a trabalhar
Este padre abençoado.
Muitas obras sociais
Promovia, abnegado.
Não só das almas cuidava,
Também do corpo tratava,
Sempre muito dedicado.

Fez creche, jardim de infância
Para o seu povo carente.
Cuidou também da saúde,
Deu casa pra muita gente,
Distribuiu alimentos,
Atenuou sofrimentos,
Cuidou de são e doente...

SANTOS, Jorge Henrique Vieira. "Glória" cantada em versos: 80 anos de emancipação política. Literatura de cordel. Aracaju: Gráfica Editora J. Andrade, 2008, p. 22-23.

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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Homenagem ao Padre Léon Grégoire

Sobre homens e pedras

Ele não nasceu um fecundo missionário da Boa Nova, nem um grande exemplo de homem, muito menos um símbolo de amor ao próximo, de fraternidade e de humildade. Nasceu, como qualquer criança, apenas uma pequena e frágil promessa, uma imprevisível e ilimitada possibilidade de vida, de ação, de novidade e de transformação.

Cada nascimento traz consigo uma renovação da vida e uma transformação do mundo. Da mesma forma, quando atiramos uma pedrinha no imenso mar, este se torna um mar diferente, novo. Embora vejamos as mesmas águas, elas agora guardam um segredo recôndito em suas profundezas. A novidade do mar é conter uma pedrinha a mais: a nossa pedrinha. Cada ser humano, pelo simples fato de seu nascimento, revigora o mundo como uma pedrinha depositada nas profundezas da vida.



No entanto, algumas pedrinhas permanecem imóveis no fundo do oceano, fixas e acomodadas num único lugar. Embora elas sejam a essência da novidade, não produzem mudanças de grande alcance. Outras entendem a linguagem das águas e não se imobilizam, mas rolam. Seu movimento interfere no próprio movimento das águas que as envolvem, modificando as marés futuras. As pedras que se movimentam, às vezes, agrupam-se em volumes enormes e, unidas, edificam barreiras no fundo do mar. Barreiras assim são capazes de mudar definitivamente o curso das águas.

Um verdadeiro homem se constrói por seus atos e suas palavras. Sua ação e seu discurso põem em movimento sua vida. É o que diz e o que faz em sua jornada que determinam o alcance da renovação do mundo que sua vida tem o poder de produzir. Quando age e diz, este homem se singulariza e se torna único.


Como as pedras são arremessadas ao mar, os homens são lançados à vida pelo Criador. Cabe a cada um permanecer imóvel ou se pôr em movimento. Cabe a cada um fazer-se pequena novidade no curso da vida ou modificar as águas da história. Cabe a cada um tornar-se único. Tornar-se singular é uma tarefa que só é possível pela ação e pelo discurso. Agindo e falando um homem transforma sua vida e a vida de muitos outros homens. Assim constrói a história.

Assim ele fez. E ao fazer-se único, doou-se por inteiro ao próximo. Doando-se, fez-se grande. Grande, fez-se amado. Amado, tornou-se inesquecível.

O Padre Léon Grégoire não ficou imóvel, não se permitiu ser apenas uma pedrinha no oceano, mas moveu as águas, construiu para si o caminho do fecundo missionário, direcionou a trajetória de sua vida para o acolhimento de uma nova pátria e tomou como meta a efetivação das palavras do Cristo: “Amai-vos uns aos outros como vos amei”.

Sua voz levou, por mais de meio século, as palavras do Cristo a inúmeros corações aflitos. Suas palavras traziam a Boa Nova, davam conforto a muitas almas e semeavam seu amor. Desse amor despretensioso e puro brotaram todas as suas obras. Sua mão, sempre estendida, doava de bom grado tudo o que tinha e nada esperava em troca. De suas mãos, muitas bocas se alimentaram. Suas mãos enxugaram muitas lágrimas, modificaram o curso de muitas vidas, abrigaram famílias e mais famílias, e apontaram o caminho para inúmeras pessoas que não tinham direção. Suas obras semearam por onde passou um amor sincero e uma fraternidade inabalável, retirados de sua própria vida.

Assim, o Padre Gregório, por seus atos e palavras, mudou o curso da história de Nossa Senhora da Glória, cidade que adotou carinhosamente como lar, e tornou-se um símbolo de amor ao próximo, de fraternidade e de humildade para todos os que o conheceram. Um símbolo não morre. Um símbolo ganha novos sentidos, transforma-se, rompe os limites do tempo e da vida individual para se perpetuar no imaginário das pessoas. Enquanto símbolo, o homem alcança uma espécie de imortalidade, pois sua grandeza reside em sua capacidade de realizar feitos que possam pertencer à eternidade, sendo lembrados indefinidamente. Por isso Padre Gregório é inesquecível.
Jorge Henrique, 03 de janeiro de 2011.

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Poucas Palavras…

Em meio a esse clima conflituoso de profunda tristeza e grande saudade, o que dizer sobre Padre Léon Gregório? Como descrevê-lo? Como se referir a alguém que procurou minimizar suas imperfeições humanas, esquecendo suas próprias vontades em favor da alegria sentida ao ajudar o próximo? Realmente é difícil descrevê-lo, sobretudo, quando se tem no coração o aperto implacável causado pela perda de alguém tão querido.

Todavia, sua partida acende em “nós” o sentimento e a vontade de dizer, mesmo em poucas e simplórias palavras, o quão importante e marcante foi Padre Gregório na vida de todos os glorienses.



Em 25 de março de 1925, nasce, num pequeno vilarejo nas redondezas de LIEGE/BÉLGICA, uma criança comum que no futuro se tornaria o homem que marcaria para sempre a memória histórica da cidade de Nossa Senhora da Glória. Mais que isso, nasce um ser humano capaz de renunciar a si mesmo para ajudar ao próximo.

Sua linda história foi marcada por inúmeras provações. Dentre elas, uma das mais importantes, senão a mais marcante, foi sua participação na 2ª Grande Guerra como guerrilheiro belga, pois chegou até ser condenado à morte pelos nazistas. Tendo sido tocado por tamanho sofrimento humano em sua experiência na Guerra, sentiu despertar no íntimo sua vocação missionária, para a qual dedicou até o último suspiro de vida.

Ordenou-se padre em 1953 e foi pároco em Propriá, Canhoba, Amparo do São Francisco e Telha antes de assumir a paróquia de Nossa Senhora da Glória, em 21 de março de 1971. Dentre suas inúmeras obras sociais, estão a fundação do Povoado São Clemente (popular Vila do Padre), o asilo, a creche Sorriso de Criança, o Jardim de Infância Pequeno Príncipe (atual Escola Padre Léon Gregório), o orfanato, pastoral da criança, Projeto Luz do Sol, Colégio Nossa Senhora da Glória (2º grau), várias igrejas nas comunidades do município, além de uma produção enorme de milhares de mudas de árvores, uma vez que era um profundo amante da natureza.

Minhas sinceras desculpas se não mencionei aqui outras obras, quero ressaltar que todas possuem igual importância.

Não nos atenhamos, no entanto, na quantidade de obras realizadas e sim na qualidade delas, pois mais importante do que o quanto ele fez é o modo como fez, renunciando suas próprias necessidades para estender a mão a quem mais precisava. Atitudes como essas, dignas de um “apóstolo de DEUS” (assim descrito por Padre Márcio em entrevista) que nos deve fazer refletir sobre o que estamos fazendo hoje como seres humanos.

É, portanto, imprescindível que tenhamos consciência do grande ser humano que foi o Padre Gregório e que percebamos em sua vida um exemplo de humanismo a ser seguido. Assim como outros grandes homens na história da Humanidade, o Padre Gregório marcou para sempre a história dessa cidade. Certamente ele não morreu, pois como dizia o Filósofo Santo Agostinho: “o segredo da imortalidade é viver uma vida que valha à pena ser lembrada”. Sem dúvida, Léon Gregório imortalizou-se em suas obras.

Em nome da equipe de funcionários
da Escola Padre Léon Gregório

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