Mostrando postagens com marcador Luís Vaz de Camões. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Luís Vaz de Camões. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Livro Redondilhas - Camões


Redondilha é o nome dado, a partir do século XVI, às estrofes em verso de cinco ou sete sílabas — a chamada medida velha. Aos primeiros dava-se o nome de redondilha menor e, aos segundos, de redondilha maior. A redondilha foi muito utilizada pelos poetas do Cancioneiro Geral, de Garcia de Resende e por Camões.

MOTE SEU

Descalça vai pola neve. . .
Assi faz quem Amor serve.

VOLTAS

Os privilégios que os reis
não podem dar, pode Amor,
que faz qualquer amador
livre das humanas leis.
Mortes e guerras cruéis,
ferro, frio, fogo e neve,
tudo sofre quem o serve.

Moça fermosa despreza
todo o frio e toda a dor.
Olhai quanto pode Amor
mais que a própria natureza:
medo nem delicadeza
lhe impede que passe a neve.
Assi faz quem Amor serve.

Por mais trabalhos que leve,
a tudo se of'receria;
passa pela neve fria
mais alva que a própria neve;
com todo o frio se atreve...
Vede em que fogo ferve
o triste que o Amor serve.

...

domingo, 25 de janeiro de 2009

Livro Os Lusíadas - Camões


Os Lusíadas é uma obra poética escrita por Luís Vaz de Camões, considerada a epopeia portuguesa por excelência. Provavelmente concluída em 1556, foi publicada pela primeira vez em 1572 no período literário do classicismo, três anos após o regresso do autor do Oriente.
A obra é composta de dez cantos, 1102 estrofes que são oitavas decassílabas, sujeitas ao esquema rímico fixo AB AB AB CC – oitava rima camoniana. A acção central é a descoberta do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama, à volta da qual se vão descrevendo outros episódios da história de Portugal, glorificando o povo português.

Estrutura do Poema:

A estrutura externa refere-se à análise formal do poema: número de estrofes, número de versos por estrofe, número de sílabas métricas, tipos de rimas, ritmo, figuras de estilo, etc. Assim:

Os Lusíadas é constituído por dez partes, liricamente chamadas de cantos; cada canto possui um número variável de estrofes (em média, 110); as estrofes são oitavas, tendo portanto oito versos; a rima é cruzada nos seis primeiros versos e emparelhada nos dois últimos (AB AB AB CC, ver na citação ao lado); cada verso é constituído por dez sílabas métricas (decassilábico), nas sua maioria heróicas (acentuadas nas sextas e décimas sílabas).
Sendo Os Lusíadas um texto renascentista, não poderia deixar de seguir a estética grega que dava particular importância ao número de ouro. Assim, o clímax da narrativa, a chegada à Índia, foi colocada no ponto que divide a obra na proporção áurea (início do Canto VII).
A estrutura interna relaciona-se com o conteúdo do texto. Esta obra mostra ser uma epopeia clássica ao dividir-se em quatro partes:

Proposição - introdução, apresentação do assunto e dos heróis (estrofes 1 a 3 do Canto I);
Invocação - o poeta invoca as ninfas do Tejo e pede-lhes a inspiração para escrever (estrofes 4 e 5 do Canto I);
Dedicatória - o poeta dedica a obra ao rei D. Sebastião (estrofes 6 a 18 do Canto I);
Narração - a narrativa da viagem, in medias res, partindo do meio da acção para voltar atrás no tempo e explicar o que aconteceu até ao momento na viagem de Vasco de Gama e na história de Portugal, e depois prosseguir na linha temporal.
Por fim, há um epílogo a concluir a obra (estrofes 145 a 156 do Canto X).

Download:

http://www.mediafire.com/?trqrmrgreyl

....

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Livro Sonetos Camões


“De Luís de Camões sabemos pouco, é certo, mas sabemos o suficiente para se não poder fazer dele outro modelo que não seja de singularidade. Pois em que padrão poderia transformar-se um homem que não estudou leis, não teve modo de vida conhecido, não levou nenhuma dama à igreja, não contribuiu para o aumento da população, não pertenceu a qualquer confraria, e cuja vida é capaz de ter sido mesmo das mais desgraçadas que jamais a qualquer português letrado coube em sorte? Camões, se modelo é, convenhamos que é apenas modelo de poesia e de liberdade — e isso basta.”

Eugénio de Andrade, “Quem celebra quem” in Camões, nº1, Agosto de 1980, Ed. Caminho
(Comemorações do 4º Centenário da Morte de Camões)

O que é Soneto?

O soneto é um poema lírico composto na maioria das vezes de catorze versos distribuídos em dois quartetos e dois tercetos, obedecendo a regras restritas quanto à disposição das rimas. Sua forma regular, simétrica e restritiva favorece a precisão, a concisão e a sugestão (Baudelaire: "Parce que la forme est contraignante, l'idée jaillit plus intense" – Por causa da forma restritiva, a idéia faz-se mais intensa); ela impede o poeta de ceder às liberdades do lirismo. A rima e o movimento das estrofes permitem jogos de antíteses e de metáforas que exprimem as tensões – a complexidade da vida interior do poeta. O soneto é então caracterizado por uma forte coerência interna. Em outras palavras, ele permite uma concordância perfeita entre forma e conteúdo.
Desde Petrarca, o soneto vem sendo quase sempre prestigiado. Ele constitui sem dúvida o gênero literário mais praticado no Ocidente durante os últimos cinco séculos (estima-se em 45000 o número de sonetos que foram publicados na França, apenas no século XVI).
Muitos dos grandes escritores da literatura universal fizeram sonetos. No entanto, nenhum poeta praticou este gênero literário de uma maneira exclusiva. A extraordinária popularidade do soneto deve-se em parte à sua forma fixa, que faz dele um molde conveniente para poetas sem inspiração. Ele tem sido usado muitas vezes para poemas de ocasião.
O soneto é endereçado a um público restrito, capaz de apreciar as riquezas e as nuances dos versos e da rima; é um gênero nobre. Isso justifica o fato dos sonetistas terem sido formados, durante muito tempo, por poetas da corte e dos castelos (no século XVII, eles eram muito populares nos salões).
O soneto teve grande importância na definição de uma nova poesia na França no Renascimento (com a Plêiade) e especialmente no século XIX. Baudelaire e seus seguidores Verlaine, Mallarmé e Rimbaud re-introduziram na poesia o soneto que o Século das Luzes tinha ofuscado, fazendo-o passar por transformações importantes (deslocamento dos versos e novo posicionamento de rimas) com o objetivo de exprimir uma nova concepção do mundo.
Apesar das variações no posicionamento das rimas e das estrofes, o soneto tem conservado praticamente a mesma forma através dos séculos. Seu conteúdo, no entanto, apresenta uma grande diversidade: o soneto é na maioria das vezes sentimental (é um atestado que exprime o estado do coração de um indivíduo), mas ele pode também ser satírico, político, moral, religioso, realista, burlesco. Dois grandes momentos do soneto: o Renascimento, com os poetas da Plêiade, e o século XIX, de Baudelaire a Mallarmé, depois de aproximadamente dois séculos de


terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Amor é um fogo que arde sem se ver... Luís Vaz de Camões




Amor é um fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Ah! minha Dinamene... Luís Vaz de Camões



Ah! minha Dinamene! Assim deixaste
Quem não deixara nunca de querer-te!
Ah! Ninfa minha, já não posso ver-te,
Tão asinha esta vida desprezaste!

Como já pera sempre te apartaste
De quem tão longe estava de perder-te?
Puderam estas ondas defender-te
Que não visses quem tanto magoaste?

Nem falar-te somente a dura Morte
Me deixou, que tão cedo o negro manto
Em teus olhos deitado consentiste!

Oh mar! oh céu! oh minha escura sorte!
Que pena sentirei que valha tanto,
Que inda tenha por pouco viver triste?

Alma Minha Gentil... Luís de Camões


Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Algu~a cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Transforma-se o amador na cousa amada - Camões


Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.

Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si sómente pode descansar,
Pois consigo tal alma está liada.

Mas esta linda e pura semideia,
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim co'a alma minha se conforma,

Está no pensamento como ideia;
[E] o vivo e puro amor de que sou feito,
Como matéria simples busca a forma.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Eu cantarei de amor tão docemente - Luis de Camões


Eu cantarei de amor tão docemente,
Por uns termos em si tão concertados,
Que dois mil acidentes namorados
Faça sentir ao peito que não sente.

Farei que amor a todos avivente,
Pintando mil segredos delicados,
Brandas iras, suspiros magoados,
Temerosa ousadia e pena ausente.

Também, Senhora, do desprezo honesto
De vossa vista branda e rigorosa,
Contentar-me-ei dizendo a menor parte.

Porém, pera cantar de vosso gesto
A composição alta e milagrosa
Aqui falta saber, engenho e arte.