E não, não me estou a referir apenas ao Coliseu ou ao Fórum Romano, encontramos umas colunas, um arco, um teatro ou anfiteatro, um antigo mercado ou outras ruínas em praticamente todo o centro da cidade, cujo interesse histórico é inegável, mas a utilidade prática muito relativa, a não ser para aspectos turísticos. Aqui, nestas ruínas no largo da torre Argentina, por exemplo, supõe-se que existiam quatro templos, mas parte de um deles continua soterrado debaixo de uma estrada local.
Além de tudo o resto, é preciso não esquecer que Roma também é uma das principais capitais da moda mundial e é aqui, em plena praça de Espanha, que se realizam os mediáticos desfiles, com as modelos a descerem a enorme escadaria no alto dos seus saltos de 12 ou 14 centímetros... (e sim, a igreja lá no topo também estava em obras, grrrrr!)
La Barcaccia, a fonte em forma de barco existente em frente aos degraus da praça de Espanha, cuja autoria se pensa ser de
Bernini pai.
Mas bom, mesmo muito bom, são as múltiplas esplanadas floridas que surgem em cada canto e recanto da cidade e onde se fazem refeições ou se bebe um copo. Ristorantes, trattorias, osterias, pizzarias, caffés, gelatarias, há-as para todos os gostos, embora normalmente sejam carotas, se comparadas com as portuguesas - uma imperial pequena não custa menos de 4 euros, um café pode custar 2,50, um gelado 6 ou 8. As pizzas ainda são os pratos mais em conta e são... uma delícia!
Também fiquei fã das saladas, das
brushetas e dos gelados, mas foram as pizzas que mais me surpreenderam pela positiva: além de massas muito bem feitas e estaladiças, os ingredientes tinham um sabor forte - o tomate a tomate, o fiambre a fiambre, o ananás a ananás e por aí adiante.
Surpresa não tão positiva foram as respetivas casas de banho: nem sempre correspondiam à
finesse do restaurante (não, não fomos a nenhum de luxo), muitas delas só tinham uma sanita para homens e mulheres e mesmo assim a dar para o acanhado. O funcionamento dos lavatórios também está longe de ser linear, uns inteligentes, outros funcionam a pedal, outros nem percebi bem como. E os autoclismos vão pela mesma! Resumindo, um restaurante mais modesto pode ter umas instalações sanitárias melhores do que outro mais finório. Excetuando as do Vaticano, as melhores que vi foram as do metro, mas aí paga-se 1 euro para utilizar (embora quase metade delas estivessem fora de serviço). Isto pode parecer disparatado referir, mas facto é que saíamos cedo do hotel, passávamos o dia a andar seca e meca e a beber água por causa do calor e para não desidratar, obviamente que de vez em quando tínhamos de usar. E normalmente era nos cafés e restaurantes onde parávamos para beber, comer e descansar.
Claro que para tem tenha mais pedalada e queira continuar a caminhada (sem paragens) - estou em crer que a única maneira de "conhecer" Roma um pouco melhor - não faltam estas
roulottes que vendem frutas, pão, sandes, gelados e bebidas frescas. Não sei a que horas abrem, mas só fecham lá pelas 10 da noite.
Dito isto, não sei até que ponto um passeio nestas caleches não será igualmente simpático (e romântico), mas por esta altura já estávamos com o tempo contado, não valia a pena indagar o custo.
Muito mais ficou por dizer ou revelar, numa visita de 5 dias e 4 noites e 1326 fotografias depois. Mas tanto o Coliseu como o Vaticano são vastíssimos e já deram azo a vários livros, não é resumo que se faça assim numa penada bloguista (se bem que 20 mil visitantes por dia neste último, nos façam sentir um pouco como carneirada encurralada num redil, a seguir em frente a "toque de caixa", o que faz com que se perca muito da história ali patente - não só do antigo império romano, do cristianismo e dos seus primórdios, como do Egipto ou da Grécia, dois bastiões da antiguidade). Fica a paisagem romana, vista de uma das janelas cimeiras do museu.
Last but not least, o hotel também demonstrou ser outra surpresa (muito) agradável. Se bem que à chegada desconfiámos que tínhamos "enfiado o barrete" (no edifício do hotel de 3 estrelas funcionam vários hotéis, o que à partida parece esquisito), ficámos muito bem impressionados com o atendimento - o recepcionista, além de simpático, falava português - e o quarto que, embora pequeno, era limpo e estava bem decorado em tons de laranja, espelhos frente a frente que davam uma sensação de maior dimensão, uma pequena casa de banho com base de duche, tinha uma luz boa para poder ler à noite, televisão, um mini-frigorífico (sem nada lá dentro, só para pôr o que eventualmente comprássemos e que foram essencialmente águas), ar condicionado e, ainda melhor, dava para as traseiras. E aqui não estou a brincar: situando-se na zona do Termini, o trânsito é realmente diabólico nas principais vias ali em volta. Apesar da zona estar um bocado degradada e à noite a principal estação de metro, comboios e autocarros ser frequentada pelos sem abrigo, facto é que nos deu um jeitaço para nos orientarmos nas nossas incursões iniciais pela cidade - assim, depressa nos deslocámos a qualquer lado, pelo que não nos arrependemos da escolha internética. O pequeno almoço também era bom e, para lá do tradicional, oferecia bolos caseiros, para quem tivesse apetite suficiente logo de manhãzinha!
E pronto, foi este o relato possível das nossas deambulações pela cidade eterna, que tem um encanto muito próprio... apesar de todos os seus contrastes!