Título Original: Punainen kuin veri
Autoria: Salla Simukka
Série: Lumikki Andersson, #1
Editora: Editorial Presença
Colecção: Diversos, N.º 74
N.º Páginas: 216
Sinopse
Lumikki Andersson tem 17 anos e vive sozinha num pequeno apartamento, na cidade onde frequenta uma prestigiada escola de Artes. Lumikki é solitária, independente, e gosta da liberdade. Na escola prefere dedicar-se aos estudos e ignorar os grupinhos que se vão formando. Não se meter naquilo que não lhe diz respeito é, para ela, uma regra fundamental. Mas essa regra vai ser posta à prova no dia em que encontra uma incrível quantidade de notas de quinhentos euros penduradas a secar no laboratório fotográfico da escola e que tudo indica terem estado manchadas de sangue. Em poucas horas, Lumikki, juntamente com três dos seus colegas, vê-se enredada numa sombria conspiração.
Opinião
Esta foi a minha estreia com um romance de calibre nórdico.
Não sou grande apreciadora de thrillers mas algo em Vermelho como o Sangue captou a minha atenção e deixou-me curiosa o suficiente para que quisesse ler as nuances narrativas desta vertente literária numa obra young adult. Admito que não sabia, de todo, o que esperar desta leitura. Fui pousar nela de olhos completamente vendados e expectativas soltas, e penso que se o tivesse feito de outra maneira não teria sido surpreendida como fui.
Vermelho como o Sangue é o primeiro volume de uma trilogia com fortes ligações à Branca de Neve. Não existe qualquer elemento mágico ou sobrenatural nesta história – somente muito sangue, dinheiro sujo e máfia nórdica –, todas as semelhanças revolvem em torno de aparências físicas e dizeres de fábulas mas a atmosfera fria e obscura, em conjunto com um cenário gélido, tornam esta essência mágica muito real e muito perigosa.
Lumikki é uma protagonista interessante. Solitária, com um passado enrolado em mistério e repleto de antagonismos, é absolutamente normal que não se queira envolver em problemas alheios. Porém, não há como escapar após encontrar um laboratório recheado de notas de quinhentos euros – pois se a curiosidade não a matasse, de certo que haveria rumores suficientes capazes de fazer mossa na sua simples existência.
O restante jovem trio que toma conta da acção também ele é singular. A palavra reinante num universo de álcool, drogas e dinheiro é diversão e cada um dos seus elementos representa o seu papel de forma exímia, desvendando três personalidades vincadas que visam futuros muito diferentes. Já do lado negro da trama, diria que o Urso Polar é, provavelmente, das figuras mais peculiares e instigadoras presentes na narrativa – alguém que gostaria de ver mais explorado num livro próximo.
É de frisar que esta é uma obra relativamente breve – ainda que detentora de uma escrita rica e frutífera quanto baste para deixar um leitor satisfeito – e por isso o desenvolvimento das personagens é muito miúdo e quase todo ele feito de extensas e detalhadas passagens de um ou outro acontecimento que de uma forma ou de outra tem ou teve impacto na pessoa que cada interveniente é no momento da acção.
Salla Simukka sabe como manter a atenção de quem percorre estas páginas e, mais do que isso, tem plena consciência de quais os cordões mover para que o suspense atinja proporções dolorosas ou a interrogação, o questionamento, levem o leitor à loucura. E para uma narrativa que se mostra tão curta, esse é um ponto que a autora marca a seu favor. Contudo, e numa perspectiva inteiramente pessoal, penso que alguns dos trechos descritivos foram demasiado longos enquanto que outras componentes, nomeadamente a nível de diálogos e movimentações no presente, foram colocadas ligeiramente de lado. Penso que estas situações façam parte do estilo nórdico ao qual não estou habituada e muito pouco ou nada conheço – mas, ainda assim, gostaria de ter presenciado um enredo com mais adrenalina, mais intenso, mais estimulante.
Tenho a dizer que adoro a capa de Vermelho como o Sangue e que os tons de branco, preto e vermelho estão em plena harmonia com o conteúdo e a direcção do enredo. Esta foi, sem dúvida, uma estreia que me deixou cativada e interessada em descobrir o que mais Simukka esconde na manga – assim como curiosa com as temáticas que esta abordará futuramente. Em Vermelho como o Sangue tivemos um pouco de tudo, desde desapego familiar a bullying, passando por todo um núcleo fechado de negócios ilícitos e amizades improváveis – um cocktail sedutor e em tudo diferente ao que me passa pelos olhos no que diz respeito a literatura YA.
Para adquirir ou ler mais informações sobre Vermelho como o Sangue, visite o site da Editorial Presença aqui.