Título Original: Monster High – The Ghoul Next Door
Autoria: Lisi Harrison
Editora: Contraponto
Nº. Páginas: 214
Tradução: Irene Guimarães
Sinopse:
Cleo está furiosa com Frankie e
Melody: não param de lhe roubar o protagonismo e estão a passar a sua
reportagem de moda para segundo plano, com um filme em que os DAR vão ser os
protagonistas.
Frankie deixou-se levar por Brett
uma vez e jura a si mesma que isso não vai voltar a acontecer. A verdade é que
não tem outra opção, pois Bekka continua agarrada ao ex como película aderente.
Contudo, quando Brett surge com um plano que podia ajudar os DAR a obterem a
liberdade, as faíscas entre os dois soltam-se e Bekka não olha a meios para
apagar as chamas... mesmo que isso implique destruir toda a comunidade de
monstros.
O
relógio não pára... Melody tem um prazo limitado para salvar o namorado,
Jackson, de ser denunciado por Bekka, desejosa de vingança. No entanto, Cleo
está a dificultar as coisas aos DAR... um grupo com o qual Melody suspeita ter
mais em comum do que alguma vez pensara.
Opinião:
Quem nunca desejou ser
diferente?
E quem nunca ansiou por
um pouco de normalidade?
Seja como for, o
importante é sermos capazes de aceitar cada uma das nossas peculiaridades, e
aprendermos a viver com todas elas. E é nesse aspecto que acredito que este livro
atinge a sua maior amplitude, ao lançar pequenas mensagens, pequenos
ensinamentos e reflexões sobre como é ser-se distinto bem no centro de uma
comunidade onde tudo o que não é comum, tudo o que não é conhecido ou popular,
tem necessariamente de ser errado.
Monster High – Os Zombies do Lado trata-se da electrizante continuação de uma série que veio revitalizar a
palavra «monstro», dando-lhe uma conotação tanto divertida quanto, no mínimo,
peculiar. Acompanhando as consequências dos acontecimentos ocorridos no volume
anterior, o leitor vê-se agora a par com o frenesim imparável de uma Melody que
luta pela segurança do seu namorado, com o egoísmo e decréscimo de protagonismo
de uma Cleo que prefere concentrar as suas atenções nas jóias da família, e com
uma tomada de atitude por parte de uma Frankie tímida e contida, que vê
finalmente surgir a sua oportunidade de revelação.
Lisi Harrison possui um
estilo muito próprio e inconfundível, ao abordar a adolescência de forma
directa e até algo enigmática, o que cria uma certa dinâmica bastante apreciada
que, por sua vez, permite a um público ligeiramente mais velho e maduro
desfrutar, em igual medida, desta leitura. O seu humor é delicioso e o modo
como conjuga, na perfeição, drama, romance e suspense é de se louvar, tendo em conta o género e a camada de
leitores que se pretende alcançar.
Grande parte do
interesse deste romance com laivos de sobrenatural reside, precisamente, na
extensa e espectacular comunidade DAR que vem agraciar um universo sem dúvida
juvenil com uma perspectiva singular de como a vida deve ser encarada –
principalmente quando se é diferente –, e do que estão dispostos a fazer, a
ceder, para serem respeitados e aceites por todos. Lutando pelos seus direitos,
ainda que sem revelarem o seu verdadeiro eu,
estes fabulosos seres irão não somente surpreender o leitor com todos os
truques e maravilhas que escondem dentro da manga como, e em igual medida, irão
espicaçar a curiosidade do leitor, deixando-o sequioso por saber o que irão eles
fazer a seguir, como serão as suas reacções face as últimas novidades
escandalosas e até que ponto conseguirão manter-se unidos, fortes, contra uma
realidade poderosa em preconceito e escrutínio. Em concordância com os DAR
encontram-se os NUDI, uma pequena associação de humanos que valoriza estas
criaturas e que luta pela harmonia entre as duas espécies mas, infelizmente, a
sua voz não é suficientemente clara, suficientemente audível para quebrar as
frustrações, medos e decepções que, de uma forma ou de outra, atacam por todos
os lados.
A linguagem é outra das
componentes mais atractivas nesta obra, apelando ao lado mais jovem que existe
em cada leitor. As várias referências à cultura pop voltam a preencher o enredo de forma fantástica, e a própria
locução desinibida das personagens, a par com a narração, somente vem conferir
hilaridade a uma história que na sua essência se constrói por observações
mistificadas da realidade actual. Contudo, a recta final de Monster High – Os Zombies do Lado deixa
uma certa sensação agridoce pelo simples facto de não existir um desfecho em
concreto. Temos uma situação que deixa uma série de questões em aberto e, de um
momento para o outro, é lançada uma segunda bomba arrebatadora que deixa o
leitor em comoção antes de a última página ser voltada e o fim do segundo
volume ganhar dimensão face a curiosidade e a necessidade de mais informação
que fica estática, que fica em suspenso, por parte do leitor.
Quanto a mim, é sempre
agradável ler um pouco mais sobre personagens tão apelativas e invulgares
quanto Frankie, Cleo ou Lala, para nomear algumas, e embora esta seja uma série
decididamente juvenil, com cenários e comportamentos próprios da camada estudantil,
é com relativa facilidade que percorro estas páginas e me divirto com
acontecimentos que tanto têm de inesperado quanto de interessante. Ainda assim,
Monster High é uma leitura que
recomendo maioritariamente à camada mais nova de leitores, no sentido em que muitas
das mensagens contidas nas entrelinhas serão melhor empregues e assimiladas por
aqueles que, diariamente, se deparam com o mesmo tipo de situações e dilemas
que estas personagens.
Uma aposta inteligente
e particular por parte da Contraponto que, sem dúvida, continua a
pontuar pela diferença.