Título Original: Everything Forbidden
Autoria: Jess Michaels
Editora: Quinta Essência
Nº. Páginas: 254
Tradução: Maria Ponce
de Leão
Sinopse:
Durante vários verões
Miranda Albright viu - horrorizada, mas vergonhosamente excitada - o seu
perverso vizinho Ethan Hamon, o notório conde de Rothschild, «entreter» uma
sucessão de amantes nos terrenos da sua propriedade. Agora que o pai dela
morreu, deixando para trás uma montanha de dívidas, Miranda deve fazer o impensável.
Ethan prometeu apoiar as suas irmãs mais novas, financeira e socialmente, por
um preço escandalosamente caro: Miranda deve oferecer-se completamente ao conde
durante três meses, sem remorsos e sem restrições. Noventa dias e noites de
sensualidade desenfreada esperam-na nos braços de um galã que vê a sua submissão
como nada mais do que um grande jogo erótico. Porém, nem Miranda nem Ethan
percebem que fogo arde por detrás de um rubor inocente. E assim que a paixão
dela é desencadeada pelos lábios e pelo toque de Ethan, é a aluna que vai
ensinar ao professor os caminhos do prazer proibido... e do amor.
Opinião:
Enquanto observadora em
silêncio, por entre a brumosa vegetação de uma propriedade para si interdita,
Miranda experienciou algumas das sensações mais excitantes e emocionantes da
sua tenra vida, mas quando as imagens percepcionadas, de tão proibidas e escandalosas
que são, representam uma constante na sua mente jovem e inocente que pouco ou
nada sabe sobre o amor, a paixão ou a volúpia, o que fazer para apagar,
amainar, o fogo crescente que lhe arde no peito?
Embora partilhar o seu
corpo e a sua arte com mulheres sozinhas ou experientes seja algo que não só se
mostra extremamente prazenteiro como absolutamente natural, para Ethan o mesmo
já não se pode dizer quando é o coração o órgão a querer falar mais alto,
talvez até com intenções de proclamar amor eterno e fiel a uma jovem cuja
pureza se torna tão inebriante, tão escaldante, que resistir-lhe é tarefa
impossível.
Emoções Proibidas é o terceiro romance que leio desta autora, que sabe, exactamente, como me
encher as medidas com as suas histórias breves mas repletas de significado, emoção
e sensualidade. Em poucas páginas, Jess Michaels tece algumas das mais belas
teias envolvendo personagens egoístas no que diz respeito ao prazer, e
sofredoras quanto ao passado que as embala em presentes pouco dignos e tortuosamente
solitários.
Com uma escrita algo
encantatória e poética, ao mesmo tempo que apresenta uma certa profundidade no
desenvolvimento da relação entre o casal protagonista, Michaels pontua, ainda,
o seu enredo com descrições curtas e assertivas dando, assim, primazia aos diálogos
que são, muitas vezes, divertidos e sensuais e, claro, aos intensos momentos de
efusão carnal espalhados um pouco por todo o romance.
Albright, a mais velha
de quatro irmãs, é conhecida pela sua sensatez ao, muitas vezes, ser
envergonhada, em público, por uma mãe que parece não saber as principais regras
do decoro, e pelas inúmeras propostas de casamento que recusou, principalmente
após a morte do seu pai e do acréscimo de responsabilidades face uma ruína
precoce e inesperada e uma família que tira prazer no materialismo. Incapaz de
se entregar a um matrimónio sem amor ou paixão, Miranda concentra-se no
presente e no que terá de fazer para garantir uma oportunidade de felicidade a
cada uma das irmãs, sobretudo a Penelope, que mais do que uma familiar é, também,
a sua melhor amiga e mais querida confidente. O que Miranda nunca ousou
imaginar é que as suas acções, por mais bem intencionadas que sejam, serão alvo
das mais avassaladoras e desastrosas emoções...
Rothschild, um homem de
reputação inigualável, embora aprecie a habitualidade e secretismo magnetizante
da sua residência de verão e do que, dentro das suas paredes, se passa,
depara-se, na actualidade narrativa, com um dilema de proporções desastrosas:
deverá, ou não, seguir a sua vontade de não levar uma dama para o seu «palácio»?
E caso o faça, o que deverá fazer durante todo o monótono período mais quente
do ano? A resposta chega-lhe na forma de uma figura esbelta mas em desesperada
necessidade de ajuda, no entanto, nada o poderia, alguma vez, ter preparado
para as consequências do acto que aquela visita nada aguardada irá
proporcionar...
Ainda que os detalhes
sejam um factor de enorme importância para Michaels, neste romance em
particular, notei uma atenção especial ao conceito de família, com distinta
incidência no lado de Miranda, que me deixou, irrevogavelmente, maravilhada.
Inserindo, assim, um pouco mais de essência e conteúdo a um enredo de forte
componente íntima, a autora encanta, e embala, o seu leitor ao presenteá-lo com
explícitos dilemas familiares que em muito marcarão o desenvolvimento da acção.
Penelope, instintivamente, é um sólido exemplo disso mesmo. Embora seja uma
personagem de cariz secundário, ao representar parte da razão de muitas das cedências
de Miranda a um homem como Ethan, os alicerces que daí foram quebrados
alteraram toda a dinâmica da trama, provocando, desse modo, toda uma série de
situações intrínsecas nada fáceis de resolver. Tenhamos, nomeadamente, em conta
a nota final de Emoções Proibidas. Como
irá Penelope reagir agora que o seu casamento já não é mandatório? Forçar-se-á
a uma aliança desprovida de amor?
Também a ambiência
criada em torno deste primeiro volume da série Albright Sisters—da qual
já conhecemos a história de Cassandra Willows (que tem uma pequena mas muito
interessante aparição neste romance), e de Beatrice Albright—, mais sensual e intimidante
que nunca, com constantes incidências de provocação nata, foi uma surpresa que
me agradou sobremaneira. A propriedade de Rothschild, como principal pano de
fundo, é como um cenário idílico do prazer, palco dos mais impensáveis actos de
sensualidade possíveis, que contrasta peculiarmente com a opulência dos dois
bailes presentes na narrativa, onde ditam as regras que os bons modos são essenciais.
Quanto a mim, adoro
quando um livro tem o poder de me surpreender, mesmo quando julgo conhecer o
estilo do seu autor, mesmo quando penso saber o caminho que as personagens irão
trilhar. E são essas narrativas, histórias como esta—que de tão simples, de tão
palpáveis e humildes pouco ou nada de novo se espera—que me dão real prazer
folhear, pela componente familiar que o enredo oferece ao leitor experiente
mas, ao mesmo tempo, pelo sobressalto, pela surpresa que espreita sempre ao
virar da esquina. Michaels é uma autora que aprecio sobremaneira e cujas tramas
me fazem vacilar entre o entretenimento puro e a sua brevidade característica.
Gosto muito das suas personagens e as irmãs Albrigh eram já figuras, desde
romances como Tabu e Força do Desejo, que aguardava,
expectante, conhecer mais profundamente. Miranda foi, tal como imaginava, um
prazer inesperado de descobrir, com uma devoção à família e uma vontade ingénua
de sentir paixão, de ser amada, avassaladoras, mas também Ethan foi alguém que
adorei desvendar, mesmo possuindo algumas especificidades comuns de uma
personagem do seu calibre.
Uma aposta forte que
continua a arrebatar corações, por parte de uma das nossas editoras mais
femininas, Quinta Essência, adequada para apreciadores de autoras como
Cheryl Holt e Elizabeth Hoyt, que conferem uma componente sólida de
sensualidade aos seus enredos, ao mesmo tempo que desenvolvem uma narrativa de
bailes e beijos roubados numa das mais belas épocas inglesas, a Regência.