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Arroz Pica no Chão

8.8.18



Há cada vez menos blogs de gente que vem contar o que pensa sobre determinado assunto, ou que vem só desabafar (seja porque se acha espectacular, ou porque só quer sentir que faz parte de alguma coisa), não é?
Pode ser impressão minha, porque alguns dos blogs que mais gostava de ler acabaram, mas acho que não. Há uns anos dizia que isto, a febre dos blogs (escrevia blogues na altura), estava a começar outra vez, só não sabia é que iam seguir a tendência da profissionalização e os que não fossem por aí terminariam.
Eu também já não tenho a mesma ânsia de vir aqui todos os dias vociferar/partilhar/realizar pensamentos mas continuo a sentir que devo fazê-lo (pode ser que dê jeito à minha biógrafa [agora imaginem que eu tinha um blog por me achar espectacular], apesar de manter um diário manuscrito).
A propósito de partilhas, estive na semana passada a ver as gravuras de Foz Côa e a pensar no que terá levado aqueles homens a desenhar bonecos sobrepostos em determinados sítios, quando na mesma rocha tinham muito mais espaço para o fazer. Depois ocorreu-me que sempre imaginei homens a desenhar e não mulheres. E que tudo o que estávamos a ouvir sobre o assunto, ainda que baseado em muitos estudos científicos, era uma falácia. Parecia mesmo que os gajos estavam só a "crossar", como dizia a Bea. Mas já delirávamos, estavam mais de 40 graus, afinal.
Antes de descer a Penascosa, espreitámos a exposição do Júlio Pomar no Museu. Daqui a 20 mil anos estarão os vindouros a olhar para as matrizes das gravuras deste artista (suponho que as telas não sobrevivam)? E o que pensarão da arte desta época, se ainda existirem humanos?
Céus, sou tão século passado! Nem considero a probabilidade da informação digital sobreviver a quase tudo. Logo eu que mantenho um blog para a minha biógrafa.
Talvez seja mesmo uma coisa geracional. Os blogs estão para as redes sociais, como o arroz pica no chão está para os novos gourmet, mas eu ainda preciso de estar aqui. De todas as coisas que fui fazendo, como tricotar meias (é verdade, agora que já não vivo num país tropical, posso voltar ao tricot), fazer mantas patchwork, passando por um negócio de amor ao Porto, este blog é o único que se mantém.

P.S Obrigada pela foto Joana Leandro

A árvore da montanha

8.11.16

Vulcão Batok, o que fica mesmo ao lado do Bromo, dentro da grande cratera Tengger

Estivemos dez dias a passear por Java e no fim pensei: Vou escrever uma crónica de viagem. Eu podia ter pensado: Acho que me apetece escrever sobre Java, e depois abria o computador e escrevia. Mas não, pensei "crónica de viagem" e logo ali fiquei sem saber o que dizer.
Por acaso não é bem assim, porque eu até sei o que queria dizer. Eu queria dizer que há muitas cebolas à volta do Bromo. Só isso. Dizia: Fui a Java e vi muitas cebolas, campos e campos de cebolas, nas redondezas de um vulcão que deita fumo. E pronto.

É claro que isto assim não seria uma crónica de viagem. As crónicas de viagem são como a canção da Árvore da Montanha que tem um lindo tronco, e esse tronco lindos ramos, e esses ramos lindas folhas, e essas folhas lindos ninhos, e esse ninhos lindos ovos, e esses ovos lindos pássaros.
E a minha crónica podia ter a decoração, com videiras de plástico e guarda-chuvas pendurados, da estação de autocarros de Kota, em Jacarta. E a seguir encadear o Tamansari (Palácio da Água) do arquitecto português que o Sultão de Yogyakarta mandou matar, no século XVIII, para manter secretos os compartimentos de prazer e, depois, discorria sobre os templos de Borobudur e Prambanan e até, quem sabe, sobre o parque infantil de Malang, provavelmente a cidade mais europeia da Indonésia. 

Ou, melhor ainda, fazia o roteiro gastronómico da coisa. Começava pelo início, isto é, por Jacarta e apresentava o Café Batavia. Seria simples, muito antes do frango com molho de limão e do mix de dimsum já estávamos rendidos ao espaço e toda a gente sabe como é simpático comer num sítio bonito. Na segunda paragem, em Yogyakarta, teria de falar da tartin de anchovas, do carpacio de vitela e do kebab de frango do Mediterraneo e depois, em Malang, e por muito que o Inggil me tenha surpreendido, aquele chef special do Melati, era de agradecer a todos os deuses hindus, a Alá, a Deus nosso senhor e por aí fora. Sim, gostamos de comer bem, sempre que possível, da mesma forma que podemos passar oito horas metidos num comboio a comer bakso duvidosos e mi gorens na beira da estrada. Não somos esquisitos.

Também podia (e já vou não sei em quantas crónicas diferentes) falar de coincidências, que é um dos meus temas preferidos.
Em Jacarta, o ponto de partida para conhecer Java, tivemos pouco tempo e o único museu que conseguimos visitar foi o de marionetas Wayang, que parece que tem uma das melhores colecções deste tipo de marionetas.
Apesar de todas as legendas estarem em indonésio foi interessante ver os incríveis detalhes de algumas delas e, além disso, os rapazes divertiram-se bastante. 
No dia seguinte, durante a longa viagem de comboio até Yogyakarta, estava a terminar o livro do Pedro Rosa Mendes, Peregrinação de Emmanuel de Jhesus, e leio uma passagem em que um bispo decide contar a guerra de Bratayuda usando marionetas Wayang. Os personagens são Sanja e Karna. Karna é meio-irmão de Arjuna e luta pelo reino de Kurawa. Sanja pelo Pandawas. Ambos morrem nesta guerra, mas isso não interessa nada, na verdade.
Eu não estava à espera de encontrar uma referência às marionetas Wayang neste livro, apesar da variedade de temas que o autor vai aflorando, desde a arquitectura timorense até à pencak silat, uma arte marcial. E nem fazia ideia que a pequena marioneta em miniatura que trouxe da loja do museu era Abimanyu, o filho de Arjuna. Pois.

Continuando, o que eu queria dizer, se ainda se lembram, era que fui a Java e vi muitas cebolas, campos e campos de cebolas, na redondezas de um vulcão que deita fumo. 
É muito impressionante o Bromo. E tem qualquer coisa de mágico, só pode, porque o meu filho mais novo nunca consegue andar com dores nos pés, e ali trepou pelo vulcão acima como se nada fosse, enquanto eu mal conseguia respirar. Ainda por cima morri de medo. Juro. A cratera tem uma vedação, mas uma pessoa que escorregue (e é muito fácil escorregar naquele piso) passa perfeitamente pelo meio, directamente para dentro do vulcão. E eu acabo de escalar as últimas escadas e que vejo? O Nicolau ali debruçado. Eu senti o coração parar. Por breves e instantes segundos, tenho a certeza, morri de medo.
É muito impressionante, mas eu estava a falar das cebolas, não era?

Portanto, já tínhamos descido os 253 degraus, mais uns poucos de metros da encosta do vulcão, mais os dois quilómetros de caminhada pelo "mar de areia", já tínhamos visto um mini tornado na cratera (o Bromo é um dos três vulcões que existem na grande cratera Tengger), e seguíamos no jipe que nos ia levar ao carro que nos ia levar a Banywangi, e eu via campos de cebolas. Via campos de cebolas e pensava nas mãos das pessoas que as plantaram. Eram mãos como as minhas, mãos que cozem arroz, que dão colo, que seguram nos filhos, que teclam nos telemóveis (64 milhões de indonésios usam o facebook), que lavam a loiça e ensaboam cabeças. E o mais fascinante nisto de viajar é isso mesmo, é perceber, como diz Pat Walsh, citando o Dictionary of Obscure Sorrows de John Koening , "que cada pessoa com quem nos cruzamos está a viver uma vida tão intensa e complexa como a nossa...preenchida com as suas próprias ambições, amigos, rotinas, preocupações e loucuras herdadas"*. 

*tradução livre

Apontamentos de Banguecoque

30.3.16




Comprei um livro em segunda mão, primeiro por causa da capa e depois por causa do título: "Questions of Travel".
Não gosto de ler, ou não sei ler, noutra língua que não o português, mas senti-me impelida a trazer este livro comigo. Custou 155 bhat (cerca de quatro euros).

Tal como a Laura, uma das personagens do livro, também leio, ou lia, avidamente sobre os sítios que quero visitar, mas ao contrário dela já não me surpreendo com o tédio que significa ser uma turista. E que tédio aquele Grande Palácio Real, com aquelas filas intermináveis de turistas. Turistas asiáticos, ainda por cima. Mas o Buda de Esmeralda é qualquer coisa, sem dúvida, e é preciso vê-lo a qualquer custo (será?). 

O mais surpreendente de Banguecoque foi comer o melhor marisco dos último tempos, no bairro chinês, sentados na berma de uma rua. Os carros passavam rentinhos aos nossos bancos, enquanto devorávamos ameijoas grelhadas, mexilhão com basílico e ostras.

A comida tailandesa é divina. Volto à Tailândia, um dia, só para comer. Aliás, quero viajar assim. Vou comer à Tailândia, vou ver o lago Hillier à Austrália, vou beber cervejas às 3h00 da manhã na Islândia e pelo caminho vou vendo o que acontece. Tenho a certeza que fico a conhecer tanto destes países como as pessoas que seguem à risca as 10 coisas a fazer em cada um destes sítios. 

Gostei muito do nosso hotel pseudo-sustentável e ligeiramente decadente da Rua Khaoson. Tem uma piscina no sexto andar que me pareceu intimidante com todos aqueles casalinhos românticos rodeados de braços, mãos e cocktails por todos os lados. Mas a certa altura os casalinhos foram-se arrumando para os lados para dar espaço às crianças. 

É muito provável que as crianças estejam na pior combinação de idades para viajar. Uma adolescente que passa a vida enfastiada, um rapaz de seis anos que reclama a toda a hora por ter de andar de um lado para o outro e um de quase cinco que emita o irmão. Também pode ser deles e não ter nada a ver com as idades.

O smog ao vivo é perturbador.

Depois de tantas caminhadas em cima de uns pés afectados por artrites (ainda efeitos secundários da chikungunya, que apanhámos há quase um mês), tenho as costas feitas num oito. A sensação de que nunca estou em pleno é muito irritante.

Trouxe tâmaras de Banguecoque e muitas outras coisas. Parece que, além de comer, fomos fazer compras à Tailândia. Isto até poderia ser deprimente se não vivêssemos em Díli, mas assim temos uma certa desculpa. 

Bali e eu não somos compatíveis

11.1.16



Durante a semana de férias em Ubud eu só conseguia pensar na mãe da comediante Merril Markoe, uma senhora que, pelos vistos, passava a vida a criticar tudo e todos.
Eu não li o livro que Markoe escreveu, e que inclui algumas passagens do diário da mãe, mas fiquei maravilhada quando a ouvi falar sobre ele, num Daily Show. Primeiro, porque também cresci com uma mãe hiper crítica e tenho noção do potencial humorístico dessa realidade e depois, porque é fascinante haver alguém que escreve nas margens do Oliver Twist: "not one of his best works".
Mas não foi por causa da relação mãe-filha, ou das críticas literárias que me lembrei da mãe de Markoe, mas porque o diário dela era sobre as viagens que fez à Europa (aparentemente tencionava escrever um livro de viagens) onde considerou a paisagem campestre francesa "singularly uninteresting" e a Praça São Marcos, em Veneza, "in terrible taste".
Ora eu, apesar de ter achado Ubud um sítio muito agradável (muito mais do que a costa, onde estivemos o ano passado) e de perceber o interesse que a cidade desperta em tantos viajantes, não lhe consegui achar grande piada. Não consigo abstrair-me da estranheza que é enrolar um pano à cinta para entrar em monumentos que não fazemos ideia do que significam; da comparação do meu suor a escalar os terraços de arroz com o suor dos agricultores; e do ridículo das poses para as fotografias em todo o lado.
É bonito, sem dúvida. Tem restaurantes maravilhosos e galerias de arte porta sim, porta sim e spas e pessoas afáveis e rituais que resistem ao mundo moderno, mas...não sei, não me convence.
A minha mãe costuma dizer que não é compatível com algumas pessoas. Eu, se calhar, não sou compatível com alguns lugares.

Os caracóis mudam de casa?

20.4.14

Temos em casa cinco casas de caracóis vazias que apanhamos dentro das muralhas de um castelo. De um magnífico castelo. Não temos mais, porque precisei de partir uma das casas para libertar uma vespa que zumbia cansada. O Nicolau adorou a experiência e passou grande parte do tempo a partir todas as casas de caracóis que encontrava.
Não sei se os caracóis que viviam naquelas casas morreram (muita delas eram ainda pequenas), ou se até estes bichos, que levam a casa às costas, decidiram que estava na hora de virar lesmas.
Sei é que tantos esqueletos espalhados por terra, à vista de todos (e um deles com uma vespa presa no seu interior), pareceu-me poesia.

Évora

17.11.13






Estou bastante familiarizada com a sensação que ela tão bem retrata - "o quanto me sinto viva quando em movimento" e pude voltar a comprová-lo, ontem, quando fomos passear a Évora, apesar de, uma vez lá, ter passado o tempo todo a fazer chiiiiiiiiiiiiu nos museus e nas igrejas e quase ter tido um chelique quando o Isaac despejou metade de uma cerveja pela cabeça abaixo. Optei por me rir e foi a melhor coisa a fazer.
Não é sempre fácil fazer estas coisas com eles, mas é sempre melhor do que ficar em casa

Viagens

18.6.13
Há qualquer coisa de muito romântico em vaguear por certas cidades europeias (reparem, Portugal está efectivamente situado no continente Europeu) com uma mochila Monte Campo (Peneda) às costas e três crianças pela mão. Leva-se assim o mundo todo pela mão e algumas coisas essenciais às costas.
Não me parece nada má, uma vida destas, sabendo que haveremos de ter um sítio quente para dormir e qualquer coisa para comer.
Depois é seguir os rastos de migalhas que vamos deixando para saber o caminho de volta. Sim, porque o caminho de volta encontra-se sempre (mesmo que os pássaros, ou o vento, tenham levado as migalhas), o que nem sempre se encontra são os sítios, os mesmos sítios.
Enfim, as viagens, e por viagens quero dizer o trajecto de um ponto a outro ponto, são sempre momentos inigualáveis, experiências únicas, por mais semelhanças que tenham entre si, até quando se vai de Lisboa a Valadares para assistir a uma comunhão solene.

É preciso tão pouco para sermos felizes*

19.4.13
(Foto do meu aniversário, algures na parte 3, antes de chegarem algumas pessoas e depois de ter saído uma ou outra.)

*E, no entanto, é preciso tanto para o tão pouco.

Festa em seis partes

8.4.13
Então, resumidamente, a minha festa do 40.º aniversário foi maravilhosa. Fiz bem em confiar no moço, ele sabe mesmo organizar uma festa. Começou logo por escolher a cidade perfeita e os meus amigos fizeram o resto:

Parte 1- Chegada ao Porto com jantar na mesa e a casa, que esteve fechada durante três meses, limpa e arrumada. Tudo isto graças aos serviços fantásticos DaJoana.

Parte 2 - Pequeno almoço no Moustache, seguido de cabeleireiro e esteticista.

Parte 3 - Piquenique nas Virtudes, com mais comida DaJoana, seguido de uma pequena incursão cultural no CPF e Piolho.

Parte 4 - Jantar no Pombeiro (a meio do jantar o Jaime levou os meninos a casa, onde ficaram com o meu irmão).

Parte 5 - Diversão nocturna (que me passou ao lado derivado ao meu fígado e outros órgãos internos que se viram irremediavelmente afectados pelos excessos do dia).

Parte 6 - Motel.

Foi perfeito? Foi. O moço não só me conhece muito bem, como tem um talento especial para os detalhes. Por exemplo:
- Sair de Lisboa a uma sexta-feira ao final do dia, com três cachopos no carro, pode ser muito complicado e o Nicolau estava particularmente mal disposto. Mas depois há o jantar à nossa espera, as velas espalhadas pela mesa e pela casa.
- Ao pequeno-almoço estavam os dois felicíssimos, tão felizes que alguns clientes do café se sentiram obrigados a mudar de sítio. Mas depois eles ficaram com o pai e eu fui ao cabeleireiro.
- O Isaac passou grande parte da tarde mijado, porque fez xixi nas calças, como sempre que vamos ao Porto, mas secou mais ou menos rápido com tanta correria e, além disso, o pai desapareceu com eles para voltar a aparecer já com outra roupa no restaurante.
- E nem sempre foi fácil que eles se portassem bem (no CPF, no café, no restaurante,etc.), mas eu podia fazer de conta que não era nada comigo. Tirando um ou outro momento...
- Passei muitas horas seguidas rodeada por quase todas as minhas pessoas preferidas, a sentir-me cheia de toda a espécie de sentimentos bons.



Parte 1 (com um bocadinho do meu vestido de flanela) 

Uma família muito normal

3.9.12
Alerta: este post pode conter vestígios de queixas.

Passar um fim-de-semana fora, por exemplo em Peniche, é uma cena memorável. Os cinco numa suite de um hostel, os pequenos a dormir e os grandes a descer à vez para coca-colas e copos de vinho; As vergonhas nos restaurantes; Passar mais de duas horas seguidas na praia, porque estamos numa ilha, na Berlenga, e não temos para onde ir; Para sair da ilha tenho de vestir a roupa que fede a vomitado (quer dizer, ninguém me obriga, mas não me apetece andar de biquíni), porque o Nicolau enjoou na viagem de barco, coitadinho. O Jaime também, já agora; O calor quase insuportável no paraíso inventado pelo Berardo (ainda não percebi se este homem é um génio, ou um freak); As mudas de roupa que nunca chegam e sei lá eu que mais.
As boas notícias é que nenhuma gaivota me cagou em cima e elas andavam a cagar em cima de toda a gente.

E finalmente um passeio

15.8.12







Alguma coisa está muito mal para haver um espaço verde maravilhoso como este completamente vazio num feriado de Agosto (não, não chovia). Ainda por cima, como se não bastasse a obra de arte que é o parque em si, há um conjunto de esculturas dos melhores artistas plásticos portugueses, espalhadas pelo espaço: Alberto Carneiro, Rui Chafes, Cabrita Reis e Joana Vasconcelos são os autores (por esta ordem) das peças que estão ali em cima.
Fiquei tão impressionada com a coisa que achei que podia ser boa ideia irmos para lá viver e tudo. O Isaac, esse, não pára de falar no barco (para visitar o castelo de Almourol é preciso ir de barco) e o Nicolau está bem em qualquer lado, desde que o deixem chafurdar na terra.

Há palavras que as imagens nunca dizem

1.8.12
Por exemplo: aquilo que estou a tricotar é um xaile que tive de desfazer várias vezes e que originou uma breve e intensa discussão com a minha mãe, porque me enervei, mais uma vez, com as suas opiniões não requisitadas;
O Flaugnard de ameixas, apesar do bom aspecto, estava uma valente merda, por causa da qualidade da fruta, quero eu acreditar;
Depois das brincadeiras dentro do rio Lima, andámos todos à procura da chupeta do Nicolau. Como não apareceu tivemos de ir à farmácia comprar outra;
O piquenique foi a um, ou dois quilómetros de casa da minha mãe, mas antes disso estivemos às voltas de carro, durante mais de uma hora, à procura de um sítio.

Piquenique

29.6.12

Aconteceu-me, acho que pela segunda vez em quinze anos, pensar que sou que nem um penedo com esta mania de não querer/saber conduzir, mesmo tendo carta de condução, depois de decidir fazer um piquenique, em Lisboa, com o três atrás de mim, ou, neste caso, à minha frente.
Empurrar o carrinho com os dois mais novos e o saco da comida por aí fora, com mais calor do que estava à espera, é coisa para deixar até os mais what a wonderful world em modo this fire is out of control, I'm gonna burn this city e eu, minha nossa senhora, preciso de tanto pouco para me descontrolar...
Mesmo assim lá fomos. Fizemos um piquenique e no regresso a casa, um sem camisola, o outro todo castanho da terra e ela a cantar como se estivesse no palco, ocorreu-me que se calhar devíamos viver assim, ao ar livre e a recolher moedas depois das cantigas. Tínhamos era de andar por terras quentes, para nos podermos banhar em água fria, e com muitas árvores de frutos. Também seria boa ideia considerar ter uma vaca leiteira como animal de estimação, ou uma cabra. O leite de cabra bebe-se? quer dizer, por nós, os seres racionais?

I'll never know for sure

7.2.12




Nunca saberei se Londres é uma cidade absolutamente fantástica, assim do tipo querer ir viver para lá, ou se eu estava tão desesperada por sair de casa que qualquer coisa me pareceria de outro mundo. O que é certo é que foi muito, muito bom ter lá estado, sobretudo porque acho que nunca me tinha sentido tão bem acolhida por uma cidade. Como se Londres estivesse à minha espera.
E assim, os quase cinco dias que lá estive podem resumir-se em:

Coisas que me surpreenderam
A quantidade de ciclistas na city e um pouco por todo o lado;
A quantidade de pessoas com iphones e kindles;
A simpatia dos londrinos.

Coisas de que gostei mesmo muito
As galerias de arte de London East;
O terceiro andar do Liberty (tantos tecidos, incluindo saquinhos amorosíssimos e caríssimos com os ditos cortados em hexágonos, tantas lãs!!!!!!!);
O Soho;
A simplicidade do metro;
Os mercados de rua;
O jantar de queijos e enchidos, acompanhado de bom vinho, num Pub em Farringdon, na única altura em que tive companhia em Londres. Obrigada Paula.

Coisas que me comoveram não sei bem porquê
A National Gallery;
A estranha sensação de familiaridade, como se já tivesse estado em Londres muitas vezes.

Coisas de que não gostei 
Não ter encontrado a rua, depois de muitas caminhadas na neve, onde supostamente estão os nomes do grupo Bloomsbury.


Coisas de que não gostei mesmo nada
A experiência de partilhar um quarto num hostel, que por caso era um pardieiro, mas não havia necessidade do rapaz ter levado um engate para lá e ter passado a noite nisso que estão a pensar. O que não seria tão dramático se o quarto, além de espelunca, fosse um bocadinho maior;
As saudades de casa que de vez em quando me faziam doer o estômago

(A terceira foto, a única que precisa de legenda, é um quilt que estava à venda em Portobello.)

Até já

1.2.12
E pronto, depois de mais um corte, inesperado, no único salário que sustenta esta família lá vou eu para Londres feliz e contente, tal e qual a cigarra do La Fontaine, finalmente cheia de um entusiasmo, agora, despropositado, mas eu sou mesmo assim, sempre a nadar contra a corrente sem qualquer propósito - uma perda de energia eu sei, e espero regressar com as pernas e as vistas cansadas e a alma rejuvenescida.
Até lá fiquem com o pai.

Contagem decrescente

27.1.12
Há duas coisas que gostava mesmo de fazer em Londres: ganhar um lugar no First Thursdays Bus Tour  (como a escolha é feita electronicamente pode ser que tenha mais sorte do que nos giveaways em que participo e que nunca ganho); e assistir a um espectáculo aqui.

Olá Outono!

24.10.11

Ainda bem que me despedi em grande do Verão, no fim-de-semana passado, num piquenique no Parque da Cidade. À custa disso, ao ouvir-me cantar "Fui ao jardim da Celeste", o miúdo disse "E eu fui ao Parque da Cidade".Obrigada amigas pela companhia e obrigada pelas fotos Dora.

Sair

2.2.11
Acho sempre que sair de casa nos abre os horizontes, nem que seja para ir à padaria. Ora, uma vez que sou dada a tédios fáceis, preciso, de vez em quando, de ir um bocadinho mais longe do que até ao outro lado da rua. Assim sendo atravessámos a ponte e fomos dar um passeio até à Arrábida. De lá vim consoladinha com umas ovas e um peixe espada na grelha que comemos em Setúbal; com o primeiro livro que li do Gonçalo M. Tavares; e com a ideia para um patchwork inspirada nos azulejos do quarto-de-banho do sítio onde ficámos.

E agora uma pirosice

13.9.10
As belas das fotos das férias.


E cá estou eu

11.9.10
Antecipámos o regresso não por causa da cantoria enervante dos grilos, ou porque a falta do que fazer fez-nos, afinal, mais comichão do que seria de esperar (o ano passado, no Alqueva, estivemos lindamente, por exemplo, e não tínhamos praias, apenas uma piscina biológica que partilhávamos com rãs e uma cobra), mas porque o meu sobrinho ficou com uma otite e o miúdo precisava da mãe dele, como precisam todos quando estão doentes. Vai daí arrumámos as tralhas da barraca na mala do carro e fizemo-nos à estrada. Os antipáticos do parque de campismo, que se diz ecológico mas é uma treta, não nos devolveram o dinheiro das duas noites que não usufruímos mas também não o pedimos.
Assim sendo estou de volta às lides internéticas e posso adiantar que de seguida janto umas ameijoas.