o delírio
toca
a leveza
enquanto o pincel
se nega
irrealista
à nudez
da pintura
(oswaldo martins)
Oswaldo Martins. Poeta e professor de literatura. Autor dos livros desestudos, minimalhas do alheio, lucidez do oco, cosmologia do impreciso, língua nua com Elvira Vigna, lapa, manto, paixão e Antiodes, com Alexandre Faria. Editor da TextoTerritório
o delírio
toca
a leveza
enquanto o pincel
se nega
irrealista
à nudez
da pintura
(oswaldo martins)
HARDCORE
Para ti, loco
Desde aqui puedo decir:
Estoy lamiendo tus nalgas com desenfreno
Y las tias, puaj, y la muchachas, puaj,
Y nadie sabe qué sentir
Entonces te volteo
Y continúo
Lamiendo
Con desenfreno.
(ROCÍO SILVA SANTISTEVAN)
HARDCORE
Para ti, maluco
Desde aqui posso dizer:
Estou lambendo tuas nádegas com desespero.
E as tias, bah!, e as moças, bah!,
E ninguém sabe qual sentir
Então te volteio
E continuo
Lambendo
Desenfreadamente .
(tradução Antonio Miranda)
Opaco objeto
Luz em Sombra
Distorce
Empoeirados enganos
Na escura câmara
Esconde
Relevo do ego
Sob o buril da dor
Sucumbe
Tempo e desvelo
A densa substância
Esvanece
Feixe resplandecente
Pelas frestas
Irrompe
Passo a passo
Até que a desilusão
Finde
(Roberta Tanabe)
para dora sampaio
delícias
fremem sutilezas
desse estar além
e não
os sobejos
de uma casa
que se abandona
ao vento
irremido da elocução
(oswaldo martins)
este nome de mundo & de
céu
nasce na marinharia
na sua rede de histórias
e espelhos
todos os
seus amantes
sabem dessa
mudável língua
de fogo
que se prepara a cada dia
poros e
pez
se alimentando
de um
desespero
muscular
caldoso
e completo
*
via negativa
professo a antilogia
como quem escreve
na parede
observando parágrafos
e outras pausas de fôlego
abstrato e natural
a linha branca que
sustenta a narrativa
sobe um pouco
desce um pouco
o laivo
se expande
aqui e ali
os espaços são
claros
desiguais
e pintam
de sons provisórios
o cão que
atravessa a ponte
(Dora Sampaio)
Não vejo o rosto a ninguém
cuidais que são, e não são
homens que não vão, nem vêm,
parece que avante vão
entre o doente e o são
menta cad'hora a espia -
no meio do clar dia,
andais entre o lobo e o cão.
Essa velha dor de esgotos
presa em uma célula de escape.
As torres e pássaros legítimos,
tremor antigo de arquitetura
para sonhar com pedras tombadas…
E esconder os três salões ar, já ocupados.
Ou três vértebras com luz insuficiente
sustentando os quadris muito curtos.
(María Ángeles Pérez López – Trad. Floriano Martins)
I contenuti
Quando si contrappone una luce a un’altra luce,
e per esempio si costringe una lampada
a illuminare una finestra da una scrivania,
o quando si è tentati di distinguere
dal buio il nero,
come nel caso di un quadro e una parete
in una camera notturna,
non si sa mai chi vince,
ma si capisce che sono fratelli
il grande e il piccolo
il contenuto e il contenitore.
E quando capita
vorremmo essere fieri,
di questa casa,
di tutta questa luce.
Los contenidos
Cuando se contrapone una luz a otra luz,
y, por ejemplo, se obliga a una lámpara
a iluminar una ventana desde un escritorio,
cuando se intenta distinguir
en la penumbra el negro,
como el caso de un cuadro en la pared
de un cuarto a oscuras,
no se sabe quién triunfa,
aunque se entiende que ambos son hermanos,
el grande y el pequeño,
el continente y contenido.
Y si esto pasa
quisiéramos sentirnos orgullosos
de esta casa,
de toda esta luz.