Comecei o fim-de-semana atrasada.
A rezar para não haver trânsito, só me queria sentir em casa.
Tinha a
pessoa que quer ser minha, à porta, com um sorriso de orelha a orelha, e eu cansada.
Jantei em família, o prato que pedi, muitas sobremesas, ansiosa pelas prendinhas, pelas surpresas, pelas cusquices.
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Descobri que afinal estou mais gorda
(não se deviam oferecer presentes que não servem a quem faz anos, lá se foi a minha moral), que eu e a minha mãe lemos pensamentos uma da outra, que as pessoas não mudam e que acabei por não comer sobremesa, porque a minha noite foi feita de doces (momentos).
Acordei para o meu primeiro dia com 26 anos com um susto do Snape, doentinho. Depois de toda a correria entre médica e farmácia está-me a ajudar a crescer para ser uma grande
chef de comida para bebés e gatos doentes... -
há que ver o lado positivo das coisas.
Andei corredores a sentir-me um mulher grande, corri contra o tempo, planeei o jantar.
Abri as portas de casa, com todo o amor, alimentei estômagos e amizades, ri muito, brinquei muito, tive a noite sonhada, perfeita.
Finalizei o fim-de-semana com preparativos de beleza, uma tarde de fada-do-lar, mimos e algum álcool
- para adormecer a mente e esquecer o corpo.
Acordei na cama lavada de fresco, sem querer acreditar que o dia de hoje chegou.
Cada semana me custa mais voltar a 2ª feira, cada dia me arrasto mais para onde estou.
E já só consigo pensar na próxima 6ª feira. Na minha pessoa, nos meus meninos, na pessoa que quer ser minha.
Na minha fuga da realidade.