Vês como os fantasmas se materializam, como os medos voltam e o nevoeiro se adensa?
Imaginas como as questões calcurreiam a minha mente, quais cavalos à solta?
Tu que dizes que pouco me conheceste... mas que a soubeste toda.
Agora, desconfio das palavras doces dos outros. Do carinho que me tentam dar, do não me querer magoar.
Não acredito em mim e encontro sempre a mesma razão para ser momento e não tempo nos outros.
Encontrei a minha sombra. Vivi, sorvi tudo, o desconhecido,
acima de tudo.
Mas, embora todos tenhamos parte de sombra; sei que sou Luz demais para isto.
Deixar que os sentimentos se personifiquem é perigoso. Magoa quem menos esperavamos. Eu.
Gostei do sabor, mas essa vida não é minha.
Vivi noites e dias da minha geração. Vi que lhe consigo pertencer, mas que assim não sou eu. Que a minha essência subsiste. Fingi, sem fingir.
Se fui e me senti livre? Sim, sem dúvida!
Mas depois não consigo deixar de querer abraçar o vento e fechá-lo num frasquinho.
Vou saber viver? Acho que sim.
Mas o que mais me assustou foi reconhecer-te num corpo, numa storia que não é a tua. [As pessoas são assim tão iguais? Ou eu é que estou destinada a este cíclovicioso?] Saber ver as mentiras doces e não fugir delas. Gostar de estar a reviver. Por saber prever o final. Por ser a Professora desta vez.
Quer isto dizer que ainda te amo? Não!
Mas quer dizer que me ficaste marcado, que não te posso negar.
Giro... quando o amor se transforma em quasi-nada... só deja-vu.
Voltaram as lágrimas, os medos tão grandes, os ecos maus que não me deixam pensar. Que me fazem voltar atrás, acreditar no radical para mudar ou acabar com tudo.
Mas não por ti.
Por mim, mesmo. Eu tenho feito tão mal a mim mesma em todos estes anos... como tu/vocês conseguiram em meses.
Tu foste só o trigger. A mola de acção. Quem me fez deixar de esconder. E uma vez assumido, não se pode voltar a fechar a caixinha, não é?
Este quarteto que me minimiza voltou porque não (me) sei gerir. Porque sou menina-criança. Porque me deixei influenciar e confundir. Porque continuo a querer sonhar, acreditar, mesmo quando a retribuição me falha, por momentos.
Karma?... Come out, come out wherever you are...
Já não sou música como antes. Em que me sentia nos versos e melodias dos outros.
Amo música... respiro-a. Mas acho que ganhei vida em mim.
Mas agora vejo-me como uma ouvinte de música ambiente. Sentada na mesa de um vintage caffe... à espera do próximo tom que a surpreenda. Porque percebi que prefiro guardar pessoas e lugares. A música é só o condimento.
Agora corria para os braços dele. Não para afogar mágoas ou testar sentimentos.
Sei que o quero. Só não sei em que moldes me vou permitir. Porque os outros não podem ser controlados por nós.
Não porque é giro, entra nos cânones e até sabe reagir. Não pelo fogo que prometemos e sonhamos.
Porque quero o sorriso, a conversa que desliza, o sentir-me nos olhos dele. Ele ainda me deixa acreditar.
Será que alguma vez será mesmo verdade o aceitar? Parece... [Não me venham com teorias do reflexo, ok?]
Corro para os braços dele, peço um beijo roubado. Porque acredito que ainda haja quem seja capaz de, sem dar conta, afastar medos com palavras pouco calculadas.
O problema é que, no fim, estou cá eu para as calcular...