O tempo é, talvez, uma das questões existenciais que mais intrigam o homem. Também caracterizador ou descaracterizador de uma narrativa, vem sob o papel de protagonista em Destino Sombrio.
Dividida entre duas perspectivas que, por sua vez, narram fragmentos do passado, do presente e do futuro prestes a coincidirem, a história introduzida ao leitor é a de Gildo, um jovem que avança misteriosamente pela estrada, em clima de tensão, como quem tem algo a esconder. Paralelamente a isso, uma mulher conta algumas de suas desventuras amorosas em tom cáustico e aquele mesmo Gildo, no futuro, faz uma visita ao irmão e à cunhada, que acabaram de ter uma filha.
Num tom desconexo e aparentemente sem sentido, Luís Dill conduz seu romance de maneira genial, com a habilidade reconhecida de quem sabe contar histórias, até mesmo aquelas em que a simplicidade é palavra de lei. Em meio a conversas de bar, a uma festa qualquer, a uma visita à família e a muitas gírias típicas de jovens, o livro esconde algo deveras sombrio em sua essência, como aponta o título.
" - E outra - ela continua -, se eu não encontrar a minha metade da laranja, vou procurar minha metade do limão mesmo, botar açúcar, cachaça, gelo e pronto, tudo resolvido."
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