- Tia, teria como a senhora visitar o meu blog depois?
- Visitar o seu o quê?
- Blog... Aqueles sites na Internet em que você...
- Ah, olha só, está ficando famosa! Que legal!
- Não é bem assim. Tenho que escre...
- Meus parabéns, viu?!
- Obrigada e, ah, se puder, siga!
- Seguir o quê?
Algum horas depois...
- Olha, não “tô” conseguindo entrar nesse tal de blog... Coisa mais esquisita! Não sei mexer nisso não...
E essa poderia ter sido a triste história de mais um blogueiro que perdeu um seguidor de ouro da família. Tias(?) queridas, fique claro que foi um caso hipotético, apenas para ilustrar a realidade da vida de quem aposta nesse negócio da internet e para quem está começando.
Tive a ideia de fazer esta postagem para despertar em todos nós, dessa enorme rede de endereços virtuais, o conhecimento de nossa missão e da categoria, que carece de membros se comparada à grande quantidade de internautas brasileiros.
Aos marinheiros de primeira viagem, deixo uma guia bem-humorado de sobrevivência num blog e alguns dos vários desafios pelos quais devemos passar ao longo de nossas caminhadas. Ora curtas, ora longas, ora momentâneas... Aos calejados na arte de blogar, alguns pontos divertidos a se analisar e a pensar sobre toda a trajetória. Aos que estão na luta rumo ao topo, um incentivo para continuar com afinco. Acima de tudo, deixo uma dica valiosa: a lista abaixo será relevante se lhe faltar força de vontade. Lembre-se de que o seu blog depende exclusivamente de você. Só você.
I. Sobre impressões
Segundo a grande massa popular...
1. O estereótipo: Todo blogueiro é desocupado. Gente que não trabalha, estudantes que têm preguiça de estudar ou estudam demais, gente sedentária e que nada quer com a hora do Brasil.
A realidade: É bem certo que há um número enorme de gente desocupada por aqui. Aquela “galera” de bem com a vida, que posta uma vez ao mês qualquer informação que tenha julgado interessante e não liga muito para número de seguidores ou acessos, o pessoal que se diverte e preza, acima de tudo, o lazer. Há também aqueles compromissados com o descompromisso. Gente que parece levar o blog a sério, mas morre de preguiça de tocá-lo para frente. Em contrapartida, diferentemente desses, temos a categoria que batalha todos os dias em nome de seu endereço. Escreve, comenta, divulga, cresce e até ganha com o que faz, levando o site como um emprego qualquer.
2. O estereótipo: Blogs são relevantes e possuem conteúdo desinteressante. Sites especializados, sem o toque “pessoal” são melhores.
A realidade: Mais um erro muito comum e que chateia. O que mais tem por aqui é blogueiro sério, que leva a notícia ao leitor antes mesmo de alguns jornais extremamente renomados. Informação de gente comprometida com o trabalho na blogosfera é tão confiável quanto de qualquer folhetim impresso, por exemplo, que, inclusive, demora mais a repassar o novo acontecimento.
3.O estereótipo: Blogueiro literário é nerd, sedentário, gordinho ou raquítico e não namora. Blogueira de Moda é modelo e blogueiro fashion não pode ser heterossexual. Blogueiro de futebol é sem vergonha e burro. Blogueiro-escritor é desempregado, e por aí vai...
A realidade: Estereótipos são muito comuns até em meio virtual, não há como negar. Em um espaço no qual somos incapazes de realmente vermos as pessoas (Skype, oi?), fica sempre aquela dúvida sobre a aparência de fulano e ciclana, ou sobre a conduta duvidosa, mas, sinceramente, você lê os seus blogs favoritos pela foto “bonitinha” do perfil do blogueiro? Pode muito bem haver um fã de Literatura saudável, que pratique algum esporte e esteja casado! Assim como a fã de Moda não precisa ser modelo nem linda e muito menos rica para adquirir os produtos de grifes italianas, por exemplo. O homem que aprecia o requinte do vestuário não é necessariamente homossexual, pode ser, sutilmente, um mero apreciador. Futebol não é do gosto de todos, contudo também não limita tanto os seus fãs, permitindo os mais diversos tipos de pessoas falarem sobre. No mais, enfim, qual é o problema do blogueiro literário ser nerd e ter uns quilinhos a mais? Da fashionista ser modelo e de ele ser homossexual? Do futebolístico ser um notável “Dom Juan” ou não ter ido tão bem na escola pelas faltas para jogar aquele contra na várzea do bairro vizinho? Do escritor estar desempregado, assim como o juiz o poderia?
II. Sobre o trabalho
Segundo os próprios blogueiros...
1. Antes de criar um blog com a convicção de que seguirá adiante, tenha em mente o fato de que você não pode, não deve e não irá desistir à primeira dificuldade. Superação e dedicação caminham juntas nesse trajeto.
2. Entenda que você não será descoberto na primeira semana de blog se não se fizer por descobrir. Podem lhe dizer, fora da rede virtual, que é a pessoal mais talentosa que conhecem e que seu trabalho decolará, mas... É realmente lindo ser elogiado dessa forma, e também é utópico, irreal. Você acredita, sinceramente, que a Lady GaGa não batalhou horrores para chegar a milhões de visualizações no YouTube? Que até mesmo aquele blogueiro que alcançou a sua primeira centena não travou um desafio consigo mesmo? Nada vem sem trabalho e esforço.
3. Você era o melhor, agora não é mais. Suas notas de Redação eram sempre as mais altas da sala? Sabe tudo de História e resolveu criar um blog compartilhando seus conhecimentos? Aos poucos, com o tempo, é mais que natural que conheça gente da sua área e, acredite, haverá uma grande quantidade no mesmo patamar de qualidade. Se quiser se destacar, não se conforme com as melhores notas da sala, não se limite! Informe-se, atualize-se e o mundo será todo seu.
4. Quando passar dos três meses de blog, permita-se dar a si mesmo os primeiros parabéns. Já é bem sabido pelos veteranos da blogosfera que a marca de um trimestre é crítica e define muita coisa. À primeira semana online, tudo são flores. Você adoraria publicar 7, 8, 14, 20 postagens nesse período, mas a inspiração vai acabar por lhe deixar na mão no ritmo acelerado. Ainda acima dela, a falta de público dos primeiros meses de blog desanima, todavia, é apenas uma questão de correr atrás e inteirar-se com os blogueiros mais experientes da sua área. Os três meses passarão rápido...
5. A importância dos contatos: Quem tem boca vai a Roma! Converse, assunte por todas as partes. Descubra o que está sendo um atrativo entre os blogs da sua área. Modifique as ideias, crie coisas novas, pesquise e saiba como estar sempre de acordo com os interesses afins. Além disso, ter os contatos certos garante um avanço de degraus mais alto que o habitual. Quem sabe não rola aquela oportunidade pela qual você estava esperando?
6. Conheça os seus leitores. Saiba o que eles querem ler! Quem são, de onde surgem, qual é a faixa etária, de quais postagens gostam e desgostam... O blog nada é sem os seus esforços, menos ainda sem os seus leitores, que o mantém vivo para ser conhecido e procurado por outros.
7. Conforme-se com o fato de que você não será um ídolo amado por todos. Até mesmo John Lennon, que foi um ícone do rock, foi traído pelo amor de um de seus fãs... Nem todos vão gostar de você e nem você vai gostar de todos. Evite brigas. Pratique a política da boa vizinhança, mas não force amizades em terrenos de total antipatia. Não gaste o seu tempo! Todo momento por aqui é precioso.
8. Situe-se: você é blogueiro, não é a Paris Hilton. Ser deslumbrado é um dos grandes problemas de alguns dos usuários que passam a usar o Blogspot como plataforma ao sucesso estrondoso. Tome cuidado para não pensar que está “arrasando” quando você é só mais um nadando contra a correnteza em busca de uma ilha de bons frutos. Os mares são traiçoeiros, nunca se esqueça disso.
9. Utilize-se de outras redes sociais. Alguns dirão algo do gênero “Para quê, se eu já tenho blog?”. Mais uma vez, para não cair na mesmice e para divulgar o seu trabalho. Crie uma conta para o site no Twitter, uma página própria no Facebook, comunidade no Orkut, Skoob, (literários, olá!) e todas essas outras redes que não param de crescer.
10. Escreva sobre algo que goste, ame, adore! Ter um blog é quase ou totalmente como uma profissão. Escolha o seu caminho em algo que lhe dê prazer e possa lhe proporcionar bons frutos futuramente. Se estiver verdadeiramente compromissado, é com ele que seguirá em frente.
Eu sigo com a Literatura, e você?
Beijinhos,